Conexão Varejo - Março/2010

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Conexão Varejo

março I 2010

Nº 24 MARÇO/2010

Os donos do dinheiro

Aumenta o poder de compra da Classe C no País Relação Trabalhista A obrigatoriedade do pagamento de Participação nos Lucros e Resultados.

Entrevista Max Gehringer: as dicas de um executivo de sucesso.




Expediente

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Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre e Alvorada/RS Sindilojas POA - Rua dos Andradas, nº1.234. Edifício Santa Cruz, 22º andar – Porto Alegre/RS Fone: (51) 3025.8300 Fax: (51) 3228.1123

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março I 2010

Unidade Shopping Total Avenida Cristóvão Colombo, 545, loja 1122 Fone: (51) 3018.8122 Unidade Zona Norte Avenida Manoel Elias, 2180 Fone: (51) 3351.7520 Unidade Alvorada Avenida Presidente Getúlio Vargas, 937 Fone: (51) 3044.1418 www.sindilojaspoa.com.br Diretoria Sindilojas POA Presidente: Ronaldo Sielichow Vice-Presidente: João da Silva Rodrigues Vice-Presidente Administrativo: Daniel Casais Vice-Presidente Financeiro: Marco A. Belotto Pereira Vice-Presidente de Relação do Trabalho e Capacitação: Sergio Axelrud Galbinski Vice-Presidente Comercial: Vladimir Machado Vice-Presidente de Relações Políticas e Institucionais: Arcione Piva Vice-Presidente de Comunicação e Marketing: Eduardo Igor Diretor de Comunicação e Marketing: Marivaldo Tumelero Diretor Administrativo: Paulo Kruse Diretor Financeiro: Augusto Hecktheuer Diretor Comercial: Roni Zenevich Diretora de Relações Políticas e Institucionais: Maria Clair Gomes Diretora de Relações do Trabalho e Capacitação: Nadia Regina Almeida Diretores Adjuntos: Alcides Debus, Antonio Gomes, Antonio Hoefel, Antonio Sanzi, José Rodrigues de Almeida, Isabel Cristina CCarvalho, Paulo Penna Rey e Tarcísio Pires Suplentes: Alécio Ughini, Carmem Ferrão, Gustavo Orlandini Schifino, Hermes Carlos V. Queiroz, Irio Piva, José Galló, Mauro Suslik Tornain, Nelson Jawetz, Silvio Sibemberg, Ricardo Pandolfo De Conto, Vania Tereza Sangalli Reale e Vilson Noer Conselho Fiscal: Lídio Ughini, Orisvaldino Magnus Scheffer e Wilson José Scortegagna Superintendente: Fernando Lopes Assessoria de Imprensa: SindilojasPOA e Insider 2 imprensa@sindilojaspoa.com.br Conexão Varejo Publicação do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre e Alvorada/RS (Sindilojas POA), produzida pela Uffizi Consultoria em Comunicação. As colaborações e sugestões de pauta para a publicação devem ser enviadas para revista@uffizi.com.br Atendimento ao leitor: www.sindilojaspoa.com.br conexao@sindilojaspoa.com.br Fone: (51) 3025.8324 Conselho Editorial – Sindilojas POA Coordenador: Paulo Penna Rey Assessoria de Comunicação e Marketing Coordenadora de Marketing: Karin Souza Uffizi Consultoria em Comunicação: Almir Freitas e Betina Barreras Insider2: Beti Sefrin Diretor Executivo: Almir Freitas (MTb/RS 5.412) Editora: Betina Barreras Redatoras: Betina Barreras, Karen Viscardi e Luisa Kalil Colaboradores: Eduardo Plastina e Eduardo Raupp Projeto Gráfico: Gabriela Dias Editoração: Carla Cadó Vielmo Dietrich Impressão: Pallotti Tiragem: 10 mil exemplares Fotografia: Carlos Velho e Milton Moraes Revisão: Fabiano Bruno Gonçalves Comercialização: Uffizi Consultoria em Comunicação Fone: (51) 3330.6636 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores

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mercado Varejistas devem ficar atentos às alterações na Lei do Inquilinato. desenvolvimento humano A importância de uma segunda língua para os trabalhadores do varejo. relação trabalhista A obrigatoriedade do pagamento de Participação nos Lucros e Resultados. associação Projeto WimBelemDon promove inclusão social através do tênis. finanças Redução da jornada de trabalho pode inviabilizar pequenas lojas. tributos Duas deformidades do Simples Nacional. gestão A melhor forma de se destacar como líder em sua empresa. especial Classe C responde por mais da metade da população da Capital e compra cada vez mais. entidade Conquistas da última gestão e desafios para o futuro. especial varejo Investir em segurança diminui perdas a longo prazo. entrevista Max Gehringer, o especialista no mercado de trabalho, dá dicas de carreira e sucesso. responsabilidade socioambiental Equipamentos que seriam descartados promovem inclusão social. associadas Casa Beethoven, Casa das Pantalhas, Galeria Edelweiss e Vivendo Melhor. sindinews Notícias e informações do setor varejista.

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opinião Sindilojas trabalha para ampliar conquistas do setor.

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Sumário


FOTO: MILTON MORAES

Opinião

por Ronaldo Sielichow

Sindilojas trabalha para ampliar conquistas do setor

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Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre e Alvorada faz a sua parte para viabilizar a sobrevivência dos varejistas locais

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trabalho de 44 horas para 40 horas semanais e o aumento do percentual mínimo da hora extra de 50% para 75%. Em discussão no Congresso Nacional, a medida terá consequências negativas para todos os envolvidos: os pequenos

A

comércios, que não têm condições de contratar, terão sua ca-

empreendedor. O Sindilojas POA, na qualidade de entidade

que pode acarretar fechamento de empresas e, consequente-

representante dos varejistas, busca incessantemente auxiliar

mente, desemprego para os comerciários.

matemática para a manutenção de qualquer em-

pacidade de atendimento prejudicada, afetando os consumi-

presa parece simples: arrecadar mais do que gasta.

dores. Os que tentarem arcar com o aumento de custos que

Mas equilibrar essa equação é o desafio de todo o

a PEC traz correm o risco de verem suas finanças abaladas, o

seus associados nessa missão. Para tanto, traça estratégias e

Um país de trabalhadores como o Brasil, que quer cres-

parte para negociações que

cer e tem provado sua competência, não precisa de mais en-

tragam vantagens e benefícios

traves para se desenvolver. Por isso, seguimos alerta.

