OcupMirada2021_Catalogo.pdf

Page 1

OCUPAÇÃO MIRADA 2021

24 – 28 novembro


2


OCUPAÇÃO MIRADA 2021 PROGRAMAÇÃO ESPECIAL DEDICADA ÀS ARTES CÊNICAS CONTEMPORÂNEAS DE PAÍSES IBERO-AMERICANOS. CINCO DIAS DE ATIVIDADES EM FORMATO HÍBRIDO: MESAS DE DEBATE, ENCONTROS COM ARTISTAS, LABORATÓRIO DE CRIAÇÃO, APRESENTAÇÕES PRESENCIAIS E ON-LINE COM REPRESENTANTES DE MAIS DE DEZ PAÍSES. WWW.SESCSP.ORG.BR/MIRADA

24 – 28 novembro

parceria

realização

3


4


PT

VISLUMBRAR CENÁRIOS

DANILO SANTOS DE MIRANDA DIRETOR DO SESC SÃO PAULO

Ao deparar-se com certas fendas em suas dinâmicas, nossa sociedade, capaz de se reformular reiteradamente, elabora prismas que revelam novos projetos de manutenção do mundo. Episódio determinante do presente, a pandemia que nos acomete desde 2020 impôs distanciamentos nas diferentes instâncias da vida, transformando práticas socioculturais e, consequentemente, deflagrando perspectivas sobre – e a partir de – tais circunstâncias. Perante esse cenário inevitável e imprevisível, aqueles que fazem da arte um poderoso meio de (re)criar laços com o mundo demonstraram habilidade em articular formatos e temáticas imprescindíveis para estabelecermos relações com aquilo que nos acontecia, suas consequências e, sobretudo, com as condições que nos levaram até aqui e os caminhos que avistam renovados horizontes. Após cinco edições e dez anos de existência, o Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas não teve sua realização em 2020 devido à crise sanitária. Ao observar que a produção nunca cessou e viabilizou novos expedientes estéticos e conceituais, a Ocupação Mirada 2021 acontece neste ano – antes da sexta edição do festival em 2022 –, e busca fomentar terrenos para partilhas que anunciam características atualizadas de aspectos como concepção, criação e fruição. Dedicada às produções e reflexões artísticas provenientes dos diferentes territórios e da pluralidade de culturas da Ibero-América, a Ocupação Mirada 2021 recorre a um formato híbrido entre presencial e on-line, que inclui espetáculos, aberturas de processos, acervos audiovisuais e atividades formativas. São ações que dão continuidade à trajetória do festival, como parte de sua memória e de seus novos frutos, que conjugam experiências adquiridas tanto por criadores quanto por espectadores ao longo deste período e tratam de temas fundamentais em nossas aproximações sensíveis e críticas a contextos geopolíticos, que podem nos ser familiares e, também, ao primeiro contato, estranhos. Ao reconhecer neste decurso maneiras particulares de observarmos, nos relacionarmos e nos manifestarmos sobre aquilo que nos atravessa e nos constitui como sociedades e indivíduos, e que são tenaz e incessantemente investigadas pelo teatro contemporâneo, a Ocupação Mirada 2021 pavimenta um espaço traçado por pontes entre artistas e públicos, nas quais transitam poéticas e discursos que inspiram a apreensão, a interpretação e a reformulação da trajetória humana.

5


EN

ENVISIONING SCENARIOS DANILO SANTOS DE MIRANDA DIRECTOR OF SESC SÃO PAULO

When facing certain gaps in its dynamics, our society, capable of repeatedly reformulating itself, develops perspectives that reveal new projects for maintaining the world. A decisive episode of the present, the pandemic that has affected us since 2020 has imposed distancing in the different instances of life, transforming sociocultural practices and, consequently, sparking perspectives on - and from - such circumstances. Faced with this inevitable and unpredictable scenario, those who make art a powerful means of (re)creating ties with the world have demonstrated an ability to articulate formats and themes that are imperative for us to establish relationships with what happened to us, its consequences, and, above all, with the conditions that led us here and the paths that glimpse new horizons. After five editions and ten years of existence, Mirada – Ibero-American Performing Arts Festival did not take place in 2020 due to the health crisis. Observing that production has never ceased and has made new aesthetic and conceptual resources possible, Ocupação Mirada 2021 takes place this year – before the sixth edition of the festival in 2022 – and seeks to foster grounds for sharing that announce updated characteristics of aspects such as conception, creation, and enjoyment. Dedicated to artistic productions and reflections from the different territories and plurality of cultures of Ibero-America, Ocupação Mirada 2021 uses a hybrid format between in-person and online, which includes shows, process openings, audiovisual collections and educational activities. These are actions that continue the trajectory of the festival, as part of its memory and its new rewards, which bring together experiences acquired by both creators and spectators throughout this period and address fundamental themes in our sensitive and critical approaches to geopolitical contexts, which may be familiar to us and also strange at first contact. By recognizing in this course particular ways of observing, relating to, and expressing ourselves about what passes right through us and makes us societies and individuals, and which are tenaciously and incessantly investigated by contemporary theater, Ocupação Mirada 2021 makes a way traced by bridges between artists and audiences, in which poetics and discourses transit, inspiring the apprehension, interpretation, and reformulation of the human trajectory.

6


ES

VISLUMBRAR ESCENARIOS DANILO SANTOS DE MIRANDA DIRECTOR DEL SESC SÃO PAULO

Al enfrentarse con ciertas grietas en sus dinámicas, con capacidad de reformularse reiteradamente, nuestra sociedad elabora prismas que revelan nuevos proyectos de manutención del mundo. Un episodio determinante del presente, la pandemia que nos acomete desde 2020, impuso distanciamientos en diferentes instancias de la vida, transformando prácticas socioculturales y, consecuentemente, deflagrando perspectivas sobre – y a partir de – tales circunstancias. Frente a este escenario inevitable e imprevisible, quienes hacen del arte un poderoso medio de (re)crear vínculos con el mundo, demostraron habilidad en articular formatos y temáticas imprescindibles para establecer relaciones con lo que nos sucedía, con sus consecuencias. Y sobre todo con las condiciones que nos trajeron hasta aquí y los caminos que permiten ver renovados horizontes. Después de cinco ediciones y diez años de existencia, Mirada – Festival Iberoamericano de Artes Escénicas no pudo realizarse en 2020 debido a la crisis sanitaria. Al observar que la producción nunca cesó y surgieron nuevos expedientes estéticos y conceptuales, Ocupación Mirada 2021 será realizado este año – antes de la sexta edición del festival en 2022 –, y busca fomentar terrenos para trabajos conjuntos que anuncian características actualizadas de aspectos tales como concepción, creación y fruición. Dedicada a las producciones y reflexiones artísticas provenientes de diferentes territorios y de una pluralidad de culturas de Iberoamérica, Ocupación Mirada 2021 recorre a un formato híbrido entre lo presencial y on-line, que incluye espectáculos, aberturas de procesos, acervos audiovisuales y actividades formativas. Son acciones que dan continuidad a la trayectoria del festival, como parte de su memoria y de sus nuevos frutos, que conjugan experiencias adquiridas tanto por creadores cuanto por espectadores a lo largo de este período y tratan de temas fundamentales en nuestras aproximaciones sensibles y críticas a contextos geopolíticos, que pueden resultarnos familiares y, también al mismo tiempo - en un primer contacto, extraños. Al reconocer durante este transcurso maneras particulares de observar, nos relacionamos y nos manifestamos sobre lo que nos toca vivir y nos forma como sociedades e individuos. Estos hechos que son tenaz e incesantemente investigados por el teatro contemporáneo, en Ocupación Mirada 2021 pavimentan un espacio trazado por puentes entre artistas y público, en los que transitan poética y discursos que inspiran su aprensión, su interpretación y la reformulación de la trayectoria humana.

7


SUMÁRIO / TABLE OF CONTENTS / RESUMEN


21

ESPETÁCULOS

22

AURORA NEGRA

/ PERFORMANCES / ESPECTÁCULOS CLEO DIÁRA · ISABÉL ZUAA · NÁDIA YRACEMA | PORTUGAL

26

CHEGA DE SAUDADE! AQUELA CIA. | BRASIL

30 34

INO MOXO INTEGRO GRUPO DE ARTE | PERU

LA CASA DE TU ALMA CONCHI LEÓN | MÉXICO

38

LA SEGUNDA VIDA DE UN DRAGÓN GUILLERMO CALDERÓN | CHILE

42

O MONSTRO DA PORTA DA FRENTE A DIGNA | BRASIL

46

PRELUDIO, FICCIONES DEL SILENCIO DIANA DAF COLLAZOS | PERU

50

RECONCILIAÇÃO ALEXANDRE DAL FARRA · PATRÍCIA PORTELA | BRASIL E PORTUGAL

54

SEM PALAVRAS COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO | BRASIL

58 62 13 14 15

ENTRETEMPOS / IN THE INTERIM / INTERVALOS DE TIEMPO

17 18 19

LATENTES E LATEJANTES / LATENT AND THROBBING / LATENTES Y PUNZANTES

SUEÑO NEWTON MORENO | BRASIL

TRAUMA

ALEXANDRE DAL FARRA · PATRÍCIA PORTELA | BRASIL E PORTUGAL

66

TRAVESSIAS COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO | BRASIL

70

TREWA, ESTADO-NACIÓN EL ESPECTRO DE LA TRAICIÓN KIMVN TEATRO | CHILE


74

76

SELEÇÃO #EMCASACOMSESC

97

100

CORPO POLÍTICO E PRESENCIALIDADES / POLITICAL BODY AND PRESENTIALITIES / CUERPO POLÍTICO Y PRESENCIAS

DESCONSCERTO

102

DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA AÇÃO CULTURAL / CHALLENGES AND PROSPECTS OF CULTURAL ACTION / DESAFÍOS Y PERSPECTIVAS DE LA ACCIÓN CULTURAL

104

DESENVOLVIMENTO E DESTRUIÇÃO AMBIENTAL /DEVELOPMENT AND ENVIRONMENTAL DESTRUCTION /DESARROLLO Y DESTRUCCIÓN AMBIENTAL

106

ERUPÇÃO / ERUPTION / ERUPCIÓN

108

LANÇAMENTO DA PLATAFORMA TEPI – TEATRO E OS POVOS INDÍGENAS / LAUNCH OF THE TEPI – TEATRO E POVOS INDÍGENAS PLATFORM / LANZAMIENTO DE LA PLATAFORMA TEPI – TEATRO Y PUEBLOS INDÍGENAS

112

PERCURSOS CRIATIVOS / CREATIVE PATHS/ RECORRIDOS CREATIVOS

114

TEATRALIDADES E POVOS INDÍGENAS / THEATRICALITIES AND INDIGENOUS PEOPLES / TEATRALIDADES Y PUEBLOS INDÍGENAS

116

AS TELAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA / THE OPEN SCREENS OF LATIN AMERICA / LAS PANTALLAS ABIERTAS DE AMÉRICA LATINA

120

VILA FABRIL / FACTORY VILLAGE / VILLA FABRIL

DORA SARA ANTUNES

80

ELE PRECISA COMEÇAR FELIPE ROCHA

82

ESPAÇO SEGURO PARA FICAR EM RISCO FRAGMENTO URBANO

84

FREQUÊNCIA 20.20 GRACE PASSÔ

86

MÃE CORAGEM BETE COELHO

88

MASCARADO – ÄGÔ PRA FALAR, ÄGÔ PRA DANÇAR, ÄGÔ PRA EXISTIR CRISTINA MOURA

90

O MENINO TERESA BANDA MIRIM

92

SIM – CÉREBRO_CORAÇÃO EM CONFERÊNCIA PARA TERRA MARIANA LIMA

94

/ EDUCATIONAL ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

/ SELECTION #EMCASACOMSESC (ATHOMEWITHSESC) / SELECCIÓN #EMCASACOMSESC (ENCASACONELSESC)

MATHEUS NACHTERGAELE

78

ATIVIDADES FORMATIVAS

TRAGA-ME A CABEÇA DE LIMA BARRETO! HILTON COBRA


123

MIRADAS DIGITAIS / DIGITAL GLANCES / MIRADAS DIGITALES

126

UM ITINERÁRIO POSSÍVEL / A POSSIBLE ROADMAP / UN ITINERARIO POSIBLE

128

TEATRO PARA APLAUDIR EM CASA COM SUAS CRIANÇAS / THEATER TO APPLAUD AT HOME WITH YOUR CHILDREN / TEATRO PARA APLAUDIR EN CASA CON SUS NIÑOS

132

A LUZ NEGRA NO TEATRO (O LUGAR DE ONDE SE VÊ, INCLUSIVE NO ESCURO) / BLACK LIGHTING IN THE THEATRE (THE PLACE FROM WHERE YOU CAN SEE EVEN IN THE DARK) / LA LUZ NEGRA EN EL TEATRO (EL LUGAR DESDE DONDE SE VE, INCLUSIVE EN LA OSCURIDAD)

136

TEATRO SÍNTESE IMAGÉTICA / IMAGETIC SYNTHESIS THEATRE / TEATRO SÍNTESIS IMAGÉTICA

142

OLHARES DE RECIFE / GLIMPSES FROM RECIFE / MIRADAS DE RECIFE

144

MIRANDO CENAS PARA VIRAR O JOGO E TRANSFORMAR O MUNDO / TARGETING SCENES TO TURN THE GAME AROUND AND TRANSFORM THE WORLD / MIRANDO ESCENAS PARA DAR VUELTA A LA SITUACIÓN Y TRANSFORMAR EL MUNDO

148

TRILHA AFROCENTRADA E ENCRUZILHADA / AN AFROCENTRED TRAIL AND CROSSROADS / SENDA AFRO-CENTRADA Y SU ENCRUCIJADA

152

O TEATRO EXISTE PARA ALÉM DE SI MESMO / THEATRE EXISTS TO EXTEND BEYOND ITSELF / EL TEATRO TRASCIENDE, YENDO MÁS ALLÁ DE SÍ MISMO

156

A ARTE COMO EXISTÊNCIA / ART AS EXISTENCE / EL ARTE COMO EXISTENCIA

158

NOVOS OLHARES NAS ARTES CÊNICAS / NEW PERSPECTIVES ON PERFORMING ARTS / NUEVAS MIRADAS EN LAS ARTES ESCÉNICAS



PT

ENTRETEMPOS

CURADORIA OCUPAÇÃO MIRADA 2021

Estamos ainda distantes de uma compreensão aprofundada do que os últimos meses representam na nossa história. Em que pesem todas as privações e enfrentamentos a que ficamos expostos, é certo que o desejo de colocar pessoas, pensamentos e projetos em contato não cessou. Pelo contrário, ganhou uma nova dimensão e outros contornos, que emergiram com força nas variadas manifestações artísticas, as quais ocuparam os canais digitais e mudaram a percepção de como é possível estabelecer novas presenças. É diante deste cenário que nasce a Ocupação Mirada 2021, um interlúdio reflexivo e propositivo das artes e daquilo que elas têm deflagrado, conectada de forma indubitável às premissas do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas. Ao longo de dez anos, em cinco edições presenciais, o festival foi se firmando como um espaço que enreda parte expressiva da produção e do pensamento em artes performativas da América Latina e Península Ibérica. Desde sua estreia, em setembro de 2010, a intensa programação permite uma visão panorâmica das inquietações e opções temáticas e estéticas de criadoras e criadores. Tal pluralidade de narrativas reflete a riqueza e a singularidade de contextos e culturas que coexistem nos territórios atravessados pelo Atlântico e por violentas histórias de colonização, ainda e sempre atualizadas em modos cada vez mais complexos. A edição projetada para 2020 não se materializou presencialmente, mas esta Ocupação, de forma sintética, possibilita reunir testemunhos que poderão se tornar partilhas e experimentos. E disso derivar inspirações, diálogos com potencial de engendrar parcerias e manifestações artísticas que provoquem compreensões de mundos, a partir das quais floresçam novos engajamentos. Nesse ajuntamento, desejamos, de maneira delicada, celebrar a obstinação dos fazedores de cultura, os quais hoje, como em tantos outros momentos históricos marcados por dificuldades diversas, mantiveram-se de pé.

13


EN

ENTRETEMPOS (IN THE INTERIM)

CURATORSHIP MIRADA OCCUPATION 2021

We are still far from deeply understanding how the last few months will impact our history. Challenges and restrictions notwithstanding, we can safely say that the will to link people, thoughts and projects has not diminished. Much to the contrary, it acquired a new dimension and new shapes, which strongly emerged in artistic manifestations, that occupied the digital space and changed our perception on how it is possible to establish new presences. Ocupação Mirada 2021 emerged from that perspective. An interlude of reflections and propositions about art and what it has triggered, clearly connected to the premises of the Ibero-American performing arts festival Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas. Throughout ten years and after five face-to-face editions the festival established itself as a space that involves a significant part of performing art production and thought in Latin American and Iberian Peninsula. Since its opening in September 2010, the intense programming covered the width and length of the concerns, esthetic, and thematic options of creators. Such a plurality of narratives reflect the wealth and singularity of contexts and cultures that inhabit the Atlantic territories, as well as their violent history of colonization, which is permanently updated and reviewed in more complex approaches. The 2020 edition could still not be face-to-face, but in a very synthetic way the current Ocupação enables to assemble testimonials and experiences to be shared. And certainly, inspirations, dialogues and eventually partnerships and artistic manifestations may derive from that -- and foster a new world view and engagements. In this gathering, we kindly celebrate the persistence of culture makers, who kept up, standing today as they did in many other historical moments riddled with difficulties.

14


ES

INTERVALOS DE TIEMPO

CURADORÍA OCUPACIÓN MIRADA 2021

Aún estamos lejos de poder comprender en profundidad lo que estos últimos meses representan en nuestra historia. Por más que nos pesen todas las privaciones y sacrificios a los que fuimos expuestos, es incontestable que el deseo de contactarnos con gente, pensamientos y proyectos continúa fuerte: no cesó. Al contrario, ahora tienen una nueva dimensión y otros contornos, surgidos con fuerza en variadas manifestaciones artísticas. Ocuparon los canales digitales y alteraron la percepción de cómo es posible establecer nuevas presencias. Ocupación Mirada 2021 nace frente a este escenario, con el objetivo de ser un interludio reflexivo y propositivo de las artes y de lo que estas han deflagrado, conectadas de forma indudable a las premisas de Mirada – Festival Iberoamericano de Artes Escénicas. A lo largo de diez años, en cinco ediciones presenciales, el festival fue afirmándose como un espacio que combina partes expresivas de la producción y del pensamiento en artes performáticas de América Latina y de la Península Ibérica. Desde su estreno, en septiembre de 2010, su intensa programación permite tener una visión panorámica de inquietudes, opciones temáticas y estéticas de creadoras y creadores. Tal pluralidad de narrativas refleja la riqueza y la singularidad de contextos y culturas que coexisten en territorios atravesados por el Atlántico y sus violentas historias de colonización, aún y siempre actualizadas en modos cada vez más complejos. La edición proyectada para 2020 no se materializó presencialmente, aunque esta Ocupación, de forma sintética, permitió reunir testimonios que podrán tornarse momentos compartidos y experimentos. Y a partir de ellos derivar en inspiraciones, diálogos con potencial de engendrar asociaciones y manifestaciones artísticas que provoquen compresión de otros mundos, a partir de los cuales florezcan nuevos entendimientos. Con esta reunión deseamos, de manera delicada, celebrar la obstinación de quienes hacen la cultura, personas que hoy, como en tantos otros momentos históricos marcados por diversas dificultades, se mantuvieron de pie.

15



PT

LATENTES E LATEJANTES

SESC SÃO PAULO

Transitoriedade, instabilidade e pulsação na Ibero-América remetem-nos à agitação social no Chile e ao cenário sociopolítico conservador no Brasil e em outros países da América Latina. As discussões sobre decolonialidade ganham novos contornos e vozes. A pandemia soma-se ao tremor que agita nossas fundações e, se as artes do palco foram afetadas e instadas a se reinventar devido ao distanciamento social, elas também respondem a essa provocação do mundo agindo nele, buscando questioná-lo e transformá-lo. Como um retrato expandido da cena teatral dessa região e seus espaços subjetivos, a Ocupação Mirada 2021 registra esse tempo entre, esse processo de enfrentamento de monumentos históricos tradicionalistas e elaboração de futuros possíveis. Novas teatralidades brotam da conjunção de limitações e de potencialidades criativas dos mais diversos artistas, resultando em trabalhos que ocupam a cena – audiovisual e digital, por vezes, conformando novos estados de presença. Em uma edição singular, a Ocupação carrega memórias e atualidades da criação e difusão, como a programação #EmCasaComSesc com apontamentos para o futuro do Mirada. O evento especial deste ano mantém apresentações na cidade de Santos, expandidas agora para novos públicos e localidades por meio do ambiente digital. Nessa programação híbrida, obras brasileiras e de outros países da América Latina e da Península Ibérica testemunham a recriação permanente de nossas histórias e estéticas, inseridas e em diálogo com questões latejantes desses territórios. Mesas de debate reverberam o que está latente nas produções artísticas, assim como as aberturas de processo dão a ver a construção desse universo simbólico que nos envolve. Uma programação audiovisual, o Miradas Digitais, completa as ações da Ocupação, propondo um passeio guiado por curadores e pela curiosidade do público pelo ambiente digitalizado diverso das nossas artes performativas disponibilizadas nas redes do Sesc.

17


EN

LATENTES E LATEJANTES (LATENT AND THROBBING)

SESC SÃO PAULO

Transitoriety, instability and pulsation in Ibero-America make us remember the current social agitation in Chile, and also the überconservative political scenario in Brazil and other countries in Latin America. The discussions on decoloniality acquire new looks and new voices. The pandemic therefore adds itself to the tremors that shake our very foundations; in addition, if stage arts were affected and forced to reinvent themselves due to social distancing, they do respond to this provocation of the world by acting upon it, seeking to transform it and cast it into doubt. As an expanded portrait of the theatrical scene of this region and its subjective spaces, the Mirada (Glance) Occupation of 2021 registers the time between this process for tackling traditional historical monuments and preparation of possible futures. New theatralities arise from the conjunction of limitations and creative potentialities of a diverse range of artists, resulting in work that takes up the scene – both audio-visually and digitally, at times, thereby establishing new states of presence. In a unique edition, this Occupation carries memories and current news of creation and publicity, such as the programme known as #EmCasaComSesc (AtHomeWithSesc) with comments on the future of Mirada (Glance). The special event this year continues with its presentations in the city of Santos, but has now been expanded to new sections of the public and locations, through the digital environment. In this hybrid programme, Brazilian works and works from other countries in Latin America and Iberian Peninsula bear witness to the permanent re-creation of our stories and aesthetics, inserted into, and in dialogue with, throbbing questions concerning these territories. Discussion tables reverberate what has been latent in artistic productions, as also the opening of the process that shall showcase the construction of this symbolic universe that surrounds us. One audio-visual programme, which is Miradas Digitais (Digital Glances) completes the actions of the Occupancy, by proposing a walk round, guided by curators and by the curiosity of the general public for the diverse digitalised environment of our performing arts available on the SESC networks.

18


ES

LATENTES Y PUNZANTES

SESC SÃO PAULO

Transitoriedad, inestabilidad y pulsación en Iberoamérica nos remiten a agitación social en Chile, y a un escenario sociopolítico conservador en Brasil y otros países de América Latina. Las discusiones sobre decolonialidad ganan nuevos contornos y otras voces. La pandemia se suma a las sacudidas que agitan nuestras fundaciones, pues si las artes escénicas fueron afectadas e instadas a reinventarse debido al distanciamiento social, también responden a esa provocación del mundo actuando en él, buscando cuestionarlo y transformarlo. Como un retrato expandido de la escena teatral de esa región y sus espacios subjetivos, Ocupación Mirada 2021 registra el tiempo entre ese proceso de enfrentamiento de monumentos históricos tradicionalistas y elaboración de futuros posibles. Nuevas teatralidades brotan de la conjunción de limitaciones y de potencialidades creativas de los más diversos artistas, resultando en trabajos que ocupan la escena – audiovisual y digital, y a veces dando forma a nuevos estados de presencia. En una edición singular, el festival Ocupación presenta recuerdos y actualidades de creación y difusión, como la programación #EmCasaComSesc con registros para el futuro de Mirada. El evento especial de este año mantiene las presentaciones en la ciudad de Santos, expandidas ahora para nuevos públicos y lugares a través del ambiente digital. En esa programación híbrida, obras brasileñas y de otros países de América Latina y de la península Ibérica testimonian una recreación permanente de nuestras historias y estéticas, inseridas y dialogando con cuestiones punzantes de esos territorios. Las mesas de debate reflejan lo que está latente en las producciones artísticas, así como las aberturas de procesos permiten ver la construcción de ese universo simbólico que nos rodea. Una programación audiovisual, Miradas Digitales, completa las acciones de Ocupación, proponiendo un paseo guiado por curadores y por la curiosidad del público a través del variado ambiente digitalizado de nuestras artes performáticas disponibles en las redes del Sesc.

19



ESPETÁCULOS / PERFORMANCES / ESPETÁCULOS


PORTUGUAL | 90' 24.11 21H /11.24 9PM YOUTUBE@SESCSP 14

@AURORANEGRA.AGORA

DIREÇÃO ARTÍSTICA, CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO/ART DIRECTION, CREATION AND INTERPRETATION/ DIRECCIÓN ARTÍSTICA, CREACIÓN E INTERPRETACIÓN Cleo Diára Isabél Zuaa Nádia Yracema CENOGRAFIA/ SCENOGRAPHY/ ESCENOGRAFÍA Tony Cassanelli FIGURINOS/COSTUMES/ VESTUARIO José Capela

FOTOS/PHOTOS: LIPE FERREIRA

AURORA NEGRA CLEO DIÁRA ISABÉL ZUAA NÁDIA YRACEMA DESENHO DE LUZ E VÍDEO/LIGHTING DESIGN AND VIDEO/ ILUMINACIÓN Y VÍDEO Felipe Drehmer SONOPLASTICA E COMPOSIÇÃO ORIGINAL/SOUND DESIGN AND ORIGINAL COMPOSITION/ DISEÑO DE SONIDO Y COMPOSICIÓN ORIGINAL Carolina Varela Yaw Tembe APOIO À DRAMATURGIA/ DRAMATURGY SUPPORT/APOYO A LA DRAMATURGIA Sara Graça Teresa Coutinho

APOIO AO MOVIMENTO/ SUPPORT TO THE MOVEMENT/APOYO AL MOVIMENTO Bruno Huca STYLING Eloisa Correia APOIO À PESQUISA/ RESEARCH SUPPORT/ APOYO A LA INVESTIGACIÓN Melánie Petremont PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN Cama A. C.

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION DIRECTOR/ DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN Maria Tsukamoto COPRODUÇÃO/ COPRODUCTION/ COPRODUCCIÓN Centro Cultural Vila Flor O Espaço do Tempo Teatro Viriato TNDM II

22


AURORA NEGRA

Chega de black out, vivas ao black in. O jogo de palavras com a expressão em inglês para se referir à ausência de luz, o black out ou blecaute, serve de palavra-chave para esta produção das artistas Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema. Aurora Negra aborda variadas situações que suas idealizadoras e outras mulheres negras ainda vivenciam em Portugal e no mundo, direcionando seu foco para um aspecto específico do racismo estrutural: aquele que, como elas mesmas expõem, pressupõe que essas mulheres negras estariam ali para limpar o palco, não para ocupá-lo como artistas. Para tratar da exclusão do corpo negro das artes performáticas, Cleo, Isabél e Nádia transitam entre o pessoal e o coletivo, combinando o que há de subjetividade e política nesse entrecruzamento. Na primeira metade do espetáculo, dedicam-se a suas próprias histórias, reforçando suas individualidades no resgate das ancestralidades, memórias de infância e sonhos. Experiências comuns as aproximam, principalmente na música – o hit “Maria Júlia”, do cabo-verdiano Gil Semedo, é uma primeira virada no espetáculo, quando as três passam a dançar canções que fizeram parte de sua adolescência, questionando o público sobre o motivo de ele não conhecer suas referências. Num segundo momento, provocadas pela voz de uma diretora que condensa clichês e estereótipos em torno de artistas negras, elas respondem a essas violências racistas com humor, denúncia e mais música e dança. “Ai, papai, desse jeito não dá, não, eu sou nega doutorada, teu discurso tá no chão”, cantam em ritmo de funk.

PT

Cleo Diára Nascida em Cabo Verde, a atriz realizou sua formação em Lisboa, para onde se mudou na infância. Participou de peças de Rogério de Carvalho e Mónica Calle, entre outros encenadores, e de produções de cineastas como Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt e Pedro Cabeleira. Isabél Zuaa Atriz e performer portuguesa, com origens na Guiné-Bissau e em Angola. Transita entre projetos de dança, cinema e teatro, em Portugal e no Brasil, e colaborou com artistas como Marcelo Gomes, Juliana Rojas, Jeferson De, entre outros. Nádia Yracema Nascida em Angola, criada e formada em Portugal, a atriz licenciada em direito foi dirigida pela coreógrafa marroquina Bouchra Ouizguen, pela coreógrafa francesa Emmanuelle Huynh e o encenador franco-alemão Matthias Langhoff, entre outros diretores de destaque. ESPETÁCULO VENCEDOR DA SEGUNDA EDIÇÃO DA BOLSA AMÉLIA REY COLAÇO. PARCERIA COM O CENTRO CULTURAL VILA FLOR, EM GUIMARÃES; O ESPAÇO DO TEMPO, EM MONTEMOR-O-NOVO; E TEATRO VIRIATO, EM VISEU.

AURORA NEGRA ESTREOU EM 2019 NO TEATRO DONA MARIA II, EM LISBOA, ONDE ESTA APRESENTAÇÃO FOI GRAVADA; AS ARTISTAS LANÇAM MÃO DESSA HOMENAGEM À ANTIGA RAINHA PARA SE DECLARAREM RAINHAS DE SEU CORPO E BRADAREM QUE AQUELA É TAMBÉM SUA CASA – NUMA REFERÊNCIA QUE EXTRAPOLA AS PAREDES DA SALA E AFIRMA SEU PERTENCIMENTO AO PAÍS.

CLEO DIÁRA, ISABÉL ZUAA E NÁDIA YRACEMA | PORTUGAL

23


BLACK DAWN

Enough of black out, cheers for black in. The wordplay with the English expression to refer to the absence of light, the blackout, works as a keyword for this production of Cleo Diára, Isabél Zuaa, and Nádia Yracema. Aurora Negra addresses several situations that the creators and other black women still experience in Portugal and the world. It focuses on a specific aspect of structural racism, as the actresses show, which assumes that these black women are there to clean the stage, not to occupy it as artists. To address the exclusion of the black body from the performing arts, Cleo, Isabél, and Nádia walk through the personal and the collective, combining the subjectivity and politics in this crossing. In the show’s first half, they tell their stories, reinforcing their individualities in rescuing their ancestry, childhood memories, and dreams. Experiences in common take them closer, especially music - the hit “Maria Júlia” by the Cape Verdean Gil Semedo is the first turn in the show when the three start to dance songs from their adolescence, questioning the audience why they don’t know their references. In a second moment, teased by a director’s voice that recites cliches and stereotypes about black artists, they respond to this racist violence with humor, denunciation, and more music and dancing. “Ai, papai, desse jeito não dá, não, eu sou nega doutorada, teu discurso tá no chão”, they sing in the funk rhythm. (“Oh, dad, you can’t do it that way. I’m black with a doctorate; your speech fell apart.)

AURORA NEGRA DEBUTED IN 2019, AT DONA MARIA II THEATER, IN LISBON, WHERE THIS SHOW WAS RECORDED. THE ARTISTS USE THIS TRIBUTE TO THE OLD QUEEN TO DECLARE THEMSELVES THE QUEEN OF THEIR BODIES AND SHOUT THAT IT IS THEIR HOUSE TOO - A REFERENCE THAT EXTRAPOLATES THE ROOM’S WALLS AND REASSURES THEIR BELONGING TO THE COUNTRY. Cleo Diára Born in Cabo Verde, the actress studied in Lisbon to where she moved in her childhood. She participated in plays by Rogério de Carvalho and Mónica Calle, among other directors, and in productions with filmmakers like Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt, and Pedro Cabeleira. Isabél Zuaa Portuguese actress and performer with origins in Guinea-Bissau and Angola. In Portugal and Brazil, she walks through dance, cinema, and theater projects. She has collaborated with artists like Marcelo Gomes, Juliana Rojas, and Jeferson De, among others. Nádia Yracema Born in Angola and raised and graduated in Law in Portugal. She was directed by the Moroccan choreographer Bouchra Ouizguen, the French choreographer Emmanuelle Huynh, and the Franco-German director Matthias Langhoff, among other famous directors. WINNING SHOW OF THE SECOND EDITION OF AMÉLIA REY COLAÇO SCHOLARSHIP. PARTNERSHIP WITH CENTRO CULTURAL VILA FLOR, IN GUIMARÃES; O ESPAÇO DO TEMPO, IN MONTEMOR-O-NOVO, AND TEATRO VIRIATO, IN VISEU.

CLEO DIÁRA, ISABÉL ZUAA AND NÁDIA YRACEMA | PORTUGAL

24


AURORA NEGRA

Basta de black out, vivas al black in. Este juego de palabras con la expresión en inglés para referirse a la ausencia de luz, el black out o apagón eléctrico, sirve de palabra clave para esta producción de las artistas Cleo Diára, Isabél Zuaa y Nádia Yracema. Aurora Negra aborda diversas situaciones que sus idealizadoras y otras mujeres negras aún vivencian en Portugal y en el mundo, enfocando un aspecto específico del racismo estructural: aquel que, como ellas mismas exponen, presupone que esas mujeres negras estarían allí para limpiar el escenario, no para ocuparlo como artistas. Para tratar de la exclusión del cuerpo negro de las artes performáticas, Cleo, Isabél y Nádia transitan entre lo personal y lo colectivo, combinando lo que hay de subjetividad y política en ese entrecruzamiento. Durante la primera mitad del espectáculo, se dedican a sus propias historias, reforzando sus individualidades en un rescate de ancestralidades, memorias de infancia y sueños. Experiencias comunes las aproximan, principalmente en la música – el hit “Maria Júlia”, del cabo-verdiano Gil Semedo, es un primer giro en el espectáculo, cuando las tres pasan a bailar canciones que formaron parte de su adolescencia, cuestionando al público sobre el motivo de no conocer sus referencias. En un segundo momento, provocadas por la voz de una directora que condensa clichés y estereotipos en torno de artistas negras, ellas responden a esas violencias racistas con humor, denuncia y más música y danza. “Ay, papá, de esa manera no funciona, no, yo soy una negra doctorada, tu discurso está por el piso”, cantan en ritmo de funk.

ES

Cleo Diára Nacida en Cabo Verde, la actriz hizo su formación en Lisboa, para donde se mudó en su infancia. Participó de piezas de Rogério de Carvalho y Mónica Calle, entre otros directores de escena, y de producciones de cineastas como Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt y Pedro Cabeleira. Isabél Zuaa Actriz y performer portuguesa, con orígenes en Guinea-Bissau y Angola. Transita entre proyectos de danza, cine y teatro, en Portugal y en Brasil. Colaboró con artistas como Marcelo Gomes, Juliana Rojas y Jeferson De, entre otros. Nádia Yracema Nacida en Angola, criada y formada en Portugal, esta actriz licenciada en Derecho fue dirigida por la coreógrafa marroquí Bouchra Ouizguen, por la coreógrafa francesa Emmanuelle Huynh y el director de escena franco-alemán Matthias Langhoff, entre otros directores de destaque. ESPECTÁCULO VENCEDOR DE LA SEGUNDA EDICIÓN DE LA BECA AMÉLIA REY COLAÇO. EN ASOCIACIÓN CON EL CENTRO CULTURAL VILA FLOR, EN GUIMARÃES; O ESPAÇO DO TEMPO, EN MONTEMOR-O-NOVO; Y EL TEATRO VIRIATO, EN VISEU.

AURORA NEGRA ESTRENÓ EN 2019 EN EL TEATRO DONA MARIA II, EN LISBOA, DONDE ESTA PRESENTACIÓN FUE GRABADA; LAS ARTISTAS APROVECHAN ESE HOMENAJE A LA ANTIGUA REINA PARA DECLARARSE REINAS DE SUS CUERPOS Y GRITAR QUE ESA ES TAMBIÉN SU CASA – EN UNA REFERENCIA QUE EXTRAPOLA LAS PAREDES DE LA SALA Y AFIRMA SU PERTENENCIA AL PAÍS.

CLEO DIÁRA, ISABÉL ZUAA Y NÁDIA YRACEMA | PORTUGAL

25


BRASIL | 65' ELETROBRAS FURNAS APRESENTA CHEGA DE SAUDADE! DIREÇÃO/DIRECTION/ DIRECCIÓN Marco André Nunes TEXTO/TEXT/GUIONISTA Pedro Kosovski ATORES/ACTORS/ ACTORES Andrea Bak Flávio Bauraqui Hugo Germano Matheus Macena Muato Ona Silva Vilma Melo

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA/ PHOTOGRAPHY DIRECTION/DIRECTOR DE FOTOGRAFÍA Guilherme Tostes DIREÇÃO MUSICAL/ MUSICAL DIRECTION/ DIRECTOR MUSICAL Felipe Storino DIREÇÃO DE ARTE/ART DIRECTION/DIRECTOR DE ARTE Bidi Bujnowski Marco André Nunes

FIGURINO/COSTUMES/ VESTUARIO Fernanda Garcia ILUMINAÇÃO/LIGHTING/ ILUMINACIÓN Renato Machado ILUMINAÇÃO (PARTE 1)/LIGHTING (PART 1)/ ILUMINACIÓN (PARTE 1) Guilherme Tostes EDIÇÃO/EDITION/ EDICIÓN Acácia Lima EDIÇÃO (PARTE 1)/ EDITION (PARTE 1)/ EDICIÓN (PARTE 1) Carolina Lavigne Isabela Raposo

FACEBOOK.COM/AQUELACIA | @AQUELA_CIA

FOQUISTA/FOCUS PULLER/CAMARÓGRAFO Fabian Cantieri Tiago Rios SOM DIRETO/DIRECT SOUND/SONIDO DIRECTO Francisco Bragança EDIÇÃO DE SOM/SOUND EDITION/EDICIÓN DE SONIDO Acácia Lima ASSISTENTE DE DIREÇÃO/ASSISTANT DIRECTION/ASISTENTE DE DIRECCIÓN Diego Ávila

28.11 19H /11.28 7PM YOUTUBE@SESCSP INSTAGRAM@SESCAOVIVO LIVRE/ALL AGES/LIBRE

ASSISTENTE DE FIGURINO/COSTUME ASSISTANT/ASISTENTE DE VESTUARIO Meira Luiz Nathalia Ferraz DESIGNER GRÁFICO/ GRAPHIC DESIGNER /DISEÑADOR GRÁFICO Carolina Lavigne Igor Gouveia PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/ PRODUCTORES EJECUTIVOS Cuca Dias Júlia Andrade

FOTOS/PHOTOS: FRAMES

CHEGA DE SAUDADE! AQUELA CIA.

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION DIRECTOR/DIRECTOR DE PRODUCCIÓN Gabi Gonçalves PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN Corpo Rastreado REALIZAÇÃO/ EXECUTION/ REALIZACIÓN Aquela Cia. de Teatro APOIO/SUPPORT/ SOPORTE Eletrobrás

26


CHEGA DE SAUDADE!

As coisas “que se transformam depressa demais” dão nome às três partes da peça-filme da Aquela Cia.: o sorriso, a flor e o amor segundo “Meditação”, canção de João Gilberto. Pois é de transformações que se trata em Chega de Saudade!, obra que ao mesmo tempo resgata a bossa nova e questiona seus ecos no presente. “O sorriso” abre com Nara Leão preparando drinques para os amigos, em uma reencenação dos famosos encontros onde foi gestada a bossa nova. Um primeiro comentário já se faz presente aí, através da fotografia: a câmera insere o espectador na festa e ao mesmo tempo insiste em comparar imagens da verdadeira Nara Leão com a intérprete Ona Silva, que a representa nesse filme: uma atriz negra, como todo o grupo. Nessas escolhas de elenco e fotografia se revelam alguns dos impasses da bossa nova, criada por uma classe média branca da zona sul do Rio de Janeiro tendo o samba por base. Uma voz feminina costura informações, comentando por exemplo que “a bossa nova foi a última vez, a primeira e a única também, que a zona sul carioca contemplou”. Em “A flor” conhecemos então a diretora do filme; assiste-se à gravação dele, seguindo a história

AQUELA CIA. | BRASIL

PT

da bossa nova – com a estreia de Nara Leão no palco, por exemplo – e acompanhando as discussões em torno da produção. Estão em questão a potência da juventude e os sonhos, em fins dos anos 1950, de uma juventude branca da zona sul carioca que cantava um Brasil solar, do futuro; também se trata das transformações pelas quais o país e o Rio de Janeiro passaram desde então, explicitando as contradições do projeto da bossa nova. A cultura como orientadora de uma ideia de Brasil também é retomada pela própria homenagem que o filme faz, e o seu fracasso transparece em imagens de arquivo e uma morte simbólica que encerra a segunda parte. “O amor” rasga ainda mais o tecido da ficção, reverberando as festas da primeira parte em uma roda de conversa no teatro em que os artistas, quase sem máscaras, comentam a criação de Chega de Saudade! AQUELA CIA. FUNDADA EM 2005 POR PEDRO KOSOVSKI E MARCO ANDRÉ NUNES, A COMPANHIA INVESTIGA LINGUAGENS COMO A LITERATURA E A MÚSICA NO TEATRO. REALIZOU A PREMIADA TRILOGIA CARIOCA SOBRE A MEMÓRIA DO RIO DE JANEIRO COM OS ESPETÁCULOS CARA DE CAVALO, CARANGUEJO OVERDRIVE E GUANABARA CANIBAL.

27


ENOUGH OF NOSTALGIA!

Things that "are transformed too fast" named the three parts of the play-film of Aquela Cia.: the smile, the flower, and the love, according to "Meditação", song by João Gilberto. Because it is transformation that Chega de Saudade! is about. A work that at the same time rescues bossa-nova and challenges their echoes in the present. "The smile" opens with Nara Leão preparing drinks for friends in a reenactment of the famous meetings where bossa-nova was gestated. A first comment already appears through photography: the camera puts the viewer in the party while insisting on comparing the images of the real Nara Leão with the actress Ona Silva, who represents Nara in this film: a black actress, like the whole group. In this selection of the cast and photography, some bossa-nova impasses are revealed: created by a white mid-class from the South zone of Rio de Janeiro having samba as its base. A female voice sews information commenting, for example, that "bossa-nova was the last time, the first and single time that the South zone of Rio has contemplated." In "The flower," we meet the film director; we watch its recording following the bossa-nova history - with Nara Leão's debut on the stage, for instance - and following the discussion about the production. What is in question is the power of the youth and the dreams by the end of the 1950s of white youth from the South zone of Rio that sang a solar Brazil of the future. It is also about the transformations that the country and Rio de Janeiro went through since then, explaining the contradictions of the bossa-nova project. The culture as a guide of an idea of Brazil is also retaken by the tribute the film pays, and its failure shines through file images and a symbolic death that closes the second part. "The love" tears, even more, the friction fabric reverberating the parties of the first part in a round of conver-

AQUELA CIA. | BRASIL

EN

sation in the theater where the artists, almost without masks, talk about the creation of Chega de Saudade!

AQUELA CIA. FOUNDED IN 2005 BY PEDRO KOSOVSKI AND MARCO ANDRÉ NUNES, THE COMPANY INVESTIGATES LANGUAGES LIKE LITERATURE AND MUSIC IN THE THEATER. IT CREATED THE AWARDED TRILOGY ABOUT RIO DE JANEIRO'S MEMORY WITH THE SHOWS CARA DE CAVALO, CARANGUEJO OVERDRIVE, AND GUANABARA CANIBAL.

28


¡BASTA DE EXTRAÑAR!

