E se eu ficasse eterna?
_ 10 anos sem Hilda Hilst
21 de marรงo a 27 de abril de 2014
Especial com temporada de espetáculo teatral inédito,
Programação especialmente dedicada à obra de Hilda Hilst (Jaú, 21 de abril de 1930 — Campinas, 4 de fevereiro de 2004). Artista de escrita marcante, criou um vasto conjunto de obras, transitando por todos os gêneros da literatura: foi poeta, cronista, dramaturga e ficcionista.
apresentações de dança, teatro e
Considerada por críticos como escritora fundamental do século XX, é ainda desconhecida do grande público, apesar de premiações e do reconhecimento de especialistas e da academia.
leituras, clube de leitura,
A obra de Hilst tem timbres e dicções diversos, passando pelo tom lírico, político, pornográfico, ora pela narrativa complexa e intrincada, ora pelo coloquialismo de diários e confissões.
cabaré e intervenções *Título-capa: verso de “A tua frente. Em vaidade.”, em Da Morte. Odes Mínimas, de Hilda Hilst.
Para tentar dar conta da vastidão e complexidade de sua obra, o projeto inclui ações que apresentam contos, poesias e peças da autora.
foto: Keiny Andrade
Hilda Hilst pede contato “(...) Mas sempre se pode gostar de porcos. Gostar de gente, também. Por amar a condição humana, Hilda escreve. Um olho no divino, um outro em Astaroth. Ninguém sairá ileso. Como não se sai, afinal, da própria vida” (Caio Fernando Abreu - São Paulo, julho de 1982)
É recorrente a tentativa, por parte dos pesquisadores, de estabelecer parâmetros no âmbito das criações artísticas que possam autorizar a indicação de determinados artistas como sínteses do espírito de uma época. Nesta perspectiva, podese inferir que o teatro contemporâneo flerta com a produção em verso e prosa de Hilda Hilst como quem quer um par adequado para contracenar. Parte disso parece encontrar confirmação na realocação de seus textos de outros gêneros (contos, novelas, diários, poesias) para servir de base às encenações e dramaturgias, para além das oito peças teatrais de sua própria lavra. Fonte generosa para inspirar a criação cênica, suas obras são fartas de figuras de linguagem, o que possibilita à cena
uma relação proeminente com a palavra, a gerar mundos estranhos e familiares ao mesmo tempo. Há, também, a estranheza reforçada por seus personagens: ora uma galeria de espécies repulsivas e comezinhas; ora uma horda de brilhantes mentes a devassar intrincados becos filosóficos para esclarecer na palavra, e munido dela, os sentidos possíveis para o descabimento da existência; e ora, ainda, a simultaneidade das situações. Como se não bastasse a invenção dessa genealogia própria, instigante de questões essenciais do humano e sua delicada relação com Deus, há talvez outro aspecto que deva ser salientado: sua personalidade reservada, contudo acolhedora aos postulantes a escrever. Ainda assim, contrariando dogmas da sociedade de massa, seus escritos e criações carecem de circulação mais ampla por zonas ainda refratárias a este tipo de abordagem artística. E, se a cena contemporânea se encontra com Hilda Hilst para formar um par sólido, um todo em que partes se fundem, confundem, se atravessam, e parecem se pertencer desde sempre, é indicado se achegar com tempo, disponibilidade,
abertura e predisposição para um contato diferenciado.
O acolhimento que o Sesc dedica às relações entre arte e desenvolvimento humano está ligado a um entendimento da arte como convite à autonomia, por meio da incorporação de outras visões de mundo. Sendo assim, estimular o contato e a fruição de criações artísticas fora do convencional pode abrir novas perspectivas de apropriação e diálogo em prol de uma sociedade mais inclusiva e diversa. DANILO SANTOS DE MIRANDA
Diretor Regional do Sesc SP
foto: Fernando Lemos
Neste sentido, uma série de atividades integradas foi concebida para trazer à tona possibilidades de aproximação com as obras e o universo perpassado pela simbologia criada pela mestra da palavra derrisória. Entre elas, destacase a estreia do espetáculo Osmo, bem como outras peças teatrais e uma de dança, leituras dramáticas, cabaré líteromusical, intervenções de incentivo à leitura e encontro com o professor e crítico literário Alcir Pécora.
