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Polêmica 20 e

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Entrevista

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Caridade com o bolso alheio

PRESIDENTE DA REPÚBLICA QUER QUE OS POSTOS DE RODOVIA SE DEDIQUEM À FILANTROPIA: QUER OBRIGAR OS ESTABELECIMENTOS A OFERECER – GRACIOSAMENTE – SUA INFRAESTRUTURA DE ESTACIONAMENTO E SERVIÇOS AOS CAMINHONEIROS.

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Por CRISTIANE COLLICH SAMPAIO

A polêmica, que se desenrola desde o começo deste ano, teve início com a postagem de um vídeo nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro. Após ouvir as queixas de alguns caminhoneiros, no vídeo este promete intervir para impedir que os postos rodoviários do país cobrem pelo pernoite dos caminhões em suas dependências. E vai além: pediu ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que autuasse os estabelecimentos que recebem por isso.

Tais atitudes só mostraram o total desconhecimento da atividade de revenda de combustíveis. Para desfazer o ‘engano’, a Fecombustíveis, apoiada pelo Sincopetro, encaminhou ofício ao presidente, com cópia para os ministros da Justiça e Segurança Pública e da Infraestrutura e para o líder do governo na Câmara dos Deputados, prestando os necessários esclarecimentos a esse respeito.

Lembrando que o presidente se coloca como defensor do livre mercado, o documento explica que os postos de combustíveis são empresas privadas, em que toda a estrutura e serviços oferecidos são realizados com investimentos próprios. Esses estabelecimentos nunca contaram com benefícios governamentais, como subsídios, financiamentos e linhas de crédito especiais para estruturar e manter suas instalações. Isso significa oferecer estacionamento, de preferência cercado, com boa iluminação (e até instalações elétricas voltadas a caminhões-frigoríficos), câmeras ou segurança no local, chuveiro, instalações sanitárias limpas, lanchonete e restaurante, oficina mecânica para manutenção de veículos e emergências. E todas essas instalações e serviços não caem do céu: exigem investimentos pesados, inclusive na manutenção, que gera custos mensais elevados.

Isso sem contar as despesas com impostos (como o territorial urbano ou rural), com o tratamento de efluentes e a destinação correta de todo o lixo deixado por esses motoristas no estacionamento (onde, não raro, preparam suas refeições), nos banheiros.

O posto é uma empresa e não tem por que oferecer sua infraestrutura de graça. Mas como o presidente, há caminhoneiros que parecem esquecer que para que tenham pernoite adequado e seguro, banheiros limpos e refeições e algum conforto na estrada um empresário investiu e investe muito nisso. Não há como oferecer essa gama de serviços e produtos gratuitamente, sem a respectiva receita para custeá-los, posto que tal exigência não apenas comprometeria sua qualidade mas inviabilizaria o próprio negócio, em prejuízo do próprio carreteiro.

A intervenção do Estado em mercados não regulados, como o da revenda de combustíveis, já se mostrou desastroso em outros países e mesmo no Brasil. Por isso, ao concluir o documento, a Fecombustíveis pede ao presidente “que permaneça fiel aos princípios de liberdade econômica que (...) apregoou em sua campanha e que levaram tantos brasileiros a acreditar no (seu) projeto (...), e que não ceda aos apelos do populismo inconsequente”.

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