Las cosas "que se cambian demasiadamente rápidas" dan nombre a las tres partes de la obra película teatro de Aquela Cia.: la sonrisa, la flor y el amor segundo "Meditação", canción de João Gilberto. La obra trata de transformaciones y Chega de Saudade! aborda a la vez el reencuentro con Bossa Nova y cuestiona sus ecos en la actualidad. "O sorriso" de Nara Leão abre la obra en la que se ve el preparo de tragos para los amigos en una nueva toma de los inolvidables encuentros en los que Bossa Nova nació. Un primer comentario se hace presente, a través de la fotografía: la cámara inserta al espectador a la fiesta y, al mismo tiempo, insiste en comparar imágenes de la verdadera Nara Leão con la actriz Ona

AQUELA CIA. | BRASIL

ES

Silva, que da vida a la cantante en la obra; una actriz negra como los demás profesionales del equipo. En la elección de los actores y de la fotografía se presentan algunas dificultades de la Bossa Nova, que ha sido creada por la clase media blanca de la zona sur de la ciudad de Rio de Janeiro y sus raíces originales de la samba. Una voz femenina unifica información, comentando, por ejemplo, que "Bossa Nova fue la última vez, la primera y única que la zona sur carioca ha contemplado". En "A flor" conocemos la directora de la película; se ve las grabaciones, luego la historia de Bossa Nova; con el estreno de Nara Leão en el escenario, por ejemplo en compañía de las discusiones que involucran a la producción. Entonces la cuestión de la juventud y los sueños de una juventud blanca, de la élite de fines de los años 1950 que cantaba un Brasil solar, del futuro. También se habla de transformaciones por las que el país y Rio de Janeiro han vivido desde entonces, al demostrar contradicciones del proyecto Bossa Nova. La cultura como base fundamental de una idea de Brasil también tiene refuerzo por el propio homenaje que la película tiene y sus fallas aparecen en las imágenes de archivo y una muerte simbólica el cual finalizará la segunda parte. "O amor" rompe todavía más la obra de la ficción, resonando en fiestas de la primera parte, en una ronda de charlas en el teatro en el cual los artistas, prácticamente sin mascarillas comentan la creación de Chega de Saudade!

AQUELA CIA. FUNDADA EN EL AÑO 2005 POR PEDRO KOSOVSKI Y MARCO ANDRÉ NUNES, LA COMPAÑÍA INVESTIGA LENGUAJES DE LA LITERATURA Y DE LA MÚSICA EN EL TEATRO. HA LLEVADO A CABO LA GALARDONADA TRILOGÍA CARIOCA (NOMBRE QUE SE DA A LAS PERSONAS NACIDAS EN RIO DE JANEIRO) SOBRE LAS MEMORIAS DE RIO DE JANEIRO CON LOS ESPECTÁCULOS CARA DE CAVALO, CARANGUEJO OVERDRIVE Y GUANABARA CANIBAL.

29


FOTOS/PHOTOS: J. SULLIVAN

INO MOXO INTEGRO GRUPO DE ARTE PERU | 60'

27.11 21H /11.27 9PM PLATAFORMA TEPI 14

INTEGROPERU.COM | @INTEGROPERUOFICIAL

PERFORMERS Ana Zavala Francesca Sissa Gonzalo del Águila Marisol Otero Rawa FIGURINO/WARDROBE/ VESTUARIO Ana Teresa Barboza ILUMINAÇÃO/LIGHTING/ ILUMINACIÓN Chacho Guerra Óscar Naters

ESCULTURAS/ SCULPTURES/ ESCULTURAS Silvia Westphalen ÍCAROS (CANTOS)/ ICAROS (SONGS)/ ÍCAROS (CANTOS) Rawa MÚSICA/MUSIC/MÚSICA Santiago Pillado VÍDEO E ANIMAÇÃO/ VIDEO AND ANIMATION/ VÍDEO Y ANIMACIÓN Juan Carlos Yanaura

COREOGRAFIA/ CHOREOGRAPHERS/ COREOGRAFÍA Ana Zavala Óscar Naters DIREÇÃO E PRODUÇÃO/ DIRECTION AND PRODUCTION/ DIRECCIÓN Y PRODUCCIÓN Óscar Naters

30


INO MOXO

Imersão multissensorial que combina artes visuais, música e movimento, o espetáculo da companhia peruana de teatro interdisciplinar Integro Grupo de Arte cria cenicamente experiências ritualísticas de agonia e cura xamânica. Ino Moxo se inspira no romance Las Tres Mitades de Ino Moxo, de César Calvo, que narra uma busca por este curandeiro de renome, Ino Moxo, em um atravessamento pela floresta. O livro traz relatos de diferentes curandeiros a respeito de um universo particular em que convivem seres espectrais, acontecimentos do passado e mitos afroperuanos, andinos e amazônicos. Calvo declarou que “o livro é meramente o retrato de uma jornada que cumpri sonâmbulo, magnetizado por presságios indomáveis e a ayahuasca: o vinho sagrado dos feiticeiros amazônicos”. No espetáculo, a cosmovisão indígena é trabalhada em quadros performáticos que recorrem ao imaginário da Amazônia peruana tradicional e contemporânea, oferecendo imagens poéticas, oníricas, por vezes abstratas, assim como projeções de elementos como a pele de uma cobra e uma revoada

INTEGRO GRUPO DE ARTE | PERU

PT

de borboletas. Também guiam o espectador frases do romance projetadas, tais como: “Os pensamentos das boas pessoas vivem no ar, habitando o ar como nós fazemos em nossas casas”. O misticismo, o ritualismo e a natureza convidam o público a uma viagem espiritual, como se os corpos em cena fossem uma presença que pertence também à plateia e a uma alma coletiva. Essa dimensão criada pelo espetáculo é potencializada pelo acompanhamento de ícaros, cantos medicinais que acompanham cerimônias espirituais de xamãs e curandeiros. No percurso de suas próprias associações, a partir dos estímulos sinestésicos de Ino Moxo, os espectadores se envolvem nesse drama transpessoal de morte e renascimento. INTEGRO GRUPO DE ARTE FUNDADA EM 1984 POR ÓSCAR NATERS E ANA ZAVALA, A COMPANHIA PERUANA DE TEATRO INTERDISCIPLINAR INVESTIGA DIFERENTES MÍDIAS E LINGUAGENS E TEM COMO UMA DE SUAS PREOCUPAÇÕES A PESQUISA EM TORNO DO UNIVERSO DE DIFERENTES TRADIÇÕES.

31


INO MOXO

This multi-sensorial immersion that combines visual art, music and motion, a play by the interdisciplinary theatre Peruvian company Integro Grupo de Arte creates on stage ritualistic experiences of agony and shaman healing, Ino Moxo is inspired on the novel Las Tres Mitades de Ino Moxo, by César Calvo. The book narrates the search for a renowned healer, Ino Moxo, during a forest crossing. Several healers report the private universe they inhabit where there are spectral sounds, past happenings, and afro-Peruvian, Andean, and Amazonian myths. Calvo stated that his book “is merely the portrait of a sleep-walking journey hypnotically dragged by indomitable presages and ayahuasca, the sacred wine of Amazonian sorcerers.” The plays dwells on the indigenous cosmovision through performance tableaux which resort to traditional and contemporary Peruvian Amazon imagery, offering poetic, oneiric and many times abstract images as well as projections of certain elements like snake skins and a flying swarm of butterflies. The play also leads spectator with sentences taken from the novel, such as: “The thoughts of good people float in the air, inhabit the air, as we do in our dwellings.” Mysticism, rituals and nature invite the audience to enter a spiritual voyage, as if the bodies on stage also belonged to the spectators and to a collective soul. This dimension is enhanced with Icaros, the medicine songs that accompany shamanistic and healers’ ceremonies. As they make their own associations generated by the synesthetic stimulus of Ino Moxo, spectators get involved in this transpersonal drama of death and rebirth.

INTEGRO GRUPO DE ARTE | PERU

EN

INTEGRO GRUPO DE ARTE FORMED IN 1984 BY ÓSCAR NATERS AND ANA ZAVALA, THE PERUVIAN COMPANY OF INTERDISCIPLINARY THEATRE EXPLORES DIFFERENT MEDIA AND LANGUAGES AND IS MOSTLY INTERESTED ON RESEARCHING THE UNIVERSE OF DIFFERENT TRADITIONS.

32


INO MOXO

Inmersión multi-sensorial que combina artes visuales, música y movimiento, el espectáculo de la compañía peruana de teatro interdisciplinar Integro Grupo de Arte crea escénicamente experiencias de rituales de agonía y cura de chamanes. Ino Moxo se inspira en el libro Las Tres Mitades de Ino Moxo, de César Calvo, que narra la búsqueda de este famoso curandero: Ino Moxo, en un entrecruzamiento de la selva. El libro trae relatos de diferentes curanderos sobre un universo particular en el que conviven seres espectrales, acontecimientos del pasado y mitos afroperuanos, andinos y amazónicos. Calvo declaró que “el libro es meramente el retrato de una jornada que cumplí sonámbulo, magnetizado por presagios indomables y ayahuasca: el vino sagrado de los hechiceros amazónicos”.

ES

En el espectáculo, la cosmovisión indígena es trabajada en cuadros performáticos que recorren al imaginario de la Amazonia peruana tradicional y contemporánea, ofreciendo imágenes poéticas, oníricas, a veces abstractas, y proyecciones de elementos como la piel de una víbora y el vuelo de mariposas. También guían al espectador frases proyectadas del libro, tales como: “Los pensamientos de las buenas personas viven en el aire, habitándolo como nosotros lo hacemos en nuestras casas”. El misticismo, el ritualismo y la naturaleza invitan al público a hacer un viaje espiritual, como si los cuerpos en escena fuesen una presencia que pertenece también a la platea y a un alma colectiva. Esa dimensión creada por el espectáculo es potencializada por el acompañamiento de ícaros, cantos tradicionales que acompañan ceremonias espirituales de curación hechas por chamanes y curanderos. Durante el transcurso de sus propias asociaciones, a partir de los estímulos sinestésicos de Ino Moxo, los espectadores se involucran en ese drama transpersonal de muerte y renacimiento.

INTEGRO GRUPO DE ARTE FUNDADA EN 1984 POR ÓSCAR NATERS Y ANA ZAVALA, LA COMPAÑÍA PERUANA DE TEATRO INTERDISCIPLINAR INVESTIGA DIFERENTES MEDIAS Y LENGUAJES, Y UNO DE SUS OBJETIVOS ES EL ESTUDIO EN TORNO DEL UNIVERSO DE DIFERENTES TRADICIONES.

INTEGRO GRUPO DE ARTE | PERU

33


LA CASA DE TU ALMA

FOTOS/PHOTOS: IVAN AGUILAR

LA CASA DE TU ALMA CONCHI LEÓN

26.11 21H /11.26 9PM PLATAFORMA SESC DIGITAL 16

MÉXICO | 70' CRIAÇÃO, DRAMATURGIA E DIREÇÃO/CREATION, DRAMATURGY, AND DIRECTION/CREACIÓN, DRAMATURGIA Y DIRECCIÓN Conchi León MÚSICA ORIGINAL E DIREÇÃO MUSICAL/ ORIGINAL MUSIC AND MUSICAL DIRECTION/ MÚSICA ORIGINAL Y DIRECCIÓN MUSICAL Alejandro Preisser

ELENCO/CASTING/ ELENCO Conchi León Oswaldo Ferrer Susy Estrada DIREÇÃO AUDIOVISUAL/ AUDIOVISUAL DIRECTION/DIRECCIÓN AUDIOVISUAL Iván Aguilar PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN Conchi León SEDECULTA

PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/ PRODUCCIÓN EJECUTIVA Oswaldo Ferrer CÂMERA, DESENHO DE LUZ, EDIÇÃO/CAMERA, LIGHTING DESIGN, AND EDITION/CÁMARA, DISEÑO DE LUCES, EDICIÓN Iván Aguilar

CÂMERA, EFEITOS VISUAIS, VIDEO MAPPING, TOMADAS AÉREAS/CAMERA, VISUAL EFFECTS, VIDEO MAPPING, AERIAL TAKES/CÁMARA, EFECTOS VISUALES, VIDEO MAPPING, TOMADAS AÉREAS Luis Ramírez

CONCHILEON.COM | @LALEONACONCHI @SUXSTRADA @OSWOFERRER @IVVAN

ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION ASSISTANT/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN Addy Teyer ASSISTÊNCIA TÉCNICA/ TECHNICAL ASSISTANT/ ASISTENCIA TÉCNICA Alexis Martínez

34


LA CASA DE TU ALMA

“Todos temos um cemitério em casa”, diz uma comovida Conchi León, olhando para o vazio. “Um cemitério pessoal em que enterramos velhas cartas de amor, fotografias, lembranças de amores que nunca mais vão estar na nossa vida. Um cemitério pessoal que, de tempos em tempos, regamos com lágrimas de tristeza.” Essa é a primeira das “coisas de escritor” que a dramaturga, diretora e atriz mexicana enuncia em La Casa de tu Alma, criação audiovisual que, com um olhar vasto, se debruça sobre a morte. A obra associa um universo subjetivo de memórias sobre os últimos dias de um familiar querido, do luto e das disputas dos que ficam, a um imaginário amplo de histórias e lendas sobre cemitérios do mundo todo. Encadeia relatos e conversas informais dos três personagens que, a partir de uma conversa íntima sobre a morte de um avô, decidem ir ao cemitério render-lhe homenagem.

PT

Nesse cemitério, dão a conhecer tanto curiosidades, como um cemitério só de crianças todo colorido, quanto rituais que se fazem aos mortos: os três chegam a queimar uma nota de um dólar diante de um túmulo, sem saber bem por quê. O passeio se alterna entre momentos comoventes, quando rememoram seus mortos em cenas de bastante teatralidade, e outros em que lançam perguntas uns aos outros: como você gostaria que fosse seu túmulo? Qual seria seu epitáfio? Recursos teatrais e audiovisuais aumentam o drama e a poesia do texto, a exemplo de efeitos especiais, dos relatos que de repente passam a ser encenados pelos personagens, da inserção de um teatro de marionetes para contar a história da morte de uma criança, da referência ao cinema expressionista quando se trata da lenda de um vampiro. O humor tempera a obra, que se apoia também na música para contar suas tantas histórias pessoais, orais, de todos nós.

CONCHI LEÓN DIRETORA, DRAMATURGA E ATRIZ MEXICANA DE VASTA PRODUÇÃO E COLABORAÇÃO COM ENCENADORES DE SEU PAÍS, BUSCA EM SEU TRABALHO RESGATAR A MEMÓRIA DOS MAIAS DA PROVÍNCIA DE YUCATÁN. TAMBÉM SE DEDICA À REALIZAÇÃO DE PROJETOS TEATRAIS COM CRIANÇAS.

CONCHI LEÓN | MÉXICO

35


THE HOUSE OF YOUR SOUL

“We all have a cemetery at home,” says a touched Conchi León, looking into the void. “A personal cemetery where we bury old love letters, photographs, memories of loves that will never be back into our lives. A personal cemetery that from time to time, we water with tears of sadness.” This is the first “things of the writer” that the Mexican playwright, director, and actress says in La Casa de tu Alma, an audiovisual creation that leans over death with a broad look. The work associates a subjective universe of memories about the last days of a beloved one, the mourning, and the disputes of those who stay with a wide imaginary of stories and legends about cemeteries in the world. She interlinks reports and informal conversations of the three characters that, from an intimate chat about the death of a grandfather, decide to go to the cemetery pay him a tribute.

EN

In this cemetery, they see many curiosities, including a colorful cemetery only for children and rituals done to the dead. The three even burn a one-dollar bill over a tomb, not even knowing why. The tour alternates between moving moments when they remember their dead in great theatric scenes and others where they ask questions one another: how would you like your grave to be? What would be your epitaph? Theatric and audiovisual resources increase the drama and the text poetry, like the special effects, the reports that all of a sudden are staged by the characters, the insertion of puppets to tell the story of the death of a child, the reference to the expressionist cinema when dealing with a vampire legend. The humor spices the play that also uses music to tell so many personal and oral stories of all of us.

CONCHI LEÓN MEXICAN DIRECTOR, PLAYWRIGHT, AND ACTRESS WITH A VAST PRODUCTION AND COLLABORATION WITH DIRECTORS IN HER COUNTRY, SHE TRIES, WITH HER WORK, TO RESCUE THE MEMORY OF THE MAYANS FROM YUCATÁN. SHE ALSO DEDICATES HERSELF TO THEATRICAL PROJECTS WITH CHILDREN.

CONCHI LEÓN | MÉXICO

36


LA CASA DE TU ALMA

“Todos tenemos un cementerio en casa”, dice emocionada Conchi León. mirando hacia el vacío. “Un cementerio personal en el que enterramos viejas cartas de amor, fotografías, recuerdos de amores que nunca más estarán en nuestras vidas. Un cementerio personal que, de vez en cuando, regamos con lágrimas de tristeza”. Esta es la primera de las “cosas de escritor” que la dramaturga, directora y actriz mexicana enuncia en La Casa de tu Alma, una creación audiovisual que, con los ojos muy abiertos, se inclina sobre la muerte. La obra asocia un universo subjetivo de recuerdos sobre los últimos días de un querido familiar, el duelo y disputas de los que quedan, con un amplio imaginario de historias y leyendas sobre cementerios de todo el mundo. Vincula historias y charlas de los tres personajes que, a partir de una conversación íntima sobre la muerte de un abuelo, deciden ir al cementerio para rendirle homenaje.

ES

En este cementerio dan a conocer tanto curiosidades, como un cementerio colorido solo para niños, y rituales realizados a los muertos: los tres incluso queman un billete de un dólar frente a una tumba, sin saber muy bien por qué. El recorrido alterna entre momentos conmovedores, cuando recuerdan a sus muertos en escenas de gran teatralidad, y otros en los que se hacen preguntas: ¿cómo te gustaría que fuera tu tumba? ¿Cuál sería tu epitafio? Los recursos teatrales y audiovisuales aumentan el drama y la poesía del texto, como efectos especiales, las historias que de repente son puestas en escena por los personajes, la inserción de un teatro de marionetas para contar la historia de la muerte de un niño, la referencia al cine expresionista cuando llega a la leyenda de un vampiro. El humor condimenta el trabajo, que también se basa en la música para contar sus muchas historias personales y orales de todos nosotros.

CONCHI LEÓN DIRECTORA, DRAMATURGA Y ACTRIZ MEXICANA DE VARIAS PRODUCCIONES Y GRAN COLABORACIÓN CON LOS DIRECTORES DE SU PAÍS, BUSCA EN SU TRABAJO RESCATAR LA MEMORIA DE LOS MAYAS DE LA PROVINCIA DE YUCATÁN. TAMBIÉN SE DEDICA A LA REALIZACIÓN DE PROYECTOS TEATRALES CON NIÑOS.

CONCHI LEÓN | MÉXICO

37


FOTOS/PHOTOS: EUGENIA PAZ

LA SEGUNDA VIDA DE UN DRAGÓN GUILLERMO CALDERÓN CHILE | 20' 24.11 19H /11.24 7PM PLATAFORMA SESC DIGITAL 12

FUNDACIONTEATROAMIL.CL | @FUNDACIONTEATROAMIL

DIREÇÃO E DRAMATURGIA/ DIRECTOR AND PLAYWRIGHT/ DIRECCIÓN Y DRAMATURGIA Guillermo Calderón ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO E DESENHO DE SOM/ASSISTANT DIRECTOR AND SOUND DESIGNER/ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Y DISEÑO DE SONIDO Ximena Sánchez

ELENCO/CAST/ELENCO Camila González Francisca Lewin Luis Cerda DESIGN DE LUZ/ LIGHTING DESIGNER/ DISEÑO DE ILUMINACIÓN Rocío Hernández TÉCNICA DE CENOGRAFIA E ILUMINAÇÃO/SET AND LIGHTING DESIGN TECHNICIAN/TÉCNICA DE ESCENOGRAFÍA E ILUMINACIÓN Manuela Mege

PRODUÇÃO/PRODUCER/ PRODUCCIÓN María Paz González COPRODUÇÃO/ COPRODUCERS/ COPRODUCCIÓN Fundación Teatro a Mil Teatro UC Theater der Welt 2020 Düsseldorf

38


LA SEGUNDA VIDA DE UN DRAGÓN

Na sua forma de pensar o teatro como uma possibilidade de interferência nas realidades políticas e sociais, Guillermo Calderón, em seu espetáculo de 2016, Mateluna, faz a defesa de Jorge Mateluna, preso desde 2013 por um assalto a banco que não teria cometido. A peça se associa a uma campanha política pela libertação do ex-guerrilheiro, colaborador do encenador chileno em Escuela, o espetáculo anterior. Não obteve resultados, ele segue preso. “Esse trabalho nos colocou no limite das possibilidades do teatro político, nos trouxe uma grande decepção”, relatam os artistas em La Segunda Vida de un Dragón, que inicia com o relato dessa história recente da companhia. A reação a essa sensação de fracasso foi a criação de Dragón, espetáculo que estreou em 2019 e está no centro deste trabalho audiovisual sobre a instabilidade política e social no Chile e suas imbricações com a arte. No filme, Calderón e os atores apresentam o contexto político e social que os inspirou e seus desdobramentos artísticos: um espetáculo sobre as inquietações provocadas por Metaluna em uma situação ficcional. Dragón mal foi posto em cena, no entanto, e sobrevieram os protestos chilenos de outubro de 2019, que explodiram em uma revolução ainda não concluída. Vieram à tona, na realidade, crises presentes na ficção de Calderón. Esta Segunda Vida de un Dragón combina e mistura imagens documentais e outras realizadas para o espetáculo, de modo que elas perdem alguma hierarquia que poderiam ter em relação a sua referencialidade e se igualam como arquivos sobre a história recente do Chile. A obra revela-se assim uma elaboração poética, no calor do momento e ainda sem conclusões, sobre a arte como uma antena sensível que capta e traduz a realidade social e, simultaneamente, um gesto de responder a esse contexto, para nele interferir.

GUILLERMO CALDERÓN | CHILE

PT

According to his understanding that theatre is a possibility to intervene in political and social reality, in his 2016 play Mateluna Guillermo Calderón defends Jorge Mateluna, who was jailed in 2013 accused of a bank robbery he had not committed. The play associates a political campaign for the release of the former guerrilla fighter, who had also collaborated with the Chilean producer in a previous play, Escuela. But this brought no results and his friend remained in jail.

GUILLERMO CALDERÓN DRAMATURGO, ROTEIRISTA E DIRETOR CHILENO, DEDICA-SE A UM TEATRO POLÍTICO, DE RESISTÊNCIA, INTERESSADO NAS DITADURAS DOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA. REALIZOU ESPETÁCULOS COMO ESCUELA E TAMBÉM MATELUNA, ENTRE OUTROS.

39


A DRAGON’S SECOND LIFE

EN

“In that work we reached the limit of a politically engaged theatre and were greatly disappointed,” said the artists of La Segunda Vida de un Dragón, which begins by reporting the recent history of the company. As a reaction to that feeling of failure, Dragón was created and premiered in 2019 and is the core of this audiovisual work about political and social instability in Chile and its imbrication upon art. In the film Calderón and the actors evoke the political and social instability and how these affect art. It is a play about the disquiet generated by the situation of Mateluna but on a fictional context. However, shortly after Dragón had premiered in October 2019 the Chilean protests began, leading to a revolution that still has not ended. The crisis presented in Calderón’s fiction did in fact became known. The play Segunda vida de un Dragón mixes and combines documentary and other images prepared for the former play, so that here they lose their hierarchy in terms of reference and are levelled as archives of Chile’s recent history. Thus, in the heat of the moment and bearing no conclusions yet, this work becomes a poetical elaboration about art and its role as a sensitive feeler that captures social reality while simultaneously responding somehow to that context and trying to intervene.

GUILLERMO CALDERÓN THIS CHILEAN PLAYWRIGHT, SCREEN WRITER AND DIRECTOR IS DEVOTED TO POLITICAL AND RESISTANCE PLAYS, WITH A SPECIAL INTEREST IN LATIN AMERICAN DICTATORSHIPS. HE IS THE AUTHOR OF ESCUELA AND MATELUNA, AMONG OTHER PLAYS.

GUILLERMO CALDERÓN | CHILE

40


LA SEGUNDA VIDA DE UN DRAGÓN

ES

Guillermo Calderón piensa el teatro como una posibilidad de interferir en realidades políticas y sociales. Así, en su espectáculo de 2016, Mateluna, hace la defensa de Jorge Mateluna, preso desde 2013 por un asalto a banco que no habría cometido. La pieza está asociada con una campaña política por la liberación del ex-guerrillero, colaborador del director chileno en Escuela, su espectáculo anterior. No consiguió tener éxito, Mateluna continúa preso. “Este trabajo nos llevó al límite de las posibilidades del teatro político, nos trajo una gran decepción”, relatan los artistas en La Segunda Vida de un Dragón, que comienza con el relato de esa historia reciente de la compañía. La reacción a esa sensación de fracaso fue la creación de Dragón, espectáculo que estrenó en 2019 y está en el centro de este trabajo audiovisual sobre la inestabilidad política y social en Chile y sus imbricaciones con el arte. En la película, Calderón y los actores presentan el contexto político y social que los inspiró y sus desdoblamientos artísticos: es un espectáculo sobre una situación ficcional provocada por las inquietudes de Metaluna. Sin embargo, apenas Dragón fue puesta en escena, sucedieron las protestas chilenas de octubre de 2019, explotando en una revolución que aún no concluyó. Y así las crisis presentes en la ficción de Calderón salieron a relucir, tornándose una realidad. Esta Segunda Vida de un Dragón combina y mezcla imágenes documentales y otras realizadas para el espectáculo, de modo que pierden cierta jerarquía que pudieran tener en relación a su referencialidad, para identificarse como archivos sobre la histeria reciente de Chile. Y así la obra se revela como una elaboración poética en el calor de ese momento y aún sin conclusiones, sobre el arte como una antena sensible que capta y traduce la realidad social y, simultáneamente, como un gesto que responde a ese contexto, para interferir en él. GUILLERMO CALDERÓN DRAMATURGO, GUIONISTA Y DIRECTOR CHILENO. SE DEDICA A UN TEATRO POLÍTICO, DE RESISTENCIA, INTERESADO EN LAS DICTADURAS DE PAÍSES DE AMÉRICA LATINA. REALIZÓ ESPECTÁCULOS COMO ESCUELA Y TAMBIÉN MATELUNA, ENTRE OTROS.

GUILLERMO CALDERÓN | CHILE

41


FOTOS/PHOTOS: JAMIL KUBRUK

O MONSTRO DA PORTA DA FRENTE A DIGNA BRASIL | 75' 27.11 15H /11.27 3PM YOUTUBE @SESCSP INSTAGRAM @SESCAOVIVO LIVRE/ALL AGES/LIBRE

ADIGNA.COM | @ADIGNA.SP

DIREÇÃO/DIRECTION/ DIRECCIÓN Kiko Marques DRAMATURGIA/ DRAMATURGY/ DRAMATURGIA Victor Nóvoa ELENCO/CASTING/ ACTORES Ana Vitória Bella Caio Marinho Helena Cardoso Luís Mármora TRILHA SONORA E DIREÇÃO MUSICAL/ SOUNDTRACK AND MUSICAL DIRECTION/

BANDA SONORA Y DIRECTOR MUSICAL Carlos Zimbher ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO/DIRECTION ASSISTANT/ASISTENTE DE DIRECCIÓN Mateus Menezes CRIAÇÃO DE LUZ/LIGHT CREATION/ILUMINACIÓN Lui Seixas DIREÇÃO DE ARTE/ART DIRECTION/DIRECTOR DE ARTE Eliseu Weide

PARCERIAS E APOI0/ PARTNERSHIPS AND SUPPORT/SOCIOS Y SOPORTE Espetáculo contemplado pelo ProAC 2019 de Produção Temporada de Espetáculos Inéditos para o Público Infantojuvenil/ Show contemplated by ProAC 2019 of Production and Season of Unpublished

Shows for the Children's Audience/ Espectáculo contemplado por ProAC 2019 de Producción y Gira con Ediciones Especiales para el Público Infantojuvenil

42


O MONSTRO DA PORTA DA FRENTE

A pesquisa da companhia paulistana A Digna em torno das relações humanas nos grandes centros urbanos adentra os cinemas de bairro em vias de desaparecimento. O Monstro da Porta da Frente, dirigido por Kiko Marques, convida o público infantil para revisitar a história e a memória desses pontos de diversão e encontro da comunidade. A proposta da companhia é que as crianças não apenas assumam as poltronas, mas também tomem para si o papel de protagonistas. Isso se dá pela dupla que conduz o espetáculo: Laura, a menina que faz um filme com seu celular, e Lanterninha, um fantasma, lembrança ou alucinação que encarna a memória viva do antigo cinema. A menina é quem bate perna coletando depoimentos dos moradores da região e investe energeticamente contra os novos proprietários do prédio, que querem transformá-lo em uma loja de produtos de plástico;

PT

Lanterninha, em paralelo, responde pelo tom apologético dos “velhos tempos”. Juntos, os dois personagens reúnem diferentes tempos no palco – o do passado harmônico, o do presente desmonte da comunidade e o da fantasia. A dramaturgia alterna esses momentos e aposta em recursos próprios do cinema, criando cenas de gêneros como o terror e o musical, remetendo a trilhas sonoras icônicas e postando, no meio do palco, uma moldura que faz as vezes de telona e enquadra as criações de Laura. Para reforçar seu ponto de vista sobre a relação intrínseca entre arte e sociedade, o espetáculo cria antagonismos: como aquele entre a manufatura, associada à arte e presente no cenário, versus o consumo, simbolizado pelas “soluções em plástico” que estão tomando conta de tudo – inclusive do figurino dos vilões.

A DIGNA EM SEUS 11 ANOS, A COMPANHIA PAULISTANA INVESTIGA O ESPAÇO DA CIDADE EM PERFORMANCES E ESPETÁCULOS. EM 2021, ALÉM DE APRESENTAR O MONSTRO DA PORTA DA FRENTE, O GRUPO FINALIZA UMA TRILOGIA DE ESPETÁCULOS ADULTOS SOBRE OS EFEITOS DA GENTRIFICAÇÃO EM SÃO PAULO.

A DIGNA | BRASIL

43


THE FRONT DOOR MONSTER

The research of the São Paulo’s company, A Digna, about the human relations in large urban centers enters the neighborhood cinemas that are about to disappear. O Monstro da Porta da Frente, directed by Kiko Marques, invites the children’s audience to revisit the history and memory of these points of community hangout and fun. Not only the company’s proposal is for the kids to take their seats but to play the protagonist role. This happens through the hands of the couple running the show: Laura, the girl that makes a movie on her smartphone, and the Usher, a ghost, a remembrance, or hallucination that incarnates the live memory of the old cinema. The girl is who strolls around collecting the testimonials of residents of the regions and vigorously invests against the new owners of the building who want to transform it into a store of plastic products. The Usher, in parallel, responds to the “oldtimes” apologetic tone. Together, the two characters gather different times on the stage - the harmonious past, the present of community dismantle, and the fantasy. The dramaturgy toggles these moments and bets on the cinema’s own resources, creating genre scenes like terror and

EN

musical, referring to iconic soundtracks, and posting in the center of the stage, a frame that acts as the big screen and frames Laura’s creations. To reinforce its point of view about the intrinsic relationship between art and society, the show creates antagonisms such as the one between manufacture, associated with art and present on the stage, versus consumption, symbolized by the “plastic solutions” that are taking over everything - including the villains’ costume.

A DIGNA IN ITS ELEVEN YEARS, THE COMPANY FROM SÃO PAULO INVESTIGATES THE CITY’S SPACE WITH PERFORMANCES AND SHOWS. IN 2021, BESIDES EXHIBITING O MONSTRO DA PORTA DA FRENTE, THE GROUP CLOSES A TRILOGY OF ADULT SHOWS ABOUT THE EFFECTS OF GENTRIFICATION IN SÃO PAULO.

A DIGNA | BRASIL

44


EL MONSTRUO DE LA PUERTA PRINCIPAL

La investigación de la compañía paulistana A Digna en torno de las relaciones humanas en los grandes centros urbanos ingresa a los cines de barrio en pleno proceso de extinción. O Monstro da Porta da Frente, dirigido por Kiko Marques, invita al público infantil para revisitar la historia, la memoria de esos puntos de diversión y el encuentro de la comunidad. La propuesta de la compañía es que los niños no solo cumplan un espacio en las butacas, sino que asuman el papel de protagonistas.

ES

Esta magia ocurre de la mano de la dirección de espectáculo: Laura, la niña que filma su película desde un celular, y Lanterninha, un fantasma, con recuerdos o alucinaciones que enfrentan a la memoria viva del antiguo cine. La niña es quien golpea la pierna recolectando testimonios de los vecinos de la región e invierte enérgicamente en contra de los nuevos propietarios para el edificio, que desean transformarlo en una tienda de productos de plástico; Lanterninha, en paralelo, atiende por el tono apologético de “viejos tiempos”. Juntos, los dos personajes unifican distintos tiempos en el escenario: el pasado armónico con el presente desarmado de la comunidad y el universo de la fantasía. La dramaturgia intercambia esos momentos y apuesta en recursos propios del cine, al crear escenas de géneros como terror y musicales, llevando las bandas sonoras icónicas y poniendo, en el centro del escenario, una moldura que cumple el rol de una gran pantalla y se encaja en las creaciones de Laura. Para reforzar su punto de vista sobre las relaciones intrínsecas entre el arte y la sociedad, el espectáculo genera antagonismos: como aquel entre la producción que está asociada al arte y el presente en el escenario, versus el consumo, que está simbolizado por “soluciones en plástico” que están cada vez más presente en todo, incluso en el vestuario de los villanos de la obra.

A DIGNA EN SUS 11 AÑOS, LA COMPAÑÍA PAULISTANA INVESTIGA EL ESPACIO DE LA CIUDAD CON PERFORMANCES Y ESPECTÁCULOS. EN EL AÑO 2021, ADEMÁS DE PRESENTAR O MONSTRO DA PORTA DA FRENTE, LOS PROFESIONALES DE LA TRILOGÍA DE ESPECTÁCULOS PARA ADULTOS SOBRE LOS EFECTOS DE LA GENTRIFICACIÓN EN LA CIUDAD DE SÃO PAULO.

A DIGNA | BRASIL

45


IGOR MORENO

PRELUDIO, FICCIONES DEL SILENCIO DIANA DAF COLLAZOS

25.11 21H /11.25 9PM YOUTUBE@SESCSP INSTAGRAM@SESCAOVIVO 14

PERU | 60' IDEALIZAÇÃO, DIREÇÃO E PERFORMANCE/ IDEALIZATION, DIRECTION AND PERFORMANCE/ IDEALIZACIÓN, DIRECCIÓN Y PERFORMANCE Diana Daf Collazos PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCTORES Diana Castro Sánchez

ASSESSORIA DRAMATÚRGICA/ DRAMATURGICAL ASSISTANCE/ASESORÍA EN DRAMATURGIA Miguel Rubio Zapata DIREÇÃO DOS VÍDEOS/ VIDEO DIRECTION/ DIRECTOR DE VÍDEOS Carlos Sánchez Diana Daf Collazos

DIRETOR TÉCNICO/ TECHNICAL DIRETOR/ DIRECTOR TÉCNICO Igor Moreno SOM/SOUND/SONIDO José Carlos Valencia MÚSICA/MUSIC/MÚSICA Erick del Aguila ASSISTÊNCIA GERAL/ GENERAL ASSISTANCE/ ASISTENCIA GENERAL Josselin Urco

PARTICIPAÇÃO/ PARTICIPATION/ PARTICIPACIÓN Martha Palomino PARCERIAS E APOIOS/ PARTNERSHIPS AND SUPPORT/SOCIOS Y SOPORTE Ganhador do Fondo de Estímulos para la Cultura 2019, do Ministério de Cultura do Peru/ Winner of the Fondo

de Estímulos para la Cultura 2019, of the Ministry of Culture of Peru/ Ganadora del Fondo de Estímulos para la Cultura 2019, del Ministerio de Cultura del Perú

Centro Cultural de la Universidad del Pacífico elgalpon.espacio Asociación Cultural Bombillo, Técnica para Espectáculos Escénicos

Apoio do Centro Cultural de la Universidad del Pacífico/Apoyo del

DIANADAFCOLLAZOS.COM | @DIANADAFNIS @PRELUDIO_FICCIONES_DELSILENCIO

46


PRELUDIO, FICCIONES DEL SILENCIO

DIANA DAF COLLAZOS | PERU

KIRK NOESDEAKI

Psicomagia, diria o artista e terapeuta chileno Alejandro Jodorowsky; autoficção, sugeririam os dramaturgos contemporâneos. Diana Daf acredita que “desejo” resuma sua obra: desejo de tirar uma foto que você não pôde, desejo de uma mãe de encontrar um filho desaparecido, desejo de um pai de ter uma filha... Em Preludio, Ficciones del Silencio, a artista interdisciplinar peruana investiga suas memórias familiares, mais ou menos ficcionais, para refletir sobre os silêncios em torno da morte e do luto em seu país. Ela parte do seu próprio silêncio: uma mudez progressiva devido à ausência de uma corda vocal. É seu corpo, então, que fala, em performances que ritualizam a morte, o enterro e o processo de luto de seu avô, sua avó e seu pai. Nessa reunião familiar, acaba ampliando o sentido do silêncio, incorporando a ele aspectos culturais, sociais e de gênero. A herança, como palavra que resume a transmissão de um passado para este presente e possíveis futuros, é central na obra; ela figura em vídeos caseiros, fotografias de família e nas viagens para o passado e para outras cidades do Peru, regiões de origem de sua família. Esse material ultrapassa a ideia de arquivo ao ser trabalhado pelo corpo da atriz nas já mencionadas performances; em um dos trechos, Daf aplica tinta branca em uma tela preta para que o vídeo projetado seja a cada vez mais visível, em um gesto similar e oposto ao de um apagamento físico e da memória. Tais ações se somam a cenas filmadas que complementam e contrastam com o que a performer realiza no palco. Uma narração que ela mesma fez, antes de perder completamente a voz, organiza a narrativa, ao lado de frases que digita num computador. A abundância de materiais e recursos e a manipulação disso tudo pela artista sozinha no palco traduzem seu esforço para transformar desejos em ações concretas e apagamentos, em voz.

PT

DIANA DAF COLLAZOS DIRETORA AUDIOVISUAL, PERFORMER E GESTORA CULTURAL, A ARTISTA INTERDISCIPLINAR PERUANA TRABALHA A PARTIR DO CORPO COMO CRIADOR DE MEMÓRIAS E REALIZA AÇÕES QUE PROBLEMATIZAM O ESPAÇO PÚBLICO.

47


PRELUDE, FICTIONS OF SILENCE

Psychomagic, the Chilean artist and therapist Alejandro Jodorowsky would say; autofiction, the contemporary playwright, would suggest. Diana Daf believes that the “desire” summarizes her work: desire to take a picture that you never could, desire of a mother to find the missing child, desire of a father to have a baby girl… In Preludio, Ficciones del Silencio, the Peruvian interdisciplinary artist investigates family memories, somewhat fictional, to reflect on the silences around death and grief in her country. She goes from her own silence: a progressive muteness due to the absence of one vocal cord. Her body speaks in performances that ritualize death, the burial, and the mourning process of her grandfather, grandmother, and father. In this family reunion, she amplifies the meaning of silence, incorporating cultural, social, and gender aspects. The legacy, as a word that summarizes the transmission of a past to the present and possible futures, is the core of the work. It is present in homemade videos, family photographs, and trips to the past and other Peruvian cities, regions of the family’s origin.

EN

This material goes beyond the idea of a file to be worked by the actress’ body in the mentioned performances. In one part, Daf applies white ink on a black screen, so the video projected becomes more visible in a gesture similar to and opposed to the physical and memory erasing. Those actions add up to the scenes shot that complement and contrast with what the performer is doing on the stage. A narration that she recorded before completely losing her voice. The narrative is organized beside the sentences she types on the computer. The abundance of materials and resources and the manipulation of all these by the artist alone on the stage translate her effort to transform desires into concrete actions and erasing in the voice.

DIANA DAF COLLAZOS AUDIOVISUAL DIRECTOR, PERFORMER, AND CULTURAL MANAGER, THE PERUVIAN INTERDISCIPLINARY ARTIST, WORKS FROM THE BODY AS THE CREATOR OF MEMORIES AND PERFORMS ACTIONS THAT PROBLEMATIZE THE PUBLIC SPACE.

DIANA DAF COLLAZOS

DIANA DAF COLLAZOS | PERU

48


PRELUDIO, FICCIONES DEL SILENCIO

Psicomagia, diría el artista y terapeuta chileno Alejandro Jodorowsky; autoficción, sugieren los dramaturgos contemporáneos. Diana Daf cree que el “deseo” resume su obra: deseo de sacar una foto en la que no se pudo, deseo de una madre de reencontrar a su hijo desaparecido, deseo de un padre de tener una hija... En Preludio, Ficciones del Silencio, la artista interdisciplinaria peruana investiga sus memorias familiares, más o menos de ficciones, con el objetivo de reflexionar sobre los silencios que la muerte trae y el luto de su país. Ella parte de su propio silencio: un profundo silencio en función de la ausencia de una cuerda vocal. Es su cuerpo, entonces, que habla, en la performance que expresa la muerte, el entierro y el proceso de luto de su abuelo, de su abuela y de su padre. En esa reunión familiar resulta aumentar el sentido del silencio, al incorporar a él aspectos culturales, sociales y de género. La herencia, como palabra que resume la transmisión de un pasado y el presente con posibles futuros, es el alma de la obra. Ella figura en vídeos caseros,

ES

fotografías de familia y en viajes al pasado y a otras ciudades del Perú, regiones de origen de su familia. Ese material sobrepone la idea de archivo al tratar el cuerpo de la actriz en las ya informadas performances; en una de las partes, Daf pinta de blanco una pantalla negra para que el vídeo se proyecte con mejor visibilidad, en un gesto semejante y opuesto a lo de un olvido físico y de memoria. Dichas acciones se suman a las escenas filmadas que complementan y contrastan con lo que la intérprete se desarrolla en el escenario. Una narrativa que ella misma hace, antes de perder completamente su voz, pues organiza la narrativa, al lado de frases que escribe en una computadora. La exuberancia de materiales, recursos y manipulación de todos esos elementos, la artista sola en el escenario traduce su esfuerzo con el objetivo de transformar deseos en acciones concretas y los olvidos de su voz.

KIRK NOESDEAKI

CARLOS SÁNCHEZ

DIANA DAF COLLAZOS DIRECTORA AUDIOVISUAL, INTÉRPRETE Y GESTORA CULTURAL. LA ARTISTA INTERDISCIPLINARIA PERUANA TRABAJA DESDE SU CUERPO COMO FORMA CREADORA DE MEMORIAS Y LLEVA A CABO ACCIONES QUE ABORDAN AL PROBLEMA Y EL ESPACIO PÚBLICO.

DIANA DAF COLLAZOS | PERU

49


24 – 28.11 11.24 – 28 PLATAFORMA SESC DIGITAL

PLINIO LEITE DAL FARRA

RECONCILIAÇÃO ALEXANDRE DAL FARRA E PATRÍCIA PORTELA

16

BRASIL | PORTUGAL | 60' DIREÇÃO, DRAMATURGIA E TEXTOS/DIRECTION, PLAYWRIGHT, AND TEXT/DIRECCIÓN, DRAMATURGIA Y TEXTOS Alexandre Dal Farra Patrícia Portela PERFORMERS, COCRIADORES/ PERFORMERS AND CO-CREATORS/ PERFORMERS, COCREADORES Célia Fechas Clayton Mariano

CONVIDADO/GUEST/ INVITADO Nicolas Fernando de Warren COMPOSIÇÃO MUSICAL E INTERPRETAÇÃO/ MUSICAL COMPOSITION AND PERFORMANCE/ COMPOSICIÓN MUSICAL E INTERPRETACIÓN Gabriel Ferrandini TRILHA SONORA GLACIAR/GLACIER SOUNDTRACK/BANDA SONORA GLACIAR Sérgio Hydalgo

CINEMATOGRAFIA/ CINEMATOGRAPHY/ CINEMATOGRAFÍA Leonardo Simões (Portugal) Otávio Dantas (Brasil) Patrícia Portela (Bélgica) EDIÇÃO DE VÍDEO/VIDEO EDITING/EDICIÓN DE VÍDEO Patrícia Portela Tomás Pereira

GRAVAÇÃO E EDIÇÃO DE SOM/AUDIO RECORDING AND EDITING/ GRABACIÓN Y EDICIÓN DE SONIDO Hélder Nelson (Gabriel Ferrandini) Kellzo (Célio Fechas) APOIO À PRODUÇÃO/ PRODUCTION SUPPORT/APOYO A LA PRODUCCIÓN Sérgio Hydalgo

PÓS-PRODUÇÃO/POSTPRODUCTION/POSTPRODUCCIÓN Irmã Lucia Efeitos Especiais AGRADECIMENTOS/ ACKNOWLEDGMENT/ AGRADECIMIENTOS Diego Aramburo Mónica Coteriano Patrícia García Zoë Portela de Boeck PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN Prado Produções

COPRODUÇÃO/ CO-PRODUCTION/ COPRODUCCIÓN Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (Fitei) PARCERIAS E APOIOS/ PARTNERSHIPS AND SUPPORTS/ASOCIACIÓN Y APOYOS DGArtes – República Portuguesa

PATRICIAPORTELA.PT | ALEXANDREDALFARRA.COM.BR | @PEIXINHO_DA_HORTA @CLAYTON_MARIANO @CELIA_FECHAS

50


RECONCILIAÇÃO

Podemos nos reconciliar sem aceitar nem entender? A pergunta, colocada por Patrícia Portela numa conversa com o filósofo Nicolas de Warren, fica sem resposta neste média-metragem, primeira etapa do projeto iniciado em 2018 pela artista portuguesa e por Alexandre Dal Farra. Reconciliação justapõe cinco quadros independentes para, num expurgo, colocar questões prementes de nosso tempo, mais ou menos diretamente. De um lado, há essa conversa entre Portela e De Warren que versa sobre a pandemia de covid-19, a tecnologia que cria a ilusão de estar juntos, o mundo transformado num delivery, a crise climática, a possibilidade de extinção; também abordando de frente nosso contexto, um ator caminha pela cidade escura vociferando contra a ascensão da extrema direita, apreensivo e impotente. De outro lado, compondo com esses quadros, um longo solo de percussão e

PT

imagens de um iceberg derretendo e colapsando, assim como uma conversa telefônica um pouco desencontrada, expandem as ideias que permeiam a obra em torno do conceito de reconciliação. O vídeo, apresentado no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica de Portugal (Fitei), é a primeira consolidação de uma pesquisa que teve início em 2018 com a perspectiva de resultar em um espetáculo presencial; diante de obstáculos colocados pela pandemia de covid-19, o projeto se transforma e se reconfigura a cada momento; depois de Reconciliação, desemboca em um segundo vídeo, Trauma, em diálogo com este primeiro e exibido na Ocupação Mirada 2021. Como no primeiro, este outro média-metragem aborda o trauma e a reconciliação, contornando os temas em um tratamento mais oblíquo. Os artistas seguem trabalhando, buscando novas configurações para sua pesquisa.

