The Wall Street Journal - Ed. 3

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Após dois dias de reunião e atraso na última sessão do dia, Acnur cria dois projetos de resolução

0911: agente infiltrado traz pistas da Al-Qaeda

Mundo | P4

LORENA FONSECA MARCELLO Especial | P4

SÁBADO, SETEMBRO 24, 2016 - ANO X V3 DJIA 18261,45

0,71%

NASDAQ 5305,75

0.63%

OIL $44.59

1.73%

WSJ.com

GOLD $1341.10

Cisjordânia e Faixa de Gaza serão da Palestina

3,6%

EURO $1.1228

EDITORIAL

Sejam os heróis do mundo

What’s News Business & Finance

61% das empresas destravam investimentos após impeachment Bolsas americanas caem puxadas por ações de energia Apple negocia venda da McLaren por 1,5 bilhão de libras Com receita de US$ 482 bilhões, Walmart é a maior empresa do mundo, segundo Fortune

Ex-presidente colombiano depõe no Tribunal Penal Internacional ÁLVARO URIBE VÉLEZ respondeu aos questionamentos da procuradoria, que o acusa de ser responsável por crimes de assassinato, estupro e tortura durante governo. P3

DE NOVA YORK

THE WALL STREET JOURNAL ANO X, Nº 3 FECHAMENTO: 24/09/2016 06:32 EDIÇÃO GERAL: Carol Melo Paulo Cardoso EDIÇÃO DE TEXTO: Carol Melo PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Paulo Cardoso REPÓRTERES: Heloísa Vasconcelos Leonardo Maia Lorena Fonseca Marcello

@Copyright 2016 Downjones & Company. All Rights Reserved

DEPOIS DE DECISÃO HISTÓRICA o povo palestino foi às ruas para comemorar a conquista dos territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza após anos de conflitos e sangue derramado. P2

O alimento é um dos bens essenciais para a sobrevivência do ser humano, mas não é por isso que ele é igualmente compartilhado por todos. O mundo foi dado a nós com tudo o que precisamos para viver, mas com o tempo as coisas pioraram. Por isso que vale a pena refletir se todo o avanço tecnológico realmente beneficiou a humanidade quando tantos ainda morrem de fome. Quem tem fome, não quer saber de tecnologia. Por isso não é muito pedir que os líderes reunidos em Roma na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura não percam mais tempo e utilizem a tão familiar tecnologia em recurso efetivos que levem o paõ a quem tem fome. Não se trata de bom-samaritanismo, mas sim de humanidade. Todos esperam que os resultados desta reunião, que encerrará domingo, traga a sobrevivência aos que estão perecendo. Sejam os herois que o mundo precisa, e lembrem-se das crianças que não dormem com a barriga cheia.


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SÁBADO, SETEMBRO 24, 2016

MÍDIA

Regulamentação midiática é aprovada na UIT

A organização concluiu o seu primeiro tema, tendo dois projetos de resolução bem sucedidos, apesar de algumas reivindicações. Por LEONARDO MAIA

GENEBRA -Aconteceu, nesta sexta-feira (23), o segundo dia de sessões da União Internacional de Telecomunicações (UIT). Com a presença de 7 nações, os ministros focaram na elaboração de projetos de resolução para responder necessidades de autorregulamentação e regulamentação no meio midiático. As medidas adotadas, com caráter recomendatório, abrangem os interesses, até mesmo, de nações com uma visão mais conservadora, como Irã e Cuba, que durante o debate afirmaram ser essencial o respeito à soberania cultural, social e religiosa de cada país. A Venezuela ressaltou a problemática dos monopólios e oligopólios midiáticos, visto que o poder de manipulação e controle que a mídia é capaz de exercer exige uma regulamentação. Na última sessão do dia, houve a votação de medidas que recomendavam posturas em relação às empresas telecomunicativas de cada país. Após o processo, a Federação Russa e o Irã, declararam-se insatisfeitos acerca da legalidade democrática do processo, que foi aprovado.

Delegado da Rússia, Italo Lucas, durante votação de ontem na UIT.

ACORDO

Conselho de Segurança vota projeto de resolução para Palestina e Israel Estados Unidos e Rússia entraram em conflito durante a sessão, porém entraram em consenso no final. Por LORENA FONSECA MARCELLO

NOVA YORK - Grande parte do documento elaborado por Estados Unidos, Palestina, Israel, Reino Unido e Rússia foi aprovado na reunião do Conselho de Segurança nesta sexta (23). O acordo é um projeto de resolução dos problemas territoriais entre Israel e Palestina. Os dois artigos únicos que foram revogados abordavam sobre o grupo Hamas. Os principais artigos do projeto determinam que será feita a desocupação dos assentamentos de forma progressiva até oito anos, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza serão de domínio da Palestina, o exército israelense será evacuado das áreas ocupadas para serem substituídas pela tropa de paz das Nações Unidas por dez

