Alimento dos Orixรกs
Alimento dos Orixás Uma imersão artística na culinária e na cultura das religiões afro-brasileiras
19 de junho a 25 de agosto 2019
Comida sagrada
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ntropólogos ensinam que o preparo e o consumo dos alimentos estão entre as formas mais elementares pelas quais os seres humanos transformam a natureza em cultura. O processo inicia-se com a escolha dos ingredientes, estabelecendo-se o que pode ou não ser ingerido, passa pelo tratamento a que estes são submetidos – o cozimento, por exemplo – chegando aos códigos relacionados ao modo de servi-los, incluindo regras sobre quando, onde e como comer. Todos esses procedimentos, combinados, posicionam, no domínio do simbólico, o que poderia parecer apenas um imperativo biológico. Disso não resulta somente a satisfação das necessidades fisiológicas das pessoas. Por vezes, os alimentos adentram, também, o campo do sagrado. No caso do candomblé, os rituais incluem preparos destinados às oferendas aos Orixás, cuja função primordial são os vínculos entre o humano e o divino. Num caminho inverso, comidas de terreiro influenciam a culinária brasileira em geral, com inúmeros pratos que se fazem presentes nas mesas das casas e de restaurantes no país. A mostra Ounje. – Alimento dos Orixás propõe um percurso estético sensorial elaborado a partir do encontro de linguagens artísticas e atravessado por ancestralidades, memórias e saberes. Para o Sesc, instituição que compreende a cultura em sentido ampliado, trânsitos como esses, entre a solidez da tradição e a perspectiva contemporânea da arte, possibilitam entendimentos expandidos sobre os grupos formadores da sociedade brasileira. Em tempos de crescente intolerância religiosa, trazê-los à tona assume caráter de urgência. Sesc São Paulo
Untado com dendê
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otumbá, Kolofé, Mukuiu, Saudações,
A culinária dos terreiros das religiões afro-brasileiras e o movimento artístico da diáspora africana no Brasil, em especial a cultura do candomblé, são os eixos da mostra Ounje. – Alimento dos Orixás. A preciosa contribuição dos povos africanos na formação do povo brasileiro traz aos nossos costumes influências desses povos na culinária, na musicalidade, na corporalidade e na plasticidade. O culto aos Orixás, Voduns e Inquices no Brasil, mesmo desde a traumática colonização escravocrata até as atuais reproduções do racismo, transmite-nos princípios estilísticos que constituem os fundamentos da arte afro-brasileira. Alguns desses princípios são tematizados na mostra, que integra diferentes manifestações artísticas em um complexo conjunto de obras: o galpão-cozinha que compõe o terreiro artístico, as instalações nas galerias do pátio e uma programação integrada. Ounje. inicia-se na cozinha. O calor do fogão de um terreiro alimenta aqueles que dão forma às coisas. A imersão nessa cozinha leva-nos a elementos estéticos oriundos do culto aos Deuses negros existente no candomblé. Tanto se deu e se dá de comer ao santo! Os modos de viver e se expressar dos povos africanos estão presentes em diversos aspectos das relações sociais no Brasil. O brasileiro conhece os aromas dos alimentos vindos da África, percebe a estética da partilha e vive a resistência dessa cultura. Atualmente, a presença africana nas diversas manifestações artísticas brasileiras, também nas artes plásticas, vem sendo cada vez mais legitimada. A apreciação das obras e as atividades oferecidas durante a mostra Ounje. são instigadas pelo ato de comer. Em sua programação reúnem-se cozinheiros, artistas visuais, atores, músicos e dançarinos. A perspectiva da arte afro-brasileira contemporânea revela-se nos suportes audiovisuais, nos estímulos sensoriais, no convite a contemplar a cozinha e na programação que traz apresentações de dança, música e teatro, performances, oficinas e atividades para o público infantil, além de rodas de conversa sobre questões que atravessam a temática da mostra. Ounje. é também um ato contra a imensa intolerância às religiões de matriz africana, parte do triste racismo que estrutura as relações sociais no Brasil. A opressão e a violência contra o povo negro também se manifestam na inferiorização e na invisibilidade de suas crenças, costumes e conhecimentos. Por isso, além da defesa da população negra que sofre extermínio em nosso país, é necessário afirmar a ciência e a cultura dos povos africanos como raízes de nossos saberes. Curadores
O candomblé
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urante mais de trezentos anos, no período do mercantilismo colonial, africanos de diversos povos foram escravizados e trazidos às colônias da América. Naquela época, o continente africano apresentava uma divisão geográfica diferente da atual, que foi completamente modificada pela colonização europeia. No Brasil, descendentes bantos, iorubás, jejes e de outros povos africanos tornaram-se mercadorias dos senhores, aprisionados em senzalas e tratados de forma brutal. Pessoas de diferentes culturas, línguas e religiões foram obrigadas a conviver no mesmo espaço em condição de extrema injustiça e violência, criando-se assim um lócus de resistência. Esses negros escravizados reelaboraram seus rituais religiosos misturando crenças de diferentes povos africanos. Assim o candomblé surge no Brasil como uma religião afrobrasileira, que resgata e incorpora diversas culturas. Seus adeptos e seguidores cultuam os Orixás, Inquices e Voduns – panteão de divindades africanas. Seus ritos e cânticos são oriundos de uma memória ancestral que é transmitida oralmente. O candomblé é “resultado da reelaboração de diversas culturas africanas, produto de várias afiliações, existindo, portanto, vários candomblés” (BARROS, 2005, p. 17). As diversas formas de culto do candomblé estão relacionadas às suas origens (banto, nagô/iorubá, jeje), constituindo-se diferentes nações, que no Brasil receberam os nomes de angola, congo, ketu, efan, ijexá, nagô egbá, fon, mina, fanti, ashanti, jeje mahi, jeje-nagô, entre outras. A distinção entre as nações do candomblé é bastante complexa e se dá, entre diversos fatores, pela língua litúrgica utilizada. Há ainda variações e especificidades relacionadas à região do país e à história de cada comunidade terreiro. A mostra Ounje. – Alimento dos Orixás tem como referência as simbologias, os ritos e as denominações próprias das nações de origem nagô. 4
As comunidades terreiros
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s comunidades terreiros geralmente estão situadas nas periferias das grandes cidades, tendo sofrido por muito tempo perseguições da polícia, uma vez que o candomblé não era aceito como religião, mas visto como heresia, paganismo e feitiçaria, construindo-se assim uma imagem negativa dos negros e de sua cultura. Contudo, “as perseguições policias e o agravamento das discriminações sócio-religiosas deram ensejo ao fortalecimento do sentimento grupal e à demarcação de espaços distintos” (BARROS, 2005, p. 33). Embora a liberdade religiosa tenha sido garantida por lei na Constituição de 1988, o preconceito contra as religiões afro-brasileiras ainda é bastante presente na sociedade brasileira. Mas o candomblé e suas comunidades resistem, dando continuidade aos seus rituais religiosos.
Os terreiros de candomblé sempre foram vistos como um dos principais focos de resistência da cultura negra. Apesar da repressão policial, a religiosidade afro-brasileira consegue sobreviver através de suas festas, cultos e da tradição oral, valendo-se – dentre outras coisas – do sincretismo como forma de negociação. (SANTOS SILVA, 2006, p. 3).