A proposta de Emenda à Constituição que tem como meta a redução da jornada de trabalho e aumento do percentual mínimo da hora extra comprometerá as finanças dos pequenos negócios

concretos para todos. Nesse aspecto, comemoramos algumas conquistas: a renegociação dos contratos dos planos de saúde com a Unimed e dos planos de telefonia com as operadoras conveniadas. Ambas resultaram em redução de custos e planos mais acessíveis. Como dirigentes, também

fizemos nossa parte. Unificamos os valores das mensalidades entre os associados. Optamos, ainda, desde 2009, por trocar a data-base para o cálculo da Contribuição Assistencial de Classe, que passou a ser fixada sobre a folha de pagamento de janeiro e não mais a de dezembro. A medida, que implica redução da receita para o Sindicato, leva em consideração as vendas de Natal, que acabavam aumentando as folhas de pagamento devido às comissões e contratações. Festejamos, certamente, as pequenas vitórias, mas uma batalha, no entanto, segue. Estamos mobilizados para evitar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 231/1995 que tem como meta a redução da jornada de

Ronaldo Sielichow Presidente


Mercado

Mudança na Lei do Inquilinato requer atenção ano, a orientação da Associação Brasileira de Lojistas de Sho-

o dia 25 de janeiro de 2010, exigem cuidados por

pping (Alshop) é de o comerciante varejista dar prioridade ao

parte dos lojistas. Isso porque os processos de des-

pagamento dos funcionários junto com o aluguel. Esse ponto

pejo ganharam maior agilidade, caindo de 14 meses em média

é considerado discutível pelo diretor de Relações Institucio-

para seis ou sete meses, e, em caso de contratos sem fiador

nais da Alshop, Luís Augusto Ildefonso. Segundo ele, a entida-

ou seguro-fiança, o despejo pode acontecer em 15 dias. Por

de está solicitando uma revisão na situação de despejo. “Essa

outro lado, em determinadas áreas, com a maior oferta de

questão pode ser novamente avaliada, mas teria que passar

imóveis, a expectativa é de que haja uma redução sensível

pela Câmara Federal”, explica. Para a associação, no entanto,

no valor dos aluguéis. Apesar da avaliação geral entre os es-

depois da exclusão de algumas propostas nocivas aos lojistas,

pecialistas de que a Lei 12.112/09 tornou mais equilibrada a

a lei é avaliada como “equilibrada”. De acordo com o dirigen-

relação entre locador e locatário, a vulnerabilidade de quem

te, uma das questões que a Alshop conseguiu tirar do texto

aluga é preocupante.

da lei é a da melhor proposta de aluguel, que servia como um

Agora, por exemplo, o locatário poderá dar um prazo

leilão e tirava o valor do ponto comercial.

de 30 dias para o inquilino deixar o imóvel caso receba uma proposta melhor de aluguel ao fim do contrato.

Redução de preços será mínima

Outra alteração importante é a desobrigação do fiador

No Sindicato Intermunicipal das Empresas de Compra,

e a adoção de regras para a

Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomí-

mudança de fiador duran-

nios Residenciais e Comerciais no Rio Grande do Sul (Seco-

te o contrato, que agora

vi/RS), a expectativa é de que haja mais opções de aluguel,

pode desistir da função,

mas sem grandes alterações no mercado imobiliário. “Em

ficando apenas res-

um primeiro momento, se

ponsável pelos efeitos

a oferta aumentar muito,

da fiança durante 120 dias de-

pode reduzir os preços,

pois de o inquilino ser notificado.

mas não deve ter grande

“A mudança irá beneficiar os

impacto”, explica o vice-

proprietários, porém os lojistas

presidente de Comer-

podem ser prejudicados mesmo estando adimplentes.

cialização do Secovi/RS,

Bons ou maus pagadores terão dificuldades sempre no

Gilberto Cabeda.

caso da solicitação de devolução do imóvel”, afirma o vice-

A avaliação é a mesma do representante do Sindilojas:

presidente de Relações Políticas e Institucionais do Sindilojas,

“Em locais com maior concorrência, ou seja, em localizações

Arcione Piva.

privilegiadas, deve gerar mais disponibilidade e maior fluxo de

Como o locatário fica passível de ter que sair do imóvel se atrasar o pagamento duas vezes em um período de um

imóveis, mas o resultado nos preços deve ser quase imperceptível”, considera Arcione Piva.

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A

s modificações na Lei do Inquilinato, em vigor desde

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Com maior rapidez nos despejos, pagar o aluguel em dia é fundamental.


Desenvolvimento Humano

Comércio preparado Fórum Social Mundial e Copa do Mundo: como o comércio pode receber turistas investindo em uma equipe bilíngue.

E

star preparado é tudo. A frase de Hamlet, personagem

eventos especiais como a Copa, é importante o conhecimento

da obra homônima de William Shakespeare, se aplica

de um segundo idioma, pois Porto Alegre recebe turistas o ano

de forma clara ao comércio. Seja em datas especiais

inteiro”, destaca o dirigente. Ele afirma ainda que as lojas devem

ou eventos de grandes dimensões, como a Copa do Mundo,

sempre procurar ter colaboradores que atendam estrangeiros.

o comércio precisa estar atualizado com as demandas que

Segundo o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Noveletto, o conhecimento de um segundo

Garantir o estoque, decorar vitrines e investir na capaci-

idioma é extremamente importante para o comércio, pois

tação de colaboradores são algumas das medidas que podem

resulta inclusive no aumento das vendas. “Virão turistas de

contribuir para o melhor atendimento e as boas vendas do

todo o mundo. A loja que contar com atendentes bilíngues

negócio. Apostar em idiomas estrangeiros também.

certamente terá mais chances de se destacar”, prevê o em-

Em 2014, o Brasil será a sede oficial da Copa do Mundo,

presário, também presidente da rede de lojas Multisom.

e Porto Alegre foi uma das capitais selecionadas para receber

Noveletto garante que a FGF já contratou um curso de

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o evento que movimentará todo o País. Um contingente de

idiomas para seus colaboradores, uma vez que os mesmos

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virão.

turistas é esperado e, para isso, a cidade precisa organizar-se

estarão presentes na organização da sede de Porto Alegre.

antecipadamente.

