El País - Ed. 3

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EL PERIÓDICO GLOBAL

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SÁBADO 24 DE SETEMBRO DE 2016| Ano XII| Número 24.326 | EDIÇÃO MADRID

Gabinete do Presidente Bush, tem novas pistas do atentado que chocou o mundo Beatriz Carvalho,Washington

Foto: Iur Figueiredo O financiamento do Exército de Israel pelos Estados Unidos da América foi questionado pelo delegado Gabriel Carneiro da Rússia

Após votação, ementa sobre leis trabalhistas aprovada no FGI Diana Siqueira, Guadalara

GUADALARA.Na manhã da

última sexta-feira (23), ministros de vários países se reuniram no Fórum de Governança da Internet (FGI) e aprovaram a primeira ementa com proposta apresentada por Larissa Dornelles da Silva Rates, representante da Walt Disney Company. O documento determina que as empresas auditem seus serviços para mostrar mais transparência. Apesar da pauta, o tema mais discutido foi a atuação e regulamentação do Uber. Página 2

“Se o Conselho de Segurança não vai acabar com o HAMAS, os Estados Unidos vão” Declaração do delegado norteamericano demonstra a indignação do país quanto às mudanças no projeto aprovado no fim da reunião Beatriz Carvalho, Nova Iorque NOVA YORK - Durante essa sexta-feira (23), o segundo dia de reuniões do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) contou com discussões acaloradas dentro do comitê que objetivava a aprovação do projeto de resolução sobre medidas de apaziguamento de conflito civis entre os estados de Israel e Palestina. O Documento prevê que não poderá haver investidas bélicas em nenhum dos dois Estados, Israel e Palestina e que os territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza serão

entregues à Palestina. O incentivo de criação e expansão de assentamentos israelenses, entre outras medidas, gerou discussões devido ao fato dos Estados Unidos e Estado de Israel, terem se mostrado contra a exclusão de dois artigos do projeto. Essa exclusão foi proposta pela delegação do Irã. Os dois artigos excluídos referiam-se especificamente ao Grupo Hamas e determinava que o Irã e qualquer outra nação deveriam interromper o financiamento bélico e o apoio ao grupo, além

Dois projetos de resolução são aprovados na ACNUR pág. 2 O Alto Comissariado das Nações Unidas dos Refugiados se reuniu para definir projetos de resolução sobre a violação dos direitos humanos nos campos dos refugiados. Na última sessão do dia, o primeiro projeto de resolução foi aprovado e, dentre as cláusulas, se destaca a cria-

ção de um banco de dados para auxiliar às nações no controle populacional de refugiados. Também se destacou a proposta de militarização dos campos que sofrem um alto índice de violência interna ou ameaça de ataque externo. Foto:Iury Figueiredo

de prever que aquele que se mostrasse contrários a resolução estaria sujeito a sanções provindas por partes dos países integrantes do CSNU. Sobre a decisão do Conselho, o ministro de Israel, Silas Façanha, se pronunciou para o jornal afirmando que o projeto foi longamente discutido durante dois dias. Contudo, por conta de um mal entendido (a falta de um artigo ser discutido na reunião), infelizmente houve um desacordo com mais da metade dos delegados.

Após aprovação do segundo documento de resolução, fala-se do recebimento de pistas importantes enviadas por um agente americano. Página 3

UIT assina projeto de regulamentação midiática global Beatriz Carvalho,Genebra

Genebra- Após dois dias

de discussão, é assinado documento de resolução recomendativo, um artigo específico que gera divergência entre países Página 3

“o bem que eu fiz ao povo colombiano ultrapassa tudo” Ana Maria Cajado, Haia

Ex presidente colombiano Álvaro Uribe defende-se das acusações relatando ações positivas de seu governo. HAIA-

Página 4 Ausência de comitês africanos causa discussão na FAO Diana Siqueira, ROMA

Senegal e Moçambique não compareceram às sessões e ausência divide comitê Página 4


Após votação, ementa sobre leis trabalhistas é aprovada no FGI Novas necessidades trazidas pela internet provocam remodelação dos processos administrativos