As comunidades terreiros são consideradas por seus adeptos como família de santo, e para fazer parte dessa nova família há de se renascer para o Orixá – processo de iniciação em que os filhos de santo participam de alguns rituais fechados para se integrar a ela. Além de ser uma religião que traz conhecimento, troca, divertimento, há um sentido de unidade entre os membros da comunidade terreiro, que conservam na memória coletiva os segredos e ensinamentos transmitidos pela tradição oral, mantendo vivos em seus rituais os cânticos e seus ritmos variados, as representações do corpo e suas danças, as comidas de santo e os momentos de partilha, fortalecendo assim a história e a cultura do povo negro no Brasil.
Sobre os Orixás
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s Orixás são divindades africanas que correspondem às forças da natureza (água, terra, fogo, ar, vento, trovão etc.), e seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características dos Orixás assemelham-se às dos seres humanos, pois eles também se expressam por meio de sentimentos e emoções. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, ou seja, são passionais. Cada Orixá tem ainda seu sistema simbólico particular, composto de mitos, cores, comidas, cânticos, rezas, saudações, danças, ambientes, horários etc. Em relação à culinária, o culto aos Orixás, Inquices e Voduns trouxe os costumes do uso peculiar de camarão, gengibre, feijão fradinho, inhame, azeite de dendê, quiabo, castanhas e outros ingredientes. Cada Orixá tem seus pratos de preferência, mas alguns pratos podem ser oferecidos a mais de um Orixá. Há outras situações em que é proibido servir um ingrediente ou prato a Orixás específicos, por exemplo, o azeite de dendê não pode ser oferecido a Oxalá. A seguir são apresentadas as características dos Orixás mais cultuados no Brasil.
Exú Seguindo a tradição e a hierarquia dos cultos, o primeiro Orixá a ser reverenciado no candomblé é o grande mensageiro Exú, guardião dos Orixás, elemento de defesa, de vingança, aquele que toma a frente cumprindo ordens e atendendo aos pedidos que lhe são feitos. É o Orixá que representa a força do homem e da comunicação, é astucioso, provocador, indecente ao se apresentar em sua dança com demonstrações de sexualidade. Assim como Oxum, representa também a fertilidade. Seus símbolos são um ogó, bastão de cabaças que representa o sexo masculino, e um tridente de três ou sete pontas. Sua ferramenta serve para transportá-lo a qualquer lugar e situação. Esse Orixá é o senhor do poder de tudo aquilo que tem calor na face da terra, como fogo (iná), sangue vermelho (ejé pupa), pimenta da costa (ataare), bebidas (oti), azeite de dendê (epó pùpá). O arquétipo de Exú está relacionado a pessoas com caráter ambivalente, à dupla inclinação para a maldade e a bondade, envolvendo obscenidade, depravação e corrupção. “Pessoas que têm a arte de inspirar confiança e dela abusar, mas que apresentam, em contrapartida, a faculdade de inteligente compreensão dos problemas dos outros e a de dar ponderados conselhos, com tanto mais zelo quanto maior a recompensa esperada” (VERGER, 2002, p. 79). Dia segunda-feira. Cores preto e vermelho. Símbolos ogó, falo ereto, tridente de três ou sete pontas. Elementos terra e fogo. Domínios sexo, magia, união, poder e transformação. Folhas aroeira, bardana, cajueiro e folha-da-costa. Saudação Laroié! Mojubá!
Comidas padê, bife no azeite de dendê, coração de boi e acaçá amarelo.
Ogum Orixá que rege as guerras, é o desbravador dos caminhos na luta pela sobrevivência. Por ser uma divindade guerreira, é o senhor dos metais e das ferramentas por ele criadas. É também considerado como a divindade da tecnologia. Em um de seus mitos Ogum é composto de sete partes, e esse número a ele associado representa os lugares que lhe são consagrados e seus instrumentos de trabalho: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha, que simbolizam suas atividades. O arquétipo desse Orixá geralmente está relacionado às pessoas consideradas violentas, briguentas, impulsivas e incapazes de perdoar principalmente quando são vítimas de ofensas. São pessoas que sempre estão em busca de realizar seus objetivos e não se desencorajam facilmente, que nos momentos difíceis retomam suas forças para nunca abandonar o combate nem perder a esperança. Possuem humor mutável e passam de furiosos acessos de raiva ao mais tranquilo dos comportamentos. “Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição quando lhes prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas” (VERGER, 2002, p. 95). Dia terça-feira. Cores azul forte, vermelho e verde. Símbolos bigorna, faca, enxada e outras ferramentas. Elementos terra (florestas e estradas) e fogo. Domínios guerra, tecnologia e caminhos (estradas). Folhas peregum, espada-de-são-jorge, jabuticaba e jatobá. Saudação Ogum Ieé!
Comidas feijoada, vatapá, inhame com feijão preto e farofa de carne de frango desfiada.
Comidas axoxô, frutas, espiga de milho cozido e pamonha.
Oxóssi É o Orixá responsável por nos proporcionar o alimento, a carne e a fartura. É o senhor da caça, da agricultura e da alimentação, e suas ferramentas são o arco e a flecha. Esse Orixá é totalmente ligado à terra e às matas. Assim como ele, há outras divindades relacionadas a esses elementos. “É a divindade da caça e merecedora de uma reverência pessoal quando seu nome é citado” (BENISTE, 2002, p. 110). O arquétipo de Oxóssi está relacionado às pessoas com alto grau de esperteza, rápidas, que estão sempre em alerta e agem com movimentos minuciosos. São pessoas imediatistas, cheias de iniciativa e que estão sempre buscando novas descobertas, procurando fazer novas atividades. Dia quinta-feira. Cores azul-turquesa e verde. Símbolos ofá (arco e flecha) e erukeré. Elemento terra (florestas e campos cultiváveis). Domínios caça, agricultura, alimentação e fartura. Folhas jasmim-manga, milho e cabelo de milho, capim-limão e goiabeira. Saudação Òké Aro! Arolé!
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Logum Edé Filho de Oxóssi e Oxum, Logum Edé carrega as mesmas características de seus pais. Esse Orixá vive seis meses na terra praticando a caça, sob sua influência masculina; e seis meses nas águas comendo peixe, sob sua influência feminina. Seus arquétipos e símbolos correspondem aos de Oxóssi e de Oxum. Dia quinta-feira. Cores azul-turquesa e amarelo-ouro. Símbolos balança, ofá, abebé e cavalo-marinho. Elementos terra (floresta) e água doce (rios e cachoeiras). Domínios riqueza, fartura e beleza. Folhas dracena ou pau-d’água. Saudação Logum ô Akofá!
Comidas axoxô, omolocum, inhame e acaçá.
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Comidas feijão preto, acaçá, farofa e mel.