Ele enfatiza ainda que o lojista deve começar a se preparar “desde já, pois não se aprende uma segunda língua do dia

acordo com o presidente da entidade, Ronaldo Sielichow, o sin-

para a noite”. Para o dirigente, a oferta de cursos por parte

dicato irá promover um curso específico de inglês para aten-

de outras representações, como o Sindilojas, pode contribuir

dentes, o qual deve ser realizado em parceria com escolas de

para um melhor preparo do comércio. “Assim, poderemos

idiomas da Capital. As aulas serão gratuitas para os associados e

receber e vender muito mais, à espera dos milhares de turis-

devem começar no segundo semestre de 2010.“Mesmo fora de

tas que irão passar pelo Rio Grande do Sul”, constata.

JONATHAN HECKLER, PMPA

Assim, foi criada uma Comissão da Copa do Sindilojas. De

Eventos como a Copa do Mundo e o Fórum Social Mundial são focos de turismo nacional e internacional em Porto Alegre


Relação Trabalhista * Eduardo Caringi Raupp

A Participação nos Lucros e Resultados

N

este início de ano, a discussão sobre a participa-

com os prejuízos do negócio. O risco do negócio sempre é

ção dos empregados nos lucros e resultados das

inteiramente suportado pelo empreendedor. Portanto, a par-

empresas estampou as manchetes dos principais

ticipação dos empregados nos lucros e resultados, em que

jornais do País. Os debates surgiram quando o secretário da

pese seja desejável como forma de entrelaçar os emprega-

Reforma do Judiciário, Rogério Favreto, apresentou um pro-

dos aos objetivos da empresa, é uma subversão da ordem

jeto de reforma da Lei 10.101/00 numa das plenárias do

natural. Neste contexto, o atual marco legal nos parece abso-

De acordo com o Projeto, as empresas

lutamente razoável. Na forma prevista pelo inciso XI do artigo 7º da Constituição Federal, regulamen-

empregados 5% dos seus lucros. Desse per-

tado pela Lei 10.101/00, a participação nos lucros

centual, 2% deverá ser alcançado aos empre-

ou resultados é sempre fruto de negociação entre

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gados de forma objetiva, independentemente

a empresa e seus empregados. Assim, os sindicatos

de quaisquer metas. Já os 3% restantes poderão ser distribuídos, desde que atingidas metas

devem se utilizar dos tradicionais meios de pressão na negociação coletiva. Outrossim, a desvinculação

previamente negociadas, entre emprega-

da remuneração, considerando a carga fiscal que

dos e empregadores. As empresas que

sobrecarrega o salário, apresenta-se como um

não adotarem a participação dos empre-

inestimável estímulo à sua implementação.

gados serão oneradas com um acréscimo no Imposto de Renda na ordem de 5%. Desde logo é importante destacar que a con-

Não há dúvidas de que a Lei 10.101/00 pode ser revista, todavia as alterações necessárias passam ao largo do projeto do governo. A regulamentação deveria,

fecção do projeto, como tem sido praxe neste go-

ao mesmo tempo, conferir liberdade de negociação e segu-

verno, não contou com a participação do setor empresarial.

rança jurídica aos envolvidos. Poderia, igualmente, dentro de

O projeto é herança das discussões promovidas pelo então

uma perspectiva de reestruturação mais ampla e necessária,

Ministro Mangabeira Unger e as principais Centrais Sindicais

substituir parte dos encargos trabalhistas.

do país, trabalho que fora intitulado, com pretensão ímpar, “A Reconstrução das Relações Capital-Trabalho”.

Entretanto, essa proposta alongaria o prazo de discussão, o que, em ano eleitoral, parece não interessar. O projeto do

Na verdade, muito mais do que reconstruir a relação

governo prefere o paternalismo, que fica ainda mais evidente

capital x trabalho, o projeto subverte os mais elementares

quando garante a distribuição de lucros mesmo que as me-

fundamentos da economia e da livre iniciativa. No sistema

tas individuais não sejam atingidas, num flagrante atentado à

capitalista, os detentores dos meios de produção contratam

meritocracia.

empregados e lhes alcançam salários. No caso brasileiro, a

Como lembra, com inocente pesar, a personagem Mafal-

legislação trabalhista, arcaica e inflexível, além do salário, ga-

da, do cartunista argentino Quino, “o urgente nunca deixa

rante uma série de benefícios adicionais aos empregados.

tempo para o importante”.

Os empregadores, por sua vez, depois de suportar a pesada carga fiscal e previdenciária, recebem o lucro ou arcam

Advogado do escritório Flávio Obino Fº Advogados Associados

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obrigatoriamente deverão distribuir aos seus

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Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre.


Associação

Pontos para a educação

reencontrou a amiga de infância Suzana Bertoni dos Santos, responsável por manter um projeto semelhante num bairro da periferia de Los Angeles, nos EUA. Suzana foi a mantenedora do WimBelemDon até setembro de 2004. Naquele mesmo ano, a iniciativa chamou a atenção de dois dos principais tenistas do Brasil: Thomaz Koch e Fernando Meligeni, que passaram a atuar como embaixadores do

Projeto WimBelemDon comemora seu 7º aniversário como exemplo de dedicação e incentivo a jovens da Capital.

T

projeto, auxiliando na divulgação e no apoio institucional. Foi em 2005 que Ruschel criou uma nova Organização Não Governamental (ONG) para abrigar o WimBelemDon de forma adaptada à legislação vigente. A nova fase marcou a

ênis é um esporte que exercita a mente. É preciso

participação de tenistas, médicos, empresários, advogados e

ter mais do que força nos braços, é necessário con-

voluntários, todos entusiastas do esporte. No dia 30 de junho

centração. Não é à toa que, ao contrário dos tumula-

de 2005, foi fundada a Sociedade Tênis Educação e Partici-

dos estádios de futebol, uma quadra de tênis é silenciosa.

pação Social – STEPS –, que é a instituição responsável por manter e desenvolver o projeto. “Todo esporte é importante na formação de uma criança,

torno da raquete) e mesmo o tênis que é calçado são artefa-

de um jovem, e acreditamos que, como qualquer esporte in-

tos dispendiosos. Contudo, a atividade pode contribuir com

dividual, o tênis faz com que a criança descubra que ela pode,

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outra modalidade que não tem preço: a educação.

sozinha, vencer obstáculos e vencer o jogo. Isso, sem dúvida,

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quer investimentos: raquetes, bolinhas, tornagrip (a fita em março I 2010