Foto:Filipe Pereira

Representante da Disney Company apresenta proposta que foi aprovada pelo comitê Diana Siqueira, Guadalajara GUADALAJARA- Na manhã da última sexta-feira (23), ministros de vários países se reuniram no Fórum de Governança da Internet (FGI) e aprovaram a primeira ementa com proposta apresentada por Larissa Dornelles da Silva Rates, representante da Walt Disney Company. O documento determina que as empresas auditem seus serviços para mostrar mais transparência. Apesar da pauta, o tema mais discutido foi a atuação e regulamentação do Uber. A discussão principal do dia se deu sobre possível regulamentação dos direitos trabalhistas para funcio-

nários da empresa Uber. O assunto dividiu opiniões. África do Sul, China e EUA eram favoráveis a regulamentação, além do Brasil que sugeriu o vínculo empregatícios e CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) para o Uber. Entretanto, a representante do aplicativo, Ana Luisa Rocha Delfino, apoiada pela delegada do Reino Unido, Débora Ximenes Leite, não concordou a proposta pois acredita que isso elevaria o preço do serviço e não é esse o objetivo da empresa. O delegado da China, Clóvis José Pinheiro Padilha, acredita que a regulamentação do Uber seria o mais

correto para casos de crimes como estupros e assassinatos. Em 2014, um motorista do Uber foi preso na Índia sob suspeita de estuprar uma passageira. Em sua defesa, Ana Luisa afirma que também existiram vários crimes ocorridos dentro de um táxi, mas que depois do crime ocorrido dentro de um carro do Uber, na Índia, foi criado um botão de pânico. O delegado da China não nega falhas com o serviço de táxi, mas o fato de a atividade do taxista ser regulamentada é mais fácil para investigações. Mas Ana Luisa, por sua vez, acredita que o mais seguro é o serviço

oferecido pelo Uber, uma vez que o aplicativo mostra várias informações sobre o motorista. A representante do Consunres Internacional, Lara Ponciano, apoiou a representante do Uber. A África do Sul questionou posicionamento do Consunres Internacional, alegando que Lara Ponciano devia ficar a favor do consumidor. A representante do Consunres Intencional diz que faz parte do trabalho dela defender as empresas como Uber que atende as necessidades e os direitos do consumidor, segundo ela.

ACNUR aprova dois projetos de resolução com benefícios educacionais Dentre as cláusulas aprovadas, também se destaca a militarização dos campos de refugiados que sofrem ameaças de ataques externos ou violência interna. Ana Maria Cajado, Genebra

Genebra – Nesta sexta-feira (23), o Alto Comissariado das Nações Unidas dos Refugiados se reuniu para definir projetos de resolução sobre a violação dos direitos humanos nos campos dos refugiados. Na última sessão do dia, o primeiro projeto de resolução foi aprovado e, dentre as cláusulas, se destaca a criação de um banco de dados para auxiliar às nações no controle populacional de refugiados. Também se destacou a proposta de militarização dos campos que sofrem um alto índi-

ce de violência interna ou ameaça de ataque externo. Entre os temas mais discutidos sobre a condição dos refugiados estão abusos sexuais, saúde, garantia de segurança e educação nos campos de acolhimento. Este último assunto foi considerado e aprovado por todos os países-membros presentes no comitê. “Seria uma educação orientada para viver nos campos de refugiados, contendo noções de agricultura, noções de saneamento básico, no-

ções de direitos humanos, para que as pessoas saibam quais são os direitos delas e o que devem fazer”, declara Gabriel Braga, delegado do Paquistão, que abriga em torno de 2 milhões de refugiados. Além desses, outros artigos aprovam os corredores humanitários – maior foco de debate nas sessões de ontem – e a educação dentro dos campos, respectivamente. A Cruz Vermelha também foi colocada na resolução, e fará uma cobertura efetiva em campos de refu-

giados juntamente ao médico sem fronteiras. Um segundo projeto de resolução também foi aprovado, sendo propos-

to pelo Iraque, Líbano, Palestina, Grécia, Paquistão, República Popular da China, Jordânia, Haiti e Suiça. O artigo 15, que prevê investigação nos campos de refugiados para apurar denúncias de violência sexual, é a cláusula que mais se destaca considerando a discussão de hoje. Os próximos dias trarão temas previstos na agenda de discussão decidida no início da semana.


Gabinete do Presidente Bush, tem novas pistas do atentado que chocou o mundo

UIT assina projeto de regulamentação midiática global

Após aprovação do segundo documento de resolução, fala-se do recebimento de pistas importantes enviadas por um agente americano infiltrado

Após dois dias de discussão, é assinado documento de resolução recomendativo, um artigo específico que gera divergência entre países Beatriz Carvalho, Genebra

Foto:Iury Figueiredo

Discussão sobre liberdade de imprensa gera comentários incisivos entre representantes dos países Beatriz Carvalho, Washing DC