Ossaim É o Orixá que representa o encanto e o poder das ervas medicinais, das folhas e da cura. Sua virtude é a magia relacionada ao poder da natureza. A junção das folhas tem uma força muito grande, por exemplo, não se faz um iaô (filho de santo) sem as folhas sagradas e os cantos para Ossaim. É um Orixá com significações muito importantes nos ritos do candomblé, principalmente nos rituais de iniciação e de sacrifício. O arquétipo desse Orixá está relacionado às pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlar seus sentimentos e emoções. É aquele que não permite que suas simpatias e antipatias subjetivas intervenham em suas decisões ou influenciem suas opiniões sobre pessoas e acontecimentos. Ossaim é reservado, não costuma intervir em questões que não lhe digam respeito. Não chega a ser introvertido, mas não se faz notar pela atividade social. Dia quinta-feira. Cor verde-escuro (cor do “sangue” das folhas). Símbolo um ramo de folhas com um pássaro pousado, indicando seus poderes de cura e magia. Elemento ar. Domínios saúde, plantas, ervas e mistério. Folhas todas as folhas são de domínio desse Orixá. Saudação Ewe! Assa, assa ô!
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Comidas amalá, rabada e caruru.
Xangô Xangô é o Orixá considerado rei nos terreiros de candomblé. É o senhor da justiça, dos raios e dos trovões, e seu elemento é o fogo. Representa realeza, beleza, vaidade e é um grande guerreiro, muito audacioso. No aspecto familiar é filho de Iemanjá e foi casado com três mulheres: Obá, Iansã e Oxum. Sua dança é o Alujá, em que demonstra seu vigor e dramatiza a cena de um raio que cai e se transforma em pedra. Seu ritmo é rápido, com muitos movimentos dos braços. Esse Orixá tem como símbolo um machado estilizado, com duas lâminas, o oxé, que seus adeptos seguram um em cada mão quando estão em transe. O arquétipo de Xangô é aquele das pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas e conscientes de uma suposta beleza e de uma importância real. Ligados à justiça, não admitem ser contrariados, podendo ser violentos e incontroláveis. Os filhos de Xangô têm tendência à obesidade, são bem ligados à mãe, têm o poder de liderar, são vingativos, orgulhosos, atrevidos, elegantes, conquistadores, têm dificuldades em perdoar, são brincalhões, gostam da vida e têm medo da morte. Dia quarta-feira. Cores vermelho (ou marrom) e branco. Símbolos oxé (machado duplo), edún-àrá e xerê. Elementos fogo (grandes chamas), raios e formações rochosas. Domínos poder estatal, justiça e questões jurídicas. Folhas umbaúba, jaqueira, sabugueiro e folha-de-fogo. Saudação Kawó Kabiesilé!
Oyá / Iansã Divindade dos ventos e das tempestades, seu culto está associado à morte e aos ancestrais. Ela é a dona do cemitério e é quem carrega os espíritos dos mortos, sendo a única divindade a se manifestar no rito de Àxexê, cerimônia fúnebre do candomblé. Sua virtude é a de ser guerreira e obstinada a conseguir o que deseja, conferindo essa característica a seus filhos. O arquétipo de Oyá/Iansã é o das mulheres audaciosas, poderosas e com características próprias de uma mulher sensual, fogosa, ardente. É extremamente feminina, e a quantidade de paixões que vive revela a forte atração que sente pelo sexo oposto. Dia quarta-feira. Cores marrom, vermelho e rosa. Símbolos espada e eruexin. Elementos ar em movimento, qualquer tipo de vento e fogo. Domínios tempestades, ventanias, raios e morte. Folhas folha-da-costa, pata-de-vaca, cinamomo (para-raios), erva-tostão e folha de bambú. Saudação Epahei!
Comidas acarajé, feijão fradinho e rodelas de inhame refogado no dendê.
Oxum É considerada uma rainha no candomblé, senhora das águas correntes, particularmente do rio Oxum na África. É a divindade das fontes, lagos e dos rios que fertilizam o solo, sendo por isso o Orixá associado à fertilidade. É ela que se dirige às mulheres que querem engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças recém-nascidas até que elas aprendam a falar. O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, vaidosas e de uma beleza impecável. São pessoas que gostam de usar panos vistosos e muitas joias. Dia sábado. Cor amarelo-ouro. Símbolo leque com espelho (abebé). Elemento água doce (rios, cachoeiras, nascentes, lagoas). Domínios amor, riqueza, fecundidade, gestação e maternidade. Folhas erva-de-santa-luzia, nenúfar, mal-me-quer e manjericão. Saudação Òóré Yéyé ó!
Comidas omolocum, ipeté, doce de banana e ovos cozidos.
Comidas acarajé, amalá, abará e ovos.
Obá É também um Orixá que tem um rio com seu nome. É uma divindade guerreira que usa uma espada, um arco e uma flecha de cobre. O que a diferencia das aiabás (divindades femininas) é que Obá não se importa com a vaidade e, por isso, às vezes é confundida com um guerreiro, sendo considerada advogada e defensora das mulheres. Obá foi a primeira esposa de Xangô e tem o domínio sobre as águas revoltas. O arquétipo de Obá é o das mulheres valorosas e incompreendidas. Os filhos de Obá são pessoas pouco atraentes, desajeitadas, de temperamento forte, agressivas e objetivas. Aparentam ser mais velhas do que realmente são. Costumam ser bem-sucedidas nos negócios e gostam de acumular bens. São pessoas lutadoras, bravas, o que faz com que sejam pouco compreendidas. Dia quarta-feira. Cores marrom raiado, vermelho e amarelo. Símbolos alfange (pequena espada), escudo de cobre, arco e flecha (ofá). Elementos águas revoltas e barulhentas, ar, fogo e terra. Domínios amor e sucesso profissional. Folhas agapanto, angelim-amargoso, avenca e quaresmeira. Saudação Obà Siré!
Comidas peixe cozido com pirão, manjar, canjica e acaçá.
Iemanjá É a divindade das águas salgadas, da criação e do mar, sendo mãe de alguns Orixás, como Xangô, Exú e Ogum, e esposa de Oxalá. Na África, a dona do mar é Olokun, mãe de Iemanjá, que no Brasil ficou conhecida como a grande rainha do mar. Na Nigéria seu nome foi atribuído ao rio Yemanjá, onde ocorre o encontro das águas do rio com o mar. É a protetora dos pescadores e dona de todas as cabeças. “As filhas de Yemanjá são voluntariosas, fortes, rigorosas, protetoras, altivas e, algumas vezes, impetuosas e arrogantes” (VERGER, 2002, p. 194). São pessoas facilmente irritáveis, mudam de humor com frequência, perdoam com facilidade, mas não esquecem a ofensa sofrida. Iemanjá é amorosa, inteligente, trabalhadora, corajosa, sutil, manhosa e chorona. Os filhos de Iemanjá são pessoas imponentes, belas, fecundas, cheias de dignidade e dotadas de irresistível fascínio. Dia sábado. Cores branco, prateado, azul e verde. Símbolos abebé prateado e alfange. Elementos águas do mar e águas doces que correm para o mar. Domínios inteligência, maternidade e saúde mental. Folhas araçá-da-praia, jequitibá-rosa, pata-de-vaca e folha-da-costa. Saudação Erù-Iyá! Odó-Iyá!