Osmo
Temporada teatral
De 21 de março a 27 de abril. Sextas e sábados, 21h30. Domingos, 18h30. Um serial killer com pretensões literárias, mergulhado na difícil e intrincada tarefa de contar sua própria história. É um anti-herói que busca compreender a dimensão da vida e da morte. Egocêntrico, só pensa em satisfazer seus desejos, sem a interferência de uma moral que ponha freio em seus instintos. Contudo, e pateticamente, ele busca em seus atos de horror a transcendência estética. A violência é elemento da linguagem narrativa em Osmo. Trata-se de uma violência internalizada que se derrama e se desdobra não só na mente do narrador, mas, principalmente, na língua, o que talvez torne essa narrativa mais violenta do que qualquer folhetim policial com os mais detalhados crimes.
Dramaturgia: Donizeti Mazonas e Suzan Damasceno (criada a partir do conto homônimo de Hilda Hist) Direção: Suzan Damasceno Concepção, interpretação e cenário: Donizete Mazonas Atriz convidada: Erica Knapp Luz: Hernandes de Oliveira Trilha e figurino: Suzan Damasceno
Sala de Espetáculos II Duração: 1h R$ 25* | R$ 12,50** | R$ 5***
foto: Keiny Andrade
Cabaré Hilst
um cabaré bufo a partir da obra de Hilda Hilst Dia 26 de março. Quarta, às 21h.
Cabaré um tanto mambembe, um tanto bufo, um tanto pornográfico. O norte é a apresentação de poemas e prosas curtas de Hilda Hilst. E a atmosfera é de um cabaré com música instrumental, números de mágica e algumas gags bizarras, simulando um cabaré de um motel de beira de estrada. A cena minimalista realçará ao máximo a potência dos textos extraídos de: Bufólicas (reunião de poemas eróticos) e O caderno Rosa de Lori Lamby (diário pornográfico). A performance ficará a cargo de poetas-performers e músicos que participam do projeto CEP 20.000.
Textos: Hilda Hilst Direção e apresentação: Ricardo Chacal Direção musical: Dimitri Rabello e Jone Castilho Com: Ricardo Chacal, Cristina Flores, Luana Costa e
Tereza Seiblitz Músicos performers: Dimitri Rabello e Jone Castilho Figurinos e iluminação: o grupo
Sala de Espetáculos II Duração: 2h Grátis
A Obscena Senhora D Dias 2 e 3 de abril. Quarta e quinta, às 21h30.
Hillé, apelidada pelo marido Ehud de Senhora D (D de Derrelição), aos sessenta anos decide viver num vão de escada onde se entrega a uma busca incessante pelo sentido das coisas. Em seu espaço diminuto, na companhia de peixes de papelão que habitam um aquário, revive momentos da relação com o marido, recentemente falecido. Hillé busca a compreensão do sagrado através da enigmática imagem de um menino-porco e chafurda os limites da sanidade ao confrontar-se com a velhice, o abandono, a ruína, o absurdo contido na sucessão dos dias e a própria morte.
Direção, concepção e interpretação: Suzan Damasceno Direção geral: Donizeti Mazonas e Rosi Campos Adaptação da obra original de Hilda Hilst: Germano Mello
e Suzan Damasceno Iluminação e fotografia: Pedro Brandi Cenografia e figurino: Anne Cerutti
Sala de Espetáculos II Duração: 1h R$ 25* | R$ 12,50** | R$ 5***
foto: Pedro Brandi
Matamoros
Dias 19 e 20 de abril. Sábado, às 20h. Domingo, às 17h. Em Matamoros*, a autora Hilda Hilst não apresenta personagens dramáticos, mas sim figuras de forte cunho mitológico. Parecem habitar outro mundo que não este, e constroem também outra linguagem, tangem aspectos tidos como tabus em nossa sociedade, como incesto, e outros aspectos ligados à sexualidade. Os acontecimentos não se dão de maneira linear, pois a prosa poética é um dos marcos da autora. Eis que um homem surge e Matamoros* passa a dividir o amor dele com sua mãe, Haiága: “Se na volúpia me fiz na meninice, nem na adolescência descansava, teria sido melhor perecer do que levar às costas este mundo manchado de lembranças, teria sido graça não conhecer aquele que me fez conhecer, e de minha mãe Haiága, fez a desgraça.” *Matamoros é parte da antologia de contos Tu não te moves de ti
Dramaturgia: Bel Garcia, Cristina Moura, Luciana Fróes
