The Wall Street Journal - Ed. 4

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Após atentado, campo de refugiados de Shamshato fica sem comunicação

ACNUR elabora medidas para remediar ataque

Especial | P2

HELOÍSA VASCONCELOS Especial | P2

DOMINGO, SETEMBRO 25, 2016 - ANO X V4 DJIA 18261,45

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Agente estava infiltrado há um ano

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EDITORIAL

Que as crianças perdoem este mundo

What’s News Business & Finance

Política do Fed gera desigualdade, diz Nobel de economia Protecionismo de Trump pode destruir 4 milhões de empregos França fechará campo de refugiados em condição “inaceitável” 11,4% dos japoneses com mais de 65 anos ainda trabalham

EUA e Rússia trocam farpas e Conselho de Segurança sucumbe à crise O ARSENAL NUCLEAR do mundo foi um dos principais assuntos do dia no Conselho de Segurança da ONU. Em meio à crise instaurada pelo atentado em Shamshato, nações falham. P4

DE NOVA YORK

THE WALL STREET JOURNAL ANO X, Nº 4 FECHAMENTO: 25/09/2016 05:37 EDIÇÃO GERAL: Carol Melo Paulo Cardoso EDIÇÃO DE TEXTO: Carol Melo PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Paulo Cardoso REPÓRTERES: Heloísa Vasconcelos Leonardo Maia Lorena Fonseca Marcello

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EM ENTREVISTA EXCLUSIVA ao WSJ, presidente George W. Bush diz que agente morto enviava informações desde setembro de 2000. Novo áudio confirma que Al-Qaeda realizou os ataques. P3

O que nos faz resistir a este mundo? Com certeza é a esperança que move cada espírito humano a enxergar uma vida melhor. Mas a impotência e a desesperança vêm à tona quando chegam a nós as imagens aterradoras do terrorismo. Os mesmos que perpetuam as ideias de olho por olho, dente por dente talvez nunca tenham visto o vídeo de uma criança de 5 anos chorar por estar presa em meio a escombros. Sua casa foi bombardeada nos ataques da semana passada. Por que ainda insistem em dizer que a guerra não atinge aos mais fracos? E que as bombas não são para os civis? Teatro. É o jogo de quem mata mais. De quem consegue disseminar melhor o ódio. Talvez alguns possam ter condições até de ir até lá e ajudar de alguma forma. Mas talvez, a maioria de nós só tenha chance de olhar ao redor, perceber o egoísmo que cerca o mundo e responder a tudo isso com um pouco de esperança, solidariedade e amor.


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DOMINGO, SETEMBRO 25, 2016

Ataque em campo de refugiados provoca crise mundial No local do ataque, o campo de Shamshato, no Paquistão, trabalhavam voluntários do Alto Comissariado das Nações Unidas Para Refugiados. Pelo menos 12 pessoas foram atingidas.

Durante a manhã deste sábado, centenas de refugiados tentavam fugir do local com medo de novos ataques. O reforço das Nações Unidas deve chegar neste domingo.

ACNUR elabora medidas para remediar ataque em campo de refugiados

Após atentado, campo de refugiados Shamshato fica incomunicável

Na noite desta sexta-feira (23),Shamshato foi atingido por bombas russas. O Talibã reivindicou a autoria do crime.

Durante o encontro da UTI, Irã disponibilizou ajuda, via terrestre, para restabelecer os sistemas de comunicação do local.

Por HELOÍSA VASCONCELOS

Por LEONARDO MAIA

GENEBRA - A nona sessão do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR), neste sábado (24), foi interrompida com uma crise. Os delegados estavam debatendo sobre a questão da identidade cultural do refugiado frente ao fenômeno de assimilação quando foram surpreendidos com a notícia veiculada pela BBC News, informando um ataque terrorista no campo de refugiados Shamshato, no Paquistão. A fim de não falhar, as nações tentaram entrar em consenso. A situação foi decidida pensando uma mediação do Afeganistão no

local, já que este já havia negociado com o Talibã, grupo terrorista responsável pelo ataque. Além disso, o projeto prevê uma realocação imediata para os refugiados vítimas do atentado através de corredores humanitários. Isso significa que eles serão enviados para países fronteiriços, que seriam Irã e China. Os Estados Unidos e a Áustria se mostraram contrários a este projeto, defendendo eles uma intervenção militar violenta no local. No entanto, como a maioria estava de acordo, o projeto foi aprovado.