Omolu / Obaluaiê Também chamado de Obaluaiê, Omolu é o dono da terra e está relacionado às coisas quentes, pois as moléstias que provocam a febre estão a ele associadas. Senhor da cura, da saúde e da morte, esse é considerado a própria doença, e seu nome não é pronunciado em vão dentro das comunidades terreiros, sendo muito respeitado por todos. O arquétipo de Omolu/Obaluaiê está relacionado a pessoas extremamente pessimistas e teimosas, que adoram exibir seus sofrimentos. Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais otimista dos seres; acham que nada pode dar certo, que nada está bom. Há uma grande tendência de seus filhos terem o dom de curar as pessoas. Dia segunda-feira. Cores preto, branco e vermelho. Símbolos xaxará ou íleo e lança de madeira. Elementos terra e fogo do interior da terra. Domínios doenças epidêmicas, cura de doenças, saúde, vida e morte. Folhas agoniada, alfazema, babosa, musgo e jenipapo. Saudação Atotoó!
Comidas deburu (pipoca), feijão preto e fradinho e costela de porco.
Nanã É a mais velhas das aiabás e mãe de Omolu e Oxumarê. Seu elemento é a lama e, os pântanos. Quando uma pessoa morre, volta ao ventre de Nanã, que é a própria terra, e a partir disso se faz a associação entre a lama e a morte. Em relação à sua dança, seus movimentos são lentos tal qual os de uma pessoa idosa, fazendo gestos com os braços como se estivesse carregando ou embalando uma criança. O arquétipo de Nanã Buruku está relacionado às pessoas conservadoras e presas aos padrões convencionais estabelecidos pelos homens. Geralmente são calmas e, às vezes, mudam rapidamente de comportamento, tornando-se agressivas. Dia terça-feira. Cores anil, branco e roxo. Símbolo bastão de hastes de palmeira (ibiri ). Elementos terra, água e lama. Domínios vida e morte, saúde e maternidade. Folhas assa-peixe, cipreste, gervão e manacá. Saudação Salubá!
Comidas acaçá, arroz, mungunzá e sarapatel.
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Comidas aberém, feijão fradinho e inhame.
Oxumarê Oxumarê é o senhor do arco-íris, que revela o traço de união entre o céu e a terra. É irmão de Omolu e filho de Nanã. Simboliza a cobra-macho e é considerado um Orixá com funções múltiplas, que tem a mobilidade e a agilidade da serpente. Tem como responsabilidade dirigir as forças que produzem movimentos e que representam o princípio da continuidade da riqueza, manifestado na figura de uma serpente mordendo sua própria cauda. O arquétipo de Oxumarê é o das pessoas persistentes e pacientes, que não medem esforços para atingir seus objetivos. Seus filhos são generosos ou avarentos, conforme a situação econômica em que se encontram. Agitados e observadores, procuram constantemente o equilíbrio e a harmonia. Dia terça-feira. Cores amarelo e verde (ou preto) e todas as cores do arco-íris. Símbolos serpente, círculo e bradjá. Elementos céu e terra. Domínios riqueza, vida longa, ciclos e movimentos constantes. Folhas alteia, cavalinha, graviola-corossol e ingá-bravo. Saudação A Run Boboi!
Ewá / Euá A dona do rio e da lagoa Iyewá, situada na Nigéria, é um Orixá feminino (aiabá) arisco, seu culto é refinado e exótico, cada vez mais raro. Euá é representada pelo igbá àdó kalabá (cabaça com tiras de ráfia). Tem o domínio da vidência, atributo que o deus de todos os oráculos, Orunmilá, lhe concedeu. Conhecida por sua aparência exótica, Ewá é também símbolo de beleza e sensualidade, mas nunca se entregou a nenhum homem, conservando-se casta e tornando-se protetora de tudo que é virgem e puro, seja os seres humanos, seja as florestas e os rios. O arquétipo de Ewá está relacionado a pessoas de beleza exótica, que se diferenciam das demais justamente por isso. Com tendência à duplicidade, em algumas ocasiões podem ser bastante simpáticas, em outras são extremamente arrogantes. Podem aparentar ser bem mais velhas ou parecem meninas, ingênuas e puras. Apegadas à riqueza, gostam de ostentar, de vestir roupas bonitas e vistosas e adoram elogios e galanteios. Dia sábado. Cores vermelho vivo, coral e rosa e amarelo. Símbolos lira, arpão e ofá. Elementos floresta (mata virgem), céu rosado, astros e estrelas. Domínios beleza, vidência (sensibilidade, sexto sentido) e criatividade. Folhas cana-do-brejo, erva-santa-luzia, barba-de-são-pedro e golfo de flor. Saudação Ri Ro Ewá!
Comidas farofa de banana da terra, pato e batata doce.
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Comidas milho branco, acaçá branco, clara de ovo e arroz.
Oxalá Oxalá é o senhor da criação e dos seres humanos, senhor de tudo. É o principal Orixá funfun – divindades brancas, diante das quais todos se curvam em sinal de profundo respeito por sua importância na hierarquia das divindades. É visto como o continuador da obra da criação, por isso associado às ideias criativas. Seu ambiente é um lugar de muita tranquilidade. Apresenta-se de formas diferenciadas com relação a suas qualidades: Oxalufã representa o mais velho, aquele que carrega o cajado (opaxorô) para ajudá-lo a caminhar e se defender; Oxaguiã, o guerreiro mais jovem, dono do pilão e do inhame. Tudo que é seu é branco, representando a pureza e a paz. Os arquétipos devotos e filhos de Oxalufã (Oxalá velho), em geral, são pessoas calmas e dignas de confiança. Dotados de grande sabedoria, estão sempre buscando os significados de tudo que ocorre ao seu redor. Não cansam de estudar e buscar o conhecimento. Também são teimosos, orgulhosos e inteligentes e têm tendência a serem preguiçosos. Os filhos de Oxaguiã (Oxalá moço) são pessoas joviais e viris. Ativos, guerreiros, alegres e generosos, não se deixam influenciar por opiniões alheias. São organizados e metódicos em seus ofícios e projetos. Trabalhadores incansáveis e, por essa razão, suscetíveis a crises de estresse. Dia sexta-feira. Cor branco leitoso. Símbolo opaxorô. Elementos ar e céu. Domínios poder procriador masculino, criação, vida e morte. Folhas alecrim-de-tabuleiro, tapete-de-oxalá (boldo), baunilha- ‑verdadeira, folha-da-fortuna, manjericão-miúdo e noz-de-cola. Saudação Epa Bàbá!
Obras da Exposição GALPÃO Rodrigo Bueno
Dalton Paula
Telúrica, 2019 Assemblage de raízes, galhos, terra, cal, argila, grãos e folhas, expandindo-se da pintura feita com pigmentos naturais sobre tela. 190,5 cm × 288 cm
Cozinha sagrada, 2018 Óleo, folha de prata e folha de ouro sobre livro. 31,5 × 150 cm (medida do políptico de 6 peças)
Força, ferramenta e fundamento, 2019 Mural de oferendas aos Orixás – Diálogo entre Orum e Ayê. Elementos simbólicos diversos que realizam a ponte entre os mundos, disparadores dinâmicos de comunicação. Dimensões variáveis Axé ewe, 2019 Diversas plantas de axé, cultivo de espécies de poder, cura e sabor. Dimensões variáveis As instalações “vivas” de Rodrigo Bueno proporcionam a imersão na complexidade de elementos representativos da cultura do candomblé, criando uma experiência sensorial que envolve os cinco sentidos em diálogo com as forças nativas. A interpretação dos elementos naturais nas instalações possibilita a associação entre ambiente e objetos, em uma sinergia de funções que evidencia o fluxo da vida, a centelha energética conhecida como axé.