e Maíra Gerstner Direção: Bel Garcia Com: Maíra Gerstner Assistente de direção: Raquel André Direção de movimento: Cristina Moura Concepção Sonora: Joana Queiroz e Bruno Queiroz Figurino: Marcelo Olinto Sala de Espetáculos I Duração: 1h R$ 25* | R$ 12,50** | R$ 5***
foto: Dalton ValĂŠrio
dança
Rútilo Nada
Dias 23 e 24 de abril. Quarta e quinta, às 21h30. O espetáculo teve como ponto de partida e inspiração a novela homônima de Hilda Hilst. Algumas questões recorrentes na obra da autora foram utilizadas como suporte para a construção do espetáculo: “Os conceitos de tempo, de deterioração, morte e finitude são veículos, agentes da angústia para o ser humano.(...) Minhas personagens tentam se dizer no mais difícil de ser verbalizado, pois tentam tocar na extremidade de uma corda cuja outra extremidade está presa a uma forma, essa, sim imperecível: o que interessa são as relações do homem com isso, esse eterno ser/estar.” O espetáculo parte do entrecruzamento de diferentes modalidades dramáticas, e da investigação das possibilidades de intercâmbio entre procedimentos, contribuindo para a prática discursiva corporal. Em busca de uma concepção particular de construção cênica do corpo que dança, a fragmentação de ideias e a desconstrução do discurso corporal implicam não somente novas relações estéticas que subvertem a hierarquia e a noção de eixo corporal, mas
também estreitar e diluir as fronteiras entre as linguagens. O espetáculo é uma espécie de discurso no sentido político do termo: uma afirmação de resistência da paixão e do desejo. Dançarinos: Wellington Duarte e Donizeti Mazonas Direção, música e arte gráfica: Daniel Fagundes Luz: Hernandes de Oliveira Figurino e cenografia: Anne Cerutti Duração: 50 minutos
Sala de Espetáculos II R$ 25* | R$ 12,50** | R$ 5***
foto: Keiny Andrade
Cartas de um Sedutor
foto:José Roberto Jardim
leituras dramáticas
Dia 25 de março. Terça, às 21h.
“E vou ficando cada vez mais sozinho. Restarão só meus ossos. Deverei polir meus ossos antes de sumir?” Karl e Stamatius são dois homens diametralmente opostos, mas essencialmente complementares. Suas buscas convergem por vias paralelas, onde desejo, sexo, cura, amor, ciúmes, dor e frustrações assumem coloraturas únicas quando frente às suas feminilidades angustiantes, Cordélia e Eulália. Suas vidas e histórias são contadas, não só por eles próprios, em suas cartas e contos, mas por seus inconscientes e atos. Nessa leitura, vozes se sobreporão para gerar a polifonia em meio ao caos. A palavra de Hilda Hilst guiará e moldará o espaço com imagens e vácuos. Cartas será levada à cena sem perder de vista sua origem: uma obra de potentes palavras escritas por abismos imprevisíveis, rumo às pulsões do baixo ventre e da
alma. A leitura será fiel ao sonho da própria obra, da autora, das cartas, onde se lê que seu narrador “Sonhava. Sonhava adeuses e sombras. Sonhava deuses!” Leitura da obra de Hilda Hilst. Dramaturgista: Sérgio Roveri. Direção: José Roberto Jardim. Com: Anna Cecília Junqueira, Felipe Folgosi, Flávio Tolezani, Janaina Afhonso, Pedro Henrique Moutinho e Munir Kanaan. Luz e som: José Roberto Jardim. Sala de Espetáculos II Duração: 1h30 Grátis
Dia 15 de abril. Terça, às 21h.
foto: Calixto
Lázaro
Lázaro, um dos cinco textos que constituem a obra FluxoFloema, de Hilda Hilst (1970), apresenta uma narrativa com estilo peculiar, em que a pontuação torna difícil identificar, imediatamente, quem fala e com quem falam os personagens no texto. É uma espécie de pastiche do texto bíblico A ressurreição de Lázaro (João:11, 1-46 ), ou seja, é uma reescrita do texto original dentro do contexto contemporâneo. Com esta transfiguração poética, Hilda Hilst reinventa a fábula das Sagradas Escrituras, atingindo seu corpo mais proibido: ontológico e ôntico unidos no “silêncio feio do escuro da víscera.” Lázaro injeta sua língua epifânica em confronto direto com o próprio sopro ressuscitador, aqui exposto num golpe de inominável subversão: Deus-verme, deus, ver-me, enfrentado no verbo movediço, e transcendente como nunca, deste conto que marca a retumbante estreia de Hilda Hilst no gênero.