ALEXANDRE DAL FARRA DIRETOR, DRAMATURGO E ESCRITOR, TRABALHOU COM DIFERENTES GRUPOS E DIRETORES BRASILEIROS E ESTRANGEIROS. COM O TABLADO DE ARRUAR, ESCREVEU E CODIRIGIU A “TRILOGIA ABNEGAÇÃO”, SOBRE O LUGAR DO PENSAMENTO POLÍTICO E DA ESQUERDA BRASILEIRA NA ATUALIDADE. PATRÍCIA PORTELA ESCRITORA, DRAMATURGA E AUTORA DE PERFORMANCES, A ARTISTA VIVE ENTRE PORTUGAL E BÉLGICA. É DIRETORA ARTÍSTICA DO TEATRO VIRIATO, EM VISEU, PORTUGAL, E AUTORA DOS ROMANCES DIAS ÚTEIS E HÍFEN, ENTRE OUTROS.

ALEXANDRE DAL FARRA E PATRÍCIA PORTELA | BRASIL E PORTUGAL

51


RECONCILIATION

Can we reconcile without accepting or understanding? The question, made by Patrícia Portela in a conversation with the philosopher Nicolas de Warren, is left unanswered in this medium-length film, the first step of the project that started in 2018 by the Portuguese artist and Alexandre Dal Farra. Reconciliação [Reconciliation] juxtaposes five independent pictures and, in a purge, makes questions pressing of our time, more or less directly. On the one side, there is this talk between Portela and De Warren about the covid-19 pandemic, the technology that creates the illusion of being together, the world turned into delivery, the climatic crisis, the possibility of extinction; also addressing our context head-on, an actor walks in the dark city, shouting against the far-right ascension, apprehensive and powerless. On the other side, forming these pictures, a long percussion solo and images of an iceberg melting and collapsing, like a phone call that is a bit in disagreement, expand the ideas permeating the work around the reconciliation concept. The video, presented at the Portugal International Festival of Iberian Expression Theater (Fitei), is the first consolidation of research that started in 2018 with the perspective of resulting in an in-person performance; in the face of the obstacles due to the covid-19 pandemic, the project transforms itself and reconfigures at every moment; after Reconciliação, it results in a second video, Trauma, dialoguing with this first one and featured at Mirada Occupation 2021. Just like in the first one, this other medium-length film addresses trauma and reconciliation, outlining the themes in a more oblique treatment. The artists continue working, seeking new configurations for their research.

EN

JOÃO PEIXOTO

ALEXANDRE DAL FARRA DIRECTOR, PLAYWRIGHT, AND WRITER WORKED WITH DIFFERENT BRAZILIAN AND FOREIGN GROUPS AND DIRECTORS. WITH THE TABLADO DE ARRUAR, HE WROTE AND CO-DIRECTED THE “TRILOGIA ABNEGAÇÃO” [ABNEGATION TRILOGY] ABOUT THE CURRENT POLITICAL THINKING AND THE BRAZILIAN LEFT-WING. PATRÍCIA PORTELA WRITER, PLAYWRIGHT, AND AUTHOR OF PERFORMANCES, THE ARTIST LIVES BETWEEN PORTUGAL AND BELGIUM. SHE IS THE ARTISTIC DIRECTOR OF TEATRO VIRIATO, IN VISEU, PORTUGAL, AND WRITER OF THE NOVEL DIAS ÚTEIS [USEFUL DAYS] AND HIFEN, AMONG OTHERS.

ALEXANDRE DAL FARRA AND PATRÍCIA PORTELA | BRAZIL AND PORTUGAL

52


RECONCILIACIÓN

ES

Por un lado, está el diálogo entre Portela y De Warren, que trata sobre la pandemia de covid-19, la tecnología - que crea una ilusión de estar juntos, el mundo transformado en un delivery, la crisis climática, la posibilidad de extinción; también abordando de frente nuestro contexto, un actor camina por la ciudad escura vociferando contra la ascensión de la extrema derecha, aprensivo e impotente. Por otro lado, en una composición con esos cuadros, oímos un largo solo de percusión y vemos imágenes de un iceberg derritiéndose y colapsando, y una conversación telefónica un tanto discorde, que expanden las ideas que la obra intercala en torno del concepto de reconciliación. El vídeo, presentado en el Festival Internacional de Teatro de Expresión Ibérica de Portugal (Fitei), es la primera consolidación de un estudio comenzado en 2018 con la perspectiva de tornarse un espectáculo presencial; pero frente a los obstáculos colocados por la pandemia de covid-19, el proyecto se transforma y se reconfigura a cada momento. Después de Reconciliación, continúa con un segundo vídeo, Trauma, en diálogo con este primero y exhibido en Ocupación Mirada 2021. Como en ese primero, este otro mediometraje aborda el trauma y la reconciliación, contornando los temas con un tratamiento más sesgado. Los artistas continúan trabajando, buscando nuevas configuraciones para su pesquisa.

¿Podemos reconciliarnos sin aceptar ni entender? La pregunta, formulada por Patrícia Portela durante un diálogo con el filósofo Nicolas de Warren, queda sin respuesta en este mediometraje, primera etapa del proyecto iniciado en 2018 por la artista portuguesa y por Alexandre Dal Farra. Reconciliación yuxtapone cinco cuadros independientes para, en un expurgo, colocar cuestiones urgentes de nuestro tiempo, de manera más o menos directa.

ALEXANDRE DAL FARRA DIRECTOR, DRAMATURGO Y ESCRITOR, TRABAJÓ CON DIFERENTES GRUPOS Y DIRECTORES BRASILEÑOS Y EXTRANJEROS. CON EL TABLADO DE ARRUAR, ESCRIBIÓ Y CODIRIGIÓ LA “TRILOGÍA ABNEGACIÓN”, SOBRE EL LUGAR DEL PENSAMIENTO POLÍTICO Y LA IZQUIERDA BRASILEÑA EN LA ACTUALIDAD. PATRÍCIA PORTELA ESCRITORA, DRAMATURGA Y AUTORA DE PERFORMANCES, LA ARTISTA VIVE ENTRE PORTUGAL Y BÉLGICA. ES DIRECTORA ARTÍSTICA DEL TEATRO VIRIATO, EN VISEU, PORTUGAL, Y AUTORA DE LOS LIBROS DIAS ÚTEIS Y HÍFEN (DÍAS ÚTILES Y GUIÓN) ENTRE OTROS.

ALEXANDRE DAL FARRA Y PATRÍCIA PORTELA | BRASIL Y PORTUGAL

53


FOTOS/PHOTOS: NANA MORAES

SEM PALAVRAS COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO

24 – 25.11 21H /11.24 – 25 9PM TEATRO SESC SANTOS 16

BRASIL | 110' DIREÇÃO E TEXTO/DIRECTOR AND TEXT/DIRECCIÓN Y TEXTO Marcio Abreu DRAMATURGIA/PLAYWRIGHT/DRAMATURGIA Marcio Abreu | Nadja Naira ELENCO/CAST/ELENCO Fábio Osório Monteiro | Giovana Soar | Kauê Persona | Kenia Dias | Key Sawao | Rafael Bacelar | Viní Ventanía Xtravaganza | Vitória Jovem Xtravaganza DIREÇÃO DE PRODUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO/PRODUCTION DIRECTOR AND MANAGERS/DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN Y ADMINISTRACIÓN Cássia Damasceno | José Maria ILUMINAÇÃO E ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO/LIGHTING AND DIRECTOR ASSISTANT/ILUMINACIÓN Y ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Nadja Naira DIREÇÃO MUSICAL E TRILHA SONORA ORIGINAL/ MUSIC DIRECTOR AND ORIGINAL SOUNDTRACK/DIRECCIÓN MUSICAL Y BANDA SONORA ORIGINAL Felipe Storino DIREÇÃO DE MOVIMENTO/MOTION DIRETOR/DIRECCIÓN DE MOVIMIENTO Kenia Dias CENOGRAFIA/SET DESIGN/ESCENOGRAFÍA Marcelo Alvarenga | Play Arquitetura FIGURINOS/COSTUMES/VESTUARIO Luiz Cláudio Silva | Apartamento 03 VÍDEOS Batman Zavareze CAPTAÇÃO E EDIÇÕES DAS IMAGENS/CAPTACIÓN Y EDICIÓN DE IMÁGENES João Oliveira FOTOS Nana Moraes DOCUMENTÁRIO – DIREÇÃO E FOTOGRAFIA/DOCUMENTAL – DIRECCIÓN Y FOTOGRAFÍA Clara Cavour PROGRAMAÇÃO VISUAL/PROGRAMACIÓN VISUAL Pablito Kucarz COLABORAÇÃO ARTÍSTICA/COLABORACIÓN ARTÍSTICA Aristeu Araújo | Cássia Damasceno | Clara Cavour | Grace Passô | Helena Vieira | José Maria | Rodrigo Bolzan TÉCNICO DE LUZ, VÍDEO E TRANSMISSÃO/TÉCNICO DE LUZ, VÍDEO Y TRANSMISIÓN Ricardo Barbosa TÉCNICO DE SOM/TÉCNICO DE SONIDO Chico Santarosa TÉCNICO DE PALCO/ TÉCNICO DE ESCENARIO Iuri Wander | Vitor Manuel DISTRIBUIÇÃO INTERNACIONAL/DISTRIBUCIÓN INTERNACIONAL Plan B – Creative Agency for Performing Arts INTÉRPRETES DE LIBRAS/INTÉRPRETES DE LIBRAS Jadson Abraão | Jhonatas Narciso dos Reis Bezerra | Laura Silva Mello de Alcantara | Lorraine Mayer Germano AUDIODESCRIÇÃO/AUDIO-DESCRIPCIÓN Graciela Pozzobon da Costa | Maria Thalita de Paula ASSESSORIA DE IMPRENSA/ASESORÍA DE PRENSA Márcia Marques | Canal Aberto ASSISTENTES DE COMUNICAÇÃO/ASISTENTES DE COMUNICACIÓN Daniele Valério | Diogo Locci COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO RJ/COORDINACIÓN DE PRODUCCIÓN RJ Miriam Juvino PRODUÇÃO EXECUTIVA RJ/PRODUCCIÓN EXECUTIVA RJ Miriam Juvino | Valéria Luna ASSISTENTE DE PRODUÇÃO RJ/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN RJ Ananias de Caldas ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA RJ/ADMINISTRACIÓN FINANCIERA RJ Valéria Luna ASSESSORIA JURÍDICA E CONTÁBIL RJ/ASESORÍA JURÍDICA Y CONTABLE RJ Francisco Gomes | Lilian Santiago | COARTE PRODUÇÃO/PRODUCTION/PRODUCCIÓN Companhia brasileira de teatro COPRODUÇÃO/COPRODUCCIÓN A Gente Se Fala Produções Artísticas – Rio de Janeiro/BR | Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt am Main/GE | Théâtre Dijon Bourgogne – Centre Dramatique National/ FR CORREALIZAÇÃO/CO-PRODUCER/REALIZACIÓN CONJUNTA CON Centro Cultural Oi Futuro PARCERIAS E APOIOS/SUPPORT/ASOCIACIÓN Y APOYO Passages Transfestival

COMPANHIABRASILEIRA.ART.BR | @CIABRASILEIRA

54


SEM PALAVRAS

“A travessia é o lugar da incerteza, da não evidência, do estranho. E isso não é uma fraqueza, é uma potência”, escreve o filósofo espanhol Paul B. Preciado em Um Apartamento em Urano – Crônicas da Travessia. O livro inspira o novo trabalho da companhia brasileira de teatro, que segue pensando perspectivas e imagens do Brasil, como nos espetáculos recentes PROJETO bRASIL e Preto. Nesta obra, o diretor Marcio Abreu coloca corpos diversos em circulação no palco – um apartamento – ao longo de um dia. São microcosmos de passagem, que se encontram e resultam em uma coletividade do futuro, visionária. As crônicas de travessia se sucedem com ou sem palavras: teatro, dança, performance e música narram histórias independentes que ainda não foram contadas e estão contidas nesses corpos. Os oito performers falam de situações-limite, identidade de gênero, violência, amor, consumo, entre tantos outros temas. Eles configuram uma multiplicidade de modos de existência, enxergando esse lugar de trânsito como

PT

lugar a ser habitado. Articulam-se política, poética e ética, em nome da convivência. No contexto de violência, conservadorismo e empobrecimento crescentes, e diante da pandemia de covid-19, o espetáculo se torna também um testemunho e uma asserção. Diz a performer Viní Ventanía Xtravaganza: “Nós viemos de um país em ruínas. Escapamos. Obstinação ou privilégio? Os dois. Ou sorte, antes de tudo”. Sem Palavras declara sua consciência de um esgotamento dos discursos hegemônicos e busca uma outra linguagem que dê conta de novas experiências e corpos, de nosso presente em constante reformulação.

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO FUNDADO PELO DIRETOR E DRAMATURGO MARCIO ABREU EM 2000, O COLETIVO PESQUISA NOVAS FORMAS DE ESCRITA E LINGUAGEM E PRODUZIU ESPETÁCULOS COMO PROJETO BRASIL E PRETO, EM TORNO DE QUESTÕES POLÍTICAS E SOCIAIS DO BRASIL CONTEMPORÂNEO.

Metz/FR

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO | BRASIL

55


WORDLESS

“A crossing is a place of uncertainty, of the non-evident, of the bizarre. This is not meant as a weakness, but a potency”, writes the Spanish philosopher Paul B. Preciado in An apartment in Uranus– Chronicles of a journey. The book inspires the most recent work of companhia brasileira de teatro, on its recurring theme of perspectives and images of Brazil, as in its previous plays PROJETO bRASIL e Preto. In this work, director Marcio Abreu shows several bodies on stage who keep walking around (the apartment) for a whole day. They are the microcosmos of crossings - they meet and form a visionary collectivity of the future The chronicles of crossings go on, one after the other, with or without words: theatre, dance, performance, and music tell independent stories that have not yet been told yet are contained in those bodies. The eight performers talk about limit situations, gender identity, violence, love, consumerism, and many other issues. They represent the multiple ways of existence and view that place as a transit space to be

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO | BRASIL

EN

inhabited. Policy, poetics, and ethics are articulated for the sake of co-living. In the context of current increasing violence, conservatism and impoverishment, and Covid-19 pandemics, the play also becomes testimonial and assertive. Says performer Viní Ventanía Xtravaganza: “We have come from a ruined country. We escaped. Obstinacy or privilege? Both. Or rather a bit of luck, before anything else.” Sem Palavras clearly states that hegemonic discourses have become senseless, and there is a search for another language able to express new experiences and new bodies, the present time in continuous reformulation. COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO FOUNDED IN 2002 BY PLAYWRIGHT AND DIRECTOR MARCIO ABREU, THE COLLECTIVE RESEARCHES NEW FORMS OF WRITING AND LANGUAGE. IT HAS PRODUCED PLAYS LIKE PROJETO BRASIL AND PRETO, WHICH DEAL WITH POLITICAL AND SOCIAL ISSUES IN CONTEMPORARY BRAZIL.

56


SIN PALABRAS

“La travesía es lugar da incertidumbre, de no evidencia, de extrañeza. Y eso no es una debilidad, es una potencia”, escribe el filósofo español Paul B. Preciado en Un Apartamento en Urano – Crónicas del Cruce. El libro inspira el nuevo trabajo de la companhia brasileira de teatro, que continúa pensando en perspectivas e imágenes del Brasil, como en sus recientes espectáculos PROJETO bRASIL y Preto. En esta obra, el director Marcio Abreu coloca diversos cuerpos en circulación en el escenario – un apartamento – a lo largo de un día. Son microcosmos que están de paso, que se encuentran y originan una colectividad del futuro, visionaria. Las crónicas de esa travesía se suceden con o sin palabras: teatro, danza, performance y música narran historias independientes aún sin contar, y que están contenidas en esos cuerpos. Los ocho performers hablan de situaciones límite, identidad de género, violencia, amor, consumo, entre tantos otros temas. Configuran una multiplicidad de modos de existencia, viendo ese lugar de tránsito como un lugar a ser

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO | BRASIL

ES

habitado. En nombre de la convivencia, se articulan, política, poética y éticamente. En un contexto de violencia, conservadurismo y empobrecimiento creciente, y frente a la pandemia de covid-19, el espectáculo se torna también un testimonio y una aserción. Dice la performer Viní Ventanía Xtravaganza: “Nosotros vinimos de un país en ruinas. Escapamos. ¿Obstinación o privilegio? Ambos. O suerte, antes de todo”, Sin Palabras declara su toma conciencia de un agotamiento de los discursos hegemónicos y busca otro lenguaje que atienda nuevas experiencias y cuerpos, de nuestro presente en constante reformulación.

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO FUNDADA POR EL DIRECTOR Y DRAMATURGO MARCIO ABREU EN 2000, EL COLECTIVO BUSCA NUEVOS FORMATOS DE ESCRITURA Y ORALIDAD, Y YA PRODUJO ESPECTÁCULOS COMO PROJETO BRASIL Y PRETO, QUE TRATAN SOBRE CUESTIONES POLÍTICAS Y SOCIALES DEL BRASIL CONTEMPORÁNEO.

57


BRASIL | 150'

26 – 27.11 19H /11.26 – 27 7PM COMPLEXO ESPORTIVO E RECREATIVO REBOUÇAS 27.11 19H /11.27 7PM YOUTUBE @SESCSP INSTAGRAM @SESCAOVIVO 14

FOTOS/PHOTOS: JOÃO CALDAS

SUEÑO NEWTON MORENO

DRAMATURGIA E DIREÇÃO GERAL/PLAYWRIGHT AND GENERAL DIRECTOR/DRAMATURGIA Y DIRECCIÓN GENERAL Newton Moreno DIREÇÃO DE PRODUÇÃO/PRODUCTION DIRETOR/DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN Emerson Mostacco DIREÇÃO MUSICAL/MUSIC DIRETOR/DIRECCIÓN MUSICAL Gregory Slivar DIREÇÃO DE MOVIMENTOS/MOTION DIRETOR/DIRECCIÓN DE MOVIMIENTOS Erica Rodrigues ELENCO/CAST/ELENCO Denise Weinberg | José Roberto Jardim | Leopoldo Pacheco | Michelle Boesche | Paulo de Pontes | Simone Evaristo | Gregory Slivar (músico ao vivo/live musician) DESENHO DE LUZ/LIGHT DESIGNER/DISEÑO DE LUZ Wagner Pinto FIGURINOS/WARDROBE/ VESTUARIO Chris Aizner | Leopoldo Pacheco CENÁRIO/SET DESIGNER ESCENARIO Chris Aizner VISAGISMO/STYLIST/VISAGISMO Leopoldo Pacheco ASSISTENTE DE DRAMATURGIA E PESQUISADOR/PLAYWRIGHT ASSISTANT AND RESEARCHER/ASISTENTE DE DRAMATURGIA E INVESTIGADOR Almir Martines ASSISTENTES DE DIREÇÃO/ASSISTANT DIRECTORS/ASISTENTES DE DIRECCIÓN Erica Rodrigues | Katia Daher (primeira etapa) ASSISTENTE DE PRODUÇÃO/ASSISTANT PRODUCER/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN Paulo Del Castro ASSISTENTE DE LUZ/LIGHTING ASSISTANT/ASISTENTE DE ILUMINACIÓN Gabriel Greghi ADEREÇOS E CENOTECNIA/UTENSILS AND SETTING/ACCESORIOS Y COMPOSICIÓN Y DESARROLLO DE ESCENARIOS Zé Valdir Albuquerque ESTRUTURA DE BOX TRUSS E ARQUIBANCADAS/BOX TRUSS STRUCTURES AND BLEACHERS/ESTRUCTURA DE BOX TRUSS Y TRIBUNAS Fernando Hilário Oliveira DESENHO DE SOM/SOUND DESIGNER/DISEÑO DE SONIDO Victor Volpi OPERADOR DE LUZ/LIGHTS OPERATOR/OPERADOR DE ILUMINACIÓN Gabriel Greghi | Vinícius Rocha Requena OPERADOR DE SOM E MICROFONE/SOUND AND MICS OPERATOR/OPERADOR DE SONIDO Y MICRÓFONO Victor Volpi PALESTRANTES/SPEAKERS/CONFERENCISTAS Ricardo Cardoso | Sérgio Módena ASSESSORIA DE IMPRENSA/PRESS RELATIONS/ASESORÍA DE PRENSA Douglas | Heloisa | Pombo Correio DESIGNER/DISEÑADOR Leonardo Nelli Dias FOTOS/STILLS/FOTOS João Caldas ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA/PHOTOGRAPHY ASSISTANT/ASISTENTE DE FOTOGRAFÍA Andréia Machado PRODUÇÃO AUDIOVISUAL/AUDIOVISUAL PRODUCTION/PRODUCCIÓN AUDIOVISUAL Ícarus APOIO PAISAGÍSTICO/ LANDSCAPING SUPPORT/APOYO PAISAJÍSTICO Assucena Tupiassu COSTUREIRAS/SEAMSTRESSES/COSTURERAS Judite de Lima | Lande Figurinos EQUIPE DE MONTAGEM DE LUZ/LIGHT MOUNTING TEAM/EQUIPO DE MONTAJE DE ILUMINACIÓN Guilherme Orro | Lelê Siqueira | Thiago Zanotta EQUIPE DE MONTAGEM DE CENÁRIO/SET ASSEMBLY TEAM/EQUIPO DE MONTAJE DE ESCENARIO F. S. Montagens ESTAGIÁRIOS/TRAINEES/PASANTES Bruna Beatriz Freitas | Camila Coltri | Fernando Felix | Marcelo Araújo PRODUÇÃO/PRODUCTION/PRODUCCIÓN Mostacco Produções REALIZAÇÃO/FILM-MAKERS/REALIZACIÓN Heroica Companhia Cênica | Prêmio Zé Renato de Teatro | Prefeitura de São Paulo | Secretaria Municipal de Cultura PARCERIAS E APOIOS/PARCTNERS AND SUPPORT/ASOCIACIÓN Y APOYOS Projeto contemplado pela 12ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura/Project listed on the 12th Edition of Prêmio Zé Renato de Teatro - São Paulo Municipal Secretariat of Culture/Proyecto contemplado por la 12ª Edición del Premio Zé Renato de Teatro para la ciudad de São Paulo – Secretaría Municipal de Cultura

@NEWTONMORENO9

58


SUEÑO

A embriaguez dos drinques mais caros, o desvario provocado pela privação de sono, o delírio suscitado por ervas conhecidas dos indígenas, o sonho: as tantas formas de extrair alguém da realidade remetem a um núcleo comum em Sueño, a ditadura chilena. O espetáculo de Newton Moreno, inspirado em Sonho de uma Noite de Verão, conta a história de Vine, um diretor de teatro exilado, por meio das dolorosas recordações de sua companheira desaparecida, Laura, e de seu desejo de montar uma versão da comédia de Shakespeare, interrompido pelo golpe de 1973. Vinte anos depois, Vine retorna ao Chile para realizar sua peça e tentar reencontrar a filha, cuja identidade e paradeiro desconhece. O amor, tema da peça de Shakespeare, é também central em Sueño, mas marcado por atravessamentos políticos. Assim, a disputa entre o rei Oberon e a rainha Titânia se traduz, nesta livre adaptação, nos embates entre um militar e a matriarca embriagada de uma família tradicional, dona de uma mineradora de cobre. Outros paralelos se constroem através da linguagem, como no jogo teatral de uma peça dentro de outra, que é marcado nesta encenação por um

NEWTON MORENO | BRASIL

PT

clima de ensaio. A música, executada ao vivo, e a dança são recursos que remetem à latinização da peça, por exemplo na cueca, considerada uma dança típica do Chile, e na menção às cúmbias e rumbas que ocultavam os gritos dos torturados. Declarações contundentes dos personagens sobre torturas e assassinatos da ditadura chilena relembram o espectador da oscilação entre delírio e realidade. O próprio Master Shakespeare está em cena, em um prólogo delirante que atesta suas dificuldades diante de uma rainha indomada e colonizadora; ela não hesita em zombar do teimoso viajante do futuro, Vine, que segundo ela reclama em sua língua bastarda um desejo ridículo de liberdade. “Toda peça boa é sempre sobre o poder”, diz o diretor chileno.

NEWTON MORENO DIRETOR, DRAMATURGO E ATOR, TRAZ TEMÁTICAS E LINGUAGENS DA CULTURA POPULAR E INVESTIGA O HOMOEROTISMO EM SEUS TRABALHOS. DENTRE OUTROS ESPETÁCULOS, É AUTOR DE AGRESTE E DIRETOR DE MEMÓRIA DA CANA, ESTE ÚLTIMO COM O GRUPO OS FOFOS ENCENAM.

59


DREAM

Drunkenness – owing to sophisticated and expensive drinks; craziness – owing to lack of sleep; delirium – owing to herbs known to native Indians; and dreaming: the many ways through which anyone can be removed from reality converge in the core theme of Sueño: the Chilean dictatorship. Inspired on A Midsummers Night’s Dream, Newton Moreno’s play tells the story of Vine, an exiled Chilean theatre director. Armed with the painful recollections of his political missing partner, Laura, and his wish to resume the enactment of his version of Shakespeare’s comedy, brutally interrupted by the 1973 military coup, Vine is back in Chile twenty years later, to set up his play and try to find his daughter – whose identity and location are unknown. Love – central to Shakespeare’s plot – is also central to Sueño, although the latter is punctuated by political mishaps. Thus, in this free adaptation of the play, the dispute between Oberon and Queen Titania translates into a fight between a military and the owner of a copper mine, the drunken matriarch of a traditional family. Other parallelisms are inserted, like the play within the play staged as a rehearsal. Resorting to live music and dance we are reminded of the Latinization of the play with the Chilean typical dance “cueca” and mentions to “cumbias” and “rumba” that hide the

EN

cries of the tortured prisoners. The characters’ blunt declarations about tortures and murders during the Chilean dictatorship remind the audience of the oscillations between delirium and reality. Master Shakespeare himself is present on the set: a delirious prologue attests to his difficulties dealing with an indomitable and colonizing queen, who does not hesitate to deride the stubborn voyager of the future – Vine – who, she insists, claims in his bastardized tongue his ridiculous yearn for freedom. “Every good play is always about power”, says the Chilean director.

NEWTON MORENO THE DIRECTOR, PLAYWRIGHT AND ACTOR DRAWS UPON POPULAR CULTURE FOR HIS THEMES AND LANGUAGE AND ALSO INVESTIGATES HOMOEROTICISM. AMONG OTHER WORKS, HE IS THE AUTHOR OF AGRESTE AND DIRECTED MEMÓRIA DA CANA, WITH THE GROUP OS FOFOS ENCENAM.

NEWTON MORENO | BRASIL

60


SUEÑO

ES

Chile para presentar su pieza e intentar reencontrar a su hija, cuya identidad y paradero desconoce. El amor, tema de la pieza de Shakespeare, también es central en Sueño, aunque marcado por entrecruzamientos políticos. Así, la disputa entre el rey Oberón y la reina Titania se traduce, en esta libre adaptación, en embates entre un militar y la matriarca embriagada de una familia tradicional, dueña de una empresa minera de cobre. Otros paralelos son construidos a través del lenguaje, como en el juego teatral de una pieza dentro de otra, que en esta puesta en escena está marcado por un clima de ensayo. La música en vivo, y la danza son recursos que remiten a la latinización de la pieza, por ejemplo con la cueca, considerada una danza tíLa embriaguez producto de los tragos más caros, el pica chilena, y al mencionar cumbias y rumbas que desvarío provocado por la privación de sueño, el de- ocultaban los gritos de los torturados. Declaraciones lirio suscitado por hierbas conocidas por los indios, contundentes de los personajes sobre torturas y aseel sueño: las tantas maneras de retirar a alguien de sinatos durante la dictadura chilena le recuerdan a la realidad remiten a un núcleo común en Sueño: la los espectadores la oscilación entre delirio y realidad. dictadura chilena. El espectáculo de Newton Moreno, El propio Master Shakespeare está en escena, en inspirado en Sueño de una noche de verano, cuenta la un prólogo delirante que ratifica sus dificultades frente historia de Vine, un director de teatro exilado, a través a una reina indómita y colonizadora; ella no duda en de los dolorosos recuerdos de Laura, su compañera burlarse del testarudo viajero del futuro, Vine, quien desaparecida, y de su deseo de montar una versión según la reina reclama en su lengua bastarda un ride la comedia de Shakespeare, interrumpido por el dículo deseo de libertad. “Toda pieza buena siempre golpe de 1973. Veinte años después, Vine retorna a trata sobre el poder”, dice el director chileno.

NEWTON MORENO DIRECTOR, DRAMATURGO Y ACTOR, PRESENTA TEMÁTICAS Y LENGUAJES DE LA CULTURA POPULAR. SUS TRABAJOS INVESTIGAN EL HOMOEROTISMO. ENTRE OTROS ESPECTÁCULOS, ES AUTOR DE AGRESTE Y DIRECTOR DE MEMORIA DE LA CAÑA (DE AZÚCAR) ESTE ÚLTIMO CON EL GRUPO OS FOFOS ENCENAM.

NEWTON MORENO | BRASIL

61


FOTOS/PHOTOS: FRAMES

TRAUMA ALEXANDRE DAL FARRA E PATRÍCIA PORTELA BRASIL | PORTUGAL | 45' 25.11 19H /11.25 7PM YOUTUBE@SESCSP INSTAGRAM@SESCAOVIVO 14

TEXTO E DIREÇÃO/TEXT AND DIRECTION/TEXTO Y DIRECCIÓN Alexandre Dal Farra Patrícia Portela ELENCO/CASTING/ ELENCO Célia Fechas Clayton Mariano Gabriela Elias José Genoino

CÂMERA/CAMERA/ CÁMARA Otávio Dantas SOM/SOUND/SONIDO Amarelo MONTAGEM/ STAGECRAFT/MONTAJE Tomás Pereira PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN Corpo Rastreado

PARCERIAS E APOIOS/ PARTNERSHIPS AND SUPPORT/ ASOCIACIONES Y APOYOS DGArtes Fitei Prado Produções

ALEXANDREDALFARRA.COM.BR | PATRICIAPORTELA.PT | @PEIXINHO_DA_HORTA @CLAYTON_MARIANO @CELIA_FECHAS

62


TRAUMA

“A reconciliação não é com o outro, é com o que nos acontece, é com a história que não escrevemos, com o caminho que se vai trilhando”, escreveu Xanana Gusmão, primeiro presidente do Timor-Leste, responsável por campanhas de paz depois da independência do país em relação a Indonésia, e figura política evocada em Trauma. Este segundo desdobramento do Projeto Reconciliação, de Alexandre Dal Farra e Patrícia Portela, justapõe diferentes quadros que dão prosseguimento a essa performance de longa duração da dupla; Gusmão vem acrescentar ao debate trazendo sua experiência de líder de resistência que optou por não lutar. Além desta imersão em questões políticas, o que está em foco na obra é a ideia de reconciliação como um processo de aceitação e de convivência com o outro. Reconciliação, o primeiro média-metragem do projeto, apresentado no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica de Portugal (Fitei), desnudava o tema, tratando-o abertamente – por exem-

PT

plo, no monólogo do ator Clayton Mariano, que com pressa e exasperado percorria uma rua vociferando um texto sobre a ascensão da extrema direita. Em Trauma essa explosão dá lugar a cenas mais silenciosas, dialógicas e cotidianas, em que as conversas dão voltas em torno de acontecimentos traumáticos sem conseguir apreendê-los. Assim, um casal que se fala, mas não trata do que de fato está em questão entre eles, uma história sobre o cometa Halley e uma família jantando traduzem inquietações e problemas submersos, contínuos, que convivem com o ordinário. Esse exercício reflexivo dos artistas acabou se tornando um espelhamento do próprio processo de criação, iniciado em 2018, com o objetivo de resultar em um espetáculo teatral; o projeto vem sendo reelaborado diante das transformações climáticas, políticas, humanitárias, sanitárias; como a reconciliação sobre a qual pensam, trata-se de um processo e uma tentativa de aceitar os próprios limites.

ALEXANDRE DAL FARRA DIRETOR, DRAMATURGO E ESCRITOR, TRABALHOU COM DIFERENTES GRUPOS E DIRETORES BRASILEIROS E ESTRANGEIROS. COM O TABLADO DE ARRUAR, ESCREVEU E CODIRIGIU A TRILOGIA ABNEGAÇÃO, SOBRE O LUGAR DO PENSAMENTO POLÍTICO E DA ESQUERDA BRASILEIRA NA ATUALIDADE. PATRÍCIA PORTELA ESCRITORA, DRAMATURGA E AUTORA DE PERFORMANCES, A ARTISTA VIVE ENTRE PORTUGAL E BÉLGICA. É DIRETORA ARTÍSTICA DO TEATRO VIRIATO, EM VISEU, PORTUGAL, E AUTORA DOS ROMANCES DIAS ÚTEIS E HÍFEN, ENTRE OUTROS.

ALEXANDRE DAL FARRA E PATRÍCIA PORTELA | BRASIL E PORTUGAL

63


TRAUMA

“Reconciliation is not one with the other; it is with what happens to us. It is with the story that we don’t write, with the path we walk through,” wrote Xanana Gusmão, the first president of East Timor, responsible for peace campaigns after the country’s independence from Indonesia, and a politician evoked in Trauma. This second unfolding of the Projeto Reconciliação by Alexandre Dal Farra and Patrícia Portela overlaps different frames that give continuity to this longterm performance of the couple. Gusmão adds to the debate his experience of resistance leader that he chose not to fight. In addition to this immersion in political issues, the play focuses on the idea of reconciliation as a process of acceptance and living with the other. Reconciliação, the first medium-length film of the project presented at the Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica de Portugal (Fitei) - (International Festival of the Iberian Theater Expression) openly addressed the issue. In the monologue of Clayton Mariano, he exasperated and, in a hurry, blustered a text about the rise of the far-right. In Trauma, this explosion gives way to quieter, dialogic, and daily scenes in conversations around traumatic situations, unable to apprehend them.

EN

Like a couple that talks but do not address what is really happening between them. Or a story about the Halley comet and a family having dinner translates hidden concerns and problems that live together with the ordinary. This reflexive exercise of the artists became a mirror of the creation process that began in 2018, intending to result in a play. The project is being re-elaborated due to climate, political, humanitarian, and health changes. The reconciliation they talk about is a process and an attempt to accept one’s own limits.

ALEXANDRE DAL FARRA DIRECTOR, PLAYWRIGHT, AND WRITER. HE WORKED WITH DIFFERENT BRAZILIAN AND FOREIGN GROUPS AND DIRECTORS. IN TABLADO DE ARRUAR HE WROTE AND CO-DIRECTED THE TRILOGY ABNEGAÇÃO, ABOUT THE PLACE OF POLITICAL THINKING AND THE CURRENT BRAZILIAN LEFT-WING. PATRÍCIA PORTELA WRITER, PLAYWRIGHT, AND AUTHOR OF PERFORMANCES. SHE LIVES BETWEEN PORTUGAL AND BELGIUM. SHE IS THE ART DIRECTOR OF TEATRO VIRIATO, IN VISEU, PORTUGAL, AND AUTHOR OF THE NOVELS DIAS ÚTEIS, AND HÍFEN, AMONG OTHERS.

ALEXANDRE DAL FARRA AND PATRÍCIA PORTELA | BRAZIL AND PORTUGAL

64


TRAUMA

“La reconciliación no es de uno con el otro, es con lo que nos sucede, es con la historia que no escribimos, con el camino que se va transitando”, escribió Xanana Gusmão, figura política evocada en Trauma. Primer presidente de Timor Oriental, es responsable por campañas de paz posteriores a la independencia del país, en relación a Indonesia. Este segundo desdoblamiento del Proyecto Reconciliación, de Alexandre Dal Farra y Patrícia Portela, yuxtapone diferentes cuadros que dan continuidad a esa actuación de larga duración de la dupla; Gusmão hace un aporte al debate al traer su experiencia de líder de la resistencia que optó por no luchar. Además de esta inmersión en cuestiones políticas, lo que está en destaque en la obra es la idea de reconciliación como un proceso de aceptación y convivencia con el otro. Reconciliación, el primer medio metraje del proyecto, presentado en el Festival Internacional de Teatro de Expresión Ibérica de Portugal (Fitei), sacaba a la luz el tema, tratándolo abiertamente – por ejemplo, en el monólogo del actor Clayton Mariano, quien con prisa y exasperado recorría una calle vociferando un texto sobre la ascensión de la extrema derecha. En Trauma esa explosión da lugar a escenas más silenciosas, dialógicas y cotidianas, en las que las conversaciones giran en torno de acontecimientos traumáticos sin conseguir aprehenderlos.

ES

Así podemos ver a una pareja que se habla, pero no trata lo que de hecho está siendo cuestionado entre ellos; una historia sobre el cometa Halley; y una familia cenando que comenta sus inquietudes y problemas sumergidos, continuos, que conviven con lo cotidiano. Ese ejercicio reflexivo de los artistas acabó tornándose un espejo del propio proceso de creación, iniciado en 2018 con el objetivo de ser un espectáculo teatral. El proyecto está siendo reelaborado como resultado de los cambios climáticos, políticos, humanitarios, sanitarios; como la reconciliación sobre la cual piensan, en el sentido de un proceso y una tentativa de aceptar los propios límites.

ALEXANDRE DAL FARRA DIRECTOR, DRAMATURGO Y ESCRITOR, TRABAJÓ CON DIFERENTES GRUPOS Y DIRECTORES BRASILEÑOS Y EXTRANJEROS. CON EL TABLADO DE ARRUAR, ESCRIBIÓ Y CODIRIGIÓ LA TRILOGÍA ABNEGACIÓN, SOBRE EL LUGAR DEL PENSAMIENTO POLÍTICO Y DE LA IZQUIERDA BRASILEÑA EN LA ACTUALIDAD. PATRÍCIA PORTELA ESCRITORA, DRAMATURGA Y AUTORA DE PERFORMANCES, ESTA ARTISTA VIVE ENTRE PORTUGAL Y BÉLGICA. ES DIRECTORA ARTÍSTICA DEL TEATRO VIRIATO, EN VISEU, PORTUGAL, Y AUTORA DE LAS NOVELAS DIAS ÚTEIS E HÍFEN, ENTRE OTRAS.

ALEXANDRE DAL FARRA Y PATRÍCIA PORTELA | BRASIL Y PORTUGAL

65


24 – 28.11 / 11.24 – 28 PLATAFORMA SESC DIGITAL 18

FOTOS/PHOTOS: NANA MORAES

TRAVESSIAS COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO BRASIL | 53'

DIREÇÃO/ DIRECTION/DIRECCIÓN Clara Cavour | Marcio Abreu CÂMERA E EDIÇÃO/CAMERA AND EDITING/CÁMARA Y EDICIÓN Clara Cavour MIXAGEM/MIXING/MEZCLA Estevão Casé DIREÇÃO E TEXTO DE SEM PALAVRAS/SEM PALAVRAS DIRECTION AND TEXT/DIRECCIÓN Y TEXTO DE SIN PALABRAS Marcio Abreu DRAMATURGIA/DRAMATURGY/ DRAMATURGIA Marcio Abreu | Nadja Naira ELENCO/CAST/ELENCO Fábio Osório Monteiro | Giovana Soar | Kauê Persona | Kenia Dias | Key Sawao | Rafael Bacelar | Viní Ventania Xtravaganza | Vitória Jovem Xtravaganza DIREÇÃO DE PRODUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO/PRODUCTION DIRECTION AND ADMINISTRATION/DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN Y ADMINISTRACIÓN Cássia Damasceno | José Maria ILUMINAÇÃO E ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO/LIGHTING AND DIRECTION ASSISTANCE/ILUMINACIÓN Y ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Nadja Naira DIREÇÃO MUSICAL E TRILHA SONORA ORIGINAL/MUSICAL DIRECTION AND ORIGINAL/DIRECCIÓN MUSICAL Y BANDA SONORA ORIGINAL SOUNDTRACK Felipe Storino DIREÇÃO DE MOVIMENTO/MOVEMENT DIRECTION/DIRECCIÓN DE MOVIMIENTO Kenia Dias CENOGRAFIA/SET DESIGN/ESCENOGRAFÍA Marcelo Alvarenga | Play Arquitetura FIGURINOS/COSTUMES/VESTUARIO Luiz Cláudio Silva | Apartamento 03 VÍDEOS/VIDEOS/VÍDEOS Batman Zavareze CAPTAÇÃO E EDIÇÕES DAS IMAGENS/IMAGE CAPTURE AND EDITING/CAPTACIÓN Y EDICIÓN DE IMÁGENES João OliveiraFOTOS/PHOTOS/FOTOS Nana Moraes PROGRAMAÇÃO VISUAL/VISUAL PROGRAMMING/PROGRAMACIÓN VISUAL Pablito Kucarz COLABORAÇÃO ARTÍSTICA/ARTISTIC COLLABORATION/COLABORACIÓN ARTÍSTICA Cássia Damasceno | Grace Passô | José Maria | Rodrigo BolzanTÉCNICO DE PALCO E VÍDEO/STAGE AND VIDEO TECHNICIAN/TÉCNICO DE ESCENARIO Y VÍDEO Ricardo Barbosa TÉCNICO DE SOM/SOUND TECHNICIAN/TÉCNICO DE SONIDO Chico Santarosa DISTRIBUIÇÃO INTERNACIONAL/INTERNATIONAL DISTRIBUTION/DISTRIBUCIÓN INTERNACIONAL Plan B – Creative Agency for Performing Arts COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO RJ/RJ PRODUCTION COORDINATION/COORDINACIÓN DE PRODUCCIÓN RJ Miriam Juvino PRODUÇÃO EXECUTIVA RJ/ RJ EXECUTIVE PRODUCTION/PRODUCCIÓN EXECUTIVA RJ Miriam Juvino | Valéria Luna ASSISTENTE DE PRODUÇÃO RJ/RJ PRODUCTION ASSISTANT/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN RJ Ananias de Caldas ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA RJ/RJ FINANCIAL ADMINISTRATION/ADMINISTRACIÓN FINANCIERA RJ Valéria Luna ASSESSORIA JURÍDICA E CONTÁBIL/LEGAL AND ACCOUNTING ADVISORY/ASESORÍA JURÍDICA Y CONTABLE COARTE | Francisco Gomes | Lilian Santiago CORREALIZAÇÃO/CO-EXECUTION/CO-REALIZACIÓN Centro Cultural Oi Futuro APOIOS E PARCERIAS/SUPPORTS AND PARTNERSHIPS/APOYOS Y ASOCIACIÓN Lei Estadual de Incentivo à Cultura e Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro

66


TRAVESSIAS

“Esse momento de uma peça começar a acontecer é tão complexo, é difícil as coisas se articularem”, confessa Marcio Abreu, a alguns minutos da retomada do ensaio. “Toda hora parece que não vai existir.” O comentário do diretor de Sem Palavras abre o documentário Travessias, registro da etapa final de criação do mais recente espetáculo da companhia brasileira de teatro, cuja estreia nacional acontece na Ocupação Mirada 2021. No filme, pode-se assistir a trechos de ensaio das cenas, orientações do diretor para os intérpretes, além de depoimentos dos artistas que integram o espetáculo; o projeto artístico, os pensamentos e os desejos criativos ganham corpo e se afinam diante do espectador à medida que a montagem é levantada. O espetáculo Sem Palavras se inspira na ideia de “crônicas da travessia”, subtítulo do livro Um Apartamento em Urano, do filósofo espanhol Paul B. Preciado. Corpos diversos circulam no palco – um apartamento – ao longo de um dia; são microcosmos de passagem, que se encontram e resultam em uma coletividade do futuro, visionária.