Nos diferentes módulos da série Cozinha sagrada, Dalton Paula destrincha elementos da cozinha de terreiro, espaço onde se reúnem as Iabassês para o ritual de preparação da comida de Orixá. A pintura de Dalton retrata a história da diáspora negra no Brasil, muitas vezes permeando o candomblé, sua simbologia sagrada e seus elementos de cura. Nesta obra, Dalton trabalha mais uma vez sua técnica de pintura sobre capas de livros antigos, interferindo, neste caso, em livros cujos conteúdos se referem a ervas e plantas medicinais.
GALERIA 1 Ayrson Heráclito
Luiz Marcelo
Buruburu, 2010 Videoinstalação em 2 canais, Full HD. Loop 2’27”
Amalá: territórios de justiça, proteção e poesia, 2017-2018 Instalação, terra, cerâmica / terracota. Dimensões variáveis
O pintor e a paisagem, 2012 Videoinstalação em 2 canais, Full HD. Loop 5’20” Feijoada de Ogum, 2015 Videoinstalação em 2 canais, Full HD. Loop 4’18” Batendo amalá, 2013 Videoinstalação em 2 canais, Full HD. Loop 6’13” Transmutação da carne, 2015 Videoinstalação em 2 canais, Full HD. Loop 4’37” As obras de Heráclito (instalações, performances, fotografias e vídeos) tratam dos elementos da cultura afro-brasileira e suas conexões com a África e sua diáspora na América. A seleção de cinco videoinstalações do artista revela uma temática cuja centralidade é a utilização de alimentos sagrados como oferendas votivas para os Deuses Negros. Mitos e rituais conectam historicamente duas margens do Atlântico, reunidas pelo holocausto da escravidão.
Poeticamente a obra apresenta a multiplicidade do vegetal quiabo, ingrediente principal da comida votiva oferecida ao Orixá Xangô como forma de agradecimento por justiça e proteção. Há um saber ancestral que afirma: “quem come quiabo não carrega doença”. A plasticidade do barro, argila primordial, elemento associado à divindade Nanã (senhora dos mangues e avó dos Orixás), une-se com o fogo, elemento de Xangô, produzindo os artefatos de cerâmica que são utilizados pelo Povo de Santo nos terreiros de candomblé. Sendo assim, a cerâmica também representa a resistência dos corpos e dos territórios sagrados afro-brasileiros.
GALERIA 2
GALERIA 3
Nadia Taquary
Dalton Paula
Abre caminhos, 2012 Instalação, pastilhas de coco ebanizadas e bolas de prata. 120 cm × 50 cm × 12 cm
Unguento, 2013 Vídeo, Full HD. 15’58”
Abre caminhos, 2013 Vídeo, Full HD. Loop 3’19’’ Direção: Ayrson Heráclito O deslumbramento como tática para a conquista da liberdade é o conceito-chave que opera a construção poética da artista. Suas obras apresentam questões relativas à história do negro no Brasil, tais como religiosidade, estética e cidadania. As joias de crioula e os adornos corporais de povos africanos instauram uma poética pelo viés do sublime, descortinando sentidos e contextos culturais diaspóricos. Na instalação uma grandiosa joia de crioula, de prata de lei e lagdibá (fio de contas sagrado, na cor preta, feito de discos cortados de chifre de animais), dialoga com a imagem projetada de uma mulher negra que, ao andar, chacoalha uma penca baiana na cintura, revelando a origem onomatopeica da palavra “balangandã”. 24
Videoperformance realizada em frente ao antigo mercado de escravos da cidade de Lençóis, na Chapada Diamantina (BA). Em um ritual, o artista prepara uma “garrafada” composta pela mistura de cachaça, cacos de vidro e erva-da-guiné. O título remete aos antigos emplastros medicinais, tendo a garrafada o mesmo sentido curativo. Esta no caso se refere ao antigo costume de amansar o senhor pela beberagem. Tiago Sant’Ana Refino #2, 2017 Vídeo, Full HD. Loop 7’1’’ As ruínas de um antigo engenho de açúcar guardam marcas que o tempo não tratou de apagar. Uma cascata de açúcar rui ininterruptamente sobre o corpo de um homem negro. A ativação de um espaço inóspito como tentativa de refletir sobre a colonialidade que age sobre corpos racializados. Um véu de açúcar que esconde e ao mesmo tempo chama a atenção para o que tenta ocultar.
GALERIA 4 Leo França Ifá, 2015–2019 Vídeo Full HD, Loop “20” Classificação indicativa: 14 anos Direção, argumento e montagem: Leonardo França; Direção de fotografia: Gabriel Teixeira; Participação especial: Obarayi Balbino Daniel de Paula; Performers: Mãe Dadá (Oxum Toki), Fábio Osório Monteiro, Gabriel Pedreira, Michelle Mattiuzi e Paula Carneiro; Edição e finalização de som/Trilha: João Meirelles; Captação de som direto: João Tatu; Colaboradora de arte: Carol Tanajura; Coordenação de produção: Gabriel Pedreira; Assistência de produção: Fábio Osório Monteiro e Thiara Fontes.
Imagens, movimentos, corporalidades – inspirações do universo afro-baiano e das religiões de matriz africana serviram como mote para a videoinstalação Ifá. De natureza experimental, o vídeo parte de uma consulta à Ifá, divindade/energia representada pelo Jogo de Búzios, para construir uma narrativa que joga com os formatos de ficção e documentário. Uma conversa entre o diretor do filme e o Pai Balbino (Obarayi), líder do Ilê Axé Opô Aganjú, deu origem a um argumento no qual foi incorporado o modo de pensar e o desejo do “outro”.
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ÁREA EXTERNA
ILUSTRAÇÕES DESTE LIVRETO
J. Cunha
Davi Rodrigues
Painel de Códices dos Orixás, 2019 Impressão digital sobre papel de outdoor Dimensões variáveis
Iconografia do Orixás, 2019 Xilogravura Dimensões variadas [reproduções: Silvia Leme]
Códices é uma obra seminal do artista baiano J. Cunha, composta por 21 capítulos com 25 páginas cada, um livro visual sobre os principais Deuses negros afro-brasileiros. O trabalho sintetiza o conhecimento de uma vida dedicada ao estudo e à vivência da arte sacra brasileira de matriz africana. Cada capítulo desse livro visual é dedicado a uma divindade negra, revelando os signos, objetos, folhas, comidas, bichos, cores, mitos etc. associados ao culto dos Orixás, Voduns e Inquices. Davi Rodrigues Folhas de poder, 2019 Xilogravura, impressão em estêncil sobre o piso. As xilogravuras de Davi Rodrigues, impressas em estêncil sobre o piso externo do complexo expositivo de Ounje., fazem referência à forte presença das folhas no contexto litúrgico do candomblé – nos rituais religiosos, na decoração dos barracões em dias de festa, na cura e no alimento.