Considerado um esporte de elite, o tênis realmente re-

Foi com este raciocínio que nasceu o projeto “WimBe-

faz com que elas desenvolvam habilidades e atitudes positivas

lemDon – Educando com o Tênis”, fundado em 2003 pelo

que as permitem, no futuro, participar ativamente da socieda-

fotógrafo Marcelo Ruschel. O nome da iniciativa surgiu como

de brasileira”, garante Marcelo Ruschel.

um trocadilho entre o bairro Belém Novo, na Zona Sul de

Hoje, são atendidos cerca de 70 jovens, entre 8 e 12 anos

Porto Alegre – onde reside o fotógrafo –, e uma homena-

de idade. O espaço oferece, além das aulas de tênis, oficinas

gem ao torneio de Wimbledon, na Inglaterra, um dos quatro

de Informática, Leitura e Artes. Em 2010, o desafio é aumen-

Grand Slam, como são chamados os principais torneios do

tar o número de beneficiados trabalhando a inclusão digital,

circuito internacional de tênis. Ainda em 2001, Ruschel alu-

além de fundar uma nova parceria com uma escola de inglês

gou uma quadra de tênis abandonada no bairro com o intuito

e investir na estruturação de uma biblioteca bilíngue.

de desenvolver um projeto social para as crianças da região.

Segundo o professor de tênis Guido Mello Alves, a tro-

Inicialmente, o principal obstáculo foi encontrar alguém para

ca de experiências e realidades proporcionadas pela ONG

compartilhar o know-how do tênis. Foi em 2002 que Ruschel

são muito importantes. “Nós, do WimBelemDon, estamos fazendo a diferença na vida dessa gurizada, que sabe que nos

Profissionais de diferentes áreas buscam oferecer qualidade de vida para jovens e crianças através do esporte

importamos com eles e que buscamos, através do esporte, proporcionar um pouco de qualidade de vida. Ao longo destes quase dois anos de projeto social, descobri que não sou MARCELO RUSCHEL, DIVULGAÇÃO

apenas professor de tênis: sou também irmão mais velho, amigo, conselheiro, psicólogo, médico”, brinca Alves. Ruschel salienta: a busca por voluntários é permanente. “Estamos sempre à procura de novas parcerias em diversas áreas, inclusive o comércio”, conclui. A ONG localiza-se na Avenida Heitor Vieira, 78, bairro Belém Novo. Informações através do site www.wimbelemdon.com.br


Finanças

Redução da jornada de trabalho pode inviabilizar pequenas lojas nimo da hora extra de 50% para 75%, em discussão

cais defendem o projeto por acreditarem em aumento de

no Congresso Nacional através da Proposta de Emenda à

vagas, mas ele considera o contrário mais provável: “Será que

Constituição (PEC) nº 231/1995, vai impactar duramente o

as empresas vão suportar? Será que muitas não irão fechar?”,

comércio varejista, principalmente entre os pequenos em-

questiona Bohn, lembrando que 57% da força de trabalho

preendimentos. Caso seja aprovada, uma empresa com cinco

vem justamente das micro e pequenas empresas, as que de-

funcionários terá uma redução total de 20h semanais em sua

vem ser as mais impactadas, em função da menor capacidade

força de trabalho, o equivalente a meio empregado.

de readequação pelo reduzido número de empregados.

A questão da sustentabilidade das empresas também é

40 horas semanais e o aumento do percentual mí-

Considerando-se que as lojas não operam com exce-

O aumento do valor mínimo da hora extra de 50% para

dente de pessoal, haverá prejuízo na realização de tarefas.

75% impõe mais um castigo, um problema para o setor varejis-

O alerta é do presidente do Sindicato das Empresas de Ser-

ta, assinala Galbinski. “Se aumenta a hora extra, não vale a pena

viços Contábeis, Assessoramento, Perícias, Informações e

para o empregador”, diz ele. “É mais um aumento de custo”,

Pesquisas do Estado do Rio Grande do Sul (Sescon/RS), Luiz

afirma o presidente do Sescon/RS. “Entendemos a agenda de

Carlos Bohn. “Ou se coloca mais um empregado, o que gera

quem reivindica, mas não existe mais espaço na margem das

um custo equivalente a duas vezes o salário, em função dos

empresas para absorver esse impacto. O Brasil precisa traba-

encargos trabalhistas e previdenciários, ou um setor da loja

lhar mais, e não trabalhar menos”, destaca Bohn.

fica desassistido.” O vice-presidente de Relações de Trabalho e Capacitação

Proposta alternativa também é inviável

do Sindilojas, Sergio Axelrud Galbinski, destaca que a PEC trará, de imediato, um impacto de 10% sobre o custo, em

Um novo projeto, apresentado pelo presidente da Câ-

função do corte de 4 horas semanais de cada colaborador.

mara de Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), de reduzir

“Somos contra a proposta, pois, em vez de ampliar os em-

de 44h para 42h de forma gradual, também é considerado

pregos, vai trazer desemprego pela inviabilização de muitas

inviável. O deputado propõe ainda que as empresas recebam

empresas que acabarão fechando as portas.”

algum benefício fiscal pela aprovação da medida e que o pagamento da hora extra de trabalho permaneça em 50%, e não 75%, como previsto na proposta original, solicitada pelas centrais de trabalhadores. Segundo Galbinski, mesmo com impacto menor, a medida também inviabilizaria muitas empresas. O presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS (Fecomércio/RS), Moacyr Schukster, avalia que as modificações no projeto original não garantem a saúde fiscal das empresas.

11 Conexão Varejo

A

preocupação do presidente do Sescon/RS. As centrais sindi-

redução da jornada de trabalho de 44 horas para

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A proposta, em discussão no Congresso Nacional, reduz a carga de 44h para 40h semanais, onerando as empresas.


por Eduardo Plastina *

FOTO: MILTON MORAES

Tributos

Duas deformidades do Simples Nacional

A

Constituição Federal determina, expressamen-

vez, na faixa de faturamento da empresa no anexo corres-

te, que as micro e pequenas empresas devem ser

pondente da Lei Complementar n° 123/06 (Anexo I, para as

submetidas a tratamento tributário diferenciado e

empresas comerciais); com a obrigação de pagar a diferença

favorecido. Isso significa que a tributação dos empreendimen-

de alíquota, as empresas passam a ter um custo tributário

tos de menor porte deve, necessariamente, apresentar duas

adicional, com toda a venda de mercadoria passando a ter

características: quantitativamente, ser em montante propor-

uma equação pela qual o pagamento do percentual inciden-

cionalmente menor que os das empresas médias e grandes;

te sobre a receita bruta (venda) estabelecido pelo anexo

e, qualitativamente, ter perfil simplificado, evitando grandes

correspondente (Anexo I, para as empresas comerciais) do

investimentos em suportes técnico-administrativos para ga-

Simples Nacional é acrescido do pagamento de 5% ou 13%

rantir o correto pagamento dos tributos.