Leitura do conto Lázaro, de Hilda Hilst Concepção e leitura: Luiz Päetow Sala de Espetáculos II Duração: 1h30 Grátis
leituras dramáticas
A Morte do Patriarca Dia 17 de abril. Quinta, às 21h.
A Morte do Patriarca é uma peça teatral de caráter filosófico, metafísico, que confronta personagens como o Papa, um Cardeal, um Monsenhor, o Demônio e Anjos. Empenhados numa interminável partida de xadrez, os personagens discutem as possíveis verdades religiosas e doutrinárias de figuras que vão de Jesus Cristo a Ulisses. Porém, uma multidão se agita enfurecidamente na Praça do Vaticano e nenhum dos personagens acredita, enfim, que o povo, se deixará levar por palavras salvadoras. A Morte do Patriarca é, possivelmente, de todas as peças de Hilda Hilst, aquela que faz contrastar, com mais eficiência, um tom jocoso e irreverente com a perspectiva final de destruição iconoclasta.
Peça teatral: Hilda Hilst Direção: Donizeti Mazonas Com: Companhia da Mentira (Gabriela Flores, Gilda Nomacce, Julio César Pompeo, Lianna Matheus, Priscila Gontijo e Silvio Restiffe) Luz: Hernandes de Oliveira
Sala de Espetáculos II Duração: 1h Grátis
literatura
Em Alto e Bom Tom:
Hilda Hilst
encontro
Hilda Hilst Clube de Leitura Dia 17 de abril. Quinta, das 20h às 21h30.
De 8 a 11 de abril. Terça a sexta, das 20h às 21h.
Em Alto e bom Tom é uma roda de leitura com objetivo de incentivar a escuta e a leitura em voz alta. Num diálogo entre a palavra e a paisagem sonora, os ouvintes mergulham no universo de diversos autores que escreveram com proeza e maestria nossa literatura. Nessa edição, Em Alto e Bom Tom se debruça sobre os textos de Hilda Hilst. Poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira, é considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX. Com: Lili Flor e Paulo Pixu Duração: 50 min.
Biblioteca (30 lugares) Grátis
Acompanhando a programação especial e abrindo a segunda edição do projeto Clube de Leitura, um encontro com professor e pesquisador, especialista na obra de Hilda Hilst Alcir Pécora. Durante o encontro, Pécora discorrerá sobre o conjunto da obra desta que foi uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX, e falará sobre a obra por ele publicada, Porque Ler Hilda Hilst. Duração: 1h30
Biblioteca (30 lugares) Grátis
cronologia
Hilda Hilst, 1930-2004
1930, abril, 21 • Hilda Hilst nasce em Jaú, interior do estado de São Paulo, às 23h45, numa casa da Rua Saldanha Marinho. Filha de Bedecilda Vaz Cardoso, imigrante portuguesa, e de Apolônio de Almeida Prado Hilst, fazendeiro de café, escritor e poeta. 1935 • Cursa o jardim da infância no Instituto Brás Cubas, cidade de Santos. Em Jaú, Apolônio é diagnosticado esquizofrênico paranóico. 1937 • Ingressa como aluna interna do Colégio Santa Marcelina, em São Paulo, onde cursará o primário e o ginasial, com desempenho considerado brilhante. Neste ano a mãe lhe revela a doença de Apolônio. A intensidade dessa revelação e os poucos encontros que terá com o pai acentuam sua imagística da figura paterna, que se configura um dos principais componentes de sua obra literária. 1946 • Segundo encontro com o pai, quando o visita na Fazenda Olhos D’água, no município de Itapuí, próximo a Jaú. Muda-se com sua governanta para uma casa situada à Rua Teixeira de Souza. 1948 • Entra na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo. 1950 • Publica seu primeiro livro de poesia, Presságio, chamando a atenção da crítica especializada por já apresentar marcas de uma poética pessoal. 1951 • Publica seu segundo livro de poesia Balada de Alzira. 1955 • Publica Balada do festival (poesia). 1959 • Publica Roteiro do silêncio (poesia).