ES

Tal concepção é mostrada em sua montagem ao longo de Travessias, de maneira que o making of se revela um documento do processo criativo, registrando intenções e reações e dando a ver de que maneira esse conjunto de ideias e estímulos se traduz em cena. Os oito performers falam de situações-limite, identidade de gênero, violência, amor, consumo, entre tantos outros temas. Também se explicita e tematiza, na discussão sobre o sentido e a relevância do espetáculo, o contexto de sua criação, durante o recrudescimento do conservadorismo no Brasil e a pandemia de covid-19; o filme se torna, assim, um depoimento da movimentação artística neste momento.

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO FUNDADO PELO DIRETOR E DRAMATURGO MARCIO ABREU EM 2000, O COLETIVO PESQUISA NOVAS FORMAS DE ESCRITA E LINGUAGEM E PRODUZIU ESPETÁCULOS COMO PROJETO BRASIL E PRETO, EM TORNO DE QUESTÕES POLÍTICAS E SOCIAIS DO BRASIL CONTEMPORÂNEO.

67


CROSSINGS

“This moment of a play starting to happen is so complex, it is difficult for the things to articulate themselves,” Marcio Abreu admits, a few minutes away from resuming the rehearsal. “All the time, it seems it will not exist.” The comment from the Sem Palavras [No Words] director opens the documentary Travessias [Crossings], the registry of the final creation stage of the latest performance by companhia brasileira de teatro, whose national premiere will be at the Mirada Occupation 2021. In the film, it is possible to watch excerpts from scenes rehearsals, guidance from the directors to the interpreters, besides depositions from the artists forming the performance; the artistic project, the thoughts, and creative desires gain body and attune in front of the audience as the play unfolds. The performance Sem Palavras [No Words] is inspired by the idea of “chronicles of the crossing” subtitle of the book An Apartment on Uranus by the Spanish philosopher Paul B. Preciado. Several bodies circulate on stage - an apartment - throughout the day; they are passing microcosms that meet and result in a collectivity from the future, visionary.

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO | BRASIL

EN

Such a conception is shown in its play throughout Travessias [Crossings]. The making of reveals itself as a document of the creative process, registering intentions and reactions and displaying how this set of ideas and stimulations is translated in the scene. The eight performers talk about limit-situations, gender identity, violence, love, consumption, and many other themes. It also expresses and establishes themes in the discussion about the performance’s meaning and relevance, its creation’s context during the conservationism resurgence in Brazil, and covid-19 pandemics; thus, the movie becomes a testimony of the artistic movement at this moment.

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO FOUNDED BY THE DIRECTOR AND PLAYWRIGHT MARCIO ABREU IN 2000, THE GROUP RESEARCHES NEW WAYS OF WRITING AND LANGUAGE AND PRODUCED PERFORMANCES LIKE PROJETO BRASIL [BRAZIL PROJECT] AND PRETO [BLACK] REGARDING POLITICAL AND SOCIAL MATTERS OF CONTEMPORARY BRAZIL.

68


TRAVESÍAS

“Ese momento en el que una pieza comienza a ser realidad es tan complejo, es difícil articular las cosas”, confiesa Marcio Abreu, a algunos minutos de retomar los ensayos. “Todo el tiempo parece que no va a existir, que no se concretará.” Este comentario del director de Sin palabras inicia el documental Travesías, registro de la etapa final de creación del más reciente espectáculo de la companhia brasileira de teatro, cuyo estreno nacional será en Ocupación Mirada 2021. En la película pueden verse trechos de ensayos de escenas, orientaciones del director a los intérpretes, además de testimonios de los artistas que integran el espectáculo; el proyecto artístico, los pensamientos y deseos creativos ganan cuerpo y se afinan frente a los espectadores a medida que el montaje es levantado.

ES

El espectáculo Sin palabras se inspira en la idea de “crónicas de travesía”, subtítulo del libro Un apartamento en Urano del filósofo español Paul B. Preciado. Cuerpos diversos circulan por el escenario – un apartamento – durante un día; son microcosmos de pasajes, que se encuentran y resultan en una colectividad del futuro, visionaria. Tal concepción es mostrada en su montaje a lo largo de Travesías, de manera que el making of se revela un documento del proceso creativo, registrando intenciones y reacciones que permiten ver de qué manera ese conjunto de ideas y estímulos se traduce en escenas. Los ocho performers hablan de situaciones límite, identidad de género, violencia, amor y consumo, entre tantos otros temas. También durante la discusión se explicita y tematiza el sentido y la relevancia del espectáculo, el contexto de su creación durante el recrudecimiento del conservadorismo en Brasil y la pandemia de covid-19; así la película se torna un testimonio del movimiento artístico en el momento actual.

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO FUNDADA POR EL DIRECTOR Y DRAMATURGO MARCIO ABREU EN 2000, EL COLECTIVO PESQUISA NUEVAS FORMAS DE ESCRITA Y LENGUAJE, Y PRODUJO ESPECTÁCULOS COMO PROYECTO BRASIL Y PRETO (NEGRO), SOBRE CUESTIONES POLÍTICAS Y SOCIALES DEL BRASIL CONTEMPORÁNEO.

COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO | BRASIL

69


CHILE | 90'

26.11 19H /11.26 7PM PLATAFORMA TEPI 14

FOTOS/PHOTOS: PAULA GONZÁLEZ SEGUEL

TREWA, ESTADO-NACIÓN O EL ESPECTRO DE LA TRAICIÓN KIMVN TEATRO

DIREÇÃO, PESQUISA, ENCENAÇÃO E DRAMATURGIA/DIRECTOR, RESEARCH, SETTING AND PLAYWRIGHT/DIRECCIÓN, PESQUISA, PUESTA EN ESCENA Y DRAMATURGIA Paula González Seguel CODRAMATURGIA/CO- PLAYWRIGHTS/CO-DRAMATURGIA David Arancibia Urzúa | Felipe Carmona Urrutia ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO/ASSISTANT DIRETOR/ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Andrea Osorio Barra CENOGRAFIA/SET DESIGN/ESCENOGRAFÍA Natalia Morales Tapia PROJEÇÕES E EDIÇÃO DE SOM/PROJECTIONS AND SOUND EDITOR/PROYECCIONES Y EDICIÓN DE SONIDO Niles Atallah AUTORIA, COMPOSIÇÃO E DIREÇÃO MUSICAL/AUTHOR, COMPOSER, AND MUSIC DIRETOR/AUTORÍA, COMPOSICIÓN Y DIRECCIÓN MUSICAL Evelyn González Seguel ARRANJOS MUSICAIS/MUSIC ARRANGEMENTS/ARREGLOS MUSICALES Juan Flores Ahumada Sergio Ávila Muñoz MÚSICOS/MUSICIANS/MÚSICOS Evelyn González | Juan Flores | Nicole Gutiérrez | Sergio Ávila | William García ELENCO/CAST/ELENCO Amaro Espinoza | Benjamín Espinoza | Claudio Riveros | Constanza Hueche | Elsa Quinchaleo | Fabián Curinao | Francisca Maldonado | Hugo Medina | Norma Hueche | Paula Zúñiga | Rallen Montenegro DESENHO DE LUZ/LIGHT DESIGNER/DISEÑO DE ILUMINACIÓN Francisco Herrera FIGURINO/COSTUMES/VESTUARIO Natalia Geisse ASSESSORIA DE PESQUISA/RESEARCH CONSULTANTS/ASESORÍA DE PESQUISA Fernando Pairican (historiador/historian/historiador) | Helene Risor (antropóloga/anthropologist/antropóloga) | Marcela Cornejo (psicóloga/psychologist/psicóloga) EDUCADORAS MAPUZUNGUN/MAPUZUNGUN EDUCATORS/EDUCADORAS MAPUDUNGUN Constanza Hueche | Norma Hueche TREINAMENTO PSICOFÍSICO/PSYCHO-PHYSICAL TRAINING/ TREINAMENTO PSICOFÍSICO/PSYCHO-PHYSICAL TRAINING/ ENTRENAMIENTO PSICOFÍSICO Natalia Cuellar PRODUÇÃO/PRODUCER/PRODUCCIÓN Andrea Osorio Barra | Nicole Gutiérrez Perret | Paula González Seguel ASSESSORIA DE IMPRENSA/PRESS RELATIONS/ASESORÍA DE PRENSA Marcela Piña DESIGN GRÁFICO/GRAPHIC DESIGN/DISEÑO GRÁFICO César Ramírez GESTÃO CULTURAL/ CULTURAL MANAGEMENT/GESTIÓN CULTURAL Evelyn González Seguel | Jaime Coquelet | Paula González Seguel COMPANHIA/COMPANY/COMPAÑÍA KIMVN Teatro documental COLABORADORES/COLLABORATORS/COLABORADORES Cristian Ochoa | Fernando Gutiérrez | Matilde Painemil | Rodrigo Carvajal | Sandra Huenupang AGRADECIMENTOS/ACKNOWLEDGEMENTS/AGRADECIMIENTOS Ada Huentecol | Elisa Avendaño | Mónica Pailamilla | Rubén Collío COPRODUÇÃO/CO-PRODUCER/ COPRODUCCIÓN Centro de Estudios Interculturales e Indígenas (CIIR) FINANCIAMENTO/FINANCING/FINANCIACIÓN Ministerio de las Culturas, las Artes y el Patrimonio | Fondart Nacional | Trayectoria Artística

FACEBOOK.COM/KIMVNTEATRO

70


TREWA, ESTADO-NACIÓN O EL ESPECTRO DE LA TRAICIÓN

Com um olhar íntimo, biográfico e político, a companhia chilena se debruça neste espetáculo sobre a violência contra os mapuches, povo originário da região Centro-Sul do Chile e da Argentina, e sobre a reivindicação de suas terras ancestrais. Trewa, EstadoNación o el Espectro de la Traición resgata a história da ativista Yudi Macarena Valdés Muños, que em 2016, dias depois de uma manifestação contra a instalação de uma central hidroelétrica no rio Tranguil, foi encontrada morta em casa. Desde então familiares, amigos e ativistas contestam a versão oficial de suicídio, e o caso ainda não foi solucionado. Tais fatos são narrados em momentos pontuais da encenação, que se dedica às reverberações da violência e da injustiça no núcleo familiar de Macarena Valdés. Seus filhos, marido, parentes e amigos se reúnem em casa, preparam comida, comem, conversam, contam sonhos e cantam, mantendo viva a memória da ativista. Ela está presente mais do que nos relatos; sua figura angustiada habita a paisagem de bosque nevado que ocupa o palco e, rondando a casa feito

KIMVN TEATRO | CHILE

PT

espectro, acompanha as conversas, de alguma maneira se comunicando com um ou outro filho. A língua, as histórias e as tradições mapuches estão em cena, do mesmo modo que a violência do Estado chileno contra esse povo. Além da história da morte da ativista, Trewa registra assassinatos e desaparecimentos de mapuches na ditadura militar chilena e conflitos mais recentes, tanto por meio da narração quanto por histórias de alguns personagens. O conflito se torna mais explícito quando se trata, por exemplo, do policiamento comunitário realizado por mapuches que se tornam carabineros e quando a voz da fantasmática Macarena Valdés se ergue contra a guerra silenciosa em curso no país.

KIMVN TEATRO A COMPANHIA, FUNDADA EM 2008 POR SUA DIRETORA PAULA GONZÁLEZ SEGUEL, SE DEDICA AO RESGATE DA MEMÓRIA ORAL MAPUCHE PARA TRABALHAR SUA CULTURA, LÍNGUA E COSMOVISÃO EM ESPETÁCULOS COMO ÑUKE E ÑI PU TREMEN – MIS ANTEPASADOS.

71


TREWA, NATION-STATE OR THE SPECTER OF TREASON

Casting an intimate, biographic, and political look on this play, the Chilean company talks about violence against the Mapuches, the native people of the Central-southern region of Chile and Argentina and the revindication of their ancestors’ lands. Trewa, Estado-Nación o el Espectro de la Traición recalls the story of activist Yudi Macarena Valdés Muños, who was found dead in her home a few days after the 2016 manifestations against the installation of a power plant at the Tranguil river. Since then, family members, friends and activists have been disputing the official version of suicide and the case has not been closed yet. These facts are told by staging some moments, highlighting the rippling of violence and injustice amid Macarena Valdés’ family. Sons, husband, friends and family members get together in the house, they prepare food, eat, chat, tell each other their dreams and sing, keeping the activist’s memory alive. She is alive - but much beyond the mere reporting of facts. Her anguished figure inhabits the snow-covered landscape and looms over the house like a specter, following the talks and somehow communicating either with one or the other son.

EN

The Mapuche idiom, history and traditions are on stage, as is the Chilean State violence against this people. Trewa records not only the activist’s death but also the murders and other more recent conflicts – either narrating them or through the story of some of the characters. The conflict becomes more explicit when community policing is conducted by Mapuches, who have trained as carabineros or when Macarena’s ghostly voice raises against the silent war being waged in the country .

KIMVN TEATRO THE COMPANY, FOUNDED IN 2008 BY ITS DIRECTOR PAULA GONZÁLEZ SEGUEL, IS DEVOTED TO RESCUING THE ORAL MEMORY OF THE MAPUCHES, WORKING WITH ITS CULTURE, IDIOM AND COSMOVISION IN PLAYS LIKE ÑUKE AND ÑI PU TREMEN – MY ANCESTORS.

KIMVN TEATRO | CHILE

72


TREWA, ESTADO-NACIÓN O EL ESPECTRO DE LA TRAICIÓN

Con una mirada íntima, biográfica y política, la compañía chilena trata en este espectáculo sobre la violencia contra los mapuches, pueblo originario de la región centro-sur de Chile y Argentina, y la reivindicación que hacen de sus tierras ancestrales. Trewa, Estado-Nación o el Espectro de la Traición rescata la historia de la activista Yudi Macarena Valdés Muñoz, que en 2016, días después de una manifestación contra la instalación de una central hidroeléctrica en el río Tranguil, fue encontrada muerta en su casa. Desde entonces familiares, amigos y activistas rechazan la versión oficial de suicidio, y el caso aún no fue solucionado.

ES

Tales hechos son narrados en momentos puntuales de la puesta en escena, que se dedica a las reverberaciones de violencia e injusticia en el núcleo familiar de Macarena Valdés. Sus hijos, marido, parientes y amigos se reúnen en casa, preparan la comida, comen, conversan, cuentan sus sueños y cantan, manteniendo viva la memoria de la activista. Ella está presente más allá de los relatos; su figura angustiada habita el paisaje del bosque nevado que ocupa el escenario y, ronda la casa transformada en espectro, acompañando las conversaciones. De alguna manera se comunica con uno u otro hijo. La lengua, las historias y tradiciones mapuches están en escena, de la misma manera que la violencia del estado chileno contra el pueblo mapuche. Además de la historia de la muerte de la activista, Trewa registra asesinatos y desapariciones de mapuches durante la dictadura militar chilena y en conflictos más recientes, sea a través de narraciones o de historias de algunos personajes. El conflicto se torna más explícito cuando se trata, por ejemplo, de la vigilancia policial comunitaria realizada por mapuches que se tornan carabineros y cuando la voz de la fantasmagórica Macarena Valdés se yergue contra la guerra silenciosa en curso en el país.

KIMVN TEATRO LA COMPAÑÍA, FUNDADA EN 2008 POR SU DIRECTORA PAULA GONZÁLEZ SEGUEL, SE DEDICA AL RESCATE DE LA MEMORIA ORAL MAPUCHE, TRABAJANDO SOBRE SU CULTURA, LENGUA Y COSMOVISIÓN EN ESPECTÁCULOS COMO ÑUKE Y ÑI PU TREMEN – MIS ANTEPASADOS.

KIMVN TEATRO | CHILE

73


PT

SELEÇÃO #EMCASACOMSESC / SELECTION #EMCASACOMSESC (ATHOMEWITHSESC) / SELECCIÓN #EMCASACOMSESC (ENCASACONELSESC)

Em 2020, a programação #EmCasaComSesc surge como uma resposta para a continuidade das ações artísticas do Sesc São Paulo devido ao avanço da pandemia de covid-19. As lives de diferentes linguagens permitiram que o público se encontrasse com os artistas, que, por sua vez, puderam dar seguimento à sua criação durante o período de isolamento social. A programação também permitiu que essa audiência se ampliasse para além dos centros culturais do Sesc no estado de São Paulo. Nas artes cênicas, as transmissões realizadas a partir da própria residência, do estúdio dos artistas e/ou de espaços cênicos do Sesc ofereceram oportunidades para que a linguagem teatral se repensasse diante das telas e investigasse o espaço digital. Essas lives atualizam para um novo contexto o “ao vivo” do teatro por meio de jogos dos atores com a câmera, com esse espaço privado tornado público, e por meio de recursos do audiovisual. A Ocupação Mirada 2021 apresenta nesta seleção dez obras cênicas da programação do #EmCasaComSesc que testemunham a recriação efervescente do teatro neste momento de crise.


EN

ES

In 2020, the programming of the hashtag #EmCasaComSesc appears as a way to ensure the continuity of artistic activities of SESC São Paulo, due to the spread of the Covid-19 pandemic. The live presentations in different languages allowed the public to meet the artists, who, in turn, were able to continue with their creative work during the period of social distancing and isolation. This new method of disclosing the programming also allowed the spectator base to extend well beyond the SESC cultural centers in the State of São Paulo. In the performing arts, transmissions made out of their own homes, as also the artists’ studios or performing-arts spaces at SESC, provided opportunities for theatrical language to rethink itself in front of the screens and look into digital space. These lives bring people up to date with regard to a new concept, which is the ‘live’ of the theatre through games between actors and camera, with this private space made public, and through use of audio-visual resources. The Mirada (Glance) Occupation 2021 presents, in this selection, ten works of performing arts from the programme of the #EmCasaComSesc which shows the effervescent re-creation of theatre in these moments of crisis.

En 2020, la programación #EmCasaComSesc (En Casa con el Sesc) surge como respuesta a la necesidad de continuar con acciones artísticas del Sesc São Paulo en razón del avance de la pandemia de covid-19. Las lives de diferentes lenguajes permitieron que el público mantuviese contacto con los artistas. Y ellos, a su vez, pudieron dar continuidad a sus creaciones durante el período de aislamiento social. La programación también permitió que esa audiencia se ampliase para más allá de los centros culturales del Sesc en el estado de São Paulo. En las artes escénicas, las transmisiones realizadas a partir de la propia residencia, de estudios de los artistas y/o de espacios escénicos del Sesc brindaron oportunidades para que el lenguaje teatral fuese repensado frente a las pantallas e investigase el espacio digital. Esas lives actualizan para un nuevo contexto el concepto de “en vivo” del teatro, a través de juegos de los actores con la cámara, en un espacio privado que se tornó público, y con recursos audiovisuales. El festival Ocupación Mirada 2021 presenta en esta selección diez obras escénicas de la programación de #EmCasaComSesc. Ellas son un testimonio de la recreación efervescente del teatro en este momento de crisis.

75


DIEGO BRESANI

DESCONSCERTO MATHEUS NACHTERGAELE 14

CONCEPÇÃO E ATUAÇÃO/ CONCEPT AND ACTING/ CONCEPCIÓN Y ACTUACIÓN Matheus Nachtergaele TEXTOS/TEXT/TEXTOS Maria Cecília Nachtergaele PRODUÇÃO EXECUTIVA/ EXECUTIVE PRODUCTION/ PRODUCCIÓN EJECUTIVA Valéria Luna DIRETORA DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION DIRECTOR/ DIRECTORA DE PRODUCCIÓN Miriam Juvino REALIZAÇÃO/EXECUTION/ REALIZACIÓN A Gente se Fala Pássaro da Noite

COMPANHIA | PAÍS @MATHNACHTERGAELE

76


PT

Poucas palavras se confundem tanto na língua portuguesa quanto “concerto” e “conserto”. Neste espetáculo, adaptação de Processo de Conscerto do Desejo para um formato intimista, as duas palavras se mesclam vertiginosamente. Com poesia, num concerto, Matheus Nachtergaele quer consertar o seu desejo, considerado pela filosofia a característica primeira do ser imperfeito, do ser finito. O ator está em cena dizendo os poemas que guardou como única herança

de sua mãe – ela, a poeta Maria Cecília Nachtergaele, que faleceu quando o filho tinha três meses de idade. MATHEUS NACHTERGAELE PREMIADO ATOR E DIRETOR BRASILEIRO, COM INTENSA ATUAÇÃO NO TEATRO, CINEMA E TELEVISÃO, INTEGROU O GRUPO TEATRO DA VERTIGEM E TRABALHOU COM DIRETORES COMO BRUNO BARRETO, WALTER SALLES JR., GUEL ARRAES, FERNANDO MEIRELLES, CLAUDIO ASSIS E ANNA MUYLAERT.

EN

Few are the words in the Portuguese language that are as confusing as concerto (meaning concert) and conserto (meaning repair). In this presentation, an adaptation of the work Processo de Conscerto do Desejo to a more intimist format, the two words get significantly intermixed. With poesy, in a concert, Matheus Nachtergaele wants to repair his desire, which philosophy sees as the first characteristic of the imperfect and finite being. The actor is on stage reciting the poems that he kept as the only legacy of his mother – poet

Maria Cecília Nachtergaele, who died when her son was only three months old. MATHEUS NACHTERGAELE MATHEUS IS AN ACCLAIMED BRAZILIAN ACTOR AND DIRECTOR, WHO HAS BEEN INTENSELY ACTIVE IN THE THEATRE, IN THE FILM BUSINESS AND ON TELEVISION. HE WAS PART OF THE GRUPO TEATRO DA VERTIGEM AND HAS WORKED WITH FAMOUS DIRECTORS SUCH AS BRUNO BARRETO, WALTER SALLES JR., GUEL ARRAES, FERNANDO MEIRELLES, CLAUDIO ASSIS AND ANNA MUYLAERT.

ES

Pocas palabras se confunden tanto en la lengua portuguesa cuanto “concerto” e “conserto” (concierto y reparación). En este espectáculo, adaptación de Processo de Conscerto do Desejo (Proceso de – un juego de palabras entre concierto y reparación – del deseo) para un formato intimista, las dos palabras se mezclan vertiginosamente. Con poesía, en un concierto, Matheus Nachtergaele quiere reparar su deseo, considerado por la filosofía la principal característica del ser imperfecto, del ser finito. El actor está en escena recitando los poemas que guardó como única

MATHEUS NACHTERGAELE

herencia de su madre. Ella era la poetisa Maria Cecília Nachtergaele, que falleció cuando el hijo tenía tres meses de edad.

MATHEUS NACHTERGAELE PREMIADO ACTOR Y DIRECTOR BRASILEÑO, CON INTENSA ACTUACIÓN EN TEATRO, CINE Y TELEVISIÓN, INTEGRÓ EL GRUPO TEATRO DA VERTIGEM, Y TRABAJÓ CON DIRECTORES COMO BRUNO BARRETO, WALTER SALLES JR., GUEL ARRAES, FERNANDO MEIRELLES, CLAUDIO ASSIS Y ANNA MUYLAERT.

77


16

ALESSANDRA NOHVAIS

DORA SARA ANTUNES DIREÇÃO, TEXTO E ATUAÇÃO/DIRECTION, TEXT, AND ACTING/ DIRECCIÓN, TEXTO Y ACTUACIÓN Sara Antunes CONCEPÇÃO AUDIOVISUAL/AUDIOVISUAL CONCEPT/ CONCEPCIÓN AUDIOVISUAL Henrique Landulfo Sara Antunes DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA E ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO/DIRECTOR OF PHOTOGRAPHY AND ASSISTANT DIRECTOR/ DIRECCIÓN DE FOTOGRAFÍA Y ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Henrique Landulfo DIREÇÃO DE ARTE E FIGURINO/ ART DIRECTOR AND COSTUMES/DIRECCIÓN DE ARTE Y VESTUÁRIO Sara Antunes LUZ/LIGHTS/ ILUMINACIÓN Wagner Antônio DESENHO SONORO/ SOUND DESIGN/DISEÑO SONORO Edson Secco PARTICIPAÇÃO/SPECIAL PARTICIPATION/ PARTICIPACIÓN Angela Bicalho

@SARANTUNES COMPANHIA | PAÍS

78


PT

Dora, a estudante de medicina e guerrilheira Maria Auxiliadora Lara Barcelos (1945-1976), que entrou na luta armada contra a ditadura militar aos 23 anos, tem sua trajetória contada por Sara Antunes neste espetáculo que a atriz escreveu e dirige. Estruturada como um caleidoscópio fragmentado, a peça mescla trechos de cartas, imagens de arquivo e relatos autobiográficos da atriz. Dora traça um percurso de registro de memória e afirmação das trajetórias femininas na política, apoiando-se em cartas enviadas por Dora da prisão e do

exílio para sua mãe. Angela Bicalho, mãe de Sara, faz uma participação na peça, traçando um paralelo da vida de Dora com a trajetória familiar da artista. SARA ANTUNES ATRIZ E AUTORA, É FORMADA EM FILOSOFIA PELA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) E HÁ 20 ANOS CRIA PROJETOS LIGADOS À REPRESENTAÇÃO DA MULHER. FOI UMA DAS FUNDADORAS DOS COLETIVOS TABLADO DE ARRUAR E GRUPO XIX DE TEATRO E TRABALHOU COM DIRETORES COMO AMIR HADDAD, VERA HOLTZ, CLEYDE YÁCONIS, GRACE PASSÔ E GEORGETTE FADEL.

EN

Dora, who was the student of medicine and guerrilla fighter Maria Auxiliadora Lara Barcelos (1945-1976), who took to arms in the fight against the military dictatorship at the tender age of 23, has her life history told by Sara Antunes in this play that the actress wrote and directed. Structured as a fragmented kaleidoscope, this play mixes sections of letters, file pictures, and autobiographical reports made by the actress. Dora shows a route with records of the memory and affirmation of paths trailed by women in politics, supported by letters that Dora had sent to her mother from prison and also when in exile. Angela Bicalho,

Sara’s mother, also takes part in the play, establishing a parallel between Dora’s life and the family history of the actress. SARA ANTUNES ACTRESS AND AUTHORESS, SARA GRADUATED IN PHILOSOPHY FROM THE UNIVERSITY OF SÃO PAULO (USP) AND, FOR 20 YEARS, HAS CREATED PROJECTS RELATED TO REPRESENTATION OF WOMEN. SHE WAS ONE OF THE FOUNDERS OF TABLADO DE ARRUAR AND GRUPO XIX DE TEATRO THEATRICAL GROUPS, AND HAS WORKED WITH DIRECTORS INCLUDING AMIR HADDAD, VERA HOLTZ, CLEYDE YÁCONIS, GRACE PASSÔ AND GEORGETTE FADEL.

ES

El espectáculo Dora, sobre la vida de la estudiante de medicina y guerrillera Maria Auxiliadora Lara Barcelos (1945-1976), que entró en la lucha armada contra la dictadura militar a los 23 años, tiene su trayectoria relatada por la actriz Sara Antunes, quien lo escribió y dirige. Estructurada como un caleidoscopio fragmentado, la pieza junta trechos de cartas, imágenes de archivo y relatos autobiográficos de la actriz. Dora traza un proceso de registro de memoria y afirmación de trayectorias femeninas en la política, basándose en cartas enviadas por Dora a su madre desde la cárcel y el exilio. Angela Bicalho, la madre

SARA ANTUNES

de Sara, tiene una participación en la pieza, trazando un paralelo entre la vida de Dora y la trayectoria familiar de la artista. SARA ANTUNES ACTRIZ Y AUTORA, ES GRADUADA EN FILOSOFÍA POR LA UNIVERSIDAD DE SÃO PAULO (USP) Y DESDE HACE 20 AÑOS DESARROLLA PROYECTOS VINCULADOS CON LA REPRESENTACIÓN DE LA MUJER. FUE UNA DE LAS FUNDADORAS DE LOS COLECTIVOS TABLADO DE ARRUAR Y GRUPO XIX DE TEATRO. TRABAJÓ CON DIRECTORES COMO AMIR HADDAD, VERA HOLTZ, CLEYDE YÁCONIS, GRACE PASSÔ Y GEORGETTE FADEL.

79


LUISA ESPINDULA

TEXTO E INTERPRETAÇÃO/ TEXT AND INTERPRETATION/TEXTO E INTERPRETACIÓN Felipe Rocha DIREÇÃO DA PEÇA/ PLAY DIRECTED BY/ DIRECCIÓN DE LA PIEZA Alex Cassal Felipe Rocha DIREÇÃO DA VERSÃO AUDIOVISUAL/ DIRECTION OF AUDIO-VISUAL VERSION/ DIRECCIÓN DE LA VERSIÓN AUDIOVISUAL Alex Cassal Felipe Rocha Luisa Espindula Stella Rabello CÂMERA, DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA E PROJEÇÕES/ CAMERAS, DIRECTOR OF PHOTOGRAPHY, AND PROJECTIONS/ CÁMARA, DIRECCIÓN DE FOTOGRAFÍA Y PROYECCIONES Lucas Canavarro ILUMINAÇÃO/LIGHTING/ ILUMINACIÓN Stella Rabello OPERAÇÃO DE SOM/ SOUND/OPERADORA DE SONIDO Luisa Espindula INTERLOCUÇÃO ARTÍSTICA/ARTISTIC INTERLOCUTION/ INTERLOCUCIÓN ARTÍSTICA Marina Provenzzano Renato Linhares CRIAÇÃO E PRODUÇÃO/ CREATION AND PRODUCTION/CREACIÓN Y PRODUCCIÓN Foguetes Maravilha

ELE PRECISA COMEÇAR FELIPE ROCHA 14

COMPANHIA | PAÍS FOGUETESMARAVILHA.WORDPRESS.COM | @FELIPE___ROCHA @FOGUETESMARAVILHA

80


ELE PRECISA COMEÇAR

Um homem de 35 anos, fechado em um quarto de hotel numa segunda-feira de folga, decide que vai escrever um romance. Como não tem nada planejado, escolhe a si mesmo e ao quarto de hotel como ponto de partida para sua história. A partilha do processo de criação desse texto se mistura às situações que o autor enfrenta ao se ver abduzido pelos universos e personagens que cria. Em Ele Precisa Começar, Felipe Rocha passeia entre camadas de realidade e ficção e dá voz e corpo aos inúmeros futuros espetáculos que imagina; promove, assim, uma dança das cadeiras entre os lugares ocuHE NEEDS TO START

A 35-year-old man, locked in a hotel room on a Monday off work, decides he will write a book. As he has nothing planned, he choose himself and the hotel room as a starting point for his story. The sharing of the process of creation of this text is mixed in with the situations that the author faces on feeling abducted by the Universes and characters he creates. In Ele Precisa Começar (He Needs to Start), Felipe Rocha passes through different layers of reality and fiction, and provides a voice and a body for the many future productions he imagines. In this way, he promotes

ÉL PRECISA COMENZAR

PT

pados por dramaturgo, ator, espectador e personagem. O ator divide a direção do espetáculo com Alex Cassal, com quem fundou o grupo Foguetes Maravilha.

FELIPE ROCHA FORMADO EM ARTES CÊNICAS PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UNIRIO), O ATOR FUNDOU EM 2008, AO LADO DE ALEX CASSAL, O GRUPO DE TEATRO FOGUETES MARAVILHA, NO QUAL ATUA COMO ATOR, DIRETOR E AUTOR. FOI MEMBRO DO GRUPO DE CIRCO INTRÉPIDA TRUPE. EN

a reshuffle of the places occupied by playwright, actor, spectator and character. The actor shares the direction of the performance with Alex Cassal, with whom he founded the Foguetes Maravilha (Marvellous Rockets) Group. FELIPE ROCHA GRADUATE IN PERFORMING ARTS FROM THE FEDERAL UNIVERSITY OF THE STATE OF RIO DE JANEIRO (UNIRIO), FELIPE FOUNDED THE FOGUETES MARAVILHA THEATRE GROUP TOGETHER WITH ALEX CASSAL. IN THIS GROUP, HE WORKS AS ACTOR, DIRECTOR, AND AUTHOR. HE WAS ALSO A MEMBER OF THE INTRÉPIDA TRUPE (INTREPID TROUPE) CIRCUS GROUP.

ES

Un hombre de 35 años, encerrado un lunes duran- de las sillas musicales entre los lugares ocupados por te un día de descanso en un cuarto de hotel, decide dramaturgo, actor, espectador y personaje. El actor que va a escribir un libro. Sin nada planeado, se elige comparte la dirección del espectáculo con Alex Cassal, a sí mismo y a la habitación del hotel como punto junto con quien fundó el grupo Foguetes Maravilha. de partida para su historia. El reparto del proceso de creación de ese texto se mezcla con situaciones que el autor enfrenta al verse abducido por los universos FELIPE ROCHA GRADUADO EN ARTES ESCÉNICAS POR LA y personajes que crea. UNIVERSIDAD FEDERAL DEL ESTADO DE RIO DE JANEIRO (UNIEn Ele Precisa Começar (Él precisa comenzar), RIO), EL ACTOR FUNDÓ EN 2008, JUNTO CON ALEX CASSAL, EL Felipe Rocha pasea entre capas de realidad y ficción GRUPO DE TEATRO FOGUETES MARAVILHA, EN EL CUAL ACTÚA y da voz y cuerpo a los innumerables futuros espectá- COMO ACTOR, DIRECTOR Y AUTOR. FUE MIEMBRO DEL GRUPO culos que imagina; de esa manera promueve un juego DE CIRCO INTRÉPIDA TRUPE.

FELIPE ROCHA

81


KURUF

ESPAÇO SEGURO PARA FICAR EM RISCO FRAGMENTO URBANO 14

@FRAGMENTO_URBANO COMPANHIA | PAÍS

82


ESPAÇO SEGURO PARA FICAR EM RISCO

PT

Dançar em casa é privilégio de quantos? É resistência obra, fazem refletir sobre o chamado “novo normal”, para quantos? Quem pode se manter em isolamen- em que “a tônica da vida é o paradoxo: respirar é o to? O grupo Fragmento Urbano desenvolveu Espaço mais importante e o mais perigoso”. Seguro para Ficar em Risco a partir de perguntas como essas, buscando elaborar as pressões às quais estão FRAGMENTO URBANO CRIADO EM 2009 NA ZONA LESTE DE submetidas, na pandemia de covid-19, as pessoas SÃO PAULO, O GRUPO SE CONCENTRA NA INVESTIGAÇÃO DE que moram nas periferias da cidade. UMA CORPOREIDADE PERIFÉRICA, AFRO-DIASPÓRICA, AMEA performance é um desdobramento dos projetos RÍNDIA, AGREGANDO JOVENS QUE BUSCAVAM CRIAR A PARTIR Na Pressão e Balada Manifesto e utiliza sacos plásticos DA LINGUAGEM DAS FUNK STYLES (HIP-HOP) PARA INTERVENtransparentes como objetos cênicos. Douglas Iesus ÇÃO URBANA. REALIZOU, ENTRE OUTROS, BREAKING DE REe Anelise Mayumi, dançarinos que protagonizam a PENTE E DUOELO.

SAFE PLACE TO STAY AT RISK

Is dancing at home a privilege for how many? Is it resistance for how many? Who can stay in isolation? Fragmento Urbano group developed Espaço Seguro para Ficar em Risco based on questions like these, seeking to elaborate on the pressures to which people living in the outskirts of the city are subjected in the covid-19 pandemic. The performance is an offshoot of Na Pressão and Balada Manifesto projects and uses transparent plastic bags as props. Douglas Iesus and Anelise Mayumi, dancers who star in the play, reflect on the so-called

ESPACIO SEGURO PARA VIVIR UNA SITUACIÓN DE RIESGO

¿Bailar en casa es un privilegio de cuántos? ¿Es resistencia para cuántos? ¿Quién puede permanecer en aislamiento? El grupo Fragmento Urbano desarrolló Espaço Seguro para Ficar em Risco (Espacio seguro para vivir una situación de riesgo) a partir de preguntas como esas, buscando elaborar cuales son las presiones a las que están sometidas - durante la pandemia de covid-19, las personas que viven en las periferias de la ciudad. La performance es un desdoblamiento de los proyectos Na Pressão e Balada Manifesto (En presión y balada Manifiesto) y utiliza bolsas plásticas transparentes como objetos escénicos. Douglas Iesus y FRAGMENTO URBANO

EN

“new normal”, in which “the tonic of life is the paradox: breathing is the most important and the most dangerous thing”. FRAGMENTO URBANO CREATED IN 2009 IN THE EAST OF SÃO PAULO, THE GROUP FOCUSES ON THE INVESTIGATION OF A PERIPHERAL, AFRO DIASPORIC, AMERINDIAN CORPOREALITY, AGGREGATING YOUNG PEOPLE WHO WANTED TO CREATE USING THE LANGUAGE OF FUNK STYLES (HIP-HOP) FOR URBAN INTERVENTION. THEY HAVE HELD, INTER ALIA, BREAKING DE REPENTE AND DUOELO.

ES

Anelise Mayumi, los bailarines que protagonizan la obra, nos hacen reflexionar sobre el denominado “nuevo normal”, donde la “tónica de la vida es una paradoja: respirar es lo más importante y lo más peligroso”.

FRAGMENTO URBANO CREADO EN 2009 EN LA REGIÓN ESTE DE SÃO PAULO, EL GRUPO SE CONCENTRA EN LA INVESTIGACIÓN DE UNA CORPOREIDAD PERIFÉRICA, UNA DIÁSPORA AFRICANA, AMERINDIA, INCORPORANDO JÓVENES QUE BUSCABAN CREAR A PARTIR DEL LENGUAJE DE MÚSICAS FUNK STYLES (HIP-HOP) PARA UNA INTERVENCIÓN URBANA. REALIZÓ, ENTRE OTROS, BREAKING DE REPENTE E DUOELO. 83


NANA MORAES

FREQUÊNCIA 20.20 GRACE PASSÔ 16

CRIAÇÃO E ATUAÇÃO/ CREATION AND ACTING/ CREACIÓN Y ACTUACIÓN Grace Passô

COMPANHIA | PAÍS GRACE PASSÔ

84


FREQUÊNCIA 20.20

Como uma DJ que apresenta um programa sonoro, a premiada atriz, dramaturga e diretora mineira reúne trechos de espetáculos teatrais que escreveu e encenou: Preto (coautoria com Márcio Abreu e Nadja Naira), Mata Teu Pai e Por Elise. De início Grace Passô comenta sobre a saudade do teatro que todos sentem durante a pandemia de covid-19, que impediu apresentações presenciais, e passa então a recuperar memórias e sensações dos três espetáculos: além de interpretar trechos das peças, conversa com artistas

FREQUENCY 20.20

PT

que estiveram na encenação delas, como se esses convidados fizessem uma participação em seu programa, Frequência 20.20. GRACE PASSÔ ATRIZ, DRAMATURGA E DIRETORA, FUNDOU EM 2004 O GRUPO ESPANCA!, PARA O QUAL ESCREVEU E DIRIGIU ESPETÁCULOS. TRABALHA EM PARCERIA COM DIFERENTES ARTISTAS E COLETIVOS, COM DESTAQUE PARA AS RECENTES COLABORAÇÕES COM A COMPANHIA BRASILEIRA DE TEATRO, E ATUA TAMBÉM NA TELEVISÃO E NO CINEMA.

EN

As a DJ presenting a sound program, the award-win- artists who were in their staging as if these guests were ning actress, playwright, and director from Minas Gerais participating in her program, Frequência 20.20. gathers excerpts from theater performances she has written and staged: Preto (coauthored with Márcio GRACE PASSÔ ACTRESS, PLAYWRIGHT AND DIRECTOR, SHE Abreu and Nadja Naira), Mata Teu Pai and Por Elise. At FOUNDED ESPANCA! GROUP IN 2004, FOR WHICH SHE WROTE first Grace Passô comments on how everyone misses AND DIRECTED PLAYS. SHE WORKS IN PARTNERSHIP WITH theater during the covid-19 pandemic, which stopped DIFFERENT ARTISTS AND COLLECTIVES, WITH EMPHASIS ON live performances, and then goes on to recover mem- RECENT COLLABORATIONS WITH THE COMPANHIA BRASILEories and sensations from the three performances: IRA DE TEATRO, AND ALSO WORKS IN TELEVISION AND FILM. besides acting excerpts from the plays, she talks to

FRECUENCIA 20.20

ES

Como si fuese una DJ que presenta un programa so- terpretar trechos de las piezas, conversa con artistas noro, la premiada actriz, dramaturga y directora del que estuvieron en sus montajes, como si esos invitaestado de Minas Gerais reúne trechos de espectácu- dos participasen en su programa, Frequência 20.20. los teatrales que escribió y colocó en escena: Preto (Negro) (coautoría con Márcio Abreu y Nadja Naira), GRACE PASSÔ ACTRIZ, DRAMATURGA Y DIRECTORA, FUNMata Teu Pai (Mata tu padre) y Por Elise (Por Elise). En DÓ EN 2004 EL GRUPO ESPANCA!, PARA EL CUAL ESCRIel comienzo, Grace Passô comenta sobre la nostalgia BIÓ Y DIRIGIÓ ESPECTÁCULOS. TRABAJA EN CONJUNTO CON que todos sienten del teatro durante la pandemia de DIFERENTES ARTISTAS Y COLECTIVOS, CON DESTAQUE PARA covid-19, pues los impidió de realizar actuaciones LAS RECIENTES COLABORWACIONES CON LA COMPANHIA presenciales, y luego pasa a recuperar memorias y BRASILEIRA DE TEATRO, Y TAMBIÉN ACTÚA EN TELEVISIÓN Y sensaciones de los tres espectáculos: además de in- EN CINE.

GRACE PASSÔ

85


ARIELA BUENO

MÃE CORAGEM BETE COELHO 16

ATUAÇÃO/ACTING/ ACTUACIÓN Bete Coelho ATUAÇÃO E CÂMERA/ ACTING AND CAMERAWORK/ ACTUACIÓN Y CÁMARA Gabriel Fernandes DIREÇÃO/DIRECTION/ DIRECCIÓN Daniela Thomas TEXTO/TEXT/TEXTO Bertolt Brecht TRADUÇÃO/ TRANSLATION/ TRADUCCIÓN Marcos Renaux

COMPANHIA | PAÍS BETE COELHO

86


MÃE CORAGEM

Em um monólogo denso e poderoso, esta versão do espetáculo Mãe Coragem costura a trajetória da protagonista Anna Ferling por meio de cenas da peça de Bertolt Brecht e de narrações de Bete Coelho. Tendo interpretado a personagem na montagem que estreou nos palcos sob a direção de Daniela Thomas, a atriz apresenta e encena alguns trechos do espetáculo; ela comenta o contexto da criação do texto e aspectos do teatro de Brecht e assim caminha com a narrativa sobre a mãe de três filhos que, durante a Guerra dos Trinta Anos, sobrevive do comércio de mercadorias que traz em sua carroça. MOTHER COURAGE

In an intense and powerful monologue, this version of the play Mãe Coragem binds the trajectory of the main character Anna Ferling through scenes from the play by Bertolt Brecht and narrations by Bete Coelho. Having played the character in the production that premiered on stage under the direction of Daniela Thomas, the actress presents and performs some parts of the play; she comments on the context of the text creation and aspects of Brecht’s theater, and thus walks along with the narrative about the mother of three children who, during the Thirty Years’ War, survives by trading goods she brings in her cart. MADRE CORAJE

En un monólogo denso y poderoso, esta versión del espectáculo Mãe Coragem vincula la trayectoria de la protagonista Anna Ferling a través de escenas de la pieza de Bertolt Brecht, y narraciones de Bete Coelho. Habiendo interpretado el personaje en el montaje que estrenó en los escenarios bajo la dirección de Daniela Thomas, la actriz presenta y coloca en escena algunos trechos del espectáculo; comenta el contexto de creación del texto y aspectos del teatro de Brecht y así desarrolla una narrativa sobre la madre de tres hijos que durante la Guerra de los Treinta Años, sobrevive del comercio de mercaderías que lleva en su carrito.

BETE COELHO

PT

Da mesma maneira que Brecht se vale da história para tratar da ascensão do nazismo que vivenciava na Alemanha em 1939, a apresentação tece comentários sobre a guerra e a violência que nos desumanizam, num momento em que tais questões voltam a nos assombrar. BETE COELHO ATRIZ E DIRETORA, TRABALHOU COM GRANDES DIRETORES BRASILEIROS AO LONGO DE SUA CARREIRA, COMO ANTUNES FILHO, JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA, GERALD THOMAS; COM ESTE ÚLTIMO FUNDOU A COMPANHIA DE ÓPERA SECA, CUJOS ESPETÁCULOS PROTAGONIZOU. EN

In the same way that Brecht uses history to address the rise of Nazism that he experienced in Germany in 1939, the performance comments on the war and the violence that dehumanize us, at a time when such issues come back to haunt us. BETE COELHO ACTRESS AND DIRECTOR, SHE HAS WORKED WITH GREAT BRAZILIAN DIRECTORS THROUGHOUT HER CAREER, SUCH AS ANTUNES FILHO, JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA, AND GERALD THOMAS; WITH THE LATTER, SHE FOUNDED COMPANHIA DE ÓPERA SECA, WHOSE PERFORMANCES SHE STARRED IN. ES

De la misma forma que Brecht se vale de la historia para relatar la ascensión del nazismo que se vivenciaba en Alemania en 1939, la presentación elabora comentarios sobre la guerra y la violencia que nos deshumaniza, en un momento en que tales cuestiones vuelven a espantarnos. BETE COELHO ACTRIZ Y DIRECTORA, TRABAJÓ CON GRANDES DIRECTORES BRASILEÑOS A LO LARGO DE SU CARRERA, COMO ANTUNES FILHO, JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA, GERALD THOMAS; CON ESTE ÚLTIMO FUNDÓ LA COMPANHIA DE ÓPERA SECA, CUYOS ESPECTÁCULOS PROTAGONIZÓ.