(dependendo da alíquota interna da mercadoria específica)

março I 2010

Com a instituição do SIMPLES NACIONAL, em 2007,

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de diferença de alíquota.

criou-se um sistema unificado de tributação pelo qual as mi-

A segunda das deformidades, por sua vez, é aquela que

cro e pequenas empresas encontram-se aptas a recolher os

envolve a autorização legal para a aplicação da substituição

principais tributos federais e o ICMS ou o ISS em uma úni-

tributária às mercadorias adquiridas para venda ao consumi-

ca guia, em percentual incidente sobre o faturamento e em

dor final por varejistas submetidos ao SIMPLES NACIONAL.

montante via de regra mais reduzido do que o aplicado em

Nessa hipótese, diversamente do que ocorre quando o reme-

outras sistemáticas de tributação. Em princípio, portanto, se-

tente (via de regra, industrial ou importador) é optante e, por

guiu-se o desígnio constitucional e estabeleceu-se um mode-

conta disso, calcula o ICMS próprio aplicando a alíquota do

lo de tributação diferenciado e favorecido para as empresas

sistema unificado de pagamento de tributos, o ICMS/ST é cal-

de menor porte.

culado aplicando-se a alíquota do Regime Geral. Isso faz com

Ocorre, porém, que, após quase três anos de instituição

que todas as mercadorias submetidas à substituição tributá-

do SIMPLES NACIONAL, podem-se identificar pelo menos

ria, independente do sistema de tributação a que estejam su-

duas grandes deformidades nessa sistemática de tributação,

jeitas as empresas adquirentes, sejam tributadas pela alíquota

que trazem, por seu turno, repercussões negativas para as

aplicável às empresas de médio e grande porte.Tem-se, nesse

empresas a ela submetidas.

caso, uma equiparação que desborda da desequiparação de

A primeira das deformidades é a autorização legal para

tratamento tributário preconizada pela própria Constituição

que os Estados-Membros cobrem a diferença de alíquota

Federal, pela qual as micro e as pequenas empresas deveriam

de ICMS nas operações interestaduais em que o adquiren-

ter uma tributação favorecida em termos quantitativos. Com

te seja empresa submetida ao SIMPLES NACIONAL. Isso

a substituição tributária, mesmo que a empresa esteja no

cria uma situação nefasta: em função da impossibilidade de

SIMPLES NACIONAL, a carga tributária de ICMS incidente

creditamento para as micro e as pequenas empresas, o pa-

sobre a mercadoria comercializada é idêntica àquela aplicada

gamento da diferença de alíquota representa um custo tri-

às maiores empresas.

butário adicional e irrecuperável a não ser por acréscimo

Ambas as hipóteses, portanto, são exemplos de graves

no preço de mercadoria. Em outras palavras, no SIMPLES

desajustes existentes no SIMPLES NACIONAL que deveriam,

NACIONAL, como as empresas não têm direito a se credi-

para a devida salvaguarda do direito constitucional a um ver-

tarem do que é pago a título de diferença de alíquota, tem-

dadeiro tratamento tributário favorecido da micro e da pe-

se o seguinte contexto: se não houvesse a obrigação de pa-

quena empresa, ser revistos pelo legislador nacional.

gar a diferença de alíquota, haveria o pagamento apenas do percentual incidente sobre a receita bruta, previsto, por sua

Souza, Berger, Simões e Plastina - Advogados


Gestão

Cultura do encantamento rice Martins Costa, afirma que o primeiro passo para liderar

que as principais empresas do País têm investido. For-

uma equipe é conhecer a mesma. Em segundo lugar, está o es-

mar uma identidade através de uma equipe motivada e

tabelecimento de um sonho para o grupo, sempre estimulando

que entenda a cultura do empreendimento exige qualificação

à inovação. “O mais importante é ter na cultura empresarial a

por parte do gestor, seja de um departamento específico, seja

importância de pessoas. O gestor precisa gostar de gente, tem

o presidente ou proprietário do negócio.

que acreditar no desenvolvimento da equipe”, destaca Clarice.

De acordo com o consultor e especialista no varejo Cláu-

Ela ressalta ainda que não basta ser apenas um bom chefe:

dio D’Avila, participação gera comprometimento. Para ele, a

é necessário ter uma postura de líder. Para tanto, é necessá-

melhor forma de liderar é “buscar sempre a participação dos

rio o autoconhecimento, o que pode ser adquirido ouvindo o

colaboradores de forma construtiva e oferecendo exemplos”.

feedback tanto de subordinados quanto de superiores. “Só um

Mestre em Economia de Empresas, D’Avila reconhece que não

líder faz uma equipe. É preciso deixar claro o sonho da empresa,

existe a “equipe ideal”, mas sim aquela transformada na mais

a causa, dar significado ao trabalho de todos”, aponta.

eficaz diante de suas limitações.

O fortalecimento do gestor também se dá através da for-

“A falta de referência, de exemplo oferecido ao cola-

ma como executa cobranças, encontrando um ponto de equilí-

borador, faz com que ele não tenha a atitude desejada pela

brio entre as limitações de cada integrante e a motivação para

organização. Muito da empresa é resultado do comporta-

a obtenção de resultados. “A melhor dica para um gestor de

mento do seu gestor. Saber equilibrar a autonomia é fun-

pessoas é saber ouvir, buscando o máximo de conhecimento

damental para desenvolver pessoas pró-ativas e pensantes”,

do grupo. Devemos lembrar sempre que o líder é aquele que

avalia o consultor.

faz alcançarmos um resultado superior que não conseguiría-

A diretora de Recursos Humanos das Lojas Renner, Cla-

mos sozinhos. Ele não necessariamente executa, mas consegue fazer com que com as pessoas tragam os resultados”, indica Cláudio D’Avila. Clarice Martins Costa também alerta: “Ouça sua equipe com o coração, tenha humildade para reconhecer um erro e para que possa atender às expectativas do time. É preciso haver uma cultura de encantamento com o colaborador e com o cliente”, avalia.