1960 • Publica Trovas de muito amor para um amado senhor (poesia). Adoniran Barbosa, inspirando nas poesias da autora, compõe as músicas Quando te achei e Quando tu passas por mim. 1961 • Publica Ode fragmentária (poesia). O músico Gilberto Mendes compõe a peça Trova I, inspirada no primeiro poema de Trovas de muito amor para um amado senhor. 1962 • Recebe o Prêmio Pen Clube de São Paulo, com a publicação de Sete cantos do poeta para o anjo. O poeta português Carlos Maria de Araújo presenteia Hilda com o livro Lettres a El Greco, de Nikos Kazantizakis. O livro se transforma num divisor de águas na vida da escritora, sendo um dos principais motivadores de sua futura mudança de São Paulo. 1966 • Morte do pai. Na época Hilda já se transferira para a nova residência, que denominou Casa do Sol (próxima a Campinas-SP) e onde morou até o final de sua vida. 1967 • Começa a escrever suas peças teatrais. Neste ano concluirá A empresa (A possessa) e O rato no muro. Publica Poesia 1959/1967. 1968 • Casa-se com Dante Casarini. Nesse ano escreve as peças O visitante, Auto da barca de Camiri, O novo sistema e inicia As aves da noite. Conhece os escritores Caio Fernando Abreu, que passa a morar na Casa do Sol, e Jose Luís Mora Fuentes. Na praia de Massaguaçu, no litoral paulista, inicia a construção da Casa da Lua. As peças O visitante e O rato no muro são encenadas no Teatro Anchieta (Sesc Consolação). 1969 • Finaliza As aves da noite e escreve O verdugo e A morte do patriarca, concluindo sua dramaturgia que, com exceção de O verdugo, permanece inédita em livro até o ano 2000. Escreve Ode descontínua e remota para flauta e oboé (poesia), posteriormente publicada como parte do livro Júbilo, memória, noviciado da paixão. Inicia sua ficção com o texto O unicórnio.
1970 • Publica seu primeiro livro de ficção Fluxo-Floema. Os críticos literários Leo Gilson Ribeiro, Anatol Rosenfeld e Nelly Novaes Coelho são os primeiros a reconhecer a importância dessa prosa inovadora. 1973 • Lança seu segundo livro de ficção, Qadós. A leitura de Telefone para o além, livro do pesquisador sueco Friederich Jurgenson, leva-a à singular experimentação que estenderá pelos próximos 7 anos, na qual, por meio de um gravador, registra vozes de origem inexplicável pela ciência. Comunica a pesquisa aos físicos César Lattes e Newton Bernardes. Escuta deste último: “Isso, sendo verdade, teríamos que sentar na calçada e repensar toda a física.” O verdugo estreia no Teatro Oficina, em São Paulo.
1990 • Publica Alcoólicas (poesia) e os dois primeiros títulos da sua trilogia erótica, O caderno rosa de Lori Lamby, que a princípio escandaliza a maior parte da crítica, e Contos d’escárnio / Textos grotescos, igualmente perturbador para boa parte de seus leitores. 1991 • Lança Cartas de um sedutor, encerrando sua trilogia erótica. Apesar de a trilogia representar menos de um décimo da sua obra, Hilda passa a ser erroneamente considerada, por parte da crítica, como escritora essencialmente erótica.
1974 • Publicação de Júbilo, memória, noviciado da paixão (poesia).
1992 • Publica Bufólicas (poesias satíricas) e Do desejo (poesias). Aceita o convite de Wilson Marini, editor no “Caderno C” do jornal Correio Popular (Campinas, SP), e inicia sua atuação como cronista.
1977 • Ganha o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Melhor Livro do Ano, com Ficções.
1993 • Lança Rútilo Nada (ficção), com o qual ganhará no ano seguinte o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.
1980 • Primeira edição de Da morte. Odes mínimas (poesia). Publica também Poesia (1959/1979) e Tu não te moves de ti (ficção).
1995 • Lança Cantares do Sem Nome e de partidas (poesia).
1981 • Ganha o Grande Prêmio da Crítica para o conjunto da obra, da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
1997 • Publica Estar sendo. Ter sido (ficção) e anuncia seu afastamento do trabalho literário. 1998 • Lançamento de Cascos e carícias: crônicas reunidas (1992/1995)
1982 • Lança A obscena senhora D, novela que inicia nova fase de sua ficção.
1999 • Publica Do Amor (poemas escolhidos).
1983 • Publica Cantares de perda e predileção (poesia).