Delegações chegarama a projeto de resolução histórico em Nova York.

anos. Além disso, acordaram em discutir a situação de Jerusalém em uma reunião posterior. As premissas revogadas englobavam a interrupção do financiamento por parte de outros países, principalmente do Irã, ao grupo Hamas. Durante o debate, em relação ao estabelecimento de uma polícia palestina, todos os países se manifestaram a favor da ideia, inclusive os Estados Unidos e Israel, porém houve divergência quanto às condições de formação. Os americanos declararam ser totalmente contra o Irã treinar a polícia, por

estes financiarem o grupo Hamas. A representante da Palestina, Mariana Pinheiro, logo se posicionou: “Nós queremos que o povo palestino seja protegido pelo povo palestino. Acreditamos que nossas medidas diplomáticas aliadas à polícia serão muito eficientes na diminuição do ódio do grupo Hamas”. Por um breve momento, Estados Unidos e Rússia entraram em discordância, chegando ao ponto de produzirem dois projetos separados. “Disseram que não tolerariam um acordo entre juntar o

Queremos que o povo palestino seja protegido pelo povo palestino. nosso projeto com o deles, como foi uma retomada à Guerra Fria. Nós realmente ficamos preocupados porque, até onde nós sabemos, a solução é para Palestina e Israel”, explica Levi Carioca, representante americano, sobre o conflito. Contudo, no fim, uniram as duas propostas.


SÁBADO, SETEMBRO 24, 2016

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JULGAMENTO

“Meu governo foi uma das melhores coisas que aconteceu na Colômbia” O ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, depôs sobre as acusações de falsos positivos e ao narcotráfico, entre outras.

Falsos positivos

Por HELOÍSA VASCONCELOS

HAIA - O depoimento de Álvaro Uribe, uma das partes principais do julgamento, aconteceu nesta sexta-feira (23), na quarta sessão do Tribunal Penal Internacional (TPI). Na ocasião, o réu pôde prestar sua defesa, respondendo perguntas tanto da ouvidoria quanto da defensoria. O processo iniciado nesta quinta-feira (22) terá seu veredito dia 25, decidindo se o ex-presidente será ou não punido. Uribe é suspeito de ser responsável por crimes de desaparecimentos, casos de violência sexual, tortura e mortes durante seu governo. O colombiano intercedeu, declarando a sua incapacidade de ter ciência das ações de cada um dos soldados dos minissetores das 30 brigadas do exército. “Assumir que eu teria pelo menos a possibilidade de saber o que cada cabo, cada soldado faria é absur-

Delegado da Rússia, Italo Lucas, durante votação de ontem na UIT.

do”, alegou. Um ponto muito abordado pela acusação é a dos falsos positivos – vítimas de militares, que almejavam ganhar condecorações que eram oferecidas pelo Estado por destaque em campo de combate e que assassinavam cidadãos comuns, alegando que estes eram guerrilheiros mortos em confronto. Uribe se defendeu dizendo que as recompensas oferecidas não ti-

nham o intuito de matar, mas apenas de estimular o combate. Outro assunto bastante pautado no depoimento do acusado foi o envolvimento com o narcotráfico. A procuradoria acusou o ex-presidente de ter permitido a utilização do aeroporto, que trabalhou como diretor da aeronáutica, para usos ilegais. Uribe alegou não estar ciente das operações.“Se eu fosse desconfiar de

ANO

CASOS

MORTES

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

5 7 17 34 72 87 143 241 130 8

12 9 39 52 122 131 244 388 213 10

FONTE: Centro de Investigación y Educación Popular, CINEP.

Entre 2000 e 2009, 1220 pessoas foram vítimas de “execuções extrajudiciais”.

cada palavra que me fosse dita, eu jamais poderia gerir um país”, argumentou. Sobre o governo, o ex-presidente diz não se arrepender de seus feitos, e garantiu que a Colômbia agora é um país muito mais seguro. “Eu tenho certeza que o meu país é uma nação mais segura hoje graças aos meus feitos. Houveram alguns excessos? Sim. Houveram alguns problemas? Sim. Mas eu não me arrependo de nada. Meu governo foi uma das melhores coisas que aconteceu para a Colômbia.”