87


DALTON CAMARGOS

MASCARADO – ÄGÔ PRA FALAR, ÄGÔ PRA DANÇAR, ÄGÔ PRA EXISTIR CRISTINA MOURA 16

CRIAÇÃO, DIREÇÃO E INTERPRETAÇÃO/ CREATION, DIRECTION AND PERFORMANCE/ CREACIÓN, DIRECCIÓN E INTERPRETACIÓN Cristina Moura COLABORAÇÃO/ COLLABORATION/ COLABORACIÓN Mariana Lima Renato Linhares DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA E CÂMERA/DIRECTOR OF PHOTOGRAPHY AND CAMERA/DIRECCIÓN DE FOTOGRAFÍA Y CÁMARA Clara Cavour DIREÇÃO DE ARTE/ART DIRECTION/DIRECCIÓN DE ARTE Julia Deccache

DIREÇÃO MUSICAL/ MUSICAL DIRECTION/ DIRECCIÓN MUSICAL Bruno Balthaza FIGURINOS/COSTUMES/ VESTUARIO Luana de Sá PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN Dadá Maia Ciranda de 3 Trupe Produções TEXTOS/TEXTS/TEXTOS Achille Mbembe Ana Miranda Angela Davis Bell Hooks Edna St. V. Millay Franz Fanon Grada Kilomba Maya Angelou Marcelo Yuka Pedro Rocha Wislawa Szymborska

@CRISTINAMOURAREAL COMPANHIA | PAÍS

88


MASCARADO – ÄGÔ PRA FALAR, ÄGÔ PRA DANÇAR, ÄGÔ PRA EXISTIR

PT

A coreógrafa e intérprete Cristina Moura parte das CRISTINA MOURA DIRETORA DE ESPETÁCULOS DE TEATRO próprias inquietações para questionar: o que aconte- E DANÇA CONTEMPORÂNEA, COREÓGRAFA E INTÉRPRETE, ce no mundo, hoje, enquanto eu danço? Combinando INTEGROU O LES BALLETS C DE LA B, DE ALAIN PLATEL, E A linguagens e símbolos, o espetáculo busca uma escri- CIA. MUDANCES, DE ÀNGELS MARGARIT. É AUTORA DO SOLO ta cênica e corporal que expresse as ambiguidades LIKE AN IDIOT, INTERPRETADO EM DIVERSOS PAÍSES, E DESe possibilidades de um corpo feminino negro dan- DE 2015 ATUA COMO PREPARADORA DE ELENCO EM PRODUçante. Revisita movimentos de Ägô, último trabalho ÇÕES DA TV GLOBO. da diretora, e transita de maneira pendular entre ancestralidade e contemporaneidade, beleza e feiura, fragilidade e força. MASKED - ÄGÔ TO TALK, ÄGÔ TO DANCE, ÄGÔ TO EXIST

Choreographer and performer Cristina Moura starts from her own concerns to question: what happens in the world, today, while I dance? Combining languages and symbols, the performance seeks a scenic and corporal writing that expresses the ambiguities and possibilities of a black female dancing body. It revisits movements from Ägô, the director’s latest work, and swings between ancestry and contemporaneity, beauty and ugliness, fragility and strength. In addition to the director’s experiences, concerns and memories, the solo draws on texts by thinkers of black culture such as Achille Mbembe, Grada Kilomba, Angela Davis and Franz Fanon. Together, they build a

EN

drama of the scene that wants to work as a provocation, a call for reflection on current issues. CRISTINA MOURA DIRECTOR OF THEATER AND CONTEMPORARY DANCE PERFORMANCES, CHOREOGRAPHER AND PERFORMER, SHE WAS PART OF LES BALLETS C DE LA B, BY ALAIN PLATEL, AND ÀNGELS MARGARIT CIA. MUDANCES. SHE IS THE AUTHOR OF THE SOLO LIKE AN IDIOT, PERFORMED IN MANY COUNTRIES, AND SINCE 2015 SHE HAS WORKED AS A CASTING COACH FOR TV GLOBO PRODUCTIONS. Translator’s note: For some afro-Brazilian religions the word Ägô means to ask for permission).

ENMASCARADO - PEDIR PERMISO PARA HABLAR, PARA A BAILAR Y EXISTIR

La coreógrafa e intérprete Cristina Moura parte de sus propias inquietudes para cuestionar: ¿qué pasa en el mundo, hoy, mientras yo bailo? Combinando lenguajes y símbolos, el espectáculo busca una escrita escénica e corporal que exprese las ambigüedades y posibilidades de un cuerpo femenino negro danzante. Revisita movimientos de Ägô, último trabajo de la directora, y transita de manera pendular entre ancestralidad y contemporaneidad, belleza y fealdad, fragilidad y fuerza. Además de las vivencias, inquietudes y memorias de la directora, este espectáculo solo recorre a textos de pensadores de la cultura negra como Achille Mbembe, Grada Kilomba, Angela Davis y Franz Fanon.

CRISTINA MOURA

ES

Juntos, construyen una dramaturgia de la escena que quiere funcionar como una provocación, un llamado a la reflexión sobre cuestiones de actualidad. CRISTINA MOURA DIRECTORA DE ESPECTÁCULOS DE TEATRO Y DANZA CONTEMPORÁNEA, COREÓGRAFA E INTÉRPRETE, INTEGRÓ LES BALLETS C DE LA B, DE ALAIN PLATEL, E LA CIA. MUDANCES, DE ÀNGELS MARGARIT. ES AUTORA DEL SOLO LIKE AN IDIOT, (COMO UNA IDIOTA) INTERPRETADO EN DIVERSOS PAÍSES, Y DESDE 2015 ACTÚA COMO PREPARADORA DE ELENCO EN PRODUCCIONES DE LA TV GLOBO. Nota del traductor: En las religiones afro-brasileñas la palabra Ägô significa pedir permiso.

89


DRIKA BOURQUIM

O MENINO TERESA BANDA MIRIM LIVRE/ALL AGES/LIBRE

BANDA MIRIM

DRAMATURGIA E DIREÇÃO/DRAMATURGY AND DIRECTOR/ DRAMATURGIA Y DIRECCIÓN Marcelo Romagnoli ELENCO/CAST/ELENCO Cláudia Missura Tata Fernandes MÚSICAS/SONGS/ MÚSICAS Tata Fernandes OBJETOS CENOGRÁFICOS/SET OBJECTS/OBJETOS ESCENOGRÁFICOS Marisa Bentivegna FIGURINOS/COSTUMES/ VESTUARIO Verônica Julian PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/ PRODUCCIÓN EJECUTIVA Andrea Pedro

90


O MENINO TERESA

Numa aventura no estilo Indiana Jones, Teresa busca desvendar com muita convicção e ingenuidade o mundo dos meninos. Interpretada por Cláudia Missura, ela conta com a companhia de sua amiga imaginária, sra. Cabeçuda, vivida pela compositora e instrumentista Tata Fernandes, também responsável pelas canções. A peça premiada, que estreou em 2007 nos palcos, tem como pano de fundo o desvendamento do masculino e encena o reencontro de Teresa com a figura pa-

BOY TERESA

In an adventure true to Indiana Jones style, Teresa seeks to delve into the boys’ world, with a lot of conviction and some naïveté. Interpreted by Cláudia Missura, who had the company of her inseparable friend, Mrs Big-Head, played by the composer and instrumentalist Tata Fernandes, also responsible for the songs. The award-winning play, which made its stage début in 2007, is based on the unveiling of the masculine, and also shows the reencounter between Teresa and the father figure. With delicateness and

EL NIÑO TERESA

En una aventura al estilo Indiana Jones, Teresa busca develar con gran convicción e ingenuidad el mundo de los niños. Interpretada por Cláudia Missura, ella cuenta con la compañía de su amiga imaginaria, la señora Cabeçuda (Cabezuda) interpretada por la compositora e instrumentista Tata Fernandes, también responsable por las canciones. Esta pieza premiada, que estrenó en los escenarios en 2007, tiene como paño de fondo el descubrimiento de lo masculino y coloca en escena el reencuentro de

BANDA MIRIM

PT

terna. Com delicadeza e humor e num clima intimista, O Menino Teresa propõe uma discussão sobre gênero.

BANDA MIRIM COMPOSTA DE 12 ARTISTAS, A BANDA MIRIM PROMOVE DESDE 2004 ESPETÁCULOS PARA CRIANÇAS E JOVENS, COM MUSICAIS COMBINANDO LINGUAGENS DE TEATRO, MÚSICA E CIRCO. REALIZOU, ENTRE OUTROS TRABALHOS, BUDA, O FANTASMA DO SOM E ESPOLETA.

EN

humour, within an intimist climate, O Menino Teresa (Boy Teresa) proposes a discussion about gender. CHILDREN’S BAND CONSISTING OF 12 ARTISTS, THE BANDA MIRIM HAS, SINCE 2004, BEEN PROMOTING PLAYS FOR CHILDREN AND YOUNGSTERS, WITH MUSICALS COMBINING LANGUAGES OF THE THEATRE, MUSIC, AND CIRCUS. AMONG OTHER PROJECTS, THIS TROUPE PERFORMED BUDA (BUDDHA), O FANTASMA DO SOM (THE GHOST OF SOUND), AND ESPOLETA (DETONATOR).

ES

Teresa con la figura paterna. Con delicadeza y humor, y en un clima intimista, O Menino Teresa propone una discusión sobre género. BANDA MIRIM COMPUESTA POR 12 ARTISTAS, LA BANDA MIRIM PROMUEVE DESDE 2004 ESPECTÁCULOS PARA NIÑOS Y JÓVENES, CON MUSICALES COMBINANDO LENGUAJES DE TEATRO, MÚSICA Y CIRCO. REALIZÓ, ENTRE OTROS TRABAJOS, BUDA, O FANTASMA DO SOM (EL FANTASMA DEL SONIDO) Y ESPOLETA (UNA PERSONA TRAVIESA).

91


FERNANDO YOUNG

SIM – CÉREBRO_CORAÇÃO EM CONFERÊNCIA PARA TERRA MARIANA LIMA 14

TEXTO ADAPTADO E DIREÇÃO/ADAPTED PLOT AND DIRECTION/ TEXTO ADAPTADO Y DIRECCIÓN Enrique Diaz Mariana Lima Renato Linhares ATUAÇÃO/PERFORMED BY/ ACTUACIÓN Mariana Lima DIREÇÃO-GERAL/ DIRECTOR-GENERAL/ DIRECCIÓN GENERAL Verônica Prates COORDENAÇÃO ARTÍSTICA/ART CO-ORDINATOR/ COORDINACIÓN ARTÍSTICA Valencia Losada CENOGRAFIA/SET DESIGN/ ESCENOGRAFÍA Dina Salem Levy ILUMINAÇÃO/LIGHTING/ ILUMINACIÓN Beto Bruel VÍDEOS E PROJEÇÕES/ VIDEOS AND PROJECTIONS/VÍDEOS Y PROYECCIONES Lucas Canavarro Paola Barreto

MARIANA LIMA COMPANHIA | PAÍS

TRILHA SONORA/ SOUNDTRACK/BANDA SONORA Lucas Marcier PESQUISA DE SOM AMBIENTE/SURVEY OF BACKGROUND SOUND/ INVESTIGADORA DE MÚSICA AMBIENTAL Joana Guimarães SONG/MÚSICA/SONG: "FOR INDIA” João Bittencourt FIGURINOS/COSTUMES/ VESTUARIO Marina Franco PREPARAÇÃO CORPORAL/BODY PREPARATION/ PREPARACIÓN CORPORAL Laura Samy OPERAÇÃO DE SOM/ SOUND OPERATION/ OPERACIÓN DE SONIDO Joana Guimarães OPERADORES DE VÍDEO/ VIDEO OPERATORS/ OPERADORES DE VÍDEO Lina Kaplan OPERADOR DE LUZ/ LIGHT OPERATOR/ OPERADOR DE LUZ Luana Della Crist

CAMAREIRA/ CHAMBERMAID/ CAMARERA Conceição Telles CONTRARREGRA/ PROMPTER/ TRAMOYISTA Iuri Wander PRODUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO/ PRODUCTION AND ADMINISTRATION/ PRODUCCIÓN Y ADMINISTRACIÓN Quintal Produções COORDENAÇÃO ARTÍSTICA/ ART CO-ORDINATION/ COORDINACIÓN ARTÍSTICA Valencia Losada

92


SIM – CÉREBRO_CORAÇÃO EM CONFERÊNCIA PARA TERRA

Cérebro_Coração em Conferência para a Terra é uma adaptação da peça Cérebro_Coração, pensada para esse tempo que nos impõe distanciamento, responsabilidade e, quiçá, uma nova linguagem para as artes. O título traduz um pouco da distopia e da ausência, como se estivéssemos em um outro planeta vivendo de memórias e especulações de um futuro incerto, quanto ao (re)conhecimento da nova realidade. Sua estrutura dramatúrgica foi adaptada às contingências e à vocação do projeto, mas seus assuntos centrais permanecem dispostos nos fragmentos e passagens escolhidos pela autora e os diretores Enrique Diaz e SIM - BRAIN_HEART IN CONFERENCE FOR THE EARTH

Cérebro_Coração em Conferência para a Terra is an adapted version of the play Cérebro_Coração for this time that imposes social distancing, social accountability, and, perhaps, a new language to arts. The title translates some of the dystopia and the absence, as if we all were in another planet living on memories and speculations on an uncertain future, as to the (re) acknowledge of this new reality. The dramaturgical structure was adapted to the contingencies and the project's vocation. However, the play's central themes, are presented in the fragments and passages selected by the author with the directors Enrique Diaz and CEREBRO_CORAZÓN EN CONFERENCIA PARA LA TIERRA

Cérebro_Coração em Conferência para a Terra (Cerebro_Corazón en conferencia para la Tierra) es una versión adaptada de la pieza Cerebro_Corazón para este tiempo que nos impone distanciamiento, responsabilidad social y, quizás, un nuevo lenguaje para las artes. El título traduce un poco de la distopía y la ausencia, como si todos estuviésemos en otro planeta viviendo de memorias y especulaciones de un futuro incierto, cuanto al (re)conocimiento de esa nueva realidad. La estructura dramatúrgica fue adaptada a las contingencias y a la vocación del proyecto, aunque los asuntos centrales están dispuestos en fragmentos y pasajes escogidos por la autora en conjunto con los

MARIANA LIMA

PT

Renato Linhares, tendo como cenário o único lugar recomendável para esse momento, a nossa casa.

MARIANA LIMA A ATRIZ PAULISTANA INTEGROU O TEATRO DA VERTIGEM, REALIZANDO O ESPETÁCULO O LIVRO DE JÓ, ENCENOU O MONÓLOGO A PAIXÃO SEGUNDO G. H., ADAPTAÇÃO DE FAUZI ARAP PARA O ROMANCE DE CLARICE LISPECTOR, E DIVIDIU O PALCO COM MARCO NANINI EM PTERODÁTILOS, DIRIGIDA POR FELIPE HIRSCH, ENTRE OUTROS DIVERSOS TRABALHOS DE DESTAQUE NO TEATRO E NA TELEVISÃO.

EN

Renato Linhares, having as the scenario the only recommended place right now: our home. MARIANA LIMA THE SÃO PAULO-BASED ACTRESS WAS PART OF THE TEATRO DA VERTIGEM, HAVING PERFORMING THE PLAY O LIVRO DE JÓ (THE BOOK OF JOB). SHE ALSO DIRECTED A PAIXÃO SEGUNDO G. H. (PASSION ACCORDING TO JH), AN ADAPTATION OF CLARICE LISPECTOR’S BOOK MADE BY FAUZI ARAP, AND SHARED THE STAGE WITH MARCO NANINI IN PTERODÁCTILOS (PTERODACTYLS), DIRECTED BY FELIPE HIRSCH, AMONG MANY OTHER WORKS WORTHY OF NOTE, IN THEATRE AND ON TELEVISION. ES

directores Enrique Diaz y Renato Linhares, teniendo como escenario el único lugar recomendable para este momento: nuestra casa. MARIANA LIMA LA ACTRIZ PAULISTANA INTEGRÓ EL TEATRO DA VERTIGEM, REALIZANDO EL ESPECTÁCULO O LIVRO DE JÓ, (EL LIBRO DE JOB) COLOCÓ EN ESCENA EL MONÓLOGO A PAIXÃO SEGUNDO G. H. (LA PASIÓN SEGÚN G. H.), ADAPTACIÓN DE FAUZI ARAP DEL LIBRO DE CLARICE LISPECTOR, Y COMPARTIÓ EL ESCENARIO CON MARCO NANINI EN PTERODÁTILOS (PTERODÁCTILOS), PIEZA DIRIGIDA POR FELIPE HIRSCH, ENTRE OTROS VARIOS TRABAJOS DE DESTAQUE EN TEATRO Y EN TELEVISIÓN.

93


ADELOYA MAGNONI

TRAGA-ME A CABEÇA DE LIMA BARRETO! HILTON COBRA 14

ATUAÇÃO/ACTING/ ACTUACIÓN Hilton Cobra DRAMATURGIA/ DRAMATURGY/ DRAMATURGIA Luiz Marfuz DIREÇÃO/ DIRECTION/ DIRECCIÓN Onissajé (Fernanda Júlia) CENÁRIO/SET DESIGN/ ESCENARIO Erick Saboya Igor Liberato Márcio Meireles | Vila de Taipa DESENHO DE LUZ/LIGHTNING DESIGN/DISEÑO DE ILUMINACIÓN Jorginho de Carvalho Valmyr Ferreira FIGURINO/COSTUMES/ VESTUARIO Biza Vianna DIREÇÃO DE MOVIMENTOS/ MOVEMENT DIRECTION/ DIRECCIÓN DE MOVIMIENTOS Zebrinha DIREÇÃO MUSICAL/ MUSICAL DIRECTION/ DIRECCIÓN MUSICAL Jarbas Bittencourt DIREÇÃO DE VÍDEO/ VIDEO DIRECTION/ DIRECCIÓN DE VÍDEO David Aynan DESIGN GRÁFICO/ GRAPHIC DESIGN/ DISEÑO GRÁFICO Bob Siqueira Gá

@HILTONCOBRA COMPANHIA | PAÍS

PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/ PRODUCCIÓN EJECUTIVA Elaine Bortolanza Júlio Coelho DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA/CÂMERA/ DIRECTOR OF PHOTOGRAPHY/CAMERA OPERATOR/DIRECCIÓN DE FOTOGRAFÍA/ CÁMARA Lílis Soares OPERAÇÃO DE ÁUDIO E VÍDEO/AUDIO AND VIDEO TECHNICIAN/ OPERACIÓN DE AUDIO Y VÍDEO Duda Fonseca OPERAÇÃO DE LUZ/ LIGHTING TECHNICIAN/ OPERACIÓN DE ILUMINACIÓN Lucas Barbalho PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS (VOZ EM OFF)/FEATURED GUESTS (VOICE OVER)/ PARTICIPACIONES ESPECIALES (VOZ EN OFF) Caco Monteiro Frank Menezes Harildo Deda Hebe Alves Lázaro Ramos Rui Manthur Stephane Bourgade

94


TRAGA-ME A CABEÇA DE LIMA BARRETO!

PT

Quando o escritor carioca Lima Barreto morre, em várias facetas da personalidade e da genialidade do 1922, uma autópsia de sua cabeça é realizada por autor de O Triste Fim de Policarpo Quaresma, além médicos eugenistas, defensores da higienização ra- de tratar dos enfrentamentos políticos e literários cial no Brasil. O propósito da autópsia seria responder de sua época no Rio de Janeiro, capital da Primeira à pergunta: “Como um cérebro considerado inferior República (1889-1930). poderia ter produzido uma obra literária de porte, se o privilégio da arte nobre e da boa escrita é das raças tidas como superiores?”. HILTON COBRA ATOR E PRODUTOR, ATUOU EM ESPETÁCULOS Isso é o que imaginou o diretor e dramaturgo Luiz DIRIGIDOS POR LUIZ MARFUZ, MÁRCIO MEIRELLES, NEHLE Marfuz, que cria essa sessão de autópsia fictícia pa- FRANKE, ULISSES CRUZ E WERNER HERZOG. NA CIA DOS COra discutir questões como o racismo, a loucura e a MUNS, QUE FUNDOU EM 2001, PRODUZIU DIVERSOS ESPETÁvida literária. O ator Hilton Cobra se debruça sobre CULOS E DIRIGIU SILÊNCIO. BRING ME LIMA BARRETO'S HEAD!

EN

When writer Lima Barreto, from Rio de Janeiro, died personality and genius of the author of O Triste Fim in 1922, an autopsy of his head was performed by de Policarpo Quaresma (The Sad End of Policarpo eugenic doctors, advocates of racial hygiene in Brazil. Quaresma), in addition to coping with the political The purpose of the autopsy was to answer the ques- and literary challenges of his time in Rio de Janeiro, tion: “How could a brain considered to be inferior have capital of the First Republic (1889-1930). produced such a literary work if the privilege of noble art and good writing belongs to the races considered to be superior?”. HILTON COBRA ACTOR AND PRODUCER, HE HAS PERFORMED This is what director and playwright Luiz Marfuz IN SHOWS DIRECTED BY LUIZ MARFUZ, MÁRCIO MEIRELLES, imagined, creating this fictional autopsy session to NEHLE FRANKE, ULISSES CRUZ, AND WERNER HERZOG. AT CIA discuss issues such as racism, madness, and literary DOS COMUNS, WHICH HE FOUNDED IN 2001, HE PRODUCED life. Actor Hilton Cobra focuses on many facets of the MANY PLAYS AND DIRECTED SILÊNCIO (SILENCE).

¡TRÁIGAME LA CABEZA DE LIMA BARRETO!

Cuando el escritor carioca Lima Barreto muere en 1922, médicos eugenistas - defensores de la higienización racial en Brasil, realizan una autopsia de su cerebro. El propósito de esa autopsia sería responder a la pregunta: “Cómo un cerebro considerado inferior podría haber producido una obra literaria de porte, ¿si el privilegio del arte noble y de la buena escrita es de las razas consideradas como superiores?”. Esto es lo que imaginó el director y dramaturgo Luiz Marfuz, que crea esa sesión de autopsia ficticia para discutir cuestiones como el racismo, la locura y la vida literaria. El actor Hilton Cobra estudia y presenta diver-

HILTON COBRA

ES

sas facetas de la personalidad y la genialidad del autor de O Triste Fim de Policarpo Quaresma (El triste fin de Policarpo Quaresma) además de tratar los enfrentamientos políticos y literarios de su época en Rio de Janeiro, capital de la Primera República (1889-1930). HILTON COBRA ACTOR Y PRODUCTOR, ACTUÓ EN ESPECTÁCULOS DIRIGIDOS POR LUIZ MARFUZ, MÁRCIO MEIRELLES, NEHLE FRANKE, ULISSES CRUZ Y WERNER HERZOG. EN LA CIA DOS COMUNS, QUE FUNDÓ EN 2001, PRODUJO DIVERSOS ESPECTÁCULOS Y DIRIGIÓ SILÊNCIO (SILENCIO).

95



ATIVIDADES FORMATIVAS / EDUCATIONAL ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS


PT

ATIVIDADES FORMATIVAS / EDUCATIONAL ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

Para além de uma mostra de espetáculos, o Mirada dedica-se em todas as suas edições a promover o intercâmbio entre artistas e a aproximá-los do público por meio de discussões, conversas e oficinas. Na Ocupação Mirada 2021, o formato híbrido proporciona uma ampliação do alcance dessas atividades, com a potencial criação de novas redes por meio do ambiente digital. Esta programação contempla mesas de debate sobre temas variados, como o papel dos festivais, os modos de expressão artística de povos originários da América Latina e a performatividade como estratégia para remontar histórias não oficiais. Um laboratório de criação dedica-se ao questionamento dos monumentos históricos, articulando grupos de grande relevância da América Latina para rever as narrativas herdadas. Há ainda, entre outras atividades, três aberturas de processos criativos, em diferentes estágios e formatos, que evidenciam o caráter de permanente desenvolvimento da construção artística e histórica.


EN

More than an exhibition of shows, Mirada seeks in each edition to promote the exchange between artists and bring them closer to the audience through discussions, chats, and workshops. In Ocupação Mirada 2021, the hybrid format expands the scope of activities and potentially creates new networks in the digital environment. The program includes roundtables on several topics, such as the role of festivals, the ways of artistic expressions of Latin America’s native peoples, and performance art as a strategy to retell non-official stories. A creation laboratory devoted to questioning the historical monuments, articulating relevant groups in Latin America to review the inherited narratives. Other activities include three creative processes in different creation phases and formats, underlining the character of permanent development in art and history constructions.

ES

El festival Mirada va más allá de ser una muestra de espectáculos, para dedicarse en todas sus ediciones a promover el intercambio entre artistas y aproximarlos al público a través de discusiones, charlas y talleres. En Ocupación Mirada 2021, el formato híbrido proporciona una ampliación del alcance de esas actividades, con la potencial creación de nuevas redes fundamentadas en el ambiente digital. Esta programación contempla mesas de debate sobre temas variados, como el papel de los festivales, los modos de expresión artística de pueblos originarios de América Latina y la performatividad como estrategia para remontar historias no oficiales. Un laboratorio de creación se dedica al cuestionamiento de los monumentos históricos, articulando grupos de gran relevancia en América Latina para rever las narrativas heredadas. Hay además, entre otras actividades, tres aberturas de procesos creativos, en diferentes niveles y formatos, que evidencian el carácter de permanente desarrollo de la construcción artística e histórica.

99


PT

CORPO POLÍTICO E PRESENCIALIDADES / POLITICAL BODY AND PRESENTIALITIES / CUERPO POLÍTICO Y PRESENCIAS COM / WITH / CON COM DIANA DAF COLLAZOS | PERU CLEO DIÁRA | CABO VERDE ISABÉL ZUAA | PORTUGAL (COM ORIGENS EM ANGOLA E NA GUINÉ-BISSAU) NÁDIA YRACEMA | ANGOLA MEDIAÇÃO/MEDIATED BY/MEDIACIÓN RANI BACIL FUZETTO 27.11 11H / 11.27 11AM ZOOM | YOUTUBE @ SESC SANTOS 90' TRADUÇÃO SIMULTÂNEA / SIMULTANEOUS TRANSLATION / TRADUCCIÓN SIMULTÁNEA INGLÊS / ENGLISH / INGLÉS ESPANHOL / SPANISH / ESPAÑOL PORTUGUÊS / PORTUGUESE / PORTUGUÉS LIBRAS / BRAZILIAN SIGN LANGUAGE 12

A partir de suas pesquisas artísticas, as criadoras debatem neste encontro estratégias como corporeidade e performatividade para remontar histórias não oficiais, garimpar memórias e reflexionar estados de exclusão e apagamento. Elas refletem sobre invisibilização e silenciamento de corpos que se levantam, atualizam e, por vezes, hibridizam para dar vazão à natureza expressiva e reivindicatória do ser político, manifesta em sua presencialidade na tela, nos palcos ou nas ruas. Os espetáculos Preludio, Ficciones del Silêncio, de Diana Daf Collazos, e Aurora Negra, de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema, integram a programação da Ocupação Mirada 2021. Cleo Diára Nascida em Cabo Verde, a atriz realizou sua formação em Lisboa, para onde se mudou na infância. Participou de peças de Rogério de Carvalho e Mónica Calle, entre outros encenadores, e de produções de cineastas como Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt e Pedro Cabeleira. Diana Daf Collazos Diretora audiovisual, performer e gestora cultural, a artista interdisciplinar peruana trabalha a partir do corpo como criador de memórias e realiza ações que problematizam o espaço público. Isabél Zuaa Atriz e performer portuguesa, com origens na Guiné-Bissau e em Angola. Transita entre projetos de dança, cinema e teatro, em Portugal e no Brasil, e colaborou com artistas como Marcelo Gomes, Juliana Rojas e Jeferson De, entre outros. Nádia Yracema Nascida em Angola, criada e formada em Portugal, a atriz licenciada em direito foi dirigida pela coreógrafa marroquina Bouchra Ouizguen, pela coreógrafa francesa Emmanuelle Huynh e o encenador franco-alemão Matthias Langhoff, entre outros diretores de destaque. Rani Bacil Fuzetto Tem formação em psicologia pela Unesp/Bauru e especialização em história da arte (Faap). Trabalha no Sesc São Paulo desenvolvendo a programação cultural de diversas linguagens artísticas. Participou da coordenação do Mirada - festival Ibereo-Americano de Artes Cênicas em 2018.

100


EN

Based on their artistic research, in this meeting the creators discuss strategies such as Corporeality and Performativity for the reorganisation of unofficial stories, prospection for memories, and to ponder over states of exclusion and deletion. They think about the invisibilisation and silencing of bodies that rise, get updated and sometimes go through a process of hybridation to let off the expressive and vindictive nature of the political being, as shown by their presentiality on the screen, on the stages, or on the streets. The performances Preludio, Ficciones del Silêncio (Prelude, Fictions of Silence) by Diana Daf Collazos, and Aurora Negra (Black Dawn) by Cleo Diára, Isabél Zuaa and Nádia Yracema, are part of the programme of the Mirada (Glance) Occupation of 2021. Cleo Diára Born in Cape Verde, this actress obtained her qualifications in Lisbon, to where she moved as a young girl. She took part in plays by Rogério de Carvalho and Mónica Calle, among other producers, and productions by film directors such as Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt and Pedro Cabeleira. Diana Daf Collazos Diana is an audio-visual director, performer and cultural manager from Peru who works based on the body as a creator of memories and carries out actions that problematise. Isabél Zuaa Isabél is an actress and performer, born in Portugal and with origins in Guinea-Bissau and in Angola. She alternates between dance projects, films and theatrical productions, in Portugal and Brazil, and has collaborated with artists such as Marcelo Gomes, Juliana Rojas e Jeferson De, among many others. Nádia Yracema Born in Angola, raised and qualified in Portugal, this actress, a Law graduate, was directed by Moroccan choreographer Bouchra Ouizguen, by French choreographer Emmanuelle Huynh and the Franco-German theatrical producer, Matthias Langhoff, among other prominent directors. Rani Bacil Fuzetto Graduated in Psychology from Unesp/Bauru and specialization in Art History (Faap). She works at Sesc São Paulo developing the cultural programming of various artistic languages. She participated in the coordination of the Miranda Festival of Ibero American Performing Arts in 2018.

ES

A partir de sus pesquisas artísticas, las creadoras debaten en este encuentro estrategias como corporeidad y performatividad para remontar historias no oficiales, buscar memorias y pensar sobre estados de exclusión y desaparecimiento. Ellas reflexionan sobre invisibilidad y silenciamiento de cuerpos que se levantan, actualizan y a veces hibridan para dar escape a una naturaleza expresiva y reivindicatoria del ser político, manifiesta en su presencia en la pantalla, en los escenarios o en las calles. Los espectáculos Preludio, Ficciones del Silencio, de Diana Daf Collazos, y Aurora Negra, de Cleo Diára, Isabél Zuaa y Nádia Yracema, integran la programación de Ocupación Mirada 2021. Cleo Diára Nacida en Cabo Verde, la actriz realizó su formación en Lisboa, para donde se mudó durante su infancia. Participó de piezas de Rogério de Carvalho y Mónica Calle, entre otros directores de escena, y de producciones de cineastas como Gabriel Abrantes, Daniel Schmidt y Pedro Cabeleira. Diana Daf Collazos Directora audiovisual, performer y gestora cultural, esta artista interdisciplinar peruana trabaja a partir del cuerpo como creadora de memorias, realizando acciones que problematizan el espacio público. Isabél Zuaa Actriz y performer portuguesa, con orígenes en Guinea-Bissau y Angola. Transita entre proyectos de danza, cine y teatro eVn Portugal y en Brasil. Colaboró con artistas como Marcelo Gomes, Juliana Rojas y Jeferson De, entre otros. Nádia Yracema Nacida en Angola, criada y formada en Portugal, esta actriz licenciada en Derecho fue dirigida por la coreógrafa marroquí Bouchra Ouizguen, por la coreógrafa francesa Emmanuelle Huynh y el director de escena franco-alemán Matthias Langhoff, entre otros directores de destaque. Rani Bacil Fuzetto Posee graduación en Psicología por la Unesp/Bauru, y especialización en historia del arte por la facultad Faap, de São Paulo. Trabaja en el Sesc São Paulo desarrollando la programación cultural de diversos lenguajes artísticos. Participó de la coordinación de Mirada Festival Iberoamericano de Artes Escénicas en 2018.

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

101


PT

DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA AÇÃO CULTURAL / CHALLENGES AND PROSPECTS OF CULTURAL ACTION / DESAFÍOS Y PERSPECTIVAS DE LA ACCIÓN CULTURAL COM / WITH / CON CARMEN ROMERO | CHILE DANILO SANTOS DE MIRANDA | BRASIL GONÇALO AMORIM | PORTUGAL OCTAVIO ARBELÁEZ | COLÔMBIA MEDIAÇÃO/MEDIATED BY/MEDIACIÓN ROSANA CUNHA 24.11 11H / 11.24 11AM ZOOM | YOUTUBE @ SESC SANTOS 90' TRADUÇÃO SIMULTÂNEA / SIMULTANEOUS TRANSLATION / TRADUCCIÓN SIMULTÁNEA INGLÊS / ENGLISH / INGLÉS ESPANHOL / SPANISH / ESPAÑOL PORTUGUÊS / PORTUGUESE / PORTUGUÉS LIBRAS / BRAZILIAN SIGN LANGUAGE 12

Qual é o papel dos festivais de artes cênicas e das instituições culturais, entendidos como polos de estímulo à criação e agentes ativos das aproximações e interações entre artistas e públicos? Esse é o ponto de partida da mesa, que discute os desafios da ação cultural na Ibero-América diante das restrições de apoio público para a cultura, agravados pela crise sanitária da pandemia de covid-19. Os convidados debatem essas questões a partir das perspectivas de gestão de diversos festivais: Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (Porto, Portugal), Festival Internacional de Teatro de Manizales (Colômbia), Mapas – Mercado das Artes Performativas do Atlântico Sul (Espanha), Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas (Brasil) e Festival Internacional Santiago a Mil (Chile). Carmen Romero Produtora e gestora cultural, a chilena atuou na criação da Fundação Teatro a Mil, da qual é diretora-executiva. É também diretora-geral do Festival Internacional Santiago a Mil. Dedica-se à internacionalização das artes performáticas chilenas, ao apoio para a criação artística nacional e ao desenvolvimento de público. Danilo Santos de Miranda Gestor cultural com formação em filosofia e ciências sociais, realizou estudos complementares em gestão empresarial no International Institute for Management Development (IMD), na Suíça. Organizou o livro Ética e Cultura, entre outros. É diretor do Sesc São Paulo. Gonçalo Amorim Ator e encenador, é diretor artístico do Teatro Experimental do Porto e, desde 2014, diretor artístico do Festival Internacional Teatro de Expressão Ibérica (Fitei). Octavio Arbeláez Diretor do Festival Internacional de Teatro de Manizales e codiretor do Mapas – Mercado das Artes Performativas do Atlântico Sul, atua no mercado cultural com ênfase nas artes cênicas e na música em diferentes países da América Latina. Rosana Cunha Mestra em gestão e políticas públicas na Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), com pós-graduação em administração da cultura e administração de projetos na Fundação Instituto de Administração (FIA/USP). Atua no Sesc São Paulo como gerente de Ação Cultural e coordena a realização anual de mostras e festivais em diversas áreas artísticas.

102


EN

ES

What is the role of the festivals of the performing arts and cultural institutions, understood as hubs of encouragement for creation and active agents for approximation and interaction between artists and segments of the public? This is the starting point for the roundtable that discusses the challenges of cultural action in Ibero-America facing restrictions of public support for culture, a situation worsened by the sanitary crisis arising from the Covid-19 pandemic. The guest participants address these issues based on the perspectives of management of many different festivals: the International Theatre Festival of Iberian Expression (Porto, Portugal), the Manizales International Theatre Festival (Colombia), Mapas - Performing Arts Market of the South Atlantic (Spain), Glance (Mirada) – Ibero-American Festival of the Performing Arts (Brazil) and the Santiago a Mil International Festival (Chile).

¿Cuál es el papel de los festivales de artes escénicas y de las instituciones culturales, entendidas como polos de estímulo a la creación y agentes activos de aproximaciones e interacción entre artistas y público? Este es el punto de partida de la mesa que discute los desafíos de la acción cultural en Iberoamérica frente a las restricciones de apoyo público para la cultura, agravadas por la crisis sanitaria de la pandemia de covid-19. Los invitados debaten estas cuestiones a partir de las perspectivas de gestión de diversos festivales: Festival Internacional de Teatro de Expresión Ibérica (Porto, Portugal), Festival Internacional de Teatro de Manizales (Colombia), Mapas – Mercado de las Artes Performáticas del Atlántico Sur (España), Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Escénicas (Brasil) y Festival Internacional Santiago a Mil (Chile).

Carmen Romero Chilean producer and cultural manager, Carmen participated in establishing the Teatro a Mil Foundation, of which she is the Executive Manager. She is also the manager of the Santiago a Mil International Festival. She dedicates herself to the internationalization of the performing arts in Chile, support for national art creation, and the development of the public.Danilo Santos de Miranda Danilo is a cultural manager with an academic background in philosophy and social sciences. He pursued further studies at the International Institute for Management Development (IMD), in Switzerland. He organised the book Ética e Cultura (Ethics and Culture) and others. He is the director of SESC São Paulo. Gonçalo Amorim Actor and producer of plays, he is the artistic manager of the Experimental Theatre at Porto and, since 2014, has been the art manager of the International Theatre Festival of Iberian Expression (Fitei) Octavio Arbeláez Octavio is the head of the Manizales International Theatre Festival and a co-director of Mapas, the Market of Performing Arts of the South Atlantic. He is active in the cultural market, with emphasis on the performing

Carmen Romero Productora y gestora cultural, esta mujer chilena actuó en la creación de la Fundación Teatro a Mil, de la cual es directora ejecutiva. Es también directora general del Festival Internacional Santiago a Mil. Se dedica a la internacionalización de las artes performáticas chilenas, al apoyo a la creación artística nacional y al desarrollo del público. Danilo Santos de Miranda Gestor cultural con formación en filosofía y ciencias sociales, realizó estudios complementarios en gestión empresarial en el International Institute for Management Development (IMD), en Lausana, Suiza. Organizó el libro Ética y Cultura, entre otros. Es director del Sesc São Paulo. Gonçalo Amorim Actor y director de escena, es director artístico del Teatro Experimental de Porto y desde 2014, director artístico del Festival Internacional Teatro de Expresión Ibérica (Fitei). Octavio Arbeláez Director del Festival Internacional de Teatro de Manizales y codirector de Mapas – Mercado de Artes Performáticas del Atlántico Sur. Actúa en el mercado cultural con énfasis en artes escénicas y en asunto musicales en diferentes países de América Latina. Rosana Cunha Master en gestión y políticas públicas por la Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), con post-grado en administración de la cultura y administración de proyectos por la Fundação Instituto de Administração (FIA/USP). Actúa en el Sesc São Paulo como gerente de Acción Cultural y coordina la realización anual de muestras y festivales en diversas áreas artísticas.

arts and music, in different countries within Latin America. Rosana Cunha Rosana is a master in Government management and politics at the Getúlio Vargas Foundation in São Paulo (FGV/SP) with graduate studies in cultural management and project management at the Administration Institute Foundation (Fundação Instituto de Administração - FIA/USP). He works at SESC São Paulo as a Cultural Action Manager and co-ordinates the annual hosting of exhibitions and festivals in many different areas of art.

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

103


PT

DESENVOLVIMENTO E DESTRUIÇÃO AMBIENTAL / DEVELOPMENT AND ENVIRONMENTAL DESTRUCTION / DESARROLLO Y DESTRUCCIÓN AMBIENTAL ABERTURA DE PROCESSO COM O TEATRO DA VERTIGEM / OPENING THE PROCESS WITH TEATRO DA VERTIGEM / ABERTURA DEL PROCESO CON TEATRO DA VERTIGEM COM / WITH / CON ANTÔNIO ARAÚJO ELIANA MONTEIRO GUILHERME BONFANT BRUNA MENEZES ANA MANUELA CHÃ CAIO POMPEIA HENRIQUE FARIA DOS SANTOS 25.11 15H / 11.25 3PM ZOOM | YOUTUBE @ SESC SANTOS 60' TRADUÇÃO SIMULTÂNEA / SIMULTANEOUS TRANSLATION / TRADUCCIÓN SIMULTÁNEA INGLÊS / ENGLISH / INGLÉS ESPANHOL / SPANISH / ESPAÑOL PORTUGUÊS / PORTUGUESE / PORTUGUÉS LIBRAS / BRAZILIAN SIGN LANGUAGE 12

Integrantes do Teatro da Vertigem apresentam uma primeira etapa de seu processo criativo em torno de questões relativas ao meio ambiente e ao agronegócio. Neste trabalho em elaboração, o grupo se propõe a investigar o ambiente rural brasileiro, especialmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste, estendendo-se para o Norte, no estado de Rondônia. Os artistas debatem com Ana Manuela Chã, Caio Pompeia e Henrique Faria dos Santos, pesquisadores dedicados ao tema. Antônio Araújo Diretor artístico do Teatro da Vertigem e professor no Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Encenou, entre outros espetáculos, a Trilogia Bíblica, composta de três obras, O Paraíso Perdido, O Livro de Jó e Apocalipse 1,11, bem como Bom Retiro 958 Metros e BR-3. Bruna Menezes Formada em letras e dramaturgia, atuou como assistente de dramaturgismo nos espetáculos O Filho e Enquanto Ela Dormia, do Teatro da Vertigem, entre outros trabalhos. É autora de três peças: Peso, Inundação e Rastros de uma Desmemória. Eliana Monteiro Diretora do Teatro da Vertigem, encenou espetáculos como Kastelo, O Filho e Enquanto Ela Dormia, entre outros. Foi coordenadora do núcleo de encenação do Programa Vocacional e do Projeto Espetáculo das Fábricas de Cultura, ambos do estado de São Paulo. Guilherme Bonfanti Atuando nas artes cênicas e nas plásticas, é designer de iluminação, diretor técnico e um dos fundadores do Teatro da Vertigem. Coordena o curso de iluminação da SP Escola de Teatro, da qual também é um dos fundadores. Ana Manuela Chã Mestra em desenvolvimento territorial na América Latina e Caribe pela Unesp, é autora do livro Agronegócio e Indústria Cultural: Estratégias das Empresas para a Construção da Hegemonia. Caio Pompeia Antropólogo, doutor pela Unicamp, pesquisa temas como agronegócio, sistemas agroalimentares, etnografia, direitos territoriais indígenas e políticas públicas. Publicou, entre outros artigos, “O Agronegócio como Fenômeno Político no Brasil”. Henrique Faria dos Santos Geógrafo, mestre pela Unicamp, é membro do grupo de pesquisa Logística, Agricultura e Usos do Território Brasileiro na mesma universidade. A ênfase de suas investigações está em temas como agricultura científica globalizada e setor sucroenergético.

104


EN

ES

The members of Teatro da Vertigem present the first stage of their creative process regarding environmental and agribusiness issues. In this work in progress, the group proposes an investigation of the Brazilian rural environment, especially the Southeast and MidEast, and extending upward towards the Northern State of Rondonia. Artists will discuss with researchers Ana Manuela Chã, Caio Pompeia and Henrique Faria dos Santos, dedicated to this subject.

Los integrantes del Teatro da Vertigem (Teatro del vértigo) presentan una primera etapa de su proceso creativo sobre cuestiones relacionadas con el medio ambiente y el agronegocio. En este trabajo en curso, el grupo se propone investigar el ambiente rural brasileño, especialmente las regiones del sudeste y el centro oeste, extendiéndose hacia el norte, en el estado de Rondônia. Los artistas debaten con Ana Manuela Chã, Caio Pompeia y Henrique Faria dos Santos, investigadores dedicados al tema.

