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Seja bem-vindo à exposição Conflito, insurgências e resistências em cartaz até junho de 2021 no Sesc Santana Nela, você encontrará um conjunto de obras artísticas que expressam alguns dos inúmeros conflitos contemporâneos em que nós, como sociedade, estamos implicados. Seja na cidade ou na floresta, essas disputas estão presentes em guerras cotidianas que também emergem em forma de resistência na vida de muitas pessoas ou grupos sociais. Ao passar pelos portões do Sesc Santana, você é recebido por um grande neon, Dias Felizes I (2019), de Regina Parra, e mais adiante, na área de Convivência, encontra Manter-se/tornar-se (2016), também da artista. No primeiro andar, o artista Denilson Baniwa apresenta uma série de vídeos, Pajé Yawareté vem à cidade para demarcar memórias e territórios indígenas (2018), A - Gente Laranja (2019) e a performance do artista lendo o poema Pussanga-Poçang (2020), dispostos ao lado do lambe Quem com ferro fere, com ferro será ferido. No Foyer do Teatro, o artista Mulambö apresenta, pela primeira vez em São Paulo, Traçantes (2019). Fora da unidade, na rua Viri, você encontra o mural Trua (2020) realizado pelo Coletivo Trovoa.
Mais um dia Regina Parra [área de convivência] Ao olhar para o mundo, Regina Parra (1984), artista paulistana nascida na zona leste de São Paulo, extrai interesse por temas como as fronteiras, a imigração, a relação com os outros, os confrontos urbanos, o corpo, a violência — todos assuntos que dão características diversas para sua produção, que inclui pintura, vídeo, performance e instalações. O neon instalado no deck de entrada da Unidade, Dias Felizes I, de 2019, materializa como um outdoor a primeira frase da peça Dias Felizes (1961), do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), dita pela protagonista feminina Winnie. As palavras que abrem a peça de resistência do escritor parecem anunciar ao mesmo tempo uma promessa e uma ameaça, um recomeço ou uma repetição infindável.
Na área de Convivência, encontramos outra instalação em neon, Manter-se/tornar-se, produzida em 2016, em que Regina Parra inverte e modifica a frase do filósofo e ensaísta martinicano Frantz Fanon (1906-1989) contida no livro Os condenados da terra (1961). As duas frases indicam formas possíveis de relação com o outro a partir da violência — no caso do autor, a violência colonial — e anunciam uma chance de resposta. Embora atrelada aos combates do mundo atual, a artista se posiciona de forma aberta sobre os assuntos que escolhe abordar, sem instruções determinantes sobre o quê são ou como devemos nos relacionar com seus trabalhos. Isso permite que cada um de nós também construa reflexões e crie reverberações próprias diante das obras que habitam a Convivência da unidade durante este semestre.
Pussanga-Poçang Denilson Baniwa [1º andar] Denilson Baniwa (1984) nasceu na aldeia Darí, no Rio Negro, no estado do Amazonas, próximo à região de fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela. Tem uma longa trajetória como ativista em defesa dos direitos dos povos indígenas. Mais recentemente, como artista, desenvolve trabalhos em diferentes linguagens, como pinturas, performances, desenhos e colagens, que dão protagonismo à vida e à luta dos povos originários brasileiros. No primeiro andar da unidade, o artista apresenta uma série de vídeos, Pajé Yawareté vem à cidade para demarcar memórias e territórios indígenas (2018), A-Gente Laranja (2019) e Pussanga-Poçang (2020), ao lado do lambe Quem com ferro fere, com ferro será ferido (2020), que traça um paralelo com as novas armas das gerações mais jovens na luta por direitos. Em Pajé Yawareté, o que vemos são registros da performance nas ruas da capital paulista, realizada pelo artista entre 2018 e 2019 também na 33ª edição da Bienal de São Paulo, e em Oiapoque, no Amapá. Pajé Yawareté é Pajé Onça, uma entidade criada por Denilson para alertar sobre as múltiplas violências sofridas pelos povos indígenas, em relação aos seus saberes e costumes, aos seus territórios, às suas linguagens e, no limite, contra suas próprias vidas. No vídeo A-gente Laranja (2019), o artista relaciona fatos que, a princípio, não poderiam estar juntos: imagens de ataques químicos à populações Guarani-Kaiowá, provocados por fazendeiros no estado do Mato do Grosso do Sul ao longo dos anos 2000, com imagens de arquivo de aviões norte-americanos que sobrevoam e lançam um herbicida chamado “Agente Laranja” durante a Guerra do Vietnã, nos anos 70. Ao unir essas imagens, o artista alerta: assim como os americanos buscavam destruir as safras do inimigo, os frequentes ataques químicos gerados pelo agronegócio brasileiro ignoram as populações indígenas, seus plantios e suas terras. Já no vídeo realizado por ocasião desta mostra, PussangaPoçang (2020), o artista recita um texto autoral enquanto o vemos fazer um plantio em meio à cidade, gesto simples que, junto ao poema, visa regenerar os mundos oprimidos pelo progresso para que as árvores possam continuar a brotar.