O líder trabalha para tornar a equipe que tem a mais eficaz

13 Conexão Varejo

E

xcelência em gestão de pessoas é uma ferramenta em

março I 2010

A melhor forma de se destacar como líder em sua empresa é motivando colaboradores à busca de novos resultados.


Classe média no poder

ISADORA NEUMANN, PMPA

Especial

O grupo, que responde por mais da metade da população da Capital, aumenta sua capacidade de compra.

O

poder está com o povo. A frase não é apenas uma definição de democracia, mas expressa a realidade de consumo da classe média. Repre-

março I 2010

sentando 52,8% da população de Porto Alegre e 59,8% da

Conexão Varejo

14

Região Metropolitana – Periferia, segundo dados do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV),

Comunicação direta é um dos segredos para atrair esse público

com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Emanuel Heuser (FEE).

(PNAD/IBGE), a classe C está com tudo. Para aqueles que

Afinal, o que pensa, compra e anseia esse potencial con-

pensam apenas nas classes A e B, uma ressalva: este é um

sumidor? Esse segmento da população ampliou de forma

mercado muito saturado. É mais desafiante e promissor tra-

significativa o número de categorias de produtos consumi-

balhar com um perfil de consumidor que representa uma

dos. Ele busca inclusão, vantagens e razões concretas.

população bastante superior e que só está ampliando de forma significativa o seu poder de consumo.

Segundo estudos do Data Popular, é mais fiel às marcas e, diferente das classes A e B, não apenas pelo status ou pela

Com renda familiar mensal de dois até dez salários míni-

diferenciação, mas como um aval de qualidade e como for-

mos, essa parcela da população está em franco crescimento.

ma de inclusão. Como não pode errar porque o orçamento

De 2003 a 2008, 25,9 milhões de brasileiros ascenderam

é muito restrito, prefere uma marca de qualidade reconhe-

para a classe C, formando um contingente de 91 milhões de

cida. Por exemplo, se adquire cinco quilos de arroz de baixa

pessoas, a metade da população do País. Deste total, 61%

qualidade, terá que consumir aquele produto até acabar, por

possuem cartão de crédito, 64% têm plano de saúde e 60%

isso prefere não arriscar e se mantém nas marcas líderes.

mantêm conta bancária, de acordo com a pesquisa Tendências da Maioria, da Datafolha/Data Popular. Se considerarmos os últimos dez anos, a classe média teve um aumento

Tecnologia como inclusão social

de 14% em número de pessoas e de 25% em renda, ressalta o consultor Renato Meirelles, do grupo de pesquisa, consultoria e marketing Data Popular.

Esse consumidor tem na tecnologia uma forma de inclusão social. Por isso, a facilitação do crédito lhe trouxe um

Como 76,4% do aumento de renda dessa faixa entre

grande poder de compra. “É importante ressaltar que isso

2003 e 2008 vieram do trabalho, e não fontes de renda

não é ruim: é bom para a economia. Nenhum país cresce

como benefícios da previdência ou outras rendas, a ten-

sem uma taxa significativa de crédito. O desafio é comprar

dência é manter a expansão, explica o sociólogo Salvatore

bem para comprar sempre”, destaca Meirelles. Como a in-

Santagada, da Fundação de Economia e Estatística Siegfried

formalidade nos vínculos de trabalho é uma realidade, o lo-


jista que identificar a melhor forma de trabalhar o crédito

Entre as informações que devem ser levadas em consi-

com este público, sem colocar em risco a sobrevivência da

deração para quem quer seduzir o atraente cliente classe

loja, terá aí uma excelente oportunidade.

C, é importante saber que o comércio virtual virou re-

Celulares com funcionalidades diversas e computadores

alidade em todos os segmentos de consumo e, como a

são produtos eleitos como objetos de desejo. “Não é luxo,

massa de jovens – que é a mais interessada em tecnologia

o computador é a forma de investir na educação do filho, o

– da classe C cresce mais que as outras, a internet e suas

celular, uma maneira de ser encontrado para um trabalho”,

ferramentas não podem ser desprezadas. Uma questão

observa o consultor, defendendo que a relação do varejo

que muitas vezes não é levada em consideração é o aten-

com esse público pode ser explicada com o verbo conjuga-

dimento diferenciado que muitos necessitam. Como qual-

do no gerúndio: “Estão melhorando, estão tentando conhe-

quer outro consumidor, ele deseja ter uma experiência de

cer e estão se adaptando”, afirma.

compra agradável, busca satisfação no atendimento e não

Para seduzir a classe C, as dicas são investir em vitrine,

quer se sentir intimidado por não saber fazer o check in no

que serve como um grande atrativo, oferecer opções diver-

aeroporto, por exemplo, simplesmente por ser a primeira

sas de crédito, focar no valor da parcela e fazer uma comu-

vez que vai viajar de avião.

nicação direta. Em vez de dizer que o desconto é de 30%, indicar a redução de preço de forma clara: de R$ 100,00

Crediário viabiliza sonhos

por R$ 70,00. ferencial, a forma de mostrar para o consumidor por que

Antes de conquistar o primeiro carro zero quilômetro,

março I 2010

ele deve preferir a sua loja em vez de uma grande rede,

no final de 2009, a secretária Elisete Schmitz foi proprie-

15

que geralmente consegue preços mais baixos em função

tária de quatro automóveis usados. O salto rumo ao novo

das compras em escala. Para driblar essa questão, Meirelles

veículo foi possível graças à possibilidade de parcelamento

orienta as pequenas lojas a investirem em centrais de com-

Conexão Varejo

Para os pequenos lojistas, o atendimento deve ser o di-

em 60 vezes. Elisete entregou o antigo carro, mais uma

pras, em aquisições conjuntas que permitam valores mais

parte em dinheiro e financiou o restante.

competitivos.

Entre o “namoro” e a efetivação da compra, foram seis meses. “Foi a legítima compra planejada. Vi que estava JONATHAN HECKLER, PMPA

tendo prejuízo com o usado na oficina quase todos os meses e decidi adquirir um novo, não sem antes pesquisar o modelo, condições de pagamento e preço”, conta a secretária. O carro serve a três gerações da família – sua mãe e sua filha, Juliana –, que, juntas, têm uma renda familiar próxima a R$ 5 mil. Do total dos vencimentos, 10% são destinados às parcelas e outros 5% ao pagamento do seguro. Nos últimos anos, a renda da família não cresceu de forma significativa. O principal alavancador das conquistas foi o crediário e a organização das finanças. Em vez de gastarem em bens não duráveis, as três decidiram economizar, investir em aquisições mais significativas e na educação de Juliana. “Trocamos o consumo desenfreado pelo organizado”, explica Elisete, destacando que, dessa forma, será tranquilo pagar inclusive a mensalidade da faculdade

Classe C é mais fiel às marcas do que outros grupos

da filha, que passou este ano no vestibular para Nutrição.