Antônio Araújo Art director of Teatro da Vertigem and professor in the Performing Arts department of the School of Art and Communications of the University of São Paulo (ECA-USP). He staged the Biblical Trilogy, which includes three plays: O Paraíso Perdido (The Lost Paradise), O Livro de Jó (the Book of Job) and Apocalipse 1,11 (Apocalypse 1,11) and other works such as Bom Retiro 958 Metros and BR-3. Bruna Menezes Graduated in Literature and drama, she worked as a playwright assistant in Teatro da Vertigem plays O Filho (The Son) and Enquanto Ela Dormia (While She Slept). She is the author of three plays: Peso (Weight), Inundação (Flooding), and Rastros de Uma Desmemória (Traces of a non-memory). Eliana Monteiro Director of Teatro da Vertigem she staged plays like Kastelo, O Filho and Enquanto Ela Dormia, among others. She coordinated the stage group on Programa Vocacional and on Projeto Espetáculo das Fábricas de Cultura, both in the State of São Paulo. Guilherme Bonfanti He works with performing and plastic arts and is also a lighting designer, technical director, and one of the founders of Teatro da Vertigem. He is also the founder of the lighting course at SP Escola de Teatro, where he coordinates the lighting course. Ana Manuela Chã Master in Territorial Development in Latin America and the Caribbean by the University of the State of São Paulo (Unesp). She is the author of Agronegócio e Indústria Cultural: Estratégias das Empresas para a Construção da Hegemonia (Agribusiness and Cultural Industry: Corporate strategies to build the Agribusiness and Cultural Industry hegemony). Caio Pompeia Anthropologist with a Ph.D. from Unicamp conducts research in agribusiness, agrofood systems, ethnography, Indian territorial rights, and public policies. He published the article, “Agronegócio como Fenômeno Político no Brasil” (Agribusiness as a Political Phenomenon in Brazil). Henrique Faria dos Santos Geographer with a master’s degree from Unicamp, he is a member of the research group on Logistics, Agriculture and the Use of the Brazilian Territory at the same university. His current focus is on globalized scientific agriculture and the sugar-energy sector.

Antônio Araújo Director artístico del Teatro da Vertigem y profesor del Departamento de Artes Escénicas de la Escuela de Comunicaciones y Artes de la Universidad de São Paulo (ECA-USP). Hizo puestas en escena de, entre otros espectáculos, la Trilogía Bíblica, compuesta de tres obras, O Paraíso Perdido, O Livro de Jó y Apocalipse 1,11, como también Bom Retiro 958 Metros y BR-3. Bruna Menezes Graduada en letras y dramaturgia, actuó como asistente de dramaturgia en los espectáculos O Filho y Enquanto Ela Dormia (El hijo y Mientras ella dormía), del Teatro da Vertigem, entre otros trabajos. Es autora de tres piezas: Peso, Inundación y Rastros de una Desmemoria. Eliana Monteiro Directora del Teatro da Vertigem, hizo la puesta en escena de espectáculos como Kastelo, O Filho y Enquanto Ela Dormia, entre otros. Fue coordinadora del núcleo de puesta en escena del Programa Vocacional y del Proyecto Espectáculo de las Fábricas de Cultura, ambos del estado de São Paulo. Guilherme Bonfanti Actúa en artes escénicas y plásticas, es diseñador de iluminación, director técnico y uno de los fundadores del Teatro da Vertigem. Coordina el curso de iluminación de la SP Escola de Teatro, de la cual es también uno de sus fundadores. Ana Manuela Chã Posee maestría en Desarrollo Territorial en América Latina y Caribe de la universidad Unesp. Es autora del libro Agronegócio e Indústria Cultural: Estratégias das Empresas para a Construção da Hegemonia (Agronegocio e Industria Cultural: Estrategias de las empresas para la construcción de hegemonía). Caio Pompeia Antropólogo, doctor graduado en Unicamp, investiga temas como agronegocio, sistemas agroalimenticios, etnografía, derechos territoriales indígenas y políticas públicas. Publicó, entre otros artículos, “O Agronegócio como Fenômeno Político no Brasil” (El agronegocio como fenómeno político en Brasil).Henrique Faria dos Santos Geógrafo, con maestría en Unicamp, es miembro del grupo de pesquisa Logística, Agricultura y Usos del Territorio Brasileiro en esa universidad. El énfasis en sus investigaciones está orientado a temas como agricultura científica globalizada y el sector sucroenergético.

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

105


PT

ERUPÇÃO / VERUPTION / ERUPCIÓN ENSAIO ABERTO COM COLETIVA OCUPAÇÃO / OPEN REHEARSAL WITH COLETIVA OCUPAÇÃO / ENSAYO ABIERTO CON COLETIVA OCUPAÇÃO 28.11 15H / 11.28 3PM TEATRO SESC SANTOS ZOOM 60' AUDIODESCRIÇÃO E TRADUÇÃO EM LIBRAS / AUDIO DESCRIPTION AND TRANSLATION INTO LIBRAS (BRAZILIAN SIGN LANGUAGE) / AUDIODESCRIPCIÓN Y TRADUCCIÓN EN LIBRAS ASOCIACIONES Y APOYOS / PARTNERSHIPS AND SUPPORT / PARCERIAS E APOIOS BATTERSEA ARTS CENTRE NOSSO COLETIVO (RIO DE JANEIRO) 16

@COLETIVAOCUPACAO | COLETIVAOCUPACAO.COM

A coletivA ocupação faz um ensaio aberto de Erupção, seu novo espetáculo, dirigido por Martha Kiss Perrone. Trata-se de uma ficção científica que transita entre passados, presentes e futuros. Em um momento de catástrofes de mundos, os performers criam e produzem uma erupção de corpos e formas de presença em uma cena transtecnológica, de festa e guerra, feitiçaria e subversão, através de uma dramaturgia coletiva que contempla dança, música e artes visuais. coletivA ocupação Composta de 19 integrantes, a coletiva foi criada em 2017 por estudantes e artistas que se conheceram no movimento secundarista e nas ocupações de escolas públicas em São Paulo. Investiga diferentes linguagens e narrativas a partir de corpos em revolta – como no espetáculo Quando Quebra Queima. Direção: Martha Kiss Perrone Performance e criação: Abraão Kimberley, Akinn, Alicia Esteves, Alvim Silva, Ariane Aparecida, Beatriz Camelo, Gabriêle Fernandes, Ícaro Pio, Letícia Karen, Lilith Cristina, Marcela Jesus, Mel Oliveira, Matheus Maciel, PH Veríssimo e Shao Dramaturgia: coletivA ocupação Assistência de direção: Lara Chaves Preparador corporal: Ricardo Januário Colaborador de criação: Jaya Batista Corpo-câmera: Georgia Niara e Yzabella Oliveira Produção: coletivA ocupação, Otávio Bontempo e Paula Serra Coprodução: Corpo Rastreado Produção internacional: Lowri Evans

106


EN

ES

The coletivA ocupação has made an open rehearsal of Erupção (Eruption), their new show directed by Martha Kiss Perrone. This is a case of science fiction that makes a transit between pasts, presents, and futures. In a moment of catastrophes of worlds, the performers create and produce an eruption of bodies and forms of presence within a trans technological scene, of partying and war, witchcraft and subversion, through collective dramaturgy that includes dance, music, and visual arts.

La coletivA ocupação hizo un ensayo abierto de Erupção (Erupción) su nuevo espectáculo, dirigido por Martha Kiss Perrone. Es una ficción científica que transita entre pasados, presentes y futuros. En un momento de catástrofes de los mundos, los performers crean y producen una erupción de cuerpos y formas de presencia en una escena trans-tecnológica, de fiesta y guerra, hechicería y subversión, a través de una dramaturgia colectiva que contempla danza, música y artes visuales.

coletivA ocupação Consisting of 19 members, this troupe was set up in 2017, by students and artists who met as part of the student movement and in occupancy of state-run schools in São Paulo. They look into different languages and narratives based on bodies in revolt – as in the performance by the name of Quando Quebra Queima (When It Breaks, It Burns). Directed By: Martha Kiss Perrone Performance and Creation: Abraão Kimberley, Akinn, Alicia Esteves, Alvim Silva, Ariane Aparecida, Beatriz Camelo, Gabriêle Fernandes, Ícaro Pio, Letícia Karen, Lilith Cristina, Marcela Jesus, Mel Oliveira, Matheus Maciel, PH Veríssimo and Shao Dramaturgy: coletivA ocupação Assistant Director: Lara Chaves Corporal preparation: Ricardo Januário Creation collaborator: Jaya Batista Body-camera: Georgia Niara e Yzabella Oliveira Production: coletivA ocupação, Otávio Bontempo and Paula Serra Co-production: Corpo Rastreado International Production: Lowri Evans

coletivA ocupação Compuesto por 19 integrantes, este colectivo fue creado en 2017 por estudiantes y artistas que se conocieron durante el movimiento de estudiantes de escuelas secundarias y las ocupaciones de escuelas públicas en São Paulo. Investiga diferentes lenguajes y narrativas a partir de cuerpos en rebelión – como en el espectáculo Quando Quebra Queima (Cuando romper quema). Dirección: Martha Kiss Perrone Performance y creación: Abraão Kimberley, Akinn, Alicia Esteves, Alvim Silva, Ariane Aparecida, Beatriz Camelo, Gabriêle Fernandes, Ícaro Pio, Letícia Karen, Lilith Cristina, Marcela Jesus, Mel Oliveira, Matheus Maciel, PH Veríssimo e Shao Dramaturgia: coletivA ocupação Assistência de direção: Lara Chaves Preparación corporal: Ricardo Januário Colaborador de creación: Jaya Batista Cuerpo-cámara: Georgia Niara e Yzabella Oliveira Produção: coletivA ocupação, Otávio Bontempo e Paula Serra Coprodução: Corpo Rastreado Produção internacional: Lowri Evans

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

107


LANÇAMENTO DA PLATAFORMA TEPI – TEATRO E OS POVOS INDÍGENAS / LAUNCH OF THE TEPI – TEATRO E POVOS INDÍGENAS PLATFORM / LANZAMIENTO DE LA PLATAFORMA TEPI – TEATRO Y PUEBLOS INDÍGENAS COM / WITH / CON AILTON KRENAK | BRASIL ALINE TORRES | BRASIL ANDREIA DUARTE | BRASIL DANILO SANTOS DE MIRANDA | BRASIL RENATA TUPINAMBÁ | BRASIL 26.11 17H / 11.26 5PM TEPI | TEPI.DIGITAL 90' TRADUÇÃO SIMULTÂNEA / SIMULTANEOUS TRANSLATION / TRADUCCIÓN SIMULTÁNEA INGLÊS / ENGLISH / INGLÉS ESPANHOL / SPANISH / ESPAÑOL PORTUGUÊS / PORTUGUESE / PORTUGUÉS LIBRAS / BRAZILIAN SIGN LANGUAGE 12

108


PT

Este debate reúne parceiros e idealizadores do TePI – Teatro e os Povos Indígenas para o lançamento da plataforma TePI, um ambiente digital que disponibilizará conteúdo nacional e internacional. Neste encontro, os participantes apresentam a plataforma e os conceitos que orientaram sua elaboração. Liderado pela diretora artística Andreia Duarte, com cocuradoria de Ailton Krenak, a plataforma também promoverá encontros entre intelectuais indígenas e não indígenas para discussão de variados temas. Totalmente gratuita, a TePI abrigará uma mostra artística com peças teatrais, performances e “atos para cura”. Seus encontros versarão sobre assuntos como cultura, mercado de arte, ambientalismo e espiritualidade. Ao todo, cerca de 71 atividades, entre vídeos e outros conteúdos, serão lançadas no TePI entre novembro de 2021 e março de 2022.

Ailton Krenak Filósofo e escritor, é um dos maiores líderes políticos e intelectuais contemporâneos, com atuação fundamental na luta pelos direitos indígenas e na criação de iniciativas como a União das Nações Indígenas e a Aliança dos Povos da Floresta. É cocurador da plataforma TePi – Teatro e os Povos Indígenas. Aline Torres Bacharela em relações públicas com pós-graduação em gestão de projetos culturais, foi secretária-adjunta de Inovação e Tecnologia na cidade de São Paulo, onde atua como secretária municipal de cultura. Ativista dos movimentos negro e feminista, também é embaixadora da organização internacional Conselho Pan-Africano (Pan-African Council) no Brasil.Andreia Duarte Atriz, curadora e diretora artística, pesquisa o cruzamento entre o teatro e os povos indígenas como espaços de reinvenção da vida. É diretora artística da produtora Outra Margem, que realiza curadorias e produções artísticas como a plataforma digital TePI - Teatro e os Povos Indígenas. Danilo Santos de Miranda É gestor cultural com formação em filosofia e ciências sociais, tendo realizado estudos complementares em gestão empresarial no International Institute for Management Development (IMD), na Suíça. É organizador do livro Ética e Cultura, entre outros, e diretor do Sesc São Paulo. Renata Tupinambá Aratykyra – nome indígena da jornalista, poeta, artista visual, curadora e produtora Renata Tupinambá – é fundadora da Originárias Produções e cofundadora da Rádio Yandê, primeira web rádio sobre os povos originários brasileiros. Há 15 anos atua na difusão das culturas indígenas e participou na curadoria de festivais como o Festival Corpos da Terra (2021), a Mostra de Etnomídia Indígena (2021), Indígenas BR 2021, Escuta Festival 2021 (IMS-RJ) e Slam Coalkan, primeiro slam indígena mundial. Faz parte do Amotara Zabelê, na Bahia.

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

109


EN

This debate brings together partners and creators of TePI – Teatro e os Povos Indígenas (Theatre and Indigenous Peoples) for the launch of the TePI platform, a digital environment that will provide national and international content. In this meeting, the participants introduce the platform and the concepts that guided its development. Led by artistic director Andreia Duarte, co-curated by Ailton Krenak, the platform will also hold meetings between indigenous and non-indigenous intellectuals to discuss several topics. Fully free of charge, TePI will host an artistic showcase with plays, performances, and “healing acts”. The meetings will focus on subjects such as culture, the art market, environmentalism, and spirituality. Altogether, around 71 activities, including videos and other content, will be launched on TePI between November 2021 and March 2022.

Ailton Krenak Philosopher and writer, he is one of the greatest contemporary political and intellectual leaders, with a fundamental role in the fight for indigenous rights and in the creation of initiatives such as the Union of Indigenous Nations and the Forest Peoples Alliance. He is co-curator of the TePi – Teatro e Povos Indígenas platform. Aline Torres A public relations graduate with a post-graduate degree in cultural project management, she was deputy secretary of Innovation and Technology in the city of São Paulo, where she currently works as a municipal culture officer. Activist of the black and feminist movements, she is also ambassador of Conselho Pan-Africano (Pan-African Council) international organization in Brazil. Andreia Duarte Actress, curator and artistic director, she researches the intersection between theater and indigenous peoples as spaces for the reinvention of life. She is the artistic director of Outra Margem production company, which curates and produces artistic productions such as the TePI – Teatro e os Povos Indígenas digital platform. Danilo Santos de Miranda Is a cultural manager graduated in philosophy and social sciences, having done complementary studies in business management at the International Institute for Management Development (IMD), in Switzerland. He is the organizer of the book Ética e Cultura (Ethics and Culture), and others, and director of Sesc São Paulo. Renata Tupinambá Aratykyra - Indian name of the journalist, visual artist, curator, and producer Renata Tupinambá – she is founder of the Originárias Produções and cofounder of Rádio Yande, the first web radio about the Brazilian original people. For 15 she has been working on spreading indigenous culture, participating as the curator of festivals like Festival Corpos da Terra (2021), Mostra Etnomídia Indígena (2021), Indígenas BR 2021, Escuta Festiva 2021 (IMS-RJ), and Slam Coalkan, the firs indigenous slam in the world. She is part of the Amotara Zabelê, in the State of Bahia.

110


ES

Este debate reúne compañeros e idealizadores del TePI – Teatro y Pueblos Indígenas para el lanzamiento de la plataforma TePI, un ambiente digital que ofrecerá contenido nacional e internacional. En este encuentro, los participantes presentan la plataforma y los conceptos que orientaron su elaboración. Liderado por la directora artística Andreia Duarte, con curadoría conjunta de Ailton Krenak, la plataforma también promoverá encuentros entre intelectuales indígenas y no indígenas, en los que serán discutidos diversos temas. La plataforma TePI es totalmente gratuita, y en ella habrá una muestra artística con piezas teatrales, performances y “actos para cura”. Sus encuentros versarán sobre asuntos como cultura, mercado de arte, ambientalismo y espiritualidad. En total, cerca de 71 actividades, entre vídeos y otros contenidos, serán lanzadas en la TePI entre noviembre de 2021 y marzo de 2022.

Ailton Krenak Filósofo y escritor, es uno de los mayores líderes políticos e intelectuales contemporáneos, con actuación fundamental en la lucha de los derechos indígenas y en la creación de iniciativas como la Unión de las Naciones Indígenas y la Alianza de los Pueblos de la Floresta. Es co-curador de la plataforma TePi – Teatro y Pueblos Indígenas. Aline Torres Titulada en Relaciones Públicas, con post-graduación en gestión de proyectos culturales. Fue secretaria adjunta de Innovación y Tecnologia en la ciudad de São Paulo, donde actualmente se desempeña como secretaria municipal de cultura. Activista de los movimientos negro y feminista, es también embajadora de la organización internacional Consejo Pan-Africano (Pan-African Council) en el Brasil.Andreia Duarte Actriz, curadora y directora artística, pesquisa los vínculos entre el teatro y los pueblos indígenas como espacios de reinvención de la vida. Es directora artística de la productora Outra Margem; realiza curadurías y producciones artísticas como la plataforma digital TePI – Teatro y Pueblos Indígenas. Danilo Santos de Miranda Es gestor cultural, con formación en Filosofía y Ciencias Sociales. Realizó estudios complementarios en gestión empresarial en el International Institute for Management Development (IMD), en Lausana, Suiza. Es organizador del libro Ética y Cultura, entre otros, y director del Sesc São Paulo.Renata Tupinambá Aratykyra – Nombre indígena de la periodista, poetisa, artista visual, curadora y productora Renata Tupinambá – Ella es fundadora de Originárias Produções y cofundadora de la Rádio Yandê, la primera web radio sobre los pueblos originarios brasileños. Hace 15 años que actúa en la difusión de las culturas indígenas, y participó en la curadoría de festivales como el Festival Cuerpos de la Tierra (2021), la Muestra de medios digitales étnicos indígenas (2021), Indígenas BR 2021, Escuta Festival 2021 (IMS-RJ) y Slam Coalkan, el primer slam* indígena mundial. Forma parte del colectivo Amotara Zabelê, en el estado de Bahía. *Nota del traductor: la palabra “slam” es una onomatopeya inglesa usada para referirse al sonido de una puerta cuando es cerrada con fuerza. Y se relaciona con la fuerza de las artes, con el poder que tienen de cambiar y mejorar el mundo.

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

111


PT

PERCURSOS CRIATIVOS / CREATIVE PATHS / RECORRIDOS CREATIVOS COM / WITH / CON ALEXANDRE DAL FARRA | BRASIL GUILLERMO CALDERÓN | CHILE MARCIO ABREU | BRASIL PATRÍCIA PORTELA | PORTUGAL MEDIAÇÃO/MEDIATED BY/MEDIACIÓN EMERSON PIROLA | SESC SP 25.11 11H / 11.25 11AM ZOOM | YOUTUBE @ SESC SANTOS 90' TRADUÇÃO SIMULTÂNEA / SIMULTANEOUS TRANSLATION / TRADUCCIÓN SIMULTÁNEA INGLÊS / ENGLISH / INGLÉS ESPANHOL / SPANISH / ESPAÑOL PORTUGUÊS / PORTUGUESE / PORTUGUÉS LIBRAS / BRAZILIAN SIGN LANGUAGE 12

Os premiados dramaturgos e diretores se encontram para discutir seus trabalhos mais recentes, que integram a programação da Ocupação Mirada 2021 – Trauma, de Alexandre Dal Farra e Patrícia Portela, La Segunda Vida de un Dragón, obra audiovisual de Guillermo Calderón, o espetáculo Sem Palavras e o documentário Travessias, da companhia brasileira de teatro, dirigidos por Marcio Abreu. Assim como os temas de que tratam, os processos de criação de suas obras se conectam fortemente com as tensões políticas e sociais do tempo presente e tiveram que ser repensados e reinventados no contexto da pandemia de covid-19, que exigiu novos modos para o fazer artístico. Alexandre Dal Farra Diretor, dramaturgo e escritor, trabalhou com diferentes grupos e diretores brasileiros e estrangeiros. Com o Tablado de Arruar, escreveu e codirigiu a Trilogia Abnegação, sobre o lugar do pensamento político e da esquerda brasileira na atualidade. Guillermo Calderón Dramaturgo, roteirista e diretor chileno, dedica-se a um teatro político, de resistência, interessado nas ditaduras dos países da América Latina. Realizou espetáculos como Escuela e também Mateluna, entre outros. Marcio Abreu Artista, diretor e dramaturgo, desenvolve pesquisas e processos criativos com artistas de várias partes do Brasil e de outros países. É fundador e diretor da companhia brasileira de teatro. Encenou, entre outros espetáculos, PROJETO bRasil e Preto. Patrícia Portela Escritora, dramaturga e autora de performances, a artista vive entre Portugal e Bélgica. É diretora artística do Teatro Viriato, em Viseu (Portugal), e autora dos romances Dias Úteis e Hífen, entre outros. Emerson Pirola Graduado em comunicação social pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), com MBA em gestão estratégica de projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP). Desde 2005, trabalha no Sesc São Paulo em diversas áreas da programação cultural e participa da curadoria e coordenação do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas desde sua primeira edição. Atualmente, integra a equipe de Gerência de Ação Cultural.

112


EN

ES

Award-winning playwrights and directors meet to discuss their most recent work, which is part of the programme of the Mirada (Glance) Occupation 2021 – Trauma, by Alexandre Dal Farra and Patricia Portela; La Segunda Vida de un Dragón, (The Second Life of a Dragon), an audio-visual work by Guillermo Calderón; the performance Sem Palavras (No Words) and the documentary Travessias (Crossings), by the Brazilian theatre company and directed by Márcio Abreu. Just like the themes they address, their work's creative processes are strongly associated with current political and social stresses and had to be reviewed and reinvented in the context of the Covid-19 pandemics that required new ways of making art.

Los premiados dramaturgos y directores se encuentran para discutir sus trabajos más recientes que integran la programación de Ocupación Mirada 2021 – Trauma, de Alexandre Dal Farra y Patrícia Portela, La Segunda Vida de un Dragón, obra audiovisual de Guillermo Calderón, el espectáculo Sem Palavras (Sin palabras) y el documental Travessias (Travesías) de la companhia brasileira de teatro, dirigidos por Marcio Abreu. Los temas tratados y los procesos de creación de sus obras están fuertemente conectados con las tensiones políticas y sociales del tiempo presente, y tuvieron que ser repensados y reinventados durante el contexto de la pandemia de covid-19, pues esta exigió nuevos modos del quehacer artístico.

Alexandre Dal Farra Director, playwright, and writer. He worked with Brazilian and foreign groups and directors. With the Tablado de Arruar he wrote and co-directed the "Trilogy of Abnegation" regarding the place of political thinking and Brazilian leftist thought in our days. Guillermo Calderón The Chilean playwright, screen writer and director is devoted to political and resistance plays, with a special interest in Latin American dictatorships. He is the author of Escuela and Mateluna, among other plays. Marcio Abreu Artist, director, and playwright, his work has been focused on research and creative processes with artists in Brazil and other countries. He is the founder and director of companhia brasileira de teatro, staged PROJETO bRasil and Preto, and many other plays. Patrícia Portela The writer, playwright, and performances author spends her days between Portugal and Belgium. She is the artistic director of Teatro Viriato in Viseu (Portugal) and has written the novels Dias Úteis and Hífen.Emerson Pirola Emerson is a graduate in social communication, from the School of Communications and Arts of the University of São Paulo (ECA/USP), with an MBA in Strategic Project Management from the Getúlio Vargas Foundation (FGV/SP). Since 2005, Emerson has been working at SESC in São Paulo in different cultural programming areas. Since the first edition, he has participated in the curatorship and coordination of Glance (Mirada) – the Ibero-American Festival of the Performing Arts. Nowadays, he is part of the Management for Cultural Action.

Alexandre Dal Farra Director, dramaturgo y escritor, trabajó con diferentes grupos y directores brasileños y extranjeros. Junto con el Tablado de Arruar, escribió y codirigió la “Trilogía Abnegación”, sobre el lugar del pensamiento político y la izquierda brasileña en la actualidad. Guillermo Calderón Dramaturgo, guionista y director chileno. Se dedica a un teatro político, de resistencia, interesado en las dictaduras de países de América Latina. Realizó espectáculos como Escuela y también Mateluna, entre otros. Marcio Abreu Artista, director y dramaturgo, desarrolla pesquisas y procesos creativos con artistas de varias partes del Brasil y de otros países. Es el fundador y director de la companhia brasileira de teatro. Puso en escena, entre otros espectáculos, PROJETO bRasil y Preto. (Proyecto Brasil y Negro) Patrícia Portela Escritora, dramaturga y autora de performances, la artista vive entre Portugal y Bélgica. Es directora artística del Teatro Viriato, en Viseu, Portugal, y autora de los libros Dias Úteis e Hífen (Días útiles y Guión) entre otros. Emerson Pirola Graduado en comunicación social por la Escuela de Comunicaciones y Artes de la Universidad de São Paulo (ECA/ USP), con MBA en gestión estratégica de proyectos por la Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP). Trabaja desde 2005 en el Sesc São Paulo en diversas áreas de programación cultural e participa de la curadoría y coordinación de Mirada – Festival Iberoamericano de Artes Escénicas desde su primera edición. Actualmente, integra el equipo de Gerencia de Acción Cultural.

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

113


PT

TEATRALIDADES E POVOS INDÍGENAS / THEATRICALITIES AND INDIGENOUS PEOPLES / TEATRALIDADES Y PUEBLOS INDÍGENAS COM / WITH / CON AILTON KRENAK | BRASIL ANDREIA DUARTE | BRASIL PAULA GONZÁLEZ SEGUEL | CHILE 26.11 11H / 11.26 11AM ZOOM | YOUTUBE @ SESC SANTOS 90' TRADUÇÃO SIMULTÂNEA / SIMULTANEOUS TRANSLATION / TRADUCCIÓN SIMULTÁNEA INGLÊS / ENGLISH / INGLÉS ESPANHOL / SPANISH / ESPAÑOL PORTUGUÊS / PORTUGUESE / PORTUGUÉS LIBRAS / BRAZILIAN SIGN LANGUAGE 12

As singularidades dos modos de expressão artística de povos originários da América Latina são tema do debate entre o filósofo e líder indígena Ailton Krenak, a dramaturga, diretora e pesquisadora de origem mapuche Paula González Seguel e Andreia Duarte, cocuradora e idealizadora da Plataforma TePI. Eles conversam sobre a riqueza material e simbólica dos povos, manifesta em seus ritos e tecnologias. Também trazem para o encontro temas urgentes – tais como violações de direitos humanos, luta pela terra, devastação ambiental – e seus desdobramentos nas manifestações cênicas. O espetáculo Trewa, Estado-Nación o el Espectro de la Traición, dirigido por Paula González Seguel com o KIMVN Teatro, integra a programação da Ocupação Mirada 2021. Ailton Krenak Filósofo e escritor, é um dos maiores líderes políticos e intelectuais contemporâneos, com atuação fundamental na luta pelos direitos indígenas e na criação de iniciativas como a União das Nações Indígenas e a Aliança dos Povos da Floresta. É cocurador da plataforma TePi – Teatro e os Povos Indígenas. Paula González Seguel Diretora, dramaturga, docente, documentarista e gestora cultural, fundou e é diretora artística da companhia KIMVN Teatro, dedicada ao resgate da memória, oralidade, linguagem, visão de mundo e cultura do povo mapuche.Andreia Duarte Atriz, curadora e diretora artística, pesquisa o cruzamento entre o teatro e os povos indígenas como espaços de reinvenção da vida. É diretora artística da produtora Outra Margem, que realiza curadorias e produções artísticas como a plataforma digital TePI – Teatro e os Povos Indígenas.

114


EN

ES

The singularities of the modes of artistic expression of the native peoples in Latin America constitute the center of a debate between the philosopher and indigenous leader Ailton Krenak, the playwright, director, and researcher Paula González Seguel, of Mapuche origin and Andreia Duarte, co-curator and creator of TePI Platform. They talk about the material and symbolic wealth of peoples, expressed in their rites and technologies. They also bring to this debate very urgent issues: human rights violations, the fight for land, environmental devastation – and their unfolding in performing arts; The play Trewa, Estado-Nación o el Espectro de la Traición (Trewa, Nation-State or The Specter of Treason), directed by Paula González Seguel with the KIMVN Teatro company is part of Ocupação Mirada 2021 program.

Las singularidades de los modos de expresión artística de pueblos originarios de América Latina son tema del debate entre el filósofo y líder indígena Ailton Krenak, la dramaturga, directora e investigadora de origen mapuche Paula González Seguel y Andreia Duarte co-curadora y creadora de la Plataforma TePI. Su conversación trata sobre la riqueza material y simbólica de los pueblos, manifestada en sus ritos y tecnologías. También traen al debate temas urgentes – tales como violaciones de los derechos humanos, la lucha por la tierra, devastación ambiental – y sus implicaciones en las manifestaciones escénicas. El espectáculo Trewa, Estado-Nación o el Espectro de la Traición, dirigido por Paula González Seguel, con el KIMVN Teatro, integra la programación de la Ocupación Mirada 2021.

Ailton Krenak Philosopher and writer, he is one of the greatest contemporary political and intellectual leaders, with a fundamental role in the fight for indigenous rights and in the creation of initiatives such as the Union of Indigenous Nations and the Forest Peoples Alliance. He is co-curator of the TePi – Teatro e Povos Indígenas platform. Paula González Seguel Director, playwright, teacher, documentary filmmaker, and cultural manager, she founded and is the artistic director of the KIMVN Teatro company, dedicated to recovering the memory, orality, language, worldview, and culture of the Mapuche people. Andreia Duarte Actress, curator and artistic director, she researches the intersection between theater and indigenous peoples as spaces for the reinvention of life. She is the artistic director of Outra Margem production company, which curates and produces artistic productions such as the TePI – Teatro e os Povos Indígenas digital platform.

Ailton Krenak Filósofo y escritor, es uno de los mayores líderes políticos e intelectuales contemporáneos, con actuación fundamental en la lucha de los derechos indígenas y en la creación de iniciativas como la Unión de las Naciones Indígenas y la Alianza de los Pueblos de la Floresta. Es co-curador de la plataforma TePi – Teatro y Pueblos Indígenas. Paula González Seguel Directora, dramaturga, docente, documentalista y gestora cultural, fundó y es la directora artística de la compañía KIMVN Teatro, dedicada al rescate de la memoria, oralidad, lenguaje, visión del mundo y cultura del pueblo mapuche. Andreia Duarte Actriz, curadora y directora artística, pesquisa los vínculos entre el teatro y los pueblos indígenas como espacios de reinvención de la vida. Es la directora artística de la productora Outra Margem, que realiza curadurías y producciones artísticas como la plataforma digital TePI – Teatro y Pueblos Indígenas.

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

115


AS TELAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA / THE OPEN SCREENS OF LATIN AMERICA / LAS PANTALLAS ABIERTAS DE AMÉRICA LATINA COM / WITH / CON MALAYERBA | EQUADOR GRUPO CULTURAL YUYACHKANI | PERU TEATRO DE LOS ANDES | BOLÍVIA TEATRO DEL EMBUSTE | COLÔMBIA CLOWNS DE SHAKESPEARE | BRASIL

AS TELAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA / THE OPEN SCREENS OF LATIN AMERICA / LAS PANTALLAS ABIERTAS DE AMÉRICA LATINA 24.11 15H / 11.24 3PM ZOOM | YOUTUBE @ SESC SANTOS 90' 12

MONUMENTOS FUTUROS / FUTURE MOVEMENTS / MONUMENTOS FUTUROS 28.11 16H30 / 11.28 16:30 PM ZOOM | YOUTUBE @ SESC SANTOS 90' 12

LABORATÓRIO DEMOLIÇÃO E CRIAÇÃO DE MONUMENTOS / LABORATORY OF DEMOLITION AND CONSTRUCTION OF MONUMENTS / LABORATORIO DEMOLICIÓN Y CREACIÓN DE MONUMENTOS 24–28.11 13H–14H & 16H30–19H 11.24–11.28 1PM–2PM & 4:30PM–7PM VAGAS / AVAILABLE SPACE / VACANTES DISPONIBLES 10 PARA PARTICIPAÇÃO DIRETA E 20 PARA OUVINTES / 10 (DIRECT PARTICIPATION)AND 20 FOR LISTENERS / 10 PARA PARTICIÓN DIRECTA Y 20 PARA OYENTES

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA / SIMULTANEOUS TRANSLATION / TRADUCCIÓN SIMULTÁNEA INGLÊS / ENGLISH / INGLÉS ESPANHOL / SPANISH / ESPAÑOL PORTUGUÊS / PORTUGUESE / PORTUGUÉS LIBRAS / BRAZILIAN SIGN LANGUAGE

116


PT

Unidos por uma série de afinidades éticas e estéticas, em torno das reflexões artísticas suscitadas duranos grupos que participam desta atividade, composta te o laboratório. de um debate, um laboratório e um encontro final, formam redes de compartilhamento do teatro latino- Clowns de Shakespeare Fundado em 1993 em Natal, no Rio Grande do Norte, o grupo se dedica à pesquisa, formação e criação de um -americano, ontem e hoje. teatro de expressão popular, nordestina, brasileira e latino-ameriNo debate As Telas Abertas da América Latina, cana. Entre outros espetáculos, realizou Sua Incelença Ricardo III e eles refletem a partir do teatro e da arte, de modo ge- O Capitão e a Sereia. Grupo Cultural Yuyachkani “Estou pensando, ral, sobre o movimento que questiona radicalmente estou lembrando” é a tradução do nome em quíchua do grupo nossas histórias oficiais e buscam relatos simbólicos peruano. Fundado em 1971, ele se dedica à memória social em e inclusivos que outorguem voz àqueles que têm sido espetáculos que trabalham com variadas linguagens, com foco silenciados. Lançam assim uma proposta de derrubar no corpo e na presença dos atores. Malayerba Fundado no fim da marcos ainda vigentes de uma hegemonia eurocêntrica década de 1970 em Quito, no Equador, por atores imigrantes vindos da Argentina e Espanha, o grupo conta com mais de 20 peças para erguer novas estátuas de outros heróis silenciados. encenadas, entre elas La Razón Blindada, Bicicleta Lerux, De un No laboratório Demolição e Criação de Monumen- Suave Color Blanco e La República Análoga. Teatro de los Andes tos, com a provocação e coordenação do Teatro del César Brie funda em 1991 o grupo boliviano, formado por artistas Embuste (Colômbia) e os Clowns de Shakespeare de diferentes países latino-americanos e que se caracteriza pela (Brasil), a proposta é o desenvolvimento de interven- criação coletiva. Realizou a “Trilogia da Vida”, com La Ilíada, En un ções que questionem marcos urbanos de caráter he- Sol Amarillo e Marcelo. Teatro del Embuste O coletivo foi fundado gemônico em suas respectivas cidades, em busca de em 2014 e reúne artistas com diferentes trajetórias. A partir de dramaturgias próprias ou adaptações de textos latino-americanos, sua ressignificação. cria um teatro que busca envolver o espectador na encenação, em Os participantes encontram o público na atividade peças como Rebú, com texto de Jô Bilac. Monumentos Futuros, uma grande roda de conversa

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

117


EN

Brought together by a range of ethical and aesthetical is a large conversation circle revolving around the arsimilarities, the groups that participated in this activity, tistic thoughts generated during the laboratory activity. comprising a debate, a laboratory session, and a final meeting, have established sharing networks within Clowns of Shakespeare Founded in 1993 in Natal, the capital city of Rio Grande do Norte, the group focuses on research and Latin American theatre, yesterday and today. In the debate The Open Screens of Latin America creating a theater portraying the Brazilian-Northeastern, and (As Telas Abertas da América Latina) they raise some Latin American popular expressions. Sua Incelença Ricardo III (His Excellency Richard III) and O Capitão e a Sereia (The Captain thoughts based on theatre and art in general, regardand the Mermaid) are examples of their plays.Grupo Cultural ing the movement that casts big doubts on our official Yuyachkani“I am thinking, and I remember” is the translation of stories and seeks symbolic and inclusive movements the name of the Peruvian group, in the local Quechua language. that grant a voice to those who have traditionally been The group was first founded in 1971, and now dedicates itself to silenced. In this way, they launch a proposal for the social memories, in special theatrical productions that work with ending of marks, still in existence, that hark back to many different forms of language, with a focus on the body and a period of Eurocentric hegemony, for the erection of on the physical presence of the actors. Malayerba Founded by Argentinian and Spanish immigrants in the end of the 70s in Quito, new statues of other silenced heroes. Ecuador, the group has already staged more than 20 plays, among In the laboratory session Demolition and Creation which La Razón Blindada (Shielded Reason), Bicicleta Lerux (Lerux of Movements (Demolição e Criação de Monumen- Bycicle), De un Suave Color Blanco (Of a soft white color) and La tos), with the provocation and co-ordination of the República Análoga (The Analog Republic). Teatro de los Andes In Teatro del Embuste Group (Colombia) and the Clowns 1991 César Brie founded the Bolivian group, integrated by artists of Shakespeare (Brazil), the proposal is the develop- from Latin American countries. They work with collective creation ment of intervention that casts doubts upon hegemon- and have produced the “Trilogy of Life” with La Iliada (Iliad), En un Sol Amarillo (On a Yellow Sun), and Marcelo. Teatro del Embuste ic character urban marks in their respective cities, in The collective was founded in 2014 with artists of different thesearch of their resignification. atrical backgrounds. Either working with their own playwriting or The participants find the public absorbed by the activ- adaptations of Latin American texts, the group seeks to involve the ity Future Movements (Monumentos Futuros), which audience, like in the play Rebu with Jô Bilac’s text.

118


ES

Unidos por una serie de afinidades éticas y estéticas, versaciones sobre las reflexiones artísticas suscitadas los grupos que participan en esta actividad compues- durante el laboratorio. ta por un debate, un laboratorio y un encuentro final, forman redes de integración del teatro latino-ameri- Clowns de Shakespeare Fundado en 1993 en Natal, estado de Rio Grande do Norte, el grupo se dedica al estudio, formación y creación cano, ayer y hoy. de un teatro de expresión popular, nordestina, brasileña y latinoaEn el debate Las Pantallas Abiertas de América mericana. Entre otros espectáculos, realizó Sua Incelença Ricardo Latina, partiendo del teatro y el arte, hacen una reIII (nota del traductor: Incelença - juego de palabras entre cantigas flexión general sobre el movimiento que cuestiona y excelencia) y O Capitão e a Sereia (El capitán y la serena). Grupo radicalmente nuestras historias oficiales, y buscan Cultural Yuyachkani “Estoy pensando, estoy recordando” es la relatos simbólicos e inclusivos que otorguen voz a traducción del nombre en quichua del grupo peruano. Fundado en quienes fueron silenciados. E introducen una pro- 1971, se dedica a la memoria social en espectáculos que trabajan puesta de superar marcos aún vigentes de hegemonía con diversos lenguajes, con foco en el cuerpo y en la presencia de eurocéntrica, para erguir nuevas estatuas de otros los actores. Malayerba Fundado a fines de la década de 1970 en Quito, Ecuador, por actores inmigrantes originarios de Argentina héroes silenciados. y España, el grupo colocó en escena más de 20 obras, entre ellas En el laboratorio Demolición y Creación de MonuLa Razón Blindada, Bicicleta Lerux, De un Suave Color Blanco y mentos, con la provocación y coordinación del Teatro La República Análoga. Teatro de los Andes César Brie fundó en del Embuste (Colombia) y los Clowns de Shakespeare 1991 este grupo boliviano, formado por artistas de diferentes países (Brasil), la propuesta es desarrollar intervenciones que latinoamericanos, y que se caracteriza por su creación colectiva. cuestionen marcos urbanos de carácter hegemónico Realizó la “trilogía de la vida”, con La Ilíada, En un Sol Amarillo y en sus respectivas ciudades, en busca de darles un Marcelo. Teatro del Embuste El colectivo fue fundado en 2014 y reúne artistas con diferentes trayectorias. A partir de dramaturgias nuevo significado. propias o adaptaciones de textos latinoamericanos, crea un teatro Los participantes encuentran al público en la actique busca atraer al espectador con su puesta en escena, en piezas vidad Monumentos Futuros, una gran rueda de con- como Rebú (Alboroto), con texto de Jô Bilac.

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

119


PT

VILA FABRIL / FACTORY VILLAGE / VILLA FABRIL ABERTURA DE PROCESSO COM COLETIVO 302 / OPENING THE PROCESS WITH COLLECTIVE 302 / ABERTURA DEL PROCESO CON COLECTIVO 302 MEDIAÇÃO/MEDIATED BY/MEDIACIÓN SILVIO LUIS DA SILVA 26.11 15H / 11.26 3PM ZOOM | YOUTUBE @ SESC SANTOS 90' TRADUÇÃO SIMULTÂNEA / SIMULTANEOUS TRANSLATION / TRADUCCIÓN SIMULTÁNEA INGLÊS / ENGLISH / INGLÉS ESPANHOL / SPANISH / ESPAÑOL PORTUGUÊS / PORTUGUESE / PORTUGUÉS LIBRAS / BRAZILIAN SIGN LANGUAGE 12

No segundo momento de sua Trilogia Zanzalá, iniciada com Vila Parisi em 2019, a companhia da Baixada Santista se dedica a outra vila operária histórica de Cubatão, a Vila Fabril. Nesta abertura de processo criativo, o Coletivo 302 apresenta um diário de bordo audiovisual com os primeiros resultados artísticos do projeto. Compondo com diversas linguagens – fotografia, cinema, teatro, literatura e música –, o grupo aborda a memória e a história da cidade numa perspectiva artística e crítica quanto às questões ambientais, econômicas e sociais dessa região reconhecida por sua intensa atividade industrial. Coletivo 302 Fundado em 2017 por sete artistas de Cubatão, o coletivo realiza práticas teatrais, performativas, culturais e educativas em torno das memórias e do imaginário da cidade da Baixada Santista. Silvio Luis da Silva Graduado em comunicação social pela Unesp, especializado em gestão cultural pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, compôs a equipe de coordenação do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas na edição de 2018 e atua no Sesc Santos como supervisor de programação. Idealização e criação: Coletivo 302 Artistas pesquisadores: Alisse Flora, Allana Santos, Douglas Lima, Matheus Lípari, Sander Newton, Sandy Andrade e Tay O’hanna Direção de arte: Matheus Lípari Direção de fotografia: Sander Newton Roteiro: Alisse Flora e Tay O’hanna Trilha sonora: Marcozi dos Santos Artistas visuais: Caíque Unger e Matheus Vasco Edição: Andressa Santa Cruz Produção: Allana Santos Assistência de produção: Sandy Andrade Apoio: Sesc Santos

COLETIVO302.COM | @COLETIVO302

120


EN

At the second moment of their Zanzalá Trilogy, which started with Vila Parisi back in 2019, the company from the coast region of Santos now dedicates its work to another traditional workers’ village in Cubatão known as Vila Fabril. In this creative process opening, Coletivo 302 presents a kind of audio-visual log book with the first artistic results of the project. Composing with many forms of language – photography, cinema, theatrical productions, literature, and music -, the group focuses on the memories, and history of the city from an artistic yet critical standpoint, about environmental, economic, and social issues of this region well known for its industrial activities. Coletivo 302 First set up in 2017 by seven artists from Cubatão, this group now performs cultural and educational plays, based on the memories and the imagination of the city of Cubatão, wedged in with the Baixada Santista.

ES

En el segundo momento de su Trilogía Zanzalá, iniciada con Vila Parisi en 2019, la companhia da Baixada Santista se dedica a otra villa operaria histórica de Cubatão: la Villa Fabril. En esta abertura del proceso creativo, el Colectivo 302 presenta un diario de a bordo audiovisual con los primeros resultados artísticos del proyecto. Diversos lenguajes son empleados para componer la creación – fotografía, cine, teatro, literatura y música –. Con ellos el grupo aborda la memoria y la historia de la ciudad en una perspectiva artística y crítica en relación a las cuestiones ambientales, económicas y sociales de esa región reconocida por su intensa actividad industrial. Colectivo 302 Fundado en 2017 por siete artistas de Cubatão, el colectivo realiza prácticas teatrales, performáticas, culturales y educativas en torno de memorias y del imaginario de esta ciudad de la Baixada Santista.

Silvio Luis da Silva Silvio is a graduate in social communication from Unesp, and has specialized in cultural management at the SESC Research and Qualification Centre. He has also been part of the coordination team of Mirada, the Ibero-American Festival of Performing Arts, in the 2018 edition, and now works at SESC in Santos as a Programming Supervisor.