As xilogravuras de Davi que estão neste livreto nos encaminham para espaços sagrados da cultura matricial afro-baiana. São iconografias despidas de interesses antropológicos, constituindo um repertório de cenas, um inventário imaterial de cerimônias do candomblé da cidade de Cachoeira (BA). Suas obras estão presentes em diversos barracões de terreiros do Recôncavo e traçam movimentos vivos de sujeitos em seu estado de incorporação e transe, sob o ponto de vista de um adepto do candomblé.
Sobre os artistas Ayrson Heráclito Macaúbas-BA, 1968, filho de Oxóssi. Ogã, artista, curador e professor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), em Cachoeira (BA). Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Trabalha com instalação, performance, fotografia e vídeo, produzindo obras que lidam com diferentes elementos da cultura afro-brasileira. Participou de importantes mostras como a 57ª Bienal de Veneza (2017); a Bienal de Fotografia de Bamako, Mali (2015); a Afro-Brazilian Contemporary Art, Bruxelas (2012); Trienal de Luanda (2010); e a 2ª Manifestação Internacional de Performance (MIP), Belo Horizonte (2009). Dalton Paula Brasília-DF, 1982, filho de Oxóssi. Pintor, performer e gravador. Formado em artes visuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Desenvolve pesquisas sobre saberes tradicionais da cultura negra. Suas obras representam a resistência dos escravizados contra a perda de liberdade. Em sua exposição Amansa-Senhor (2016), o artista trata do modo como escravos utilizavam o efeito neurotóxico da planta
guiné para acalmar senhores perversos. Foi selecionado pelo projeto Rumos Artes Visuais 2011-2016, do Instituto Itaú Cultural. Dalton também participou da Bienal de São Paulo em 2016 e da Trienal do New Museum de Nova York em 2018. Davi Rodrigues Cachoeira-BA, 1968, filho de Omolu. Trabalhou com o gravador Hansen Bahia, com quem aprendeu e desenvolveu sua técnica de xilogravura. Sempre gravando personagens do Recôncavo baiano, Davi frequenta diversos terreiros de candomblé em Cachoeira (BA). Participou da 11ª Bienal do Recôncavo, organizada pelo Centro Cultural Dannemann. Apesar de ainda não ser iniciado, Davi se cuida no terreiro de Babá Heracto, um dos mais antigos de Cachoeira e do Recôncavo. J. Cunha Salvador-BA, 1948, filho de Ogum. Artista plástico, designer gráfico, cenógrafo e figurinista, formado na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Participou de bienais, salões, festivais de artes e exposições coletivas e individuais em todo o mundo, entre elas The Refugee Project (1997), no museu de
Arte Africana de Nova York, e As Portas do Mundo (2006), na Europa e na África. Autor de inúmeras marcas e ilustrações em capas de discos e livros, criou a identidade visual do bloco afro Ylê-Ayê durante 25 anos. Recentemente participou da mostra Histórias Afro-Atlânticas (2018) no MASP, em São Paulo. Leonardo França Salvador-BA, 1980, filho de Oxóssi. Artista transdisciplinar que experimenta o corpo em sua multiplicidade. Graduado e mestrando em Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), produz colaborativamente com vários artistas da dança, do cinema, da música, das artes visuais e do teatro. Desde 2010, integra a equipe de artistas-curadores da Dimenti Produções Culturais assumindo diferentes posições, como diretor, dançarino, ator e performer. Suas criações ganham múltiplas configurações, em espetáculos, instalações, livros-objeto, músicas e curtas-metragens. Luiz Marcelo Pilão Arcado-BA, 1989, filho de Logum Edé. Artista visual graduado na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Em suas produções e investigações explora as
linguagens da performance, da instalação e da cerâmica, tendo como temática o universo ritualístico da cultura afro-brasileira. Suas obras foram apresentadas em museus e galerias da Bahia e de Pernambuco. Nadia Taquary Salvador-BA, 1967, filha de Iemanjá. Artista visual baiana. Graduada em Letras pela Universidade Católica de Salvador (UCSal) e pós-graduada em Educação, Estética, Semiótica e Cultura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2011, realizou sua primeira exposição individual no Museu Carlos Costa Pinto, dialogando com o acervo de Joias de Crioula. Suas esculturas e objetos relacionam arte, ancestralidade e história do negro no Brasil e já foram apresentados em diversos museus e galerias, como Museu de Arte da Bahia, Museu de Arte do Rio, III Bienal da Bahia e Galeria Agnès Monplaisir em Paris. Suas obras também fazem parte de importantes coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior. Rodrigo Bueno Campinas-SP, 1967, filho de Oxóssi. Idealizador do ateliê Mata Adentro, localizado em São
Paulo. Mata Adentro é um convite à sensibilização das dinâmicas do espaço natural, um laboratório de produção de suportes e de experimentação de linguagens ocultas no subconsciente, nas multidimensões do entorno, na diversidade de vida contida no mundo natural, fonte de cultivo e resiliência. O estúdio tem mostrado seu trabalho no Brasil e no exterior há mais de vinte anos, com obras vivas e imersivas, em sua maioria tridimensionais, que expressam o vínculo entre natureza e seres humanos, sobrepondo narrativas ancestrais e energias fluidas. Tiago Sant’Ana Santo Antônio de Jesus-BA, 1990, filho de Iemanjá. Artista visual, doutorando em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Desde 2009 desenvolve pesquisas em performances e seus desdobramentos. Seus trabalhos imergem nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras, tendo influência das perspectivas decoloniais. Foi um dos artistas indicados ao Prêmio PIPA 2018. Realizou exposições solo na Galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, no Paço Imperial, no Rio de
Janeiro, e no Museu de Arte da Bahia, em Salvador. Participou de festivais e exposições nacionais e internacionais como Histórias afro-atlânticas (2018), no MASP e no Instituto Tomie Ohtake; Axé Bahia: The power of art in an afrobrazilian metropolis (20172018), no Fowler Museum at UCLA; Negros indícios (2017), na Caixa Cultural São Paulo; Reply All (2016), na Grosvenor Gallery; e Orixás (2016), na Casa França-Brasil.
Glossário
A
lgumas línguas africanas, como iorubá, quimbundo, quicongo, umbundo e fon, tiveram forte influência na formação do português brasileiro. Além de estarem presentes em nosso vocabulário, essas línguas são faladas, cantadas e rezadas nos terreiros de candomblé. Este glossário apresenta uma breve definição das palavras oriundas de línguas africanas citadas no complexo expositivo de Ounje.. A grafia da maioria das palavras foi aportuguesada para aproximá-la de sua pronúncia original. Também constam algumas palavras e seus significados no contexto litúrgico das religiões afro-brasileiras.