GENEBRA - A União Internacional de Telecomunicações (UIT) se encontrou, neste sábado (24), para debater a cobertura e efetivação dos direitos humanos através da mídia. Durante o dia, entretanto, os delegados tiveram que enfrentar uma crise que afetou a comunicação com o campo de refugiados de Shamshato. Para a solução da crise, causada por um bombardeio feito pelo grupo Talibã na região, o Irã disponibilizou o envio de uma equipe de técnicos por via terrestre, dada a pequena distância geográfica com o Paquistão, país onde o

campo se localiza. O projeto de resolução assinado por França, Estados Unidos, Cuba, Alemanha, Reino Unido e China, que visa o restabelecimento da comunicação e a instalação de radares na região com o propósito de evitar futuros ataques, foi aprovado pelos ministros e a crise foi sanada. Hoje (25), com mais três sessões, o comitê entra em seu dia final e deve apresentar projetos de resolução que atendam as demandas discutidas.


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09-11 “Procuramos pelo elo mais fraco”, diz Bush sobre restrição de vistos Como medida de defesa após o ataque desta terça-feira (11), o Governo decidiu limitar o acesso de pessoas muçulmanas ao País. Por LORENA FONSECA MARCELLO

Em uma entrevista exclusiva ao jornal The Wall Street Journal, o presidente Bush descreve aspectos cruciais para além das fronteiras americanas: da relação com muçulmanos à situação econômica.

Mais cedo ou mais tarde, o mercado seria reaberto.

WSJ - Por que fecharam o País para os muçulmanos sem ter a certeza do envolvimento da Al-Qaeda? GB - Estávamos em uma situação na qual não sabíamos o que tinha acontecido e precisávamos tomar alguma atitude emergencial. Procuramos pelo elo mais fraco do nosso País e concluímos

Procuramos pelo elo mais fraco do nosso País e concluímos que um era a política de imigração. que um deles era a política de imigração. Primeiro, estabelecemos os muçulmanos em si, não pela religião, mas porque países muçulmanos são mais expostos a ataques terroristas. Aprovamos essa medida para estancar o sangramento. Depois revimos e esta-

Presidente disse que agente que foi morto estava infiltrado há pelo menos 1 ano.

belecemos uma melhor política de imigração. WSJ - Há quanto tempo o agente estava infiltrado? GB - Ele era muito valioso porque estava há mais de um ano mandando informação sobre o grupo. Os dados foram muito importantes para resolver o maior problema que tivemos durante o

atentado. WSJ - Em uma das notas, foi divulgado que “acordos de troca” seriam feitos para garantir orçamento suficiente. Quais seriam esses acordos de troca? GB - Basicamente, tudo que necessitamos fazer precisará de dinheiro. Tínhamos duas opções: os acordos de troca com outros

países no intuito de conseguir benefícios econômicos ou poderíamos aumentar os impostos para os trabalhadores. Acreditava que essa segunda medida não era a melhor, porque precisamos do apoio da sociedade. Assim, escolhemos o melhor caminho que seriam os acordos de troca. WSJ - Por que o mercado de ações foi reaberto? GB - Mais cedo ou mais tarde, o mercado seria reaberto. Precisávamos aprovar várias medidas e uma delas era sobre armas químicas. Precisávamos aumentar a fiscalização na nossa água, na nossa comida. Se essa medida afetaria empresas privadas, precisávamos saber como o mercado reagiria. Estávamos preparados por essa queda repentina. De certa maneira, foi bom porque tivemos tempo suficiente para resolver esse problema.

Diretora do FBI negligencia direitos humanos

Na coletiva também estavam presentes o presidente dos Estados Unidos, os secretários de Tesouro, de Defesa e a diretora da CIA

WASHINGTON DC - Nesta quinta-feira (13), a diretora do FBI, Jéssica Dias foi questionada sobre as medidas de restrições de vistos não violariam o direito de ir e vir, assegurado pelos Direitos Humanos. “Na situação em que vivemos agora, não importa o ir e vir dos que não são nossos cidadãos. Só estamos preocupados com os Estados Unidos e a nossa população agora. Precisamos protegê-los seja o que for, não pegaremos leve. Se precisarmos relativizar alguns direitos fundamentais, com certeza faremos. Agora, dificultaremos o ir e vir, mas certamente as pessoas nos agradecerão no futuro por isso,

porque estamos salvando a vida delas”, declarou. Também foi esclarecido o rumos econômico do País. O secretário do Tesouro, Victor Benevides, afirmou que ainda não foram calculadas as perdas financeiras do atentado, porém garante que a economia é forte o suficiente para se recuperar. “Nossas principais decisões foram aumentar o interesse no tesouro nacional em 5% e diminuir os impostos em operações bancárias”, ressaltou.

Segundo diretora do FBI, será feito o que for preciso para proteger população..