Silvio Luis da Silva Graduado en comunicación social por Unesp, especializado en gestión cultural por el Centro de Pesquisa y Formación del Sesc, compuso el equipo de coordinación de Mirada – Festival Iberoamericano de Artes Escénicas en su edición de 2018 y actúa en el Sesc Santos como supervisor de programación.

Devised and created by: Coletivo 302 Researching Artists: Alisse Flora, Allana Santos, Douglas Lima, Matheus Lípari, Sander Newton, Sandy Andrade and Tay O’hanna Art Director: Matheus Lípari Director of Photography: Sander Newton Script: Alisse Flora and Tay O’hanna Soundtrack: Marcozi dos Santos Visual Artists: Caíque Unger and Matheus Vasco Editing: Andressa Santa Cruz Production: Allana Santos Support in Production: Sandy Andrade Support: SESC Santos

Idealización y creación: Colectivo 302 Artistas investigadores: Alisse Flora, Allana Santos, Douglas Lima, Matheus Lípari, Sander Newton, Sandy Andrade y Tay O’hanna Dirección de arte: Matheus Lípari Dirección de fotografía: Sander Newton Guión: Alisse Flora y Tay O’hanna Banda sonora: Marcozi dos Santos Artistas visuales: Caíque Unger y Matheus Vasco Edición: Andressa Santa Cruz Producción: Allana Santos Asistencia de producción: Sandy Andrade Apoyo: Sesc Santos

ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES / ACTIVIDADES FORMATIVAS

121



MIRADAS DIGITAIS / DIGITAL GLANCES / MIRADAS DIGITALES 123


PT

MIRADAS DIGITAIS / DIGITAL GLANCES / MIRADAS DIGITALES COLETÂNEA ESPECIAL COMENTADA / A SPECIAL COLLECTION DULY COMMENTED / COLECCIÓN ESPECIAL COMENTADA

O Sesc atribui especial importância à criação de conteúdos audiovisuais que preservam a memória e suscitam reflexões em torno das artes do palco. Nesta Ocupação de 2021, o Miradas Digitais vem somar aos espetáculos, debates e aberturas de processo criativo no formato de uma coletânea especial de artes cênicas para assistir em casa. Artistas convidados constroem narrativas para diferentes coleções de obras do acervo digital do Sesc. A ideia é envolver o público em uma viagem pelo tempo por meio da navegação nessas histórias contadas de formas inusitadas. Dez artistas e críticos convidados fazem uma curadoria desse material, que contempla séries e documentários originais do SescTV, uma seleção de lives do #EmCasaComSesc, o acervo digital Antunes Filho, o podcast Dramaturgias, os webdocs Mirada, entre tantos outros registros e documentos poéticos disponíveis nos canais digitais do Sesc. Estimulado por esses curadores e guiado por sua curiosidade, o público pode expandir as discussões desta Ocupação e estabelecer novas conexões no mundo das artes performativas. Ao navegar, cada pessoa terá a oportunidade de mergulhar num mar de imagens, de tempos e espaços de memórias, linguagens e pontos de vista diversos apresentados na produção audiovisual do Sesc.


EN

ES

The Social Services of Commerce (SESC) has given particular importance to the creation of audio-visual content that preserves memory while also stirring up thoughts about stage art. In this Occupation of 2021, the Digital Glances have come to add something extra to shows, debates, and opening of creative processes, in the shape of a special collection of performing arts to watch at home. Guest artists construct narratives for different collections of work within SESC’s digital collection. The idea behind this is getting people involved in a trip through time, navigating through these stories told in an unusual way. Ten guest artists and art critics have made a curatorship of this material, which considers original serials and documentaries of SescTV, a selection of live streams done through the hashtag #EmCasaComSesc, (At home with SESC), including Antunes Filho’s digital collection, the Dramaturgias (Dramaturgy) podcast, and the Glance (Mirada) web docs, among many others records and poetic documents that are available through the SESC digital channels. Encouraged by these curators and steered by their own curiosity, the public may expand the discussions of this Occupancy and establish new connections in the performing arts world. On navigating, each person shall have the opportunity to dive into a sea of pictures, times and spaces of memories, languages, and differing points of view, as presented in SESC’s audio-visual productions.

El Sesc otorga especial importancia a la creación de contenidos audiovisuales que preservan la memoria y suscitan reflexiones en torno de las artes del escenario. En esta Ocupación de 2021, Miradas Digitales viene a sumarse a los espectáculos, debates y aberturas de proceso creativo, en un formato de colección especial de artes escénicas para ser vistos en casa. Artistas invitados construyen narrativas para diferentes colecciones de obras del acervo digital del Sesc. La idea es atraer al público en un viaje por el tiempo, navegando en esas historias contadas de forma inusitada. Diez artistas y críticos invitados hacen una curaduría de ese material, que contempla series y documentales originales del canal SescTV, una selección de lives de #EmCasaComSesc, el acervo digital Antunes Filho, el podcast Dramaturgias, los webdocs Mirada, entre tantos otros registros y documentos poéticos disponibles en los canales digitales del Sesc. Estimulado por esos curadores y guiado por la curiosidad de cada uno, el público puede expandir las discusiones de esta Ocupación y establecer nuevas conexiones con el mundo de las artes performáticas. Al navegar, cada persona tendrá la oportunidad de sumergirse en un mar de imágenes, tiempos y espacios de memorias, lenguajes y diversos puntos de vista diversos presentados en la producción audiovisual del Sesc.

125


PT

UM ITINERÁRIO POSSÍVEL / A POSSIBLE ROADMAP / UN ITINERARIO POSIBLE POR/BY ANDRÉ GUERREIRO LOPES

AUTORRETRATO

Olá! Gostaria de propor a você um possível itinerário por alguns conteúdos da plataforma Sesc Digital. Um bom ponto de partida seria o documentário do SescTV com Sotigui Kouyaté, esse grande griot, ator e contador de histórias africano que coloca os participantes desta oficina em um estado muito especial de escuta, de presença, de abertura, de inspiração e, com certeza, vai conseguir te colocar também nesse lugar espiritual. Então, a partir desse estado você inicia essa travessia teatral por espetáculos incríveis. Os do #EmCasaComSesc, como os do Grupo 3, o Matheus Nachtergaele, os episódios da série Cena Inquieta, que levantam questões fundamentais para um teatro contemporâneo, e mais do que isso, reflexões para essa nossa própria vida contemporânea tão contraditória. Para quem se interessa pelo outro lado do fazer teatral, tem o webdoc com o Grupo Magiluth, um episódio do podcast Dramaturgias com Pedro Brício, e um da série De Onde se Vê, conversando um pouco sobre o que é autoficção. Aqui, um bom ponto de chegada seria a série documental O Teatro Segundo Antunes Filho, episódio O Método, que de uma certa forma se aproxima da proposta do Sotigui. É um ciclo que se encerra e que se abre novamente. Boa jornada!

ANDRÉ GUERREIRO LOPES É ATOR, DIRETOR TEATRAL E REALIZADOR AUDIOVISUAL / IS AN ACTOR, THEATRE DIRECTOR, AND AUDIO-VISUAL PRODUCER / ES ACTOR, DIRECTOR TEATRAL Y REALIZADOR AUDIOVISUAL

126


EN

Hello! I would like to propose a possible roadmap for you to go through the content of Sesc Digital platform. A good starting point would be the documentary by Sotigui Kouyaté, this great African griot, actor, and storyteller who places the participants of this workshop in a very special state of listening, of presence, of openness, of inspiration, and will certainly be able to place you in this spiritual place as well. So, from this state, you start this theatrical journey through incredible shows. Those of #EmCasaComSesc, such as those of Grupo 3, Matheus Nachtergaele, and the Cena Inquieta’s series raise fundamental questions for contemporary theater, and more than that, reflections for our own contradictory contemporary life. For those who are interested in the other side of theater making, there is the webdoc with Grupo Magiluth, an episode of the podcast Dramaturgias (Dramaturgies) with Pedro Brício, and from the series De Onde se Vê (From Where We See It) talking a little bit about what autofiction is. Here, a good ending point would be to finish with the documentary O Teatro Segundo Antunes Filho – O Método (The Theater According to Antunes Filho – The Method), which is somewhat close to Sotigui’s proposal. It is a cycle that ends and opens again. Have a nice journey!

ES

¡Hola! Quiero proponerles un posible itinerario por estos contenidos de la plataforma Sesc Digital. Un buen punto de partida sería el documental de Sotigui Kouyaté, ese gran griot (nota del traductor: palabra francesa que significa poeta y músico ambulante en África), actor y contador de historias africano que coloca a los participantes de este taller en un estado muy especial de escucha, de presencia, de abertura, de inspiración y, con certeza, también conseguirá colocarte en ese lugar espiritual. Es entonces que a partir de ese estado, iniciarás esta travesía teatral por espectáculos increíbles. Los de #EmCasaComSesc, como los del Grupo 3, de Matheus Nachtergaele, los episodios de la serie Cena Inquieta que tratan de cuestiones fundamentales para un teatro contemporáneo. Y más que eso, constituyen reflexiones para esta nuestra propia vida contemporánea tan contradictoria. Para quienes se interesan por el otro lado del hacer teatral, hay un webdoc con el Grupo Magiluth,un episodio del podcast Dramaturgias con Pedro Brício, un de la serie De Onde se Vê, (De donde se ve) donde se conversa un poco sobre lo que es auto ficción. Aquí, un buen punto de llegada sería terminar con el documental O Teatro Segundo Antunes Filho – O Método (El Teatro según Antunes Filho – El método), que de cierta forma se aproxima a la propuesta de Sotigui. Así tenemos un ciclo que se cierra y, por lo tanto, se abre nuevamente. ¡Buena jornada!

127


TEATRO PARA APLAUDIR EM CASA COM SUAS CRIANÇAS / THEATER TO APPLAUD AT HOME WITH YOUR CHILDREN / TEATRO PARA APLAUDIR EN CASA CON SUS NIÑOS POR/BY DIB CARNEIRO NETO

AUTORRETRATO

DIB CARNEIRO É JORNALISTA, DRAMATURGO, CRÍTICO DE TEATRO INFANTOJUVENIL E EDITOR DO SITE/ WEBJORNAL PECINHA É A VOVOZINHA! / IS A JOURNALIST, PLAYWRIGHT, CHILDREN’S THEATER CRITIC, AND EDITOR OF PECINHA É A VOVOZINHA! WEBSITE/WEB JOURNAL / ES PERIODISTA, DRAMATURGO, CRÍTICO DE TEATRO INFANTO-JUVENIL Y EDITOR DEL SITE/ WEBJORNAL PECINHA É A VOVOZINHA!

128


PT

Nestes tempos de isolamento social, o teatro infantojuvenil foi se abrigar de forma bastante numerosa nos meios audiovisuais – e agora... é link que não acaba mais! A turma do teatro se adaptou tão criativamente às câmeras, às lentes e aos ring lights que isso emociona – ainda mais um crítico veterano como eu, que viveu para ver, mais uma vez, a garra desses artistas se transformar em potência diante de uma crise de dimensões trágicas. O teatro nunca vai morrer. Se adapta, se ajeita, se casa com novas linguagens – mas nunca morre. Miradas Digitais gentilmente me convidou para indicar a vocês algumas dessas pérolas, verdadeiros tesouros da juventude, pinçados do vasto cardápio digital infantil recente do Sesc São Paulo. Vou me arriscar a indicar meia dúzia de atrações que vão servir de base para você se iniciar nesses deleites virtuais, com sua família toda ao lado – e depois seguir vendo todos os outros. Você sabia que uma tragédia tão complexa de Shakespeare, como Hamlet, pode, sim, virar obra infantil, com linguagem de palhaçaria? Pois foi o que fez a Cia. Vagalum Tum Tum, em O Príncipe da Dinamarca. Caveirinhas passeando e cantando pelo cemitério vão entreter a família toda e, de quebra, iniciar as crianças, de forma divertida, no universo tão imaginativo de um dramaturgo que, dizem, “inventou o humano”. Outra maravilha que se deu muito bem no vídeo foi Isso É Coisa de Criança!, da Cia. Truks de Animação. É uma excelente chance de você mostrar para

as crianças que no teatro os objetos ganham vida e outros significados. Um sapato pode ser um peixe, uma chaleira pode fazer “suco da imaginação” e uma caixa de papelão vira foguete. As cenas são todas estimulantes para a fantasia sem limites das crianças. E, por falar em imaginar, Dom Quixote, com a CIA. UM, usa como enredo o clássico romance de Miguel de Cervantes para falar com as crianças sobre o poder dos livros na formação de nossas identidades, as leituras como molas propulsoras de nossos sonhos, como fontes inesgotáveis de material imaginativo. É também uma bem-contada história de amizade entre um velho delirante e seu fiel enfermeiro. Atração perfeita para todas as idades. Uma aula de delicadeza, por duas palhaças encantadoras. Assim é O Jardim do Imperador, da Cia. Pelo Cano, que aborda uma fábula inspiradora: um velho rei precisa escolher o herdeiro de seu trono e resolve entregar uma semente a cada criança do reino, avisando que o sucessor será aquele que cultivar a flor mais bela, após um ano. Para encerrar esta lista de boas miradas, indico duas dramaturgias incríveis de um mesmo autor, Marcelo Romagnoli: Terremota, com a Cia. Bendita, sobre uma garotinha fantasiosa, que transforma sua sala em praia num dia chuvoso, e O Menino Teresa, sucesso da Banda Mirim, sobre outra garota sapeca, interessada em desvendar como é que vivem os meninos. Romagnoli faz duas abordagens divertidas e leves para temas que fazem parte da curiosidade das crianças.

129


EN

In these times of social isolation, Children’s Theater has taken shelter in audiovisual media - and now... it’s endless links! The theater folks have adapted so creatively to the cameras, lenses and ring lights that it thrills – even more to a veteran critic like me, who has lived to see, once again, these artists’ determination transformed into power in the face of a crisis of tragic proportions. The theater will never die. It is adapted, adjusted, connects to new languages – but it never dies. Miradas Digitais kindly invited me to recommend to you some of these pearls, true treasures of youth, taken from the vast Sesc São Paulo’s children’s digital menu. I will venture to recommend half a dozen attractions that will serve as a basis for you to get started in these virtual delights, with your whole family by your side – and then go on to see all the others. Did you know, for example, that such a complex tragedy by Shakespeare, such as Hamlet, can indeed become a children’s work, with clownish language? That is what Cia. Vagalum Tum did in O Príncipe da Dinamarca (The Prince of Denmark). Little skulls strolling and singing in the cemetery will entertain the whole family and, to top it off, introduce children to the imaginative universe of a playwright who, as they say, “invented the human being”. Another wonder that did very well in the video was Isso É Coisa de Criança! (This is kid stuff!) by Cia. Truks de Animação. It is an excellent chance for you to

show children that in theater objects come to life and have other meanings. A shoe can be a fish, a kettle can make “imagination juice”, and a cardboard box becomes a rocket. The scenes are all stimulating for children’s boundless fantasy. And speaking of imagining, Don Quixote, with CIA. UM, uses Miguel de Cervantes’ classic novel as its plot to talk to children about the power of books in shaping our identities, about reading as the driving force of our dreams, as inexhaustible sources of imaginative material. It is also a well-told story of friendship between a delirious old man and his faithful nurse. A perfect attraction for all ages. A delicacy lesson, by two charming clowns. This is Cia. Pelo Cano’s O Jardim do Imperador (The Emperor’s Garden), about an inspiring tale: an old king needs to choose the heir to his throne and decides to give a seed to each child in the kingdom, warning that the successor will be the one who grows the most beautiful flower after a year. To close this list of good views, I recommend two incredible dramatizations by the same author, Marcelo Romagnoli: Terremota, with Cia. Bendita, about a fanciful little girl who turns her living room into a beach on a rainy day, and O Menino Teresa, a success by Banda Mirim, about another high-spirited girl, interested in discovering how boys live. Romagnoli takes two fun and light approaches to themes that are part of children’s curiosity.

130


ES

En estos tiempos de aislamiento social, el teatro infanto-juvenil se albergó de manera tan numerosa en los medios audiovisuales – que ahora... ¡la lista de links no acaba nunca! El grupo de gente de teatro se adaptó de una manera tan creativa a las cámaras, a las lentes y a los ring lights (focos de luces) que eso emociona – más aún a un crítico veterano como yo, que vivió para ver, en más de una ocasión, la garra con que esos artistas se transformaron en una potencia frente a una crisis de trágicas dimensiones. El teatro nunca va a morir: se adapta, se arregla, se casa con nuevos lenguajes – pero nunca muere. Miradas Digitais me invitó gentilmente para indicarles a ustedes algunas de esas perlas, verdaderos tesoros de juventud, pinzados de un vasto menú digital infantil reciente del Sesc São Paulo. Me arriesgaré a indicar media docena de atracciones que servirán de base para que usted se inicie en estos deleites virtuales, con toda la familia a su lado – y después pueda seguir viendo todos los otros. Usted sabía por ejemplo, que una tragedia tan compleja de Shakespeare como Hamlet, ¿puede convertirse en una obra infantil, con lenguaje de payasos? Pues fue eso lo que hizo la Cia. Vagalum Tum Tum, en O Príncipe da Dinamarca (El Príncipe de Dinamarca). Pequeñas calaveras paseando y cantando por el cementerio irán entretener a toda la familia, y al mismo tiempo - aprovechando mejor la puesta en escena, iniciarán a los niños de forma divertida en el universo tan imaginativo de un dramaturgo que, según dicen, “inventó lo humano”. Otra maravilla que se adaptó muy bien en el vídeo fue Isso É Coisa de Criança! (Eso es cosa de niños) de la Cia. Truks de Animação. Es una excelente opor-

tunidad para que usted muestre a los niños que en el teatro los objetos ganan vida propia y otros significados. Un par de zapatos puede ser un pez, una tetera puede hacer “jugo de imaginación” y una caja de cartón se transforma en un cohete. Todas las escenas son estimulantes para la fantasía sin límites de los niños. Y ya que hablamos de imaginar, Dom Quixote (Don Quijote), representado por la CIA. UM, utiliza como argumento la obra clásica de Miguel de Cervantes para contarles a los niños sobre el poder de los libros en la formación de nuestras identidades. Menciona las lecturas como resortes propulsores de nuestros sueños, inagotables fuentes de material imaginativo. Al mismo tiempo es una bien contada historia de amistad entre un viejo delirante y su fiel enfermero. Es una atracción perfecta para todas las edades. Una clase de delicadeza, por dos encantadoras mujeres payaso. Así es el O Jardim do Imperador (El jardín del emperador) de la Cia. Pelo Cano, que aborda una fábula inspiradora: un viejo rey precisa elegir el heredero de su trono y resuelve entregar una semilla a cada niño del reino, avisando que el sucesor será aquel que, después de un año, obtenga la flor más bella. Para encerrar esta lista de buenas miradas, indico dos dramaturgias increíbles de un mismo autor, Marcelo Romagnoli: Terremota (La niña terremoto), con la Cia. Bendita, sobre una niña fantasiosa, que transforma su sala en una playa durante un día lluvioso, y O Menino Teresa (El niño Teresa) éxito de la Banda Mirim, sobre otra niña traviesa, interesada en descubrir cómo viven los niños. Romagnoli presenta dos abordajes divertidos y leves para temas que forman parte de la curiosidad de los niños.

131


A LUZ NEGRA NO TEATRO (O LUGAR DE ONDE SE VÊ, INCLUSIVE NO ESCURO) / BLACK LIGHTING IN THE THEATRE (THE PLACE FROM WHERE YOU CAN SEE EVEN IN THE DARK) / LA LUZ NEGRA EN EL TEATRO (EL LUGAR DESDE DONDE SE VE, INCLUSIVE EN LA OSCURIDAD) POR/BY DIONE CARLOS

AUTORRETRATO

DIONE CARLOS É ATRIZ, DRAMATURGA, ROTEIRISTA E CURADORA DE TEATRO / IS ACTRESS, PLAYWRIGHT, PLOT WRITER, AND THEATRE CURATOR / ES ACTRIZ, DRAMATURGA, GUIONISTA Y CURADORA DE TEATRO

132


PT

Começarei com um programa chamado Cena Inquieta, série documental do SescTV sobre coletivos de teatro. Selecionei duas das companhias retratadas: a Cia Emú de Teatro Negro e a Cia dos Comuns, ambas companhias de arte negra fundadas na cidade do Rio de Janeiro. Nesse material adentramos no espaço físico e simbólico desses grupos a partir de relatos e do olhar afetivo das pessoas que fazem parte delas, refletindo sobre a fundação de ambas, algumas das obras encenadas e as frentes de trabalho nas quais atuam. O grupo Emú fala especialmente sobre a peça Mercedes, de 2016, que aborda a vida e a obra de Mercedes Baptista, primeira bailarina negra a dançar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Já a Cia dos Comuns enfatiza sua pesquisa sobre teatro negro como uma forma de combater o apagamento histórico a que as contribuições artísticas de pessoas negras são submetidas, além de refazer também o percurso da fundação do coletivo e de algumas obras, como Tragam-me a Cabeça de Lima Barreto, que conta com o testemunho da diretora Fernanda Julia Onisajé e do ator Hilton Cobra. O segundo programa que selecionei é um episódio da série De Onde se Vê, Dicções do Feminino, que fala sobre dramaturgia dirigida por mulheres, como a dramaturga mexicana Conchi León, que reflete sobre o modo de representação feminina em cena, a maneira como somos descritas na dramaturgia. E

como elas, essas artistas criam contranarrativas para enfrentar isso, criando personagens que falam do feminino a partir da experiência de quem habita esse corpo, ou seja, nós, mulheres, falando em primeira pessoa por meio da poesia. O terceiro programa é um webdoc sobre a peça Odisseia, encenada pelo grupo Hiato, de São Paulo, que parte da obra de Homero que nomeia o trabalho. Nessa encenação, Odisseu, que também é chamado de Ulisses na peça, passa uma década na Guerra de Troia e leva outros dez anos para reencontrar a família. O vídeo mostra alguns trechos da encenação e revela o modo como a obra matriz é reinterpretada por atrizes e atores a partir de alguns testemunhos reais compartilhados por elas e por eles, um procedimento muito presente nesse coletivo, que trabalha com autoficção, um território arriscado se pensarmos em dramaturgia. Contudo, esse grupo sempre está a serviço da universalização daquilo que é posto em cena, trazendo questões pungentes do nosso próprio tempo em fricção com outros tempos e outras obras, sejam elas literárias ou teatrais. Enfim, realizam isso a partir de testemunhos reais, uma linha tênue entre realidade e ficção. Assim, findo aqui minhas impressões e fortaleço o convite para que vocês mergulhem nessa coleção digital, abrindo as portas e as janelas da percepção. Evoé!

133


EN

I shall start with a programme known as Cena Inquieta (Restless Scene), run by SESC TV and addressing the issue of theatre groups. I have selected two of the companies addressed the Cia Emú de Teatro Negro (Emú Company of Black Theatre) and the Cia dos Comuns (Company of Commons), both these being companies based on Black Art, and founded in the city of Rio de Janeiro. In this material, we explore the physical and symbolic space of these groups based on reports and on the affective look by people wishing to be part of them, reflecting upon the foundation of both these groups, some of the work shown, and the work fronts in which they act. The Emú Group talks particularly about the 2016 play Mercedes, which addresses the life and works of Mercedes Baptista, the first Black ballerina to dance at the Municipal Theatre of Rio de Janeiro. On the other hand, the Cia dos Comuns (Company of Commons) focuses its research on Black theatre as a way of tackling the historical wiping-out of the artistic contributions of Black people, as well as retracing the path of foundation of this group and also some works, such as Tragam-me a Cabeça de Lima Barreto (Bring Me Lima Barreto’s Head) which includes statements made by director Fernanda Julia Onisajé and actor Hilton Cobra. The second programme that I have selected is an episode of the series De Onde se Vê (From Where You Can See), Dicções do Feminino (Dictions of the Feminine), which talks about theatrical plays directed

by women like Mexican playwright Conchi León, who raises some thoughts about the mode of women’s representation and the way women are represented in dramaturgy. Just like them, these artists have created counter-narratives to tackle this, creating characters that talk about the feminine based on an experience of who inhabits this body, we women, talking in the first person through poetry. The third programme is a webdoc about the Odyssey, presented by the Hiato Group, of São Paulo, based on Homer’s work that gives its name to the work. In this presentation, Odysseus, also known as Ulysses in the play, spends one decade at the Trojan War and takes another ten years to find his family again. The video shows some excerpts of the enactment and shows the way in which the main work is reinterpreted by actors and actresses, based on some real statements they have shared, this procedure being very common in this theatre group that works with self-fiction, risky territory if we think about dramaturgy. However, this group is always at the service of the universalisation of whatever is portrayed on stage, bringing pungent issues of our times, in friction with other times and other works, be they literary or theatrical. They do this based on real statements, drawing a thin line between reality and fiction. In this way, here I finalise my impressions and once again invite you all to go deep into this digital collection, opening the windows and doors of perception. Evoé!

134


ES

Comenzaré con un programa llamado Escena Inquieta, una serie documental de SescTV sobre colectivos de teatro. Seleccioné dos de las compañías retratadas: la Cia Emú de Teatro Negro y la Cia dos Comuns, ambas compañías de arte negro fundadas en la ciudad de Rio de Janeiro. Ese material nos permite entrar en el espacio físico y simbólico de esos grupos, a partir de relatos y de la mirada afectiva de las personas que forman parte de ellos, y reflexionar sobre la fundación de ambos, de algunas de las obras puestas en escena y de los frentes de trabajo en los cuales actúan. El grupo Emú habla especialmente sobre la pieza Mercedes, de 2016, que aborda la vida y la obra de Mercedes Baptista, primera bailarina negra que danzó en el Teatro Municipal de Rio de Janeiro. Ya la Cia dos Comuns enfatiza su pesquisa sobre el teatro negro como manera de combatir la negación histórica a la que las contribuciones artísticas de personas negras son sometidas, además de rehacer también la trayectoria de la fundación del colectivo y de algunas obras, como Tragam-me a Cabeça de Lima Barreto (Tráiganme la cabeza de Lima Barreto), que incluye el testimonio de la directora Fernanda Julia Onisajé y del actor Hilton Cobra. El segundo programa que seleccioné es un episodio de la serie De Onde se Vê (Desde donde se ve), Dicções do Feminino (Dicciones de lo femenino) que trata sobre dramaturgia dirigida por mujeres, como por ejemplo la dramaturga mexicana Conchi León, que reflexiona sobre el modo femenino de actuar en escena, y la manera como somos descritas en la dramaturgia. Y como ellas, esas artistas producen contra-narrativas

para enfrentar eso, creando personajes que hablan de lo femenino a partir de la experiencia de quien habita ese cuerpo. Es decir, nosotras mujeres, hablando en primera persona a través de la poesía. El tercer programa es un webdoc sobre la pieza Odisseia (Odisea) puesta en escena por el grupo Hiato, de São Paulo, que parte de la obra de Homero que da nombre a ese trabajo. En esa puesta en escena, Odiseo – su nombre griego – que en latín es Ulises, y es el utilizado en la pieza, pasa una década en la Guerra de Troya y lleva otros diez años para volver a encontrarse con su familia. El vídeo muestra algunos trechos de la puesta en escena y revela el modo como la obra original es reinterpretada por actrices y actores a partir de algunos testimonios reales compartidos por ellas y ellos, procedimiento muy presente en ese colectivo, que trabaja con auto-ficción, un territorio arriesgado si pensamos en dramaturgia. No obstante, ese grupo siempre está al servicio de la universalización de lo que es puesto en escena, al traer cuestiones angustiantes de nuestro propio tiempo en conflicto con otros tiempos y otras obras, sean literarias o teatrales. Por último, realizan eso a partir de testimonios reales, una línea tenue entre realidad y ficción. De esta manera concluyo aquí mis impresiones y refuerzo la invitación para que se zambullan en esa colección digital, abriendo las puertas y las ventanas de vuestra percepción. Evoé!

Nota del traductor: saludo, grito de alabanza al dios Dionisio. En teatro, es usado para expresar alegría, entusiasmo.

135


TEATRO SÍNTESE IMAGÉTICA / IMAGETIC SYNTHESIS THEATRE / TEATRO SÍNTESIS IMAGÉTICA POR/BY JÉ OLIVEIRA

FOTO/PHOTO: FÁBIO AUDI

JÉ OLIVEIRA É CIENTISTA SOCIAL, ATOR, DIRETOR E DRAMATURGO, PROFESSOR DE TEATRO E FUNDADOR DO COLETIVO NEGRO / IS SOCIAL SCIENTIST, ACTOR, DIRECTOR AND PLAYWRIGHT. JÉ IS ALSO A TEACHER OF THEATRE AND A FOUNDER OF THE COLETIVO NEGRO THEATRE GROUP / ES CIENTÍFICO SOCIAL, ACTOR, DIRECTOR Y DRAMATURGO, PROFESOR DE TEATRO Y FUNDADOR DEL COLECTIVO NEGRO

136


PT

Gostaria de indicar dois episódios da série Cena Inquieta: o primeiro é sobre a experiência dos grupos Clariô e Capulanas Cia de Arte de Negra. Interessante perceber a escolha por uma outra configuração geográfica: a periferia, na região metropolitana de São Paulo, Taboão da Serra (Grupo Clariô) e a zona sul da cidade de São Paulo, Jardim São Luís (Capulanas Cia de Arte Negra). Inseparável da condição geográfica está a condição racial: artistas pretas e pretos. Esta configuração também é definidora da poética e da escolha pela linguagem épica, de herança brechtiana, que privilegia a capacidade de ação perante a própria existência em detrimento de determinismos, sejam quais forem. O outro episódio é composto pelos grupos As Bacurinhas (MG), Mulheres de Buço (RJ) e Coletiva As Minas (RJ). Existe uma configuração de gênero muito bem estabelecida nas pesquisas dessas organizações artísticas feita, pensada e difundida por mulheres nestes três coletivos feministas. A busca e a afirmação da liberdade corpórea, do feminino, da expansão e “descercamento” das expressões feministas é o centro das pesquisas dessas artistas que convocam e reúnem em e para si a potência e a urgência de serem sujeitas das próprias ações, corpos e futuros. A performatividade de si parece encontrar nas intersecções frutos e desmembramentos que se conectam e se alimentam ao mesmo tempo que se alimenta e alimenta o conjunto da sociedade. Já no documentário No se Mira Impunemente, produzido pelo SescTV no Mirada de 2016, chama muito a atenção a vida pulsando neste registro e as reflexões acerca de algumas instâncias do fazer teatral reunidas naquela edição do festival. A diversidade das criações teatrais, a busca e efetivação da potência viva estão ali retratadas e registradas por meio de imagens muito tocantes pela beleza e por nos trazer um passado recente de vida, de busca pelo encontro. Depoimentos de artistas nacionais, estrangeiros e intelectuais costuram e dialogam com trechos de espetáculos brasileiros e de fora, formando uma breve narrativa que nos possibilita revivenciar um pouco das inquietações e vislumbres contidos nos espetáculos elencados naquela edição do festival. É de fato muito

emocionante rever esse material no momento que estamos vivendo, após tantas perdas, vácuos e ausências. Poder relembrar a potência do encontro, da arte, da presença e da vida, é algo pelo que vale se deter. No episódio O Lugar da Diferença, da série De Onde se Vê, ressalto a necessidade de tratar as diferenças apenas como o que são: singularidades. É possível encontrar ali uma luta contra a transmutação da diferença em desigualdade. No início do vídeo vemos uma cena com conteúdo racializado, não à toa este discurso, inaugural, ganha sentido para opressões diversas de uma parte da América Latina e também da Europa, mais especificamente Portugal. O mote da etimologia da palavra teatro, em grego lugar de onde se vê, vira chão para questionamentos e reflexões acerca de lutas urgentes pela afirmação e reconhecimento das diferenças contra as opressões, sejam elas, raciais, de gênero, classe ou origem. Os depoimentos dos artistas ampliam e aprofundam os conteúdos apresentados, entrecortados por trechos de alguns espetáculos do ano de 2018 contidos no festival, última edição antes da paralisação pandêmica. Por fim, uma apresentação do projeto #EmCasaComSesc, o espetáculo Traga-me a Cabeça de Lima Barreto, com presença magistral do ator Hilton Cobra, o Cobrinha, da Cia dos Comuns (RJ). O modo como a dramaturgia, feita por Luiz Marfuz, encontrou mote para que as reflexões e situações trazidas por um Lima póstumo pousassem é de uma inteligência e profundidade muito potentes que a direção de Fernanda Júlia Onisajé, do grupo NATA (BA), e a atuação do Cobrinha souberam potencializar ainda mais. Trata-se de uma autópsia para que um congresso eugenista analise o cérebro do escritor a fim de entender como foi possível as criações do mesmo, mesmo ele sendo, no ponto de vista e concepção dos brancos médicos e cientistas sociais do século XIX, inferior intelectualmente. A síntese imagética de um cérebro crivado de búzios, com e em uma cabaça-cabeça como opele ifá é de arrombar as retinas de tão lindo e profundo, com camadas de leitura quase infinitas de tão fundas como o “pré-sal”. Dominique Faislon foi muito feliz na realização e concretização dessa ideia e conceito, tem muita beleza ali...

137


Here I would like to suggest two episodes of the Cena Inquieta (Restless Scene) series. The first is about the experience of theatre groups Clariô (Clarion) and Capulanas Cia de Arte Negra (Capulanas Black Art Company). Here it is interesting to perceive the choice of a different geographic configuration: the periphery, in the Greater São Paulo Metropolitan Area, in the city of Taboão da Serra (Clarion Group) and the South Zone of the city of São Paulo in the district of Jardim São Luís (Capulanas Cia de Arte Negra). Inseparable from the geographic situation, we have the racial condition: Black artists of both genders. This configuration also defines the poetics and the choice of epic language, inherited from Brecht, which prioritises the capacity of action in relation to one’s own existence, rather than determinisms, whatever they may be. The other episode consists of theatre groups As Bacurinhas (Minas Gerais), Mulheres de Buço (Rio de Janeiro) and the As Minas (The Girls, Rio de Janeiro). There is a gender configuration very well established in the research studies on these artistic organisations that has been very well thought out and disclosed by women in these three feminist theatre collectives. The search and affirmation of bodily liberation, the feminine, the expansion, and the ‘unblocking’ of fem-

inist expressions is the centre of research studies by these artists, who call and hold meetings within and for themselves, and the urgency of being subject to their own actions, bodies, and futures. Performativity itself seems to find, in the intersections, fruits and dismemberments that connect and feed each other, at the same time as society as a whole is feeding and being fed. In the documentary No se Mira Impunemente (One Does Not Look with Impunity), produced by SESC TV at the Mirada (Glance) of 2016, attention is called to life pulsating in this register and also some thoughts about some instances of doing theatre, gathered at that edition of the festival. The diversity of theatrical creations, the search and effectuation of live power are shown there, recorded through images that are very touching thanks to their sheer beauty and for bringing us a recent past moment of life, the search for meeting. Statements by national and foreign artists, and by intellectuals, sew up and have dialogue with excerpts from productions from Brazil and from abroad, thereby providing a brief narrative which allows us to re-experience some of the periods of restlessness and visions as contained in the performances as listed at that edition of the festival. In fact it is very emotional

138


EN

indeed to review this material at the difficult times we now face, after so much loss, so much vacuum, and so many absences. Being able to remember the power of meeting, art, presence and life, is something worth stopping for. In the episode O Lugar da Diferença (The Place of Difference), from the series De Onde Se Vê (From Where One Can See), I stress the need to consider differences just as what they really are: singularities. There one can find a fight against transmutation of the difference into inequality. At the start of the video, we see a scene with racial overtones, and it is not by chance that this inaugural discourse gains a new meaning for different cases of oppression in part of Latin America and in Europe, specifically Portugal. The etymology of the word theatre, which in Greek translates as ‘a place from where one can see’, now becomes a space for questionings and thoughts about the urgent struggles for affirmation and recognition of differences, against oppression, be it racial, gender-based, class-based, or to do with ethnic origin. The statements made by the artists expand and deepen the content as presented, often intermixed with some performances shown in the 2018, the last edition of the festival before the stoppage due to the pandemic.

Finally, a presentation of the project known as #EmCasaComSesc, the performance Traga-me a Cabeça de Lima Barreto (Bring Me Lima Barreto’s Head), with the majestic presence of actor Hilton Cobra, better known as Cobrinha, from the Cia dos Comuns (Company of Commons, Rio de Janeiro). The way in which the dramaturgy, made by Luiz Marfuz, found a motto so that the thoughts and situations brought by a posthumous Lima could land shows very powerful depth and intelligence, something that the direction of Fernanda Júlia Onisajé, of the NATA Group (Bahia), and the performance of Cobrinha, were able to make even more powerful. This is an autopsy so that a eugenist congress can analyse the writer’s brain, to understand how his creations were even possible, even though he would be intellectually inferior according to the standpoint and conception of the White doctors and social scientists of the 19th Century. The imagetic synthesis of a brain full of whelks, with and in a cabaça-cabeça as opele ifá, is so beautiful and so profound that it could even pull out the retinas, with layers of reading that are almost infinite, as deep as the pre-salt layer. Dominique Faislon was very happy in what he did and in the materialisation of this idea and concept. There is a lot of beauty right there...

139


Quisiera indicar dos episodios de la serie Escena Inquieta: el primero es sobre la experiencia de los grupos Clariô y Capulanas Cia de Arte de Negra. Es interesante notar la elección que hacen de otra configuración geográfica: la periferia, en la región metropolitana de São Paulo, Taboão da Serra (Grupo Clariô) y en la zona sur de la ciudad de São Paulo, Jardim São Luís (Capulanas Cia de Arte Negra). Inseparable de la condición geográfica está la condición racial: artistas negras y negros. Esta configuración también es definidora de la poética y la elección de un lenguaje épico, de herencia brechtiana, que privilegia la capacidad de acción frente a la propia existencia en detrimento de determinismos, sean los que sean. El otro episodio está compuesto por los grupos As Bacurinhas (MG), Mulheres de Buço (RJ) y Coletiva As Minas (RJ). Hay una configuración de género muy bien establecida en las pesquisas de esas organizaciones artísticas hecha, pensada y difundida por mujeres de estos tres colectivos feministas. La búsqueda y la afirmación de la libertad corpórea, de lo femenino, de la expansión y el “descercamento” – (nota del traductor: neologismo para expresar la retirada de bloqueos o

cercas de las expresiones feministas) es el centro de las pesquisas de esas artistas que convocan y reúnen en y para sí la potencia y la urgencia de ellas ser el sujeto de las propias acciones, cuerpos y futuros. Su perfomática parece encontrar en las intersecciones frutos y desmembramientos que se conectan y se alimentan, al mismo tiempo que se alimenta y alimenta al conjunto de la sociedad. Ya en el documental No se Mira Impunemente, producido por SescTV en Mirada de 2016, llama mucho la atención la vida que pulsa en ese registro y las reflexiones sobre ciertas instancias del quehacer teatral reunidas en aquella edición del festival. La diversidad de creaciones teatrales, la búsqueda y efectivización de la potencia viva están allí retratadas y registradas a través de imágenes muy tocantes por su belleza, y porque nos traen un pasado reciente de vida, de ir en busca del encuentro. Testimonios de artistas nacionales, extranjeros e intelectuales articulan y dialogan con trechos de espectáculos brasileños e internacionales, creando una breve narrativa que nos permite revivir parte de las inquietudes y vislumbres contenidos en los espectáculos presentados en aquella edición del

140


ES

festival. Es de hecho muy emocionante rever ese material en este momento que estamos viviendo, después de tantas pérdidas, vacíos y ausencias. Poder recordar la potencia del encuentro, del arte, de la presencia y de la vida, es algo en lo que vale la pena detenernos. En el episodio O Lugar da Diferença (El lugar de la diferencia) de la serie De Onde se Vê (Desde donde se ve) señalo la necesidad de tratar las diferencias simplemente como lo que son: singularidades. Es posible encontrar en ellas una lucha contra la transmutación de la diferencia en desigualdad. Al comienzo del vídeo vemos una escena con contenido racial, no en vano este discurso inaugural gana sentido para opresiones diversas de una parte de América Latina y también de Europa, más específicamente Portugal. La etimología griega de la palabra teatro: lugar desde donde se ve, nos abre camino para cuestionamientos y reflexiones sobre luchas urgentes por la afirmación y el reconocimiento de diferencias contra las opresiones, sean raciales, de género, clase u origen. Los testimonios de artistas amplían y profundizan los contenidos presentados, entrecortados por trechos de algunos espectáculos de 2018 mostrados en el festival, última edición realizada antes de la paralización por la pandemia.

Para finalizar, una presentación del proyecto #EmCasaComSesc, el espectáculo Traga-me a Cabeça de Lima Barreto (Tráigame la cabeza de Lima Barreto) con la magistral presencia del actor Hilton Cobra, apodado Cobrinha, de la Cia dos Comuns (RJ). El modo como la dramaturgia, realizada por Luiz Marfuz, encontró la vía para que las reflexiones y situaciones aportadas por un Lima póstumo se asentasen, es de una inteligencia y profundidad muy potentes - que la dirección de Fernanda Júlia Onisajé, del grupo NATA (BA), y la actuación de Cobrinha supieron incrementar aún más. La historia relata una autopsia en un congreso eugenista, que analiza el cerebro del escritor para entender cómo fueron posibles sus creaciones, inclusive él siendo intelectualmente inferior, desde el punto de vista y la concepción de médicos blancos y científicos sociales del siglo XIX. La síntesis imagética de un cerebro perforado por conchillas (búzios) con y en una calabaza-cabeza como opele ifá (nota del traductor: un sistema de oráculo de la religión ifá) es algo de romper las retinas de tan lindo y profundo, con capas de lecturas casi infinitas de tan hondas - como en el petróleo “pre-sal”. Dominique Faislon fue muy feliz en la realización y concretización de esa idea y concepto, hay mucha belleza allí.

141


PT

OLHARES DE RECIFE / GLIMPSES FROM RECIFE / MIRADAS DE RECIFE POR/BY MAGILUTH

FOTO/PHOTO: PEDRO ESCOBAR

Eu sou Giordano Castro, do Grupo Magiluth, e vou dar cinco dicas para vocês assistirem no Miradas Digitais, uma viagem pelo tempo por meio da navegação nessas histórias contadas de formas inusitadas. O primeiro é o episódio da série do SescTV Cena Inquieta, com a Antikatartika, a Velha Companhia e a Cia Mungunzá, que atuam na região central da cidade de São Paulo, um coletivo teatral que é muito parceiro do Grupo Magiluth. A segunda obra é um webdoc criado durante o Festival Mirada em 2016, com o maravilhoso grupo mexicano Vaca 35 Teatro en Grupo, que trouxe ao Brasil um teatro documental baseado na comida e na festa dos mortos chamado Cuando Todos Pensaban que Habíamos Desaparecido. O terceiro também é um webdoc realizado durante a mesma edição do Festival Mirada com Aquela Companhia, apresentando o espetáculo Caranguejo Overdrive, um trabalho muito legal que aborda os flagelos contemporâneos das grandes cidades brasileiras, aqui sob o prisma do Rio de Janeiro. Já a quarta indicação seria um dos episódios do podcast Dramaturgias, em que os artistas falam sobre seus pensamentos e processos de criação, este com a Grace Passô, uma das artistas mais completas que a gente tem no Brasil hoje. Por fim, a quinta opção é a série Teatro em Circunstância, que relata as experiências de grupos formados por jovens profissionais, com o episódio Quando a Periferia É o Centro. Esse documentário é muito bacana. É isso!

MAGILUTH GRUPO DE TEATRO DO RECIFE (PE) / THEATRE GROUP BASED IN RECIFE, CAPITAL OF THE STATE OF PERNAMBUCO / GRUPO DE TEATRO DO RECIFE (PE)

142


EN

ES

I am Giordano Castro, from the Magiluth Group, and I shall give five tips for you to watch at the Miradas Digitais (Digital Glances), a trip through time, taken through navigation through these stories told in an unusual way. The first is the episode within the Cena Inquieta (Restless Scene) series run by SESC TV, with the participation of Antikatartika, the Old Company and the Mungunzá Company, active in the downtown area of São Paulo, a theatre grouping that is very much a partner of the Magiluth Group. The second suggested work is a webdoc created during the Mirada (Glance) Festival in 2016, with the participation of the wonderful Mexican group Vaca 35 Teatro en Grupo, who brought to Brazil a type of documentary theatre based on the food and on the Festival of the Dead, called Cuando Todos Pensaban que Habíamos Desaparecido (When We All Thought We Had Disappeared). The third is another webdoc, this one being part of the same edition of the Mirada (Glance) Festival, with Aquela Companhia (That Company), presenting Caranguejo Overdrive (Crab Overdrive), a very interesting work project that addresses the contemporary scourges of large Brazilian cities, here considering the standpoint of Rio de Janeiro. Our fourth recommendation would be one of the episodes of the Dramaturgias (Dramaturgies) podcast, in which the artists talk about their thoughts and their processes of creation, this having the participation of Grace Passô, one of the most complete artists that we have in Brazil nowadays. Finally, the fifth option is the series Teatro em Circunstância (Theatre in Circumstance) which reports on the experiences of the groups comprising young professional people, with the episode Quando a Periferia É o Centro (When the Periphery Is the Downtown). This documentary is really great. That’s it!