ECONOMIA

FGI discute possível regulamentação de negócios disruptivos

No segundo dia do encontro, o comitê aprovou documentos de recomendação e propuseram a criação de fundo de financiamento para empresas inovadoras Por HELOÍSA VASCONCELOS

GUADALAJARA - As sessões que aconteceram nesta sexta-feira (23) no Fórum de Governança da Internet (FGI) terminaram com a aprovação de dois projetos de resolução. A questão da intromissão do Estado nas empresas disruptivas foi bastante discutida, o que levou a uma ementa para o primeiro projeto de resolução Durante o começo das reuniões do dia, a pauta do comitê ainda se voltava muito para o Uber, como nas reuniões do dia anterior. Empresas importantes, como a Microssoft, não compareceu às sessões. Foi discutido o fato de o Uber

não pedir antecedentes criminais para seus prestadores, o que poderia ameaçar a segurança do consumidor. A questão, vista de forma negativas por nações como os EUA, foi louvada como uma forma de acabar com o preconceito contra ex-presidiários por nações como o México. Com o decorrer das discussões, se tornou importante o tema do “crowndfunding”, um fundo de financiamento coletivo para empresas com inovações e iniciativas privadas. A ideia foi trazida pela delegada do Uber, Ana Luisa Rocha e foi colocada no segundo projeto de resolução.

Líderes no crowndfunding

Esse tipo de estratégia segue a dinâmica da vaquinha, ao partir do princípio de que pessoas colaboram e, juntas, realizam o que antes não poderiam fazer sozinhas. O crowndfunding é potencializado com a Internet. 2014 volume

US Alexa Rank*

$470M

290

$444M

220

$235M

718

*Ranking dos sites mais visitados nos Estados Unidos FONTE: Alexa & Compete, 2015.


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SÁBADO, SETEMBRO 24, 2016

MUNDO

Acnur encontra soluções para demandas antigas

09-11

Depois de dois dias de reunião e seis sessões, Acnur cria projetos de resolução que atenderam interesses das nações partipantes.

Gravação de infiltrado na Al-Qaeda traz pistas importantes

Por LEONARDO MAIA

Apesar de ter se tornado pública apenas após o atentado, será essencial às investigações. Por LORENA FONSECA MARCELLO

WASHINGTON DC. - Na reunião do gabinete do presidente George Bush, desta quarta (12), foi revelada uma gravação feita por um agente da CIA infiltrado na Al-Qeada. O arquivo data de 30 de agosto. O agente conta no áudio que algo grande vai acontecer e que está havendo uma grande mobilização. Além disso, cita um nome de um dos possíveis chefes da organização, chamado Al-Sharif. Mesmo chegando após o atentado, servirá como ponto de partida crucial para as investigações. Durante a discussão, foram

elaborados cinco documentos, no intuito de proteger os americanos de futuros ataques terroristas e aprofundar a busca pelos culpados. Os principais pontos foram em relação à paralisação de concessão de vistos para muçulmanos, à proibição da entrada de indivíduos originados de países de terrorismo e a modificação dos pré-requisitos para o visto. A partir desses documentos provisórios, foi elaborado o projeto de resolução, visto que grande parte das premissas foram incorporadas à versão final.

Reunião do Acnur demorou 45 minutos para começar.

GENEBRA - No encontro do Alto Comissariado das Nações Unidas Para Refugiados, nesta sexta-feira (23), 27 nações discutiram questões sociais e de segurança nos campos de refugiados, que sofrem com a violação dos direitos humanos. A reunião trouxe como resultado avanços na educação, saúde e segurança dos campos. É defendida entre as nações, a inserção de questões sociais, como a instituição de um banco de dados para a contratação profissional de refugiados pelo setor privado, resolução apontada pelo delegado canadense. Entretanto, a divergência se iniciou numa possível separação de gênero promovida pelos delegados do Irã, Iraque e Palestina, sob a justificativa dos altos índices de violência contra a mulher e de abusos sexuais. O delegado dos Estados Unidos, assim como vários outros delegados, repudiou a ideia e, em entrevista ao TWSJ, rebateu a proposta, sugerindo a fragmentação de um ponto de vista cultural: “um palestino não poderia ficar perto de um israelense,

não seria nem um pouco viável para a segurança dos refugiados” Em relação à segurança, uma sugestão bem aceita entre várias nações presentes, foi o envio de tropas da ONU para os campos. Todavia, segundo o impasse levantado por alguns ministros, essa é uma tomada com possíveis complicações procedimentais, dado que essa força possui um caráter de manutenção da paz, não podendo intervir em conflitos já em andamento. Os Estados Unidos sugeriram a militarização dos refugiados para que não exista um abuso das entidades que atuam nos campos, medida que acabou sendo aprovada no projeto de resolução. De acordo, o delegado do Sudão do Sul afirma: “é algo necessário, ao passo que é uma forma de neutralizar os ataques de rebeldes, muito presentes em nosso país.” No início da 5ª sessão, houve um atraso de quase 45 minutos, no qual o quórum mínimo foi atingido. Os ministros estavam impacientes e clamavam à mesa pelo início da sessão.

A CIA espera encontrar provas nos próximos dias. A investida dos agentes infiltrados deve continuar durante tempo indeterminado.


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