WASHINGTON DC - Após as fatalidades ocorridas terça-feira, 11, que voltou às atenções do mundo todo para os Estado Unidos, o Gabinete do Presidente George W. Bush reuniu-se novamente nesta quarta-feira, 12, em Washington, para continuar as discussões a respeito de soluções e medidas de segurança para a nação. Ao fim do dia, foi apresentado como pista para descobrir os autores do atentado uma gravação de um agente infiltrado da Al-Qaeda. A gravação foi feita no dia 30 de agosto, porém, por problemas na comunicação, só chegou nessa quarta-feira, um dia após o atentado. No registro é citado um nome, Al-Sharif, que o Gabinete acredita na possibilidade de ser um dos chefes da organização. Segundo o informante, algo grande está para acontecer e todos estão se mobilizando para isso. Além disso, o Al-Sharif partiu de onde eles se encontram em companhia de recrutas da Universidade de Princeton, levantando assim a questão da presença de ligações terroristas dentro dessa universidade. O documento aprovado na última sessão do dia foi elaborado com base em seis documentos provisórios, os signatários do projeto foram a Diretora da NSA, a Secretá-

ria de Defesa, a Diretora do FBI, a Secretária de Energia e o Procurador Geral. O projeto visa a proteção do país de possíveis eventos de caráter terrorista, e contém medidas de controle de passageiros em aeroportos, tecnologias para as cabines dos pilotos, para que apenas eles controlem o avião, reforço legal e raio x de bagagem , criação de um software que forneça diversas informações sobre os passageiros que desejam entrar no país, políticas de imigração baseadas em tópicos subjetivos (educação, idade, origem, entre outros) e a proibição da entrada de cidadãos de países que possuem ligações com terrorismo Além desses termos conta também a reativação do programa da CIA que trata do rastreamento de informações através de vigilância de diversos meios, o Special Collection Services (SCS), e que as agências de inteligência trabalhem, nesse momento emergencial, apenas em questões internacionais na busca de confirmação de suspeitos. O Gabinete deverá prosseguir com as reuniões a fim de descobrir a origem dos ataques terroristas, o que poderá se dar rapidamente, visto o avanço nas investigações.

GENEBRA - Nessa sexta-feira (23) se deu continuidade, em Genebra, as reuniões da União Internacional de Telecomunicações (UIT), onde um Código de ética televisiva internacional elaborado pelo comitê foi aprovado, encerrando assim discussões a respeito do tema “Estrutura ética televisiva na conjuntura internacional”. O documento, que tem como países signatários as delegações da França, Federação Russa, Alemanha, Reino Unido e Venezuela, possui procedimentos de caráter recomendatório que discursam sobre a divulgação de informações nos veículos, o papel dos Estados na consolidação de uma mídia democrática e a importância dos jornalistas na fomentação do respeito à ética e aos Direitos Humanos. A votação, que aconteceu em partes, contou com divergências no posicionamento de países como a Federação Russa e o Irã, que votaram contra a maioria dos artigos

propostos no documento. Segundo o delegado da Rússia, Ítalo Lucas, o “complô” feito pelos países ocidentais foi de encontro ao que já havia sido estabelecido em sessões anteriores, e complementou afirmando “Eu repudio a ação truculenta e manipuladora da França para atender às suas necessidades e a tentativa de enfraquecer a política interna do meu país”. O representante da delegação russa se referia a aprovação do artigo de número 5, que prevê a diminuição gradual de monopólios, oligopólios e a propriedade cruzada, segundo a delegação francesa, essas práticas colocam a democracia em risco. O artigo havia sido rejeitado na primeira resolução, por isso sua aprovação gerou intriga no comitê. As discussões terão continuidade no final de semana (24 e 25), quando serão debatidas questões a respeito da estrutura ética televisiva na conjuntura internacional.

ERRATA • Devido a problemas técnicos na redação do El País, a matéria “Proposta de ‘Corredores Humanitários’ para transporte de refugiados causa divergências” sobre a reunião do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) anunciada na capa da edição de sexta-feira, dia 22/09, como presente na segunda página do periódico, não pôde ser veiculada. • A foto utilizada na matéria “Direitos Trabalhistas são discutidos na primeira reunião do FGI” situada na segunda página da edição anterior, na verdade, é uma foto do comitê da ACNUR e não retrata a discussão ambientada no Fórum de Governança da Internet. O delegado presente na foto da matéria sobre a UIT, na terceira página da edição de ontem do El País, é o delegado da China, Pedro Pessoa Correia Lima, e não o delegado francês Hiago Marques de Brito. Hiago foi o responsável pela declaração anunciada na chamada de capa. • Dentro da matéria sobre o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) na página 2 da edição de sexta-feira, as delegadas Mariana Correia e Mariana Pinheiro foram citadas como representantes do Estado Islâmico. Retificamos que ambas representam o Estado da Palestina. • -A redação do jornal El País manifesta-se através desta nota com o intuito de desculpar-se pelos possíveis inconvenientes causados pela confusão de dados, além de demonstrar consciência da importância de reconhecer os próprios erros e como eles afetam a sociedade como um todo.