O crescimento é sustentável? O consultor Renato Meirelles garante que sim. “Este é o setor da economia que mais cresce, é um movimento com muito fôlego e veio para ficar, não é uma bolha”, explica. Para ele, cinco fatores que não irão mudar explicam esse desempenho, sendo dois sociais: demográfico: há mais jovens de baixa renda do que A e B entrando na idade economicamente ativa; psicológico: no processo de ascensão social, quando

O que buscam os diferentes perfis: Tradicional

Emergente

Sempre consumiu

Passou a consumir

Exclusividade

Inclusão

Diferenciação

Pertencimento

Consumo do intangível

Vantagens e razões concretas

Menos fiel

Mais fiel

Mais solitário

Mais solidário

Vergonha do desconto

Orgulho do desconto

Prazer em ostentar

Prazer em oferecer

Fonte: Datafolha/Data Popular

uma pessoa melhora o perfil de consumo, por exemplo, deixa de comprar leite C e passa para leite B, se supera para

Classes econômicas

2008/2003

2008/2007

E

-43,04%

-12,26%

D

-8,90%

-3,02%

Outros três são fatores socioeconômicos:

C

31,05%

4,94%

o aumento do salário mínimo para R$ 510,00 em ja-

A/B

37,12%

6,99%

março I 2010

manter o padrão de vida, inclusive vai atrás de formas alter-

Conexão Varejo

16

nativas de trabalho para garantir renda.

neiro, com reajuste acima da inflação, vai injetar neste ano R$ 26,6 bilhões na economia brasileira, segundo cálculos do

Fonte: CPS/FGV, baseado em dados da PNAD/IBGE

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Esse é um dinheiro que vai diretamen expansão do crédito: 61% da classe C possui cartão de crédito. Além disso, o aumento dos financiamentos possibilitou que essas pessoas tivessem acesso ao consumo e a possibilidade de comprar a prazo e de consumir mais. Como no Brasil o índice de endividamento é baixo, cerca de 49% em 2009 e com uma previsão de 53% para 2010 – contra 78% na Índia –, ainda há espaço para crescer, até porque está longe do endividamento superior a 200% registrado nos Estados Unidos na época da crise financeira. programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, que trouxe cerca de R$ 12,4 bilhões para a economia em 2009. Do ponto de vista macroeconômico, é um importante fomentador do consumo. A pessoa que recebe o benefício compra no varejo do bairro, seja no mercado ou na farmácia, que passa a contratar mais pessoas e a comprar mais da indústria, estimulando um círculo virtuoso de consumo, o que reflete diretamente na ampliação da classe C.

ISADORA NEUMAN, PMPA

te para a baixa renda;


Entidade

Nova gestão Pleito realizado em fevereiro deste ano garante ao Sindilojas mais um mandato em busca da melhoria dos serviços e oportunidades aos lojistas.

P

ara o Sindilojas, 2009 foi um ano repleto de realizações. A diretoria à frente da entidade mobilizou-se para que a

classe varejista pudesse contar ainda mais com as vantagens de ser associado. Cursos de capacitação para os colaboradores e promoções que movimentaram o setor estiveram entre as ações promovidas pelo sindicato ao longo do ano. Já 2010 começou com eleições para diremarço I 2010

toria. O novo mandato segue até 2014. O pleito foi realizado no dia 8 de fevereiro e garantiu a reeleição do presidente Ronaldo Sielichow. gestão anterior. “Reestruturamos nossos co-

Campanha distribuiu R$ 360 mil em vales-compras

laboradores e criamos uma gestão moderna, que viabilizou resultados positivos”, afirma Sielichow, lembrando da des-

do Vale Mais Ser Associado, seguem ao longo de 2010. Já

centralização das ações do sindicato através da presença do

a segunda edição do Vale Mais Comprar Aqui, está sendo

atendimento no Shopping Total, na Zona Norte e em Alvora-

planejada para o segundo semestre deste ano. Em 2009 a

da, na Região Metropolitana.

ação investiu R$ 360 mil no comércio local com a distribui-

Sielichow também destaca a participação do sindicato junto a outras representações, como a Secretaria Municipal

ção de vales-compras para 120 sorteados entre clientes e colaboradores.

da Produção, Indústria e Comércio (Smic), a Secretaria Mu-

“Todas as nossas ações são voltadas aos lojistas, e na

nicipal do Meio Ambiente (Smam) e a Brigada Militar. Não

próxima gestão queremos manter o que está dando certo”,

foi à toa que o Sindilojas foi um dos destaques na pesquisa

prevê Sielichow. O presidente da entidade alega que um dos

“Marcas de Quem Decide”, realizada pelo Jornal do Comér-

objetivos é diminuir os custos e melhorar as receitas dos

cio. Além disso, em maio do ano passado, o Rio de Janeiro

associados. Um dos novos projetos é a criação de um Banco

sediou o XXV Encontro Nacional de Sindicatos Patronais do

de Talentos, responsável pela seleção de pessoas, através da

Comércio de Bens, Serviços e Turismo, evento promovido

captação de currículos e ofertas de cursos para investir na

pelo Sindilojas Rio, em que o painel “Choque de Gestão”,

qualificação de colaboradores e gestores.

apresentado pelo Sindilojas Porto Alegre e Alvorada, foi es-

Como legado, Ronaldo Sielichow diz esperar desenvolver

colhido como a melhor experiência de gestão entre os sin-

o comércio “lutando sempre em conjunto contra adversida-

dicatos de todo o Brasil.

des que impedem o crescimento da classe”. Para ele, ações

A Campanha Vale Mais também foi uma das grandes no-

políticas exigem união para que as leis voltadas ao setor se-

vidades no último ano e acabou entrando para o calendário

jam mais bem elaboradas. “Queremos aumentar nossa base

oficial do sindicato. Os benefícios, como cursos gratuitos

social para termos uma unidade mais expressiva”, alega. Uma

e exames médicos, disponibilizados aos associados através

constante nas gestões por vir? “A capacitação”, conclui.

