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PETECA

Magali Aparecida Ono | MS

A peteca, brinquedo genuinamente brasileiro, ensinado de geração em geração pelos primeiros habitantes do país, chega até os nossos dias como herança lúdica para continuar voando pelos ares das praças, praias, terreiros, quintais, quadras esportivas, pátios de escola e onde mais encontrar espaço para reunir crianças e adultos em prazerosas partidas.

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De origem indígena-brasileira, a peteca, do tupi Pé teka, significa “bater com as mãos, golpear”. Tradicionalmente é confeccionada com palha seca de milho e penas naturais de aves. Nos últimos tempos vem sendo substituída por penas sintéticas, borracha, couro, tecidos; o que importa é que não deixe de existir.

Em sua infância, a artesã fazia peteca com palha de milho e pena de galinha de angola ou galo índio. Lembra que era comum na cultura indígena mato-grossense fazer petecas usando penas de tucano, papagaio e arara. Hoje, afastada da roça, faz petecas costurando corino, napa ou couro ecológico e usando penas de pato tingidas, compradas especialmente para a confecção dos brinquedos.

Aprendeu a fazer peteca por volta dos 10 anos, quando se interessou por esse jogo. Brincava com suas amigas ou mesmo sozinha batendo a peteca para superar o tempo que ficava no ar sem cair no chão. A depender de Magali, a brincadeira passa sempre de geração a geração. Continua partilhando o jogo por meio da confecção de suas petecas. De mão em mão, a expressão “não deixar a peteca cair” ganha vida na habilidade e agilidade da prática desse divertimento.

Como a brincadeira passa de mão em mão, é bem provável que os portugueses que chegaram ao Brasil em 1500 tenham levado a peteca para a Europa. Hoje, tornou-se brincadeira e esporte mundialmente conhecidos.

A modalidade esporte de peteca, criada em território nacional, teve origem em 1975 com a criação da Federação Mineira de Peteca (Fempe). Outras federações internacionais continuaram divulgando a brincadeira que virou esporte, conhecida no mundo como “indiaca”, nome internacional da peteca, uma junção do termo “índio” com “peteca”.

Possibilidades lúdicas e educativas

O jogo de peteca ainda existe no Brasil, mais fortemente em algumas localidades, porém outras carecem desse traço cultural. Nesse sentido, compartilhar a brincadeira e até mesmo fazer o brinquedo à moda antiga, usando trançado de palha de milho, é uma maneira de não perder o ensinamento dos primeiros habitantes do Brasil. Para tanto, podemos até reservar um espaço da horta escolar para o milharal e, assim, ter matéria-prima para o brinquedo, já que alguns tipos de peteca podem ser feitos usando somente palha de milho. É interessante que se convidem pessoas que saibam confeccioná-las na escola, registrando esse aprendizado em foto de passo a passo e vídeo, para o brinquedo não cair no esquecimento e para compor o acervo histórico das brincadeiras.

Podemos ainda encontrar novas formas de jogar peteca, conhecer melhor as regras do jogo preconizadas pela Federação de Peteca e pesquisar os desdobramentos criados com jogos de peteca, como o badminton, esporte praticado numa quadra de tênis em que se joga peteca usando uma raquete, cuja origem vem da recriação de um jogo chinês do século V a.C. no qual se utilizavam os pés. Enfim, podemos descobrir que a humanidade vai inventando brinquedos e formas de brincar muito semelhantes e complementares.

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