Yo soy Giordano Castro, del Grupo Magiluth, y voy a indicarles cinco obras que pueden ver en Miradas Digitales: un viaje a través del tiempo, navegando en historias contadas de formas inusitadas. La primera es un episodio de la serie de SescTV Escena Inquieta, con Antikatartika, a Velha Companhia y la Cia Mungunzá, que actúan en el centro de la ciudad de São Paulo. Son un colectivo teatral con quienes nuestro Grupo Magiluth hace muchas presentaciones conjuntas. La segunda obra es un webdoc creado durante el Festival Mirada de 2016, con el maravilloso grupo mexicano Vaca 35 Teatro en Grupo, que trajo al Brasil un teatro documental basado en la comida, y en la fiesta del día de los muertos, llamado Cuando Todos Pensaban que Habíamos Desaparecido. El tercero también es un webdoc realizado durante la misma edición del Festival Mirada, con Aquela Companhia presentando el espectáculo Caranguejo Overdrive (Cangrejo overdrive), un trabajo muy guay que aborda los flagelos contemporáneos de las grandes ciudades brasileñas, vistas desde el prisma de Rio de Janeiro. La cuarta indicación podría ser uno de los episodios del podcast Dramaturgias, donde los artistas hablan sobre sus pensamientos y procesos de creación, con participación de Grace Passô, una de las artistas más completas que hoy tenemos en el Brasil. Para finalizar, la quinta opción es la serie Teatro en Circunstancia, que relata las experiencias de grupos formados por jóvenes profesionales, en el episodio Quando a Periferia É o Centro (Cuando la periferia es el centro). Ese documental es muy bueno. ¡Ajá!

143


MIRANDO CENAS PARA VIRAR O JOGO E TRANSFORMAR O MUNDO / TARGETING SCENES TO TURN THE GAME AROUND AND TRANSFORM THE WORLD / MIRANDO ESCENAS PARA DAR VUELTA A LA SITUACIÓN Y TRANSFORMAR EL MUNDO POR/BY NÓS DO MORRO

FOTO/PHOTO: ACERVO PRÓPRIO

NÓS DO MORRO GRUPO TEATRAL E ASSOCIAÇÃO CULTURAL / (WE FROM THE HILL) THEATRE GROUP AND CULTURAL ASSOCIATION / GRUPO TEATRAL Y ASOCIACIÓN CULTURAL

144


PT

O Grupo de Teatro Nós do Morro, fundado em 1986, no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro, se inspirou no trabalho de coletivos e grupos que marcaram o panorama teatral do Brasil durante as décadas de 1960 e 1970. Seu núcleo fundador se compunha de artistas oriundos de várias partes do país, que encontraram na favela um espaço de moradia e de vivência com os moradores locais. Foi esse convívio que possibilitou a realização de um projeto de acesso à arte e à cultura, por meio do teatro, para os jovens moradores da favela, sempre carentes de políticas públicas voltadas para a disponibilização de meios de produção e equipamentos culturais. Iniciativas como os trabalhos disponibilizados pelo Miradas Digitais são parte de um processo de resposta e de resistência que a arte é capaz de oferecer como antídoto contra o obscurantismo e a fobia dos donos do poder de plantão contra a cultura. E ela, como comprova a história do mundo, é um remédio eficaz e capaz de levar a humanidade a encontrar um novo caminho, mostrando que a vida levada na e com arte é mais bonita de ser vivida. Por conta da crise que vivenciamos ao longo dos últimos anos, não poderíamos deixar de levar em consideração a atuação desses grupos teatrais em seu trabalho diário de levar o teatro para um lugar onde possa ser visto pela plateia, seja ele onde for: em palcos tradicionais ou praças e espaços da periferia. Também lembrar da importância do trabalho de formação, dos encenadores criadores/pedagogos e da sua luta cotidiana na busca de novos conhecimentos e práticas que redundam na criação de novas estéticas e experimentações cênicas. Esses trabalhos são a prova de que o teatro resiste às pressões políticas, sociais e econômicas, sendo ele próprio uma arte política por excelência, sempre capaz de se reinventar.

Assim, indicamos os seguintes vídeos como exemplo de resistência e de resgate da importância do trabalho continuado feito pelos grupos teatrais: Coletivo Angu de Teatro e Teatro de Fronteira (episódio da série documental Cena Inquieta): mostra a luta desses coletivos pernambucanos para manter a cena teatral viva, mesmo em meio à decadência dos espaços cênicos tradicionais em seu estado. Clariô de Teatro (SP), Dolores Boca Aberta (SP), Cia Candongas e Outras Firulas (MG) e Grupo Via Magia (BA) (de outra série do SescTV Teatro e Circunstância, episódio Quando a Periferia É o Centro): a luta dos coletivos e dos grupos para fazer e levar o teatro para as comunidades periféricas, além da valorização do papel da arte-educação e da demarcação de territorialidades. Também destaque para o documentário Vassiliev, sobre o diretor russo Anatoli Vassiliev: o papel do encenador como pedagogo e formador na criação e desenvolvimento de uma estética mais universalizante na cena teatral da Rússia no final do século XX; mostra um processo de criação baseado na formação e na aquisição do conhecimento por parte da direção e dos atores. O espetáculo Policarpo Quaresma, do encenador brasileiro Antunes Filho (1929-2019), que representa um exemplo da junção do desenvolvimento do trabalho/pesquisa/formação de grupo e de atores criadores. Por fim, como exemplo de intercâmbio internacional e apresentação de grupos de fora do cenário nacional, com uma proposta cênica contemporânea e instigante e manutenção da pesquisa e do estudo permanente somente possível de ser realizado por grupos estabelecidos, indicamos o webdoc do espetáculo Psico/Embutidos, Carniceria Escenica, da Cia Titular de Teatro de la Universidad Veracruzana, do México.

145


EN

The Nós do Morro (We from the Hill) Theatre Group, first founded in 1986 on the Vidigal Hill in Rio de Janeiro, got its inspiration in the work of other theatre troupes and groups that laid their mark on the panorama of theatre in Brazil during the 1960s and 1970s. Its founding nucleus consisted of artists hailing from many different parts of the country, who in the favela found space to live and coexistence with local residents. It was this coexistence with the locals that enabled the execution of a project to grant access to art and culture, through theatre, for young residents of the favela, people who always lack Government policies in their favour, for the availability of means of production and cultural equipment. Initiatives such as the work made available by Miradas Digitais (Digital Glances) are part of a process of response and resistance, that art is able to offer as an antidote against obscurity and also against the phobia which the usual powers that be have against culture. As the history of the world has proven, this efficient medicine is able to lead humanity to find a new way forward, showing that life that is led in and with art is more beautiful to be lived. Because of the crisis that we have experienced over the last few years, we could not but take into consideration the actions of these theatre groups in their daily work to take theatre over to somewhere where it could be seen by the audience, wherever it may be: in traditional stages, in squares, or in other spaces in peripheries. One must also remember the importance of qualification work, the producers of a play, creators/ pedagogues and their relentless fight in search of new knowledge and practices that lead to the creation of new aesthetics and performing experimentation. These work projects are the proof that theatrical activities have resisted to political, social, and economic pressures, itself being a type of political art par excellence, always able to start afresh. We therefore recommend the following video materials as examples of resistance and recovery of the ongoing work that has been carried out by the theatre groups:

The Angu de Teatro (Theatre Mush) and Teatro de Fronteira (Frontier Theatre) Group (an episode of the documentary series Cena Inquieta – Restless Scene): shows the fight of these Pernambucan theatre groups, to keep the theatre scene alive, even amidst a situation of decline of traditional theatrical spaces within their State. Clariô de Teatro (Theatre Clarion, São Paulo), Dolores Boca Aberta (Dolores Open Mouth, São Paulo), Cia Candongas e Outras Firulas (Candongas Group and Other Frills, Minas Gerais) and the Grupo Via Magia (Magic Route Group, Bahia) (from another series of SescTV Theatre and Circumstance, in the episode Quando a Periferia É o Centro – When the Periphery Is the Downtown: the struggle waged by theatrical groups and troupes, seeking to make theatre and take it to the outlying communities, as well as the valuation of the role of art education and the demarcation of territorialities. We would also like to highlight the documentary Vassiliev, about the Russian film director, Anatoly Vassiliev: the role of the film producer as a pedagogue and as a qualifying agent for the creation and development of a more universal style of aesthetics in the Russian theatre scene at the end of the 20th Century; it shows a process of creation based on qualification and on the acquisition of knowledge on the part of the acting cast and of the team of film directors. The production Policarpo Quaresma, of Brazilian director Antunes Filho (1929-2019) represents one example of a joint effort for development of the work/ research/formation of group, and creator actors. Finally, as an example of international exchange and presentation of groups from outside the national scene, with a contemporary and instigating performing-arts proposal for production and for maintenance of the research and the permanent study, that can only be carried out by well-established groups, we recommend the webdoc of the performance Psico/ Embutidos, Carniceria Escenica, (Psycho/Embedded, Scenic Slaughter) by Cia Titular de Teatro de la Universidad Veracruzana (Main Theatre Group of Veracruz University), from Mexico.

146


ES

El Grupo de Teatro Nós do Morro, fundado en 1986, en el Morro do Vidigal, en Rio de Janeiro, se inspiró en el trabajo de colectivos y grupos que marcaron el panorama teatral del Brasil durante las décadas de 1960 y 1970. Su núcleo fundador estaba compuesto por artistas oriundos de varias partes del Brasil, que encontraron en la favela un espacio donde residir y tener vivencias con los habitantes locales. Fue esa convivencia que posibilitó realizar un proyecto de acceso a la gente joven de la favela - a través del teatro, al arte y a la cultura para personas siempre carentes de políticas públicas orientadas a colocar a disposición de ellos medios de producción y equipamientos culturales. Iniciativas como los trabajos que Miradas Digitales colocó a disposición, forman parte de un proceso de respuesta y resistencia que el arte es capaz de ofrecer como antídoto contra el oscurantismo y la fobia que los actuales dueños del poder ejercen contra la cultura. Y esta, como lo comprueba la historia del mundo, es un remedio eficaz y capaz de llevar la humanidad a encontrar un nuevo camino, mostrando que una vida que incluye el arte, y es llevada con arte, es más linda de ser vivida. A causa de la crisis que hemos vivido durante los últimos años, no podríamos dejar de llevar en consideración la actuación de esos grupos en su trabajo diario de llevar el teatro a un lugar donde pueda ser visto por la platea, sea donde sea: en escenarios tradicionales o en plazas y espacios de la periferia. También debemos recordar la importancia del trabajo de formación de directores de escena creadores/pedagogos, y de su lucha cotidiana en busca de nuevos conocimientos y prácticas que redunden en la creación de nuevas estéticas y experimentos escénicos. Estos trabajos son la prueba de que el teatro resiste a las presiones políticas, sociales y económicas, siendo él mismo un arte político por excelencia, siempre capaz de reinventarse.

Por ello, indicamos los siguientes vídeos como ejemplo de resistencia y de rescate de la importancia del trabajo continuo desarrollado por los grupos teatrales: Coletivo Angu de Teatro y Teatro de Fronteira (episodio de la serie documental Escena Inquieta): muestra la lucha de esos colectivos pernambucanos para mantener viva la escena teatral, inclusive en medio de la decadencia de espacios escénicos tradicionales en su estado. Clariô de Teatro (SP), Dolores Boca Aberta (SP), Cia Candongas y Outras Firulas (MG) y Grupo Via Magia (BA) (de otra serie del SescTV Teatro y Circunstancia, en el episodio Quando a Periferia É o Centro (Cuando la periferia es el centro): la lucha de colectivos y grupos para hacer y llevar el teatro a comunidades de los suburbios, además de la valorización del papel del arte-educación y la demarcación de territorialidades. También destacamos el documental Vassiliev, sobre el director ruso Anatoli Vassiliev: el papel del director de escena como pedagogo y formador en la creación y desarrollo de una estética de valor más universal de la escena teatral en Rusia a fines del siglo XX; muestra un proceso de creación basado en la formación y captación del conocimiento por parte de la dirección y los actores. El espectáculo Policarpo Quaresma, del director de escena brasileño Antunes Filho (1929-2019) que representa un ejemplo de la unión entre desarrollo de trabajo/pesquisa/formación de grupo, con actores creadores. Para finalizar, como ejemplo de intercambio internacional y presentación de grupos extranjeros, con una propuesta escénica contemporánea e instigadora y manteniendo una pesquisa y un estudio permanente, solamente posible de ser realizado por grupos establecidos, indicamos el webdoc del espectáculo Psico/Embutidos, Carnicería Escénica, de la Cía. Titular de Teatro de la Universidad Veracruzana, de México.

147


TRILHA AFROCENTRADA E ENCRUZILHADA / AN AFROCENTRED TRAIL AND CROSSROADS / SENDA AFRO-CENTRADA Y SU ENCRUCIJADA POR/BY ONISAJÉ

FOTO/PHOTO: DANILO SAMPAIO

ONISAJÉ | YAKEKERÊ DO ILÊ AXÉ OYÁ L´ADÊ INAN SACERDOTISA DO CANDOMBLÉ, ENCENADORA, PREPARADORA DE ATORES, PESQUISADORA DO CANDOMBLÉ, TEATRO E RELIGIOSIDADE DE MATRIZ AFRICANA NO BRASIL, DOUTORANDA EM ARTES CÊNICAS – PPGAC/UFBA / A RELIGIOUS FIGURE OF THE AFRO-BRAZILIAN CANDOMBLÉ, ALSO AN ACTRESS AND ACTOR TRAINER, BEING A RESEARCHER INTO CANDOMBLÉ AND INTO THE THEATRE AND RELIGIOSITY OF THIS AFRICAN RELIGION IN BRAZIL. SHE IS A DOCTORAL STUDENT IN THE PERFORMING ARTS AT PPGAC/UFBA / SACERDOTISA DE CANDOMBLÉ, DIRECTORA DE ESCENA, PREPARADORA DE ATORES, INVESTIGADORA DE CANDOMBLÉ, TEATRO Y RELIGIOSIDAD DE MATRIZ AFRICANA EN BRASIL, ESTUDIANTE DEL DOCTORADO EN ARTES ESCÉNICAS – PPGAC/UFBA

148


PT

Neste ano de 2021, ano ainda pandêmico, várias foram e ainda serão as convocações para a luta contra a covid-19 e a busca por sua cura. Mas também a cura e a luta contra as mazelas sociais, culturais, midiáticas, econômicas e políticas existentes no Brasil antes desta tragédia viral que nos pegou no contrapé e evidenciou ainda mais nossas distâncias, dificuldades, desamores e desigualdades. Nestes quase dois anos de luta, profissionais de diversas áreas entregaram-se energicamente para preservar a vida. Dentre esses profissionais, além de destacar o papel fundamental dos profissionais da saúde de todas as áreas, é necessário destacar a importância das artes e dos artistas na busca por respirações e oxigenações saudáveis para o corpo, a mente e a alma. Assim, convocada pela luta e também querendo contribuir com as diversas possibilidades de provocar saúdes, venho aqui e indico para vocês quatro possibilidades de acesso às artes cênicas e suas provocações, problematizações e reflexões. Para quem tiver a fim de conhecer um pouco mais da diversidade do nosso fazer da cena, dê uma mirada nos episódios da série documental Cena In-

quieta, do SescTV. Indico o episódio em que o grupo O Poste Soluções Luminosas, de Recife, e o Teatro Negro e Atitude, de Belo Horizonte, apresentam um poderoso fragmento da cena negra pernambucana e mineira; e também o episódio que mostra o movimento espiralado e afrografado da Segunda Preta (BH), com Danielle Anatólio, Michelle Sá, Adyr Assumpção e Preto Amparo. Seguindo a trilha afrocentrada e encruzilhada, indico ainda o webdoc Mirada sobre o espetáculo irônico, problematizador e porque não dizer polêmico PRETO, além de um dos episódios do podcast Dramaturgias, que entrevista e registra num áudio muito potente e interessante um pouco do pensamento, poética e questões do dramaturgo inquieto Jô Bilac. Por fim, indico o programa Teatro e Circunstância que aborda o Teatro da Negritude, com entrevistas poderosas e reveladoras de grupos teatrais negros, como Bando de Teatro Olodum (BA), Teatro Negro e Atitude (MG), Grupo Caixa Preta (RS) e Grupo Cabeça Feita (DF).

Axé pra todes!!!

149


EN

In this year of 2021, a year still marked by the Covid-19 pandemic, there have been, and still will be, many call-ups for the fight against Covid-19 and the search for its cure. However, there is also a search for a cure and a fight against Brazil’s social, cultural, mediatic, economic and political woes, which existed in Brazil even before this viral tragedy that caught us off guard and made the distance between us, as also our difficulties, inequality and lack of love, even more evident. In these two years of struggle, professional people from different areas have dedicated themselves with energy, working towards the preservation of life. Among these professionals, apart from highlighting the key role carried out by health professionals of all areas, it is also important to highlight the importance of arts and of artists, in search for healthy breathing and oxygenation for the body, the mind, and the soul. Thus, called up to the struggle and also wanting to make a contribution with the different possibilities of bringing health, I come here and recommend four different possibilities of access to the performing arts and its provocations, thoughts, and problematizations. For those wishing to get to know a bit more about the diversity of our actions when performing, we advise looking at the episodes of the documentary series Cena Inquieta (Restless Scene) of SESC TV. I recommend the instalment where the groups O Poste Soluções Luminosas, *The Lamp-Post Lighting Solutions) from

Recife and Teatro Negro e Atitude (Black Theatre and Attitude) of Belo Horizonte show a powerful fragment of the Black scene in the state of Pernambuco and Minas Gerais respectively; and also the episode which shows the spiralled and Afrographed movement of the Segunda Preta (Second Black) group from Belo Horizonte (BH), with the participation of Danielle Anatólio, Michelle Sá, Adyr Assumpção and Preto Amparo. According to the Afrocentred trail and crossroads, I also recommend the webdoc Mirada (Glance) about the ironic problematising and even controversial PRETO (BLACK), as well as one of the episodes of the Dramaturgias (Dramaturgies) podcast, which interviews the restless playwright Jô Bilac, recording a bit of his thought, poesy and other issues on a very powerful audio. Last but not least, I recommend the programme Teatro e Circunstância (Theatre and Circumstance) which addresses the Teatro da Negritude (Blackness Theatre) movement, with powerful and revealing interviews of Negro theatre groups, including such names as Bando de Teatro Olodum (Olodum Theatre Band, from the State of Bahia), Teatro Negro e Atitude (Black Theatre and Attitude, from Minas Gerais), the Grupo Caixa Preta (Black Box Group, from Rio Grande do Sul) and Grupo Cabeça Feita (Decided Group, from the Federal District). Axé for all!!!

150


ES

Durante 2021, un año aún pandémico, hubo y todavía habrá otras convocaciones para luchar contra el covid-19, y buscar su cura. E igualmente curar y luchar contra las llagas sociales, culturales, mediáticas, económicas y políticas existentes en el Brasil, y que antes de esta tragedia viral nos tomaron por sorpresa, evidenciando aún más nuestras distancias, dificultades, desamores y desigualdades. En estos casi dos años de lucha, profesionales de diversas áreas se entregaron con todas sus energías para preservar la vida. Entre ellos, además de destacar el papel fundamental de los profesionales de la salud en todas sus áreas, debemos poner de relieve la importancia de las artes y de los artistas, en una búsqueda por respiraciones y oxigenaciones saludables para el cuerpo, la mente y el alma. Así, convocada por esta lucha y también porque quiero contribuir con diversas posibilidades de provocar otros tipos de salud, vengo aquí para indicarles cuatro posibilidades de acceder a las artes escénicas y a sus provocaciones, problematizaciones y reflexiones. Para aquellos que estén interesados en conocer un poco más de la diversidad de nuestro quehacer en escena, les sugiero que den una mirada a los episodios de la serie documental Escena Inquieta, de SescTV. Indico el episodio en el que el grupo O Poste Soluções

Luminosas, de Recife, y el Teatro Negro y Actitud, de Belo Horizonte, presentan un poderoso fragmento de la escena negra pernambucana y del estado de Minas Gerais; y también el episodio que muestra el movimiento espiralado y con grafía afro del proyecto de teatro Segunda Preta (BH), con Danielle Anatólio, Michelle Sá, Adyr Assumpção y Preto Amparo. Continuando en la senda afro-centrada y su encrucijada, indico además el webdoc Mirada sobre el espectáculo irónico, problemático y porque no decir también polémico PRETO, y uno de los episodios del podcast Dramaturgias, que entrevista y registra en un audio muy potente e interesante algo del pensamiento, la poética y cuestiones del inquieto dramaturgo Jô Bilac. Por fin, indico el programa Teatro y Circunstancia que aborda el Teatro da Negritude, con entrevistas poderosas y reveladoras de grupos teatrales negros, como Bando de Teatro Olodum (BA), Teatro Negro y Actitud (MG), Grupo Caixa Preta (RS) y Grupo Cabeça Feita (DF). ¡Axé para todes! Nota del traductor: Axé, palabra en yoruba, que significa poder, energía o fuerza.

151


O TEATRO EXISTE PARA ALÉM DE SI MESMO / THEATRE EXISTS TO EXTEND BEYOND ITSELF / EL TEATRO TRASCIENDE, YENDO MÁS ALLÁ DE SÍ MISMO POR/BY PAULA AUTRAN

FOTO/PHOTO: BOB SOUZA

PAULA AUTRAN É PROFESSORA DE DRAMATURGIA, ESCRITORA E JORNALISTA / IS DRAMATURGY TEACHER, WRITER, AND JOURNALIST / ES PROFESORA DE DRAMATURGIA, ESCRITORA Y PERIODISTA

152


PT

“Os indígenas acham que os animais acham que são humanos...” “A solidão de um homem no meio de uma sala vazia é muito diferente da solidão de um homem no canto de uma sala vazia.” “Organizar uma peça teatral é como organizar um núcleo social.”

Essas e muitas outras reflexões sobre teatro, que mostram como ele existe para além de si mesmo, e que é parte integrante da tessitura social na qual estamos inseridos, estão nos vídeos das coleções Miradas Digitais. A primeira frase é do grande e saudoso dramaturgo amazonense Francisco Carlos em um dos episódios do podcast Dramaturgias. A segunda é da diretora teatral Bia Lessa no episódio Poéticas do Espaço, da série audiovisual De Onde se Vê. E a terceira é de Marcio Aurélio, presente no episódio O Teatro e a Cidade: Teatro e Inclusão, da série Teatro e Circunstância, produzida pelo SescTV. Há documentários da série Cena Inquieta que mapeiam de forma inédita e única os grupos teatrais de

diversas regiões do Brasil. E também programas que trazem para o nosso olhar a forma de refletir e se organizar de coletivos teatrais de fora do Brasil, da cena ibero-americana, como no Mirada 2010, Quando o Teatro Rompe suas Fronteiras. Aqui, o rompimento vai além de fronteiras geográficas e mostra como o teatro está lado a lado com as outras linguagens artísticas, como as artes plásticas, a música e a dança. “No teatro é onde cabe o não, o cara pode dizer não!”

Essa possibilidade de transgressão está presente no olhar, na fala e na trajetória de tantos artistas que compõem esse acervo único e inestimável. A frase do grande ator Paulo César Pereio é uma síntese perfeita da inesgotável capacidade de invenção que o teatro tem. Ele está no episódio Transgressões, da série Teatro e Circunstância, que nos lembra que todas as épocas opressivas existem para serem confrontadas. Refletir, se emocionar, relembrar, ampliar o olhar: miremo-nos nesse acervo para seguir mais fortes nesses dias impossíveis.

153


EN

‘Native Brazilians think that animals think they are human...’ ‘The loneliness of a man in the middle of an empty room is very much different from the solitude of a man in the corner of an empty room.’ ‘Organising a theatrical play is like organising a social group.’

This and many other thoughts about theatrical activity, which show how theatre exists even beyond itself, and that it is a constituent part of the social organisation in which we are inserted, are in the videos of the Miradas Digitais (Digital Glances) collections. The first phrase was by the great and sorely missed Amazonian playwright Francisco Carlos, in one of the episodes of the Dramaturgias (Dramaturgies) podcast. The second phrase comes from theatre director Bia Lessa, in the Poéticas do Espaço (Poesy in Space) episode of the audio-visual series De Onde Se Vê (From Where One Can See). The third phrase in the triumvirate is by Marco Aurélio, present in the episode O Teatro e a Cidade: Teatro e Inclusão, (The Theatre and the City: Theatre and Inclusion) within the series Teatro e Circunstância (Theatre and Circumstance), produced by SESC TV. There are documentaries of the series known as Cena Inquieta (Restless Scene) that map, in an unique

and unprecedented manner, the theatre groups in different parts of Brazil. It also brings programmes that make us aware of the way in which theatre groups from outside Brazil think and get organised, such as those of the Ibero-American scene, like in Mirada 2010 (Glance 2010), such as Quando o Teatro Rompe suas Fronteiras. (When Theatre Breaks Its Borders), showing also how theatre is right beside other types of artistic language, such as plastic arts, music, and dance. ‘It is in the theatre that ‘no’ is possible as an answer. The person can actually say no!’

This possibility of transgression is present in the look, speech and career path of so many artists that are part of this unique and priceless collection. The phrase of the great actor Paulo César Perejo perfectly sums up the inexhaustible ability to invent, shown by theatre. It is part of the episode Transgressões (Transgressions), of the series Teatro e Circunstância (Theatre and Circumstance), and reminds us that all phases of oppression are there to be confronted. To think things over, get emotional, bring something back to memory, expand one’s look: we need to glance at this collection so we may proceed through these difficult days with added strength.

154


ES

“Los indígenas creen que los animales piensan que son humanos...” “La soledad de un hombre en el medio de una sala vacía es muy diferente de la soledad de un hombre en un rincón de una sala vacía.” “Organizar una pieza de teatro es como organizar un núcleo social.”

Estas y muchas otras reflexiones sobre el teatro, que muestran como existe más allá de sí mismo, y es parte integrante de la tesitura social en la cual estamos inseridos, están en los vídeos de las colecciones Miradas Digitales. La primera frase es del gran y añorado dramaturgo amazonense Francisco Carlos en uno de los episodios del podcast Dramaturgias. La segunda es de la directora teatral Bia Lessa en el episodio Poéticas do Espaço (Poéticas del espacio), de la serie audiovisual De Onde se Vê (Desde donde se ve). Y la tercera es de Marcio Aurélio, presente en el episodio O Teatro e a Cidade: Teatro e Inclusão (El Teatro y la ciudad; Teatro e Inclusión) de la serie Teatro y Circunstancia, producida por SescTV. Hay documentales de la serie Escena Inquieta que enumeran de forma inédita y única los grupos teatra-

les de diversas regiones del Brasil. Y también programas que nos muestran de que maneras reflexionan y se organizan los colectivos teatrales extranjeros, de la escena iberoamericana, como en Mirada 2010, en Quando o Teatro Rompe suas Fronteiras (Cuando el teatro rompe sus fronteras). Aquí, esa ruptura va más allá de las fronteras geográficas, y muestra como el teatro está emparejado con otros lenguajes artísticos, como son las artes plásticas, la música y la danza. “En el teatro es donde cabe un no, ¡un tipo puede decir no!”

Esa posibilidad de transgredir está presente en la mirada, en la recitación y en la trayectoria de tantos artistas que componen ese acervo único e inestimable. La frase del gran actor Paulo César Pereio es una perfecta síntesis de la inagotable capacidad de invención que tiene el teatro. Está en el episodio Transgressões (Transgresiones) de la serie Teatro y Circunstancia, que nos recuerda que todas las épocas opresivas existen para ser confrontadas. Reflexionar, emocionarse, recordar, ampliar nuestra mirada: mirémonos en ese acervo para seguir con más fuerza en estos días imposibles.

155


PT

A ARTE COMO EXISTÊNCIA / ART AS EXISTENCE / EL ARTE COMO EXISTENCIA POR/BY PRISCILA OBACI

FOTO/PHOTO: MALCOLM LIMA

Corpos-territórios de insurgência que propõem um diálogo interno, profundo e visceral a partir de narrativas femininas, de decoloniadade, de ocupação das terras invadidas, ação a partir das artes, da construção comunitária, conjunta. Uma espiral que propõe, a partir de uma reflexão do passado, a anunciação e o prenúncio de novas narrativas, tentativas de reExistir. Criar a partir das matrizes que foram silenciadas, apagadas e queimadas na inquisição do eurocentrismo. Uma retomada do lugar de sujeito e não mais objeto. Construir um teatro Oca, criar a partir da mitologia dos orixás, escrever com o útero que sangra e dá vida, levar para a rua o que foi negado e privatizado. Questionar papéis e narrativas. Fazer do gesto simples um diálogo com a complexidade da vida. Ser arte onde tudo parece impróprio. Não se contentar com o óbvio, transcender o lugar de artista a partir da espetacularização, vivenciar, experimentar no encontro e fazer brilhar o encanto do teatro.

PRISCILA OBACI MULTIARTISTA, EDUCADORA E BACHARELA EM COMUNICAÇÃO DAS ARTES DO CORPO COM HABILITAÇÃO EM TEATRO PELA PUC/SP / MULTI-ARTIST, EDUCATOR AND GRADUATED IN THE COMMUNICATION OF THE BODY’S ART WITH MAJOR IN THEATER FROM PUC/SP / MULTIARTISTA, EDUCADORA Y GRADUADA EN COMUNICACIÓN DE LAS ARTES DEL CUERPO CON HABILITACIÓN EN TEATRO POR LA PUC/SP

156


EN

Bodies-territories of insurgency that propose an internal, profound, and visceral dialogue of feminine narratives, decoloniality, occupation of invaded lands, action through arts, community construction, jointly. A spiral that proposes from a reflection of the past, the annunciation and foreshadowing of new narratives, attempts to reExist. Create from matrices that have been silenced, erased, and burned in the inquisition of Eurocentrism. A resurgence of the place of the being and no longer an object. Build an Oca theater, create from the mythology of the orixás, write with the womb that bleeds and gives life, take to the street what has been denied and privatized. Challenge roles and narratives. Turn a simple gesture into a dialogue with the complexity of life. Be art where everything seems improper. Not connecting with the obvious, transcend the artist’s place by spectacularization, living, experiencing the encounter, and making the theater’s enchantment shine.

ES

Cuerpos-territorios de insurgencia que proponen un diálogo interno, profundo y visceral a partir de narrativas femeninas, de descolonialización, de ocupación de tierras invadidas, acción a partir de las artes, de la construcción comunitaria, conjunta. Es un espiral que propone, a partir de una reflexión del pasado, la anunciación y el preanuncio de nuevas narrativas, tentativas de re-existir. Crear a partir de matrices que fueron silenciadas, borradas y quemadas en la inquisición del eurocentrismo. Una recuperación del lugar del sujeto y no más objeto. Construir un teatro Oca, crear a partir de la mitología de los orixás, escribir con el útero que sangra y da la vida, llevar a las calles lo que fue negado y privatizado. Cuestionar roles y narrativas. Hacer del gesto simple un diálogo con la complejidad de la vida. Ser arte donde todo parece impropio. No contentarse con lo obvio, transcender el lugar del artista a partir de la espectacularización, vivenciar, experimentar el encuentro y hacer brillar el encanto del teatro.

157


PT

NOVOS OLHARES NAS ARTES CÊNICAS / NEW PERSPECTIVES ON PERFORMING ARTS / NUEVAS MIRADAS EN LAS ARTES ESCÉNICAS POR/BY RENATA CARVALHO

AUTORRETRATO

RENATA CARVALHO É ATRIZ E DRAMATURGA RECONHECIDA INTERNACIONALMENTE POR SEUS TRABALHOS FOCADOS NA QUESTÃO DO CORPO TRANSEXUAL / IS ACTRESS AND PLAYWRIGHT WHO HAS RECEIVED INTERNATIONAL ACCLAIM FOR HER WORK FOCUSED ON THE ISSUE OF THE TRANSSEXUAL BODY / ES ACTRIZ Y DRAMATURGA INTERNACIONALMENTE RECONOCIDA POR SUS TRABAJOS FOCALIZADOS EN LA CUESTIÓN DEL CUERPO TRANSEXUAL

Para abrir essa seleção, o espetáculo Frequência 20.20, apresentado no projeto #EmCasaComSesc. Grace Passô é uma das artistas que gosto de acompanhar como atriz, dramaturga, diretora e pesquisadora. Ela tem um talento gigante. Da série documental Cena Inquieta, do SescTV, sobre coletivos teatrais de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife, destaco o episódio com Cia Os Crespos e Coletivo Negro, dois coletivos importantes para a cena teatral, com uma pesquisa verticalizada em cima da vivência dos corpos negros no Brasil de hoje. Sou fã. Também o episódio com a Cia. do Tijolo e Teatro do Osso: as companhias são de uma potência artística incrível. Cantam, tocam e atuam com um trabalho sério de pesquisa continuada. Em Inútil Canto e Inútil Pranto para Anjos Caídos, o Teatro do Osso parte do dramaturgo santista Plínio Marcos, mas com um olhar de 2021, com uma pesquisa em torno dos corpos dissidentes. Ainda da série Cena Inquieta, o episódio com Os Satyros: prova a transformação que a arte pode causar ao seu redor, no entorno do teatro, como acontece na Praça Roosevelt, em São Paulo. O pioneirismo de dialogar com as travestis e mulheres trans que frequentavam a praça para a prostituição. Um dos primeiros grupos artísticos a incluírem esses corpos nos palcos, a exemplo de Savana Meirelles e a diva Phedra de Córdoba, e sua trilogia discutindo gênero (Transex, Pink Star e Cabaré Transperipatético). Para finalizar, o episódio O Lugar da Diferença da série De Onde se Vê, em que a diferença é pensada para cena e na cena. Espero que vocês se deliciem com estas indicações e fiquem ligados nas indicações dos outros curadores. E boa sessão para todes!

158


EN

ES

The show Frequência 20.20, presented in the project #EmCasaComSesc, opens this selection. Grace Passô is one of the artists I like to follow as an actress, playwright, director, and researcher. She has a huge talent. Of the documentary series Cena Inquieta, of SescTV, about theater collectives of São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, and Recife, I highlight the episode of Cia Os Crespos and Coletivo Negro, two important collectives for the theater scene with vertical research on the experience of black bodies in Brazil today. I’m a fan. Also, the episode of Cia do Tijolo and Teatro do Osso. These companies have incredible artistic power. They sing, play instruments, and act based on continuous severe research work. In Inútil Canto and Inútil Pranto para Anjos Caídos, the Teatro do Osso starts with the playwright from Santos, Plínio Marcos, but with a 2021 look, with a research on dissident bodies. Still in the Cena Inquieta series, the episode Os Satyros proves the transformation that art can cause around it, in the surroundings of the theater, as happens at Roosevelt Square, in São Paulo. The pioneering spirit in dialoguing with the transvestites and trans women who used to go to the square for prostitution. One of the first artistic groups to include these bodies on stage, like Savana Meirelles and the diva Phedra de Córdoba, and her trilogy discussing gender (Transex, Pink Star, and Cabaré Transperipatético [Transperipatetic Cabaret]). And the episode O Lugar da Diferença (The Place of Difference) from the series De Onde se Vê (From Where We See It), where the difference is thought towards and in the scene. I hope you enjoy these recommendations and stay tuned for the other curators’ recommendations. And have a nice session, you all.

Para abrir esta selección, tenemos el espectáculo Frequência 20.20, presentado en el proyecto #EmCasaComSesc. Grace Passô es una de las personas que me gusta acompañar en sus trabajos como actriz, dramaturga, directora e investigadora. Tiene un talento gigantesco. De la serie documental Escena Inquieta, de SescTV, sobre colectivos teatrales de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador y Recife, destaco el episodio con la Cia Os Crespos y el Colectivo Negro, dos colectivos importantes en la escena teatral, con una pesquisa verticalizada sobre la vivencia de los cuerpos negros en el Brasil de los días de hoy. Soy fan. También el episodio con la Cia do Tijolo y Teatro do Osso: ambas compañías tienen una increíble potencia artística. Cantan, tocan y actúan basadas en un trabajo serio de pesquisa continua. En Inútil Canto e Inútil Pranto para Anjos Caídos (Inútil canto e inútil llanto para ángeles caídos), el Teatro do Osso parte de un texto del dramaturgo de la ciudad de Santos, Plínio Marcos, pero con una mirada de 2021, en una pesquisa en torno de los cuerpos disidentes. Igualmente destaco, de la serie Escena Inquieta, el episodio con Os Satyros muestra la transformación que el arte puede causar a su alrededor, en el entorno del teatro, tal como sucede en la Plaza Roosevelt, en São Paulo. El espíritu pionero al dialogar con travestis y mujeres trans que frecuentaban la plaza para prostituirse. Fue uno de los primeros grupos artísticos que incluyó esos cuerpos en escena, por ejemplo Savana Meirelles y la diva Phedra de Córdoba, y su trilogía discutiendo el género (Transex, Pink Star y Cabaré Transperipatético). Finalmente, el episodio O Lugar da Diferença (El lugar de la diferencia), de la serie De Onde se Vê (De donde se ve) donde la diferencia es pensada para la escena y en la escena. Espero que se deleiten con estas indicaciones y presten atención a las indicaciones de otros curadores. Y buena sesión para todes.

159


SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO / SÃO PAULO STATE REGIONAL MANAGEMENT / ADMINISTRACIÓN REGIONAL EN EL ESTADO DE SAN PABLO

/ audiovisual / centro de producción

centro de produção audiovisual production center audiovisual

Silvana Morales Nunes / products / desarollo de productos Évelim Moraes difusão e promoção / publicity and promotion / desenvolvimento de produtos

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL / CHAIRMAN OF THE REGIONAL BOARD / PRESIDENTE DEL CONSEJO REGIONAL Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL / REGIONAL DIRECTOR / DIRECTOR DEL DEPARTAMENTO REGIONAL Danilo Santos de Miranda

development

difusión y promoción

Marcos Ribeiro de Carvalho sesc digital / sesc digital / sesc digital Fernando Amodeo Tuacek administração de pessoas / people management / administración de personas

SUPERINTENDENTES / ASSISTANT DIRECTORS / SUPERINTENDENTES técnico-social / social-technicial / tecnico-social Joel Naimayer Padula comunicação social / social communication /

Roberto Pera contratações e logística / hiring and logistics / contrataciones y logística

Adriana Mathias

Ivan Giannini

/ people / desarrollo de personas Cecília Camargo Maman Pasteur patrimônio e serviços / property and services /

administração / administration / administración

patrimonio y servicios

Luiz Deoclécio Massaro Galina

Nelson Fonseca

comunicación social

assessoria técnica e de planejamento planning technical

/

/ asesoría técnica

y de planificación

Sérgio José Battistelli

desenvolvimento de pessoas development

/ information / tecnología de la información Elias Cesco assessoria de imprensa / press / tecnologia da informação technology

relations prensa

GERENTES / MANAGERS / GERENTES ação cultural / cultural action /

Ana Lúcia de La Vega assessoria jurídica / legal advice /

acción cultural

asesoramiento jurídico

Rosana Paulo da Cunha estudos e desenvolvimento

Carla Bertucci Barbieri / studies

/ estudios y desarrollo Marta Raquel Colabone artes gráficas / graphic design / artes gráficas Hélcio Magalhães atendimento e relacionamento com públicos / customer service and relationship / atención and development

assessoria de relações internacionais / international affairs / asesoría de relaciones internacionales

Áurea Leszczynski Vieira Gonçalves

y relaciones con públicos

Milton Soares de Souza

160


OCUPAÇÃO MIRADA 2021

COORDENAÇÃO GERAL / GENERAL COORDINATION / COORDINACIÓN GENERAL Luiz Ernesto Alvarez Figueiredo COORDENAÇÃO EXECUTIVA E CURADORIA / EXECUTIVE COORDINATION AND CURATORSHIP / COORDINACIÓN EJECUTIVA Y CURADORÍA Emerson Pirola, Sergio Luis de Oliveira, Rani Bacil Fuzetto, Rose Silveira e Silvio Luiz da Silva

Coelho, Renato Silva Banti, Renato Shigueru Yoshinaga, Ricardo Tacioli, Rogerio Ianelli, Rubens Lutero, Sidênia Freire, Simone Ziszerman, Solange Alboreda, Taís Haydée, Tamara Demuner, Tina Cassie, Thiago Caixote, Thomas Castro, Tiago Marchesano, Tiago Melo e Wagner Nogueira Diniz fluxo, produção, revisão e tradução textual

EQUIPE / TEAM / EQUIPO Alexandra Linda Herbst Matos, Alexandre Amorim, Aline Ribenboim, Aline Stivaletti, Ana Carolina Fragoso, Ana Teixeira, Andrea Pincela, André Queiroz, Angelita Borges, Bruna Marcatto, Camilla de Carli Fonseca, Carla de Souza, Carlos Rocha, Carmen Lelli, Cassio Fialho, Cinthya Martins, Claudia Dias Perez, Clayton Lima, Cristiane Komesu, Daniel Tonus, Debora Dacanal, Edivan Alves de Freitas, Eduardo Silva, Edvaldo Paulino, Erica Georgino, Fabíola Raquel Binas Rego, Felipe Veiga, Fernando Hugo da Cruz Fialho, Francisco Santinho, Francisco de Assis Gaspar, Frederico Zarnauskas, Gislayne Oliveira, Giuliano Magalhães, Gregório Trevizan Lixandrão, Guilherme Foresti, Heloisa Ururahy, Heloisa Pisani, Heron Demetrius, José Alves da Silva, José Gonçalves Jr., José Osvaldo Teixeira Júnior, Juliana Ramos, Karina Musumeci, Kelly Adriano de Oliveira, Leandro Coelho, Lígia Azevedo, Lígia Helena Ferreira Zamaro, Lilian Ambar, Lilian Ronchi, Luciana Camara, Luis Miguel Oyarzun Perez, Madalice Alves, Maria Rizoneide Pereira, Mariana Fessel, Mildred Gonzalez, Nádia Mangolini, Octávio Weber Neto, Otto T. A. Afonso, Patricia Rapace, Paulo Sérgio Sabino, Pedro Vilaverde, Priscilla Moreira, Priscila Modanesi, Priscila Oliveira, Renato

/

flow, production, proofreading, and textual translation

/ flujo, producción, revisión

y traducción textual

Carol Ribas, Carolina Menegatti, Mariana Delfini, Samantha Arana e Gabriel dal Bó (ADB Traduções) assessoria de imprensa / press relations / prensa Canal Aberto Comunicação identidade visual, projeto gráfico e diagramação / visual identity, graphic project and diagramation / identidad visual, proyecto gráfico y disposición

Estúdio Claraboia foto / photograph / fotografía Dani Sandrini transmissão / streaming / transmisión Wellington Medeiros Barbezan e WT1 editoria web / web publishing / editorial web Juliana Pithon site / site / sítio Michelly Magalhães intérpretes de libras / brazilian sign language / interpreters intérpretes de libras Felipe Frissi e Amanda Frissi produção executiva / executive production / producción ejecutiva

João Carlos Couto / simultaneous / traducción simultânea Alexandre Alcântara, Ana Van Eersel, Cristiano Borges, Jacob Pierce e Maurício Nogueira da Silva tradução simultânea interpretation

161


sescsp.org.br/mirada

Baixe grátis essa e outras publicações do Sesc São Paulo disponíveis em Download these and other Sesc São Paulo publications for free at Baje gratis esta y otras publicaciones del Sesc São Paulo en

M671 Ocupação Mirada: Festival ibero-americano de artes cênicas de Santos, 2021 Realização do Serviço Social do Comércio de São Paulo São Paulo: Sesc São Paulo, 2021. 156 p.: il. fotografias. Trilingue. ISBN 978-65-89239-09-3 1. Artes Cênicas. 2. Teatro. 3. Teatro Ibero-Americano. 4. Catálogo. I. Título. II. Subtítulo. III. Serviço Social do Comércio de São Paulo

Fontes / Fonts / Fuente: Trade Gothic Next LT Pro Papel / Paper / Papel: Couché Furioso 150g/m2, DuoDesign 300g/m2 Tiragem / Printing run / Impresíon: 1.000 Ano / Year / Año: 2021


IMAGENS (CAPA) / IMAGES (COVER) / IMAGENES (TAPA)

EUGENIA PAZ

FRAME CHEGA DE SAUDADE!

FRAME TRAUMA

IVAN AGUILAR

J. SULLIVAN

JAMIL KUBRUK

JOÃO CALDAS

KIRK NOESDEAKI

NANA MORAES

LIPE FERREIRA

NANA MORAES

PAULA GONZALES SEGUEL

PLINIO LEITE DAL FARRA

163


Sesc Santos R. Conselheiro Ribas, 136 CEP 11040-900 Santos – SP Tel.: 13 3278-9800

parceria

realização


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.