Conexão Varejo

17

O dirigente orgulha-se do trabalho feito na


Especial Varejo

Segurança em alta, risco em baixa Planejamento e manutenção são fundamentais para prevenir perdas com furtos e roubos.

A

questão da segurança é fator primordial para o comércio varejista. Através da prevenção, é possível reduzir custos e minimizar riscos. Uma política de

segurança estruturada vai desde a boa escolha de um ponto de venda, passa pelo layout da loja, equipamentos de segurança adequados ao porte e perfil do empreendimento e segue na operação através da equipe. Ao gerenciar uma loja, vale o bom e conhecido ditado: prevenir é melhor do que remediar. Para potencializar a eficá-

março I 2010

cia de um plano de segurança, é preciso adotar um programa

Conexão Varejo

18

de controle e prevenção realmente eficaz para a garantia dos ativos humanos e materiais da loja. Afinal, quem já passou por problemas de perdas decorrentes de furtos ou roubos sabe que dificilmente o prejuízo é coberto. Para isso, o ideal é buscar a orientação de um profissional especializado na área. Uma loja localizada em um ponto favorável impacta diretamente nas despesas operacionais e mesmo no investimento em prevenção a perdas. Também o projeto arquitetônico, além de contemplar a questão comercial, precisa ser desenvolvido levando em consideração a segurança, destaca o empresário Antonio Gomes, das lojas Thithãs, especializadas em moda jovem.

realidade econômica da operação para dar viabilidade finan-

Segundo o consultor Eduardo Cruz, um bom planejamen-

ceira e refletir o melhor resultado. “Qualquer investimento

to de segurança é fundamental, pois, através

de forma planejada é sempre melhor que o feito de forma

dele, é possível avaliar todos os

aleatória”, diz Cruz. E, mesmo que não seja o ideal, é claro

itens necessários à ope-

que, se a loja já está estabelecida, ainda é possível adotar um

ração da loja, além

projeto para se precaver de eventuais danos.

de ser mais eficaz

Outro aspecto a ser considerado é a operação: todos

e menos one-

os procedimentos devem ser adotados sob a ótica da se-

roso do que

gurança, por isso a importância de treinar a equipe interna.

se adaptar a

“Deve fazer parte do DNA da loja”, ressalta Cruz. Nas lojas

uma estru-

Thithãs, há até um padrão de aviso quando algo suspeito está

tura já exis-

ocorrendo. Caso a pessoa vá até o provador – local onde

tente. Esse

mais acontecem os furtos –, a verificação das peças é feita

estudo tem

com mais cuidado.

que levar em consideração

a

Cruz explica que não adianta uma loja simplesmente instalar câmeras de baixa qualidade e cartazes do tipo “sorria,


você está sendo filmado”, o que traz uma sensação falsa de conforto e não engana quem está disposto a cometer algum delito. “O infrator está bem informado sobre o que cada câmera faz, qual o raio de abrangência ou se tem boa resolução”, lembra o especialista. “Todo o esforço serve para minimizar, mas é difícil garantir uma eficiência de 100%”, explica o lojista Antonio Gomes, destacando que, em suas lojas, conseguiu diminuir drasticamente os furtos através da adoção de mecanismos de prevenção e mesmo observando todas as operações da loja. Gomes lembra que todas as “armas” da prevenção devem respeitar o cliente e o funcionário. “É preciso ter cuidado com a indústria do dano moral.” Um alarme disparado erroneamente ou um funcionário intimidado podem se traduzir em ações judiciais. “É preciso cuidar e, ao mesmo tempo, ser sutil”, ensina.

mínimo de ferramentas de controle e gestão, beneficiando, inclusive, a gerência do negócio. Além de evitar prejuízos com furtos e roubos, um sistema eficiente de segurança permite ganhos financeiros para a loja. Além de prevenir perdas, através de câmeras de vídeo, é

Antes de escolher o ponto Contratando-se um especialista em segurança, avaliam-se aspectos como: Localização (rotas de acesso e de fuga); Vizinhança (como é e quem está no entorno); Características do imóvel onde será instalada a loja.

possível acompanhar a entrega de mercadorias, a limpeza do

Definição do layout da loja

local, a aparência dos funcionários, o atendimento, a apresen-

Somado ao aspecto de estimular as vendas e a identidade do comércio, o projeto arquitetônico deve resguardar a operação financeira da loja da área de trânsito do público.Além disso, os itens de maior valor agregado devem ficar expostos em local onde os agentes de controle (câmeras de vídeo ou mesmo funcionários) tenham perfeita visualização.

tação e exposição de mercadorias, entre outros. Dessa forma, o proprietário ou o administrador, mesmo não estando presente, pode fazer ajustes e corrigir eventuais problemas da operação, às vezes na mesma hora. Alguns equipamentos de captura de vídeo permitem gravar as imagens e transmitir ao mesmo tempo, via internet banda larga, para onde o proprietário definir. Todas essas alternativas só são possíveis se também as câmeras de vídeo tiverem um mínimo de qualidade. O custo para uma placa de captura de quatro câmeras, por exemplo, mais os minidomes (camufladores para microcâmeras), cabeamento e instalação fica em torno de R$ 3 mil. Se a necessidade for de apenas duas câmeras, esse custo cai para cerca de R$ 1,6 mil. Depois da instalação, no entanto, é preciso fazer um trabalho de manutenção. Não adianta investir na aquisição dos produtos e depois não ter o equipamento funcionando corretamente na hora em que necessita.

Na operação Todos os itens relacionados à operação devem estar ligados a procedimentos de segurança. Os funcionários devem ser orientados para identificar situações suspeitas no público consumidor, ou seja, condutas fora do padrão. A área de segurança precisa desenvolver a capacidade de ver antes. Quando entra um cliente que fica em situação de alerta, observando ao redor, um funcionário de segurança deve se posicionar próximo a essa pessoa ou mesmo alguém da equipe de vendas deve fazer uma abordagem respeitosa, perguntar se precisa de ajuda. Isso geralmente intimida, pois o fator surpresa, sua principal vantagem, deixa de existir. Em relação à equipe, deve-se avaliar o quanto de informação da loja o pessoal deve saber. Quanto menos pessoas souberem sobre o planejamento de depósitos, os pagamentos e a movimentação de valores, melhor.

março I 2010

Todas as lojas, independente do porte, podem ter um

Atenção

19 Conexão Varejo

Controle como ferramenta de gestão

A estratégia de segurança deve ir além da instalação de equipamentos


Entrevista