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ECONOMIA

FGI discute medidas para modernização de negócios tradicionais Com a presença de nações e instituições privadas, o FGI entrou no seu segundo bloco de debates no encontro deste ano, que já aprovou dois projetos recomendatórios. Por LEONARDO MAIA

GUADALAJARA - O Fórum de Governança da Internet (FGI) se reuniu, neste sábado (24), para discutir questões voltadas para a readequação de modelos tradicionais ao grande avanço tecnológico. As principais pautas foram a limitação da internet fixa e a intervenção estatal para fins de controle e construção de infra-estrutura. Durante a manhã, o delegado da Telefônica abordou o problema que sua empresa dispõe com a prática anacrônica da não limitação de franquia de dados de banda larga fixa em alguns países,

principalmente sul americanos. O representante justifica essa problemática pelo custeio de usuários que usam uma maior quantidade de dados pelos que navegam menos, tornando uma prática mercadológica inadequada. Em dissonância, o delegado do Netflix afirmou, em entrevista ao TWSJ: “Os usuários que assistem vídeos e filmes serão afetados por essa redução, pois não poderão assistir a quantidade que já costumam consumir”. Também foi mencionado pela representação da Telefônica, a

necessidade de investir em infra-estrutura, deficiência que também motiva a implementação da limitação em alguns países. Dessa forma, o delegado alemão apontou uma medida sólida: “Nós entendemos que para certos investimentos de grande vulto, faz-se necessário uma parceria público-privada, para isso criamos dois dispositivos para análise do caso de cada empresa”. O direito humano à Internet também foi debatido, causa atendida no projeto Internet.org, apoiado pelo Facebook, que pro-

põe a expansão da internet em um âmbito mundial. Entretanto, foi criado um impasse por alguns delegados em relação ao projeto, com base na neutralidade da rede, princípio que trata com isonomia todas as informações que circulam na internet. As discussões se encerram amanhã (25), com mais três sessões. A expectativa é que se possa avançar formalmente nos pontos debatidos, por meio da elaboração de projetos de recomendação, que passarão sob o crivo de uma votação democrática.

NAÇÕES UNIDAS

Conselho de Segurança da ONU falha não ser vetando o um projeto que intervinha no seu território”, explicou o delegado Renato Tartuce. Na situação da crise, tornou-se claro um atrito entre as delegações dos Estados Unidos e da Rússia, com diversas acusações por parte da nação americana. Quando questionado sobre o porquê do veto ao projeto redigido pelo Iraque, apoiado pela Rússia, o delegado americano Levi Costa criticou. “Era um discurso plenamente cheio de demagogia, cheio de coisas ambíguas, completamente inacabado e falho em detalhes e falho em conjectura de ações”.

Os dois projetos de resolução de crise elaborados foram vetados. O comitê terminou sem consenso. Por HELOÍSA VASCONCELOS

NOVA YORK - Por volta das 16h30 da tarde deste sábado (24) uma crise foi anunciada no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSNU). A situação aconteceu se deu devido a um ataque terrorista que aconteceu nesta sexta-feira (23), no campo de refugiados Shamshato, localizado no Paquistão, atingindo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A autoria do ataque foi assumida pelo Talibã, e foram levantadas suspeitas de um apoio da nação russa. Divergências e vetos, primeiro dos Estados Unidos, Reino Unido e França e depois segundo da Rússia, fizeram com que o CSNU falhasse. A fim de tentar solucionar a crise, foi discutido no comitê uma fiscalização das ogivas nucleares, tema este que estava sendo discutido nas primeiras sessões do dia. Querendo proteger sua soberania,

ERRATAS EUA e Rússia não cederam às pressões do dia e continuam sem acordo.

a Rússia se mostrou inflexível ao não permitir uma fiscalização por parte de tropas da ONU, propondo uma autofiscalização. Esse posicionamento foi considerado tendencioso e foi criticado por muitas nações. O Paquistão se mostrou decepcionado com o fracasso do comitê, declarando que não recebeu

a ajuda que esperava, sobretudo da Rússia, em um momento difícil para o país. “Na hora que nós mais precisamos do comitê, o comitê falhou com nossa nação”, lamentou o delegado paquistanês, Thales Carneiro. Ainda assim, a delegação russa defendeu seu veto. “A Rússia não pôde ver outra forma de garantir sua soberania a

Na edição desta sexta-feira (23), o The Wall Street Journal publicou duas informações equivocadas na página 2 sobre o FGI. Primeiro, o delegado representante do Google veio na 2º sessão e a Apple não possui representante. Na página 3, deste sábado (24), o jornal também errou ao indicar que o documento aprovado no FGI não era de caráter recomendatório.


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