“O bem que eu fiz ao povo colombiano ultrapassa tudo” Ex presidente colombiano Álvaro Uribe defende-se das acusações relatando ações positivas de seu governo. Ana Maria Cajado, Haia,

Haia - Dando continuidade ao julgamento do ex presidente colombiano Álvaro Uribe, ontem, 23 de setembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI) contou com a presença do acusado. Álvaro foi questionado principalmente sobre o financiamento de campanha eleitoral pelo narcotráfico, além da discussão sobre os falsos positivos. O ex presidente foi questionado pela procuradoria, defesa e magistrado à respeito de cargos que desempenhava, entre eles diretor das Forças Aéreas, onde Uribe supostamente permitiu o uso de aviões para o tráfico. O réu respondeu que ‘talvez possam ter passado traficantes por alguns vôos”, mas sem o conhecimento dele, pois “não havia como controlar a fiscalização, já que não trabalhava administrando os aeroportos”. Álvaro usou o mesmo argumento em várias perguntas, reforçando não ter conhecimento e não conseguir ter controle de tudo o que pode ter acontecido. No que se refere aos falsos positivos, Uribe foi questionado pelo magistrado sobre as “mães de soacha”, uma organização que re-

úne as mães que perderam seus filhos no escândalo que envolveu execuções de civis cometidas por membros do Exército colombiano. O ex presidente afirmou que tentou conversar com as mães para ajudar, mas muitas não quiseram. Sobre os falsos positivos, ele afirmou, ainda, que só ficou sabendo entre 2007 e 2008 desta situação. Em seu depoimento, Uribe disse que visitava e via de perto as cidades, mas se contradiz quando fala que não tinha como saber de tudo. “Como alguém acompanha as cidades de perto e não sabe o que está acontecendo?”, indaga Juliana Carvalho, procuradora do Tribunal. Pela tarde, houve um declarante, Mario Montoya, ex-comandante do Exército Nacional da Colômbia que renunciou ao cargo após uma investigação que confirmou o envolvimento de diversos militares com os chamados “falsos positivos” durante sua gestão como comandante do exército. O ex-general foi citado nas provas da defesa, em um vídeo no qual um ex-subordinado dele, Gonzalez del Rio, explica Montoya era quem mais exigia que os resulta-

dos das operações significassem -se inocente, afirmando que o que

“O meu governo foi uma das melhores coisas que aconteceu pra colombia” declara Álvaro Uribe, que compareceu sexta-feira (23) ao Tribunal Penal Internacional.

as mortes. Montoya foi duramente questionado sobre a questão de responsabilidade pelos atos cometidos, em quem recairia a culpa e a con denação. A testemunha declara-

houve foi uma deturpação da proposta do exército e do governo de estimular o combate à guerrilha por meio de honrarias. O julgamento se prolonga até domingo, 25.

Ausência de comitês africanos causa discussão na FAO Senegal e Moçambique não compareceram às sessões e ausência divide comitê Diana Siqueira, Roma ROMA – O início da sessão da FAO, na manhã da última sexta-feira (23), começou com debate sobre alguns países da África, não exatamente sobre acabar com a fome ou sobre questões da agricultura, mas sim sobre a ausência das delegações do Senegal e Moçambique no comitê. Alguns países, como os Estados Unidos, queriam seguir a sessão desconsiderando a África, uma vez que seus países não haviam comparecido. Já o delegado da Índia, Isac Levy, acredita que o tema é muito importante para o continente africano, devido histórico de fome e pobreza na África. Além dos países africanos, as delegações do Chile e Reino Unido também faltaram a sessão. Logo após, os delegados discutiram sobre possíveis tecnologias utilizada na agricultura para aumentar as plantações

pelo mundo. O delegado do EUA, Luis Fernando de Souza, defendeu uso de máquinas tecnológicas para aumento de plantações, além de exportação de sementes mais qualificadas para aumentar a produtividade. O delegado da França, Andrew Matheus, discordou. Segundo o francês, a questão da fome no mundo não é por conta de falta de alimentos e sim, pela má distribuição dos alimentos. Ele acredita que a solução não seria aumentar a plantação, mas dividir melhor os limentos para evitar os desperdícios. O delegado da Índia defendeu projeto de irrigação por gotejamento para evitar desperdício, outro tema importante. As discussões seguem até o fim da semana, dia 25.

Expediente Produção: El País Editores-chefe: Lucy Latorre e Sabrina Rolim Repórteres: Ana Maria Cajado, Beatriz Carvalho e Diana Siqueira Impressão:Eurocópia


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