2000 • Exposição criada pela arquiteta Gisela Magalhães e Sesc Pompeia Hilda Hilst 70 anos.
1984 • Lança Poemas malditos, gozosos e devotos (poesia). Recebe o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, por Cantares de perda e predileção. 1986 • Publicação de Sobre tua grande face (poesia) e Com os meus olhos de cão e outras novelas (ficção).
2002 • Recebe da Fundação Bunge, o Prêmio Moinho Santista pelo conjunto de sua obra poética. Ganha da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), o Grande Prêmio da Crítica pela reedição de sua obra pela Editora Globo.
1989 • Lança Amavisse (poesia).
2004 • Morre no dia 4 de fevereiro, em Campinas - SP.
Jorge Coli
“Sua poesia - mas sua prosa também - atinge o cerne dos nossos destinos. Ela sempre suscita aquilo que somos, para além das palavras, para além das éticas e dos valores.”
Leo Gilson Ribeiro
“...(Hilda Hilst) escreve há vários anos a mais abissal e deslumbrante prosa poética do Brasil, posterior à Guimarães Rosa, distinguindo-se pela versatilidade de sua inspiração. Ficcionista incomparável pelo uso de uma linguagem original e indelével, ela é também um dos grandes nome nada efêmeros da poesia mais profunda e comovente que se faz no Brasil, além de uma extensa obra de dramaturgia.”
Caio Fernando Abreu
“Nunca conheci uma escritora tão tomada pela paixão da palavra.”
José Castello
“A escrita de Hilda Hilst tece tão fundo, desdobra com tanta altivez as máscaras do literário, que se assemelha a um desnudamento.”
Nelly Novaes Coelho
“(na poesia)... no teatro e na ficção de Hilda Hilst, intensifica-se a paixão. Nos mais diferentes graus (da abjeção mais vil à grandeza mais violenta e bela), a escritora tenta expressar o corpo-a-corpo do ser humano com a passionalidade do viver, - único caminho que lhe permite vislumbrar as possíveis respostas ao Enigma, ou pelo menos ter a efêmera sensação de participar do Absoluto ou da Eternidade.”
Anatol Rosenfeld
“Hilda pertence ao raro grupo de artistas que conseguiu qualidade excepcional em todos os gêneros literários que se propôs - poesia, teatro e ficção”.
J.L. Mora Fuentes
“Criadora de textos magníficos, onde Atemporalidade, Real e Imaginário se fundem e os personagens mergulham no intenso questionamento dos significados, buscando compreensão, resgate da raiz, encontro do essencial, Hilda retrata sem cessar nossa limitada/ilimitada, frágil e surpreendente condição humana.”
SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDENTES Técnico Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Paulo Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli GERENTES Ação Cultural Rosana Cunha Adjunta Kelly Adriano ASSISTENTES Armando Fernandes, Gisela Ribeiro, Rodrigo Eloi e Sérgio Luis Estudos e Desenvolvimento Marta Colabone Adjunto Iã Paulo Ribeiro Sesc Belenzinho Marina Avilez Adjunta Patrícia Piquera
E SEU EU FICASSE ETERNA? Coordenadores de Área Salete dos Anjos, Ana Maria Cardoso, Edmilson Ferreira Lima, Josué Cardoso, Marcelo de Jesus, Ricardo Martins e Roselaine Tavares da Silva Núcleo de Música e Artes Cênicas Emerson Pirola (Supervisão), Alessandra Perrechil, Claudia Garcia, Natália Nolli Sasso, Ricardo Tacioli e Sandro Saraiva; Diego Cardoso e Jackson Santos (estagiários) Núcleo da Imagem e da Palavra Catia Leandro (Supervisão), Alcimar Frazão, Christine Villa Santos, Daniela Momozaki e Vanessa Raquel Lambert; Brígida Veiga Batista, Bruno Carlos Costa de Morais e Mônica Aparecida Tedaldi (estagiários) Idealização e Coordenação Núcleo de Música e Artes Cênicas e Núcleo da Imagem e da Palavra Identidade Visual e Projeto Gráfico Ricardo Kawazu Agradecimentos para a colaboração fundamental de Donizeti Mazonas e Suzan Damasceno para a realização desse projeto
Ingressos à venda pelo sistema INGRESSOSESC * inteira ** usuário matriculado no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino *** trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
Prefira o transporte público Belém 550m
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foto capa: Fernando Lemos
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