A Abará comida votiva de Obá; massa cozida à base de feijão fradinho, camarão e tempero, envolvida em folha de bananeira. Abassá barracão do terreiro; salão onde se realizam as cerimônias públicas do candomblé. Abebé leque; símbolo de Oxum e Iemanjá. Aberém / Acaçá prato típico religioso da preferência de vários Orixás; feito de farinha de milho branco ou amarelo, servido em trouxinha envolvida em folha de bananeira. Acarajé em iorubá, significa “bola de fogo”; bolinho frito de feijão fradinho, camarão e azeite de dendê. Adepto filho de santo; frequentador do candomblé. Agô pedido de licença falado nos terreiros por entidades e adeptos. Aiabá / Iabá divindade feminina. Ajeum comer junto; comida, alimento. Alabê tocador chefe dos atabaques, geralmente um ogã é iniciado para essa função. Alujá ritmo e dança votiva de Xangô. Amalá comida predileta de Xangô, feita com quiabo picado, cebola, camarão seco e azeite de dendê. Angola país da costa ocidental da África; no Brasil, é uma das nações do candomblé, a que cultua os Inquices. Axé força vital; energia dos Orixás; elemento da natureza. Àxexê ritual fúnebre realizado em terreiros de candomblé. Axoxô comida típica dos terreiros de candomblé e da culinária baiana; feita com milho vermelho ou feijão fradinho refogado e
adornado com coco; apreciada por diversos Orixás masculinos, principalmente Oxóssi. Ayê terra; globo terrestre; mundo físico; vida. Azeite de dendê óleo de palma produzido a partir do fruto da palmeira conhecida como dendezeiro.
B Babá pai, em iorubá. Babalorixá sacerdote nos terreiros das nações nagôs. Babalossaim pessoa responsável pelos procedimentos litúrgicos relacionados ao Orixá Ossaim. Banto ramo da família linguística nigero-congolesa, que agrupa línguas de diversas etnias originárias, principalmente, da África subsaariana; os primeiros povos escravizados trazidos ao Brasil eram de origem banto. Barracão salão onde se realizam as festas públicas do candomblé e de outros cultos afro-brasileiros. Bradjá fio de contas utilizado pelos adeptos do candomblé; os filhos de Oxumarê utilizam-no adornado com búzios.
C Candomblé cultos afro- ‑brasileiros mais ligados à tradição africana; casas de culto das comunidades terreiro; festa, celebração. Caruru prato oferecido a Xangô, Obá e Ibejis; feito de quiabo, camarão seco, amendoim torrado e castanha de caju torrada. 31
D Dança ritual dos Orixás o modo de cada iaô dançar quando incorporado ao seu Orixá; um dos elementos que identifica a divindade. Deburu pipoca; importante alimento de Omulu, utilizado em rituais para saúde dos adeptos.
E Ebó oferenda ou sacrifício feito a qualquer Orixá. Ebomi filho(a) de santo que tem sete anos de iniciado(a). Edún-àrá pedra de raio. Ekedi filha de santo que não entra em transe e auxilia os filhos e os Orixás. Eruexin instrumento de Iansã feito de rabo de cavalo. Erukeré ferramenta utilizada por Oxóssi; espanta mosquito. Ewe folha das plantas; principal elemento do Orixá Ossaim.
F Fon um dos principais grupos étnicos e linguísticos da África Ocidental, da região sul do Benin e do Togo; esse povo expandiu-se criando o Reino de Daomé, com o culto aos Voduns. Funfun branco, em iorubá.
I Iabassê cargo no sistema hierárquico das comunidades terreiros, ocupado por uma mulher; responsável pela cozinha e pelas comidas oferecidas aos Orixás, sua atribuição é cuidar de todas as comidas ritualísticas. 32
Iaô em iorubá [iyawó], significa “esposa jovem”; no Brasil, denomina os iniciados no candomblé que estão na primeira etapa da trajetória iniciática; filho de santo. Ibejis Orixá gêmeos da mitologia iorubá. Ibiri bastão de hastes de palmeira; símbolo de Nanã. Ifá sistema oracular dos iorubás e a divindade desse oráculo, chamada também de Orunmilá; pais e mães de santo consultam Ifá por meio do jogo de búzios, de obi (noz de cola), de orobô (semente) ou de opelé (cordão de nozes); sistema divinatório composto de histórias, rezas e símbolos interpretados por meio de um conhecimento transmitido oralmente; os consulentes o procuram para saber de seus destinos ou de suas obrigações litúrgicas. Ijexá região na Nigéria, local de um sub-grupo étnico iorubá; no Brasil, é uma das nações do candomblé; ritmo sacro tocado nos rituais de candomblé para Oxum e Logum Edé. Incorporar entrar em transe; “receber” o Orixá ou entidades, ser possuído por eles. Iniciação ato de iniciar-se no candomblé, de aprender os segredos dos Orixás e as doutrinas da religião. Inquices divindades africanas cultuadas nas nações angola e congo. Iorubá língua do tronco linguístico nigero-congolês, falada na região sudoeste da Nigéria, na república do Benin, Togo e Gana; povo sudanês da região de Yorubá na África Ocidental, que corresponde atualmente aos países Nigéria e Benin; grupo étnico também chamado de nagô.
Ipeté comida votiva de Oxum; purê feito com inhame, camarão seco e azeite de dendê.
J Jeje denominação dada pelos iorubás a seu povo vizinho; no Brasil, é uma das nações no candomblé, a que cultua os Voduns. Jogo de búzios jogo de adivinhação por meio de búzios, consulta oracular a Ifá.
K Ketu cidade do Benin, localizada na fronteira com a Nigéria, onde se encontra um sub-grupo dos iorubás; no Brasil, é uma das nações do candomblé, a que cultua os Orixás. Kolofé pedido de benção na língua jeje.
M Mojubá pedido de benção na língua iorubá; reverenciar. Motumbá pedido de benção entre os nagôs; saudação. Mukuiu pedido de benção para os adeptos da nação angola. Mungunzá comida da preferência de Nanã; mingau feito com milho branco.
N Nação denominação utilizada entre o povo do candomblé, que designa grupo étnico-religioso; a distinção entre as nações se dá, além dos vários procedimentos e ritos específicos, por meio da
língua litúrgica utilizada: iorubá, jeje, banto. Nagô um dos subgrupos dos povos iorubás, descendentes da cidade de Ilê-Ifé; nome dado aos iorubás que eram levados à Costa Oeste da África para serem escravizados e vendidos nas Américas; no Brasil, é uma das nações do candomblé.
O Ofá arco e flecha; ferramenta de Oxóssi e Logum Edé. Ogã título honorífico dado a homens que tocam tambores e outros instrumentos da orquestra do terreiro. Ogó bastão de madeira escura com uma cabeça humana esculpida; símbolo de Exú (representa o sexo masculino). Ojá tecido branco amarrado com um laço, que se usa em rituais religiosos do candomblé. Omolocum comida votiva de Oxum; purê de feijão fradinho, refogado com ovo cozido. Opaxorô longo bastão adornado usado por Oxalá. Opelé sistema de adivinhação; cordão de Ifá. Ori cabeça. Oriki cântico sagrado em louvor que conta os atributos dos Orixás. Orixás divindades cultuadas pelas nações de origem nagô; forças da natureza. Orum céu; espaço infinito; mundo espiritual. Orunmilá Orixá do destino, da adivinhação; detentor de todo conhecimento dos textos e do jogo de Ifá (sistema oracular). Ounje. [pronuncia-se ounjé] alimento, em iorubá. Oxé machado duplo de Xangô. 33
P Padê em iorubá, significa “encontro, reunião, contato”; comida votiva de Exú, feita de farinha de mandioca, azeite de dendê e cachaça, podendo ser misturada com azeite de oliva, mel etc.; o próprio ritual de Exú.