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Traçantes Mulambö [foyer do teatro] É a primeira vez que Mulambö (1995), criado entre as cidades de Saquarema e São Gonçalo, na periferia do Rio de Janeiro, mostra Traçantes (2019) em um espaço expositivo. Antes de ocupar o Foyer do Sesc Santana, este conjunto de fotografias estava nas redes sociais do artista. Quando percebeu que cada uma dessas imagens continha estratégias artísticas que ele desenvolvia também em outros trabalhos — feitos em materiais cotidianos como papelão, tijolo ou prancha de surfe — Mulambö passou a incorporá-las a seu repertório e entender a internet como um ambiente para seu trabalho. O título da obra se origina na “guerra às drogas”, um conjunto de táticas de combate que assolam o Rio de Janeiro e no tipo específico de munição utilizada durante essas operações. As conhecidas “traçantes” riscam o céu da cidade, que o artista deseja simbolicamente substituir por traços que restituam a potência e a beleza das populações negras e periféricas presentes nas imagens, as mais atingidas por este contexto de conflito permanente. Cada uma das fotografias é apresentada ao lado de trechos de sambas enredos, deflagrando uma grande referência artística de Mulambö. Desta forma, as imagens são organizadas feito um desfile de escola de samba na Sapucaí, com alas e narrativas que costuram todo o conjunto. Assim como um bom desfile, o trabalho de Mulambö une estética, história, celebração e crítica.
Mulambö Folha Seca Intervenção sobre foto de Didi na Copa do Mundo de 1958
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Trua Coletivo Trovoa [muro da rua Viri] O grupo Trovoa originou-se em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, e se apresenta como um levante nacional de artistas e curadoras racializadas. Organizam-se desde 2017, a partir da relação intelectual, de criação visual e de afeto entre as integrantes, e têm atuado como articuladoras de encontros e redes que processam novas formas de se pensar o circuito das artes, seus espaços e seus agentes. Atentas às necessidades de expansão do protagonismo de mulheres artistas racializadas no Brasil, projetam-se também como um movimento de articulação nas artes visuais, a Nacional Trovoa, que abarca diversos estados do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Ceará, Pará, Pernambuco, Maranhão e Mato Grosso do Sul. Ao lado do Sesc, na Rua Viri, 10 das artistas do grupo criaram intervenções que podem ser vistas durante todo o semestre. Ao caminhar pela calçada, ou mesmo da rampa de acesso aos andares da unidade, é possível ver as criações de Gabriela Monteiro (SP), Heloísa Hariadne (SP), Ione Maria (SP), Sheila Ayo (SP), Micaela Cyrino (SP), Nathê Ferreira (PE), Silvana Mendes (MA), Kerolayne Klemblin (AM), e Terroristas del Amor (Dhiovana Barroso e Marissa Noana — CE). Neste trabalho, as artistas se dividiram em quatro núcleos distintos, cada um responsável por ocupar uma parte do muro. Estas intervenções incitam debates em torno de temas como feminismo, identidade, racismo, invisibilidade, corpo dissidente, ancestralidade, luta, entre outros.
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Obra da Capa: Salve Intervenção sobre frame de vídeo “Crianças do grau” encontrado no YouTube. Mulambö (2019)
Mais um dia Regina Parra [área de Convivência]
Pussanga-Poçang Denilson Baniwa [1º andar]
Traçantes Mulambö [foyer do teatro]
Trua Coletivo Trovoa [muro da rua Viri]
Visitação 27 de novembro de 2020 a 27 de junho de 2021 Terça a sexta, das 15h às 21h Sábados, das 10h às 14h Para reserva de horários e mais informações sobre a visita, acesse sescsp.org.br/santana
Sesc Santana
Av. Luiz Dumont Villares, 579 São Paulo — SP Tel.: +55 11 2971-8700 /sescsantana
sescsp.org.br/santana