S Santo no candomblé, refere-se a Orixá; denominação resultante da associação das divindades africanas aos santos católicos no contexto da escravidão. Sarapatel iguaria de origem africana, feita com vísceras de porco.
T Terreiro casa onde se processam as cerimônias religiosas dos cultos afro-brasileiros, tanto do candomblé como da umbanda. Toque ritmo especial de cada Orixá batido nos tambores sagrados; festa ritual pública no candomblé.
U Umbanda religião formada no Brasil, que se constituiu a partir da fusão dos cultos africanos congo-angola e do sincretismo com o catolicismo e o espiritismo.
V Vatapá prato típico da culinária afro-brasileira; seu preparo pode incluir pão molhado ou farinha de rosca, fubá, gengibre, pimenta-malagueta, amendoim, 34
cravo, castanha de caju, leite desnatado, azeite de oliva, cebola, alho e tomate. Voduns divindades africanas cultuadas pelas nações jejes.
X Xaxará instrumento simbólico de Omolu; feito com nervuras da folha do dendezeiro, ornado com búzios, palha da costa, fio de conta e cabaça. Xerê chocalho utilizado nos rituais de Xangô. Xirê ordem em que são tocadas, cantadas e dançadas as invocações aos Orixás no início das cerimônias festivas ou internas.
Y Yá mãe, em iorubá; um cargo hierárquico no candomblé. Yá kekerè mãe pequena; auxiliar imediata e substituta eventual da yalorixá ou do babalorixá. Yalorixá sacerdotisa dirigente do terreiro de candomblé nas nações nagôs. Yátebesé encarregada de dar início aos cantos sagrados, sendo seguida pelo coro.
Z Zelador de santo pai de santo ou mãe de santo; sacerdotes nos terreiros de candomblé.
Referências bibliográficas BARROS, José Flávio Pessoa de. A fogueira de Xangô, o orixá do fogo: uma introdução à música sacra afro-brasileira. 3. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2005. BARROS, José Flávio Pessoa de. O banquete do rei... Olubajé: uma introdução à música sacra afro-brasileira. Rio de Janeiro: Pallas, 2005. BENISTE, José. As águas de Oxalá (Awam Ori Ósàlá). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. CACCIATORE, Olga Gudolle. Dicionário de cultos afro-brasileiros: com origem das palavras. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997. FREGONEZE, Josmara B.; COSTA, Marlene Jesus da; SOUZA, Nancy de. (Orgs.) Cozinhando História: receitas, histórias e mitos de pratos afro-brasileiros. Salvador: Fundação Pierre Verger, 2015. LODY, Raul. Santo também come. 2. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2012. SANTOS SILVA, Luiza Martins do. As comunidades terreiros de Alagoinhas: memória, tradição oral e construção da identidade cultural. Artigo (Trabalho de Iniciação Científica em Letras) Uneb, Alagoinhas, 2006. SOUSA JR., Vilson Caetano de. O banquete sagrado: notas sobre os “de comer” em terreiros de candomblé. Salvador: Atalho, 2009. THOMPSON, Robert Farris. Flash of the spirit: arte e filosofia africana e afro-americana. Tradução Tuca Magalhães. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2011. VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo. Tradução Maria Aparecida da Nóbrega. 6. ed. Salvador: Corrupio, 2002. 35
SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDENTES TÉCNICO-SOCIAL Joel Naimayer Padula COMUNICAÇÃO SOCIAL Ivan Giannini ADMINISTRAÇÃO Luiz Deoclécio Massaro Galina ASSESSORIA TÉCNICA E DE PLANEJAMENTO Sérgio José Battistelli GERÊNCIAS ARTES VISUAIS E TECNOLOGIA Juliana Braga de Mattos ALIMENTAÇÃO E SEGURANÇA ALIMENTAR Marcia Bonetti AÇÃO CULTURAL Rosana Paulo da Cunha ESTUDOS E PROGRAMAS SOCIAIS Cristina Riscalla Madi ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO Marta Raquel Colabone ARTES GRÁFICAS Hélcio Magalhães SESC IPIRANGA Antonio Carlos Martinelli Jr. OUNJE. – ALIMENTO DOS ORIXÁS CURADORIA E COORDENAÇÃO Adriana Aragão, Ana Célia Santos, Ayrson Heráclito, Beatriz Coelho, Bel Coelho, Maria Lago e Patrícia Durães EQUIPE SESC Amanda Cristina de Souza, Ana Luisa Fernandes Moreno, Carolina Barmell, Cristiane Ferrari, Daniel Douek, Érica Dias, Fabiana Guerra, Fabiana Regina de Freitas, Fabiano Maranhão, Getúlio Vargas Pizani, Ilona Hertel, José Cláudio Moia Sevieri, Juliana Santos, Juliano Azevedo, Karina Musumeci, Kelly Adriano de Oliveira, Leonardo Borges, Luciana Itapema, Mariana Meirelles Ruocco, Mildred Gonzalez, Nilva Luz, Priscila Machado Nunes, Rachel Amoroso, Rogério Ianelli, Salete dos Anjos, Tatiane Vieira de Almeida, Thaís Heinish, Vanessa Zaidan dos Santos, Vanusa Soares Souza, William Moraes Alves PRODUÇÃO DAS NARRATIVAS Patrícia Pellegrini EQUIPE DE PRODUÇÃO Drika Bourquim (coordenação), Mariano Sosa, Tatiana Ragazi, Caroline Francisco e Bosco Bedeschi PESQUISA E REDAÇÃO Beatriz Coelho, Adriana Aragão, Ayrson Heráclito e Maria Lago EDIÇÃO E REVISÃO DE TEXTO Carolina von Zuben ILUSTRAÇÕES Davi Rodrigues IDENTIDADE VISUAL Bloco Gráfico COORDENAÇÃO EDUCATIVO Alexandre Araújo Bispo DIREÇÃO DE ARTE E EXPOGRAFIA Beto Guilger, Renato Bolelli (Usina da Alegria) e Maria Lago MONTAGEM Step Give TRILHA SONORA Alysson Bruno VOZ Alysson Bruno, Adriana Aragão, Beatriz Coelho, Pai Tonhão d’Ogun, Mãe Genilce d’Ogun, Egbomi Luis d’Omolu e filhos do Às.e. Àláketù Ilè Ògún Àladà Mèjí PERCUSSÃO Alysson Bruno GRAVAÇÃO Alysson Bruno MIXAGEM, EDIÇÃO, MASTER Alencar Martins em Estúdio Juá
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de 19 de junho a 25 de agosto de 2019 terça a sexta, das 9h às 21h30 sábados, das 10h às 21h30 domingos e feriados, das 10h às 18h30 Ação educativa e programação completa: sescsp.org.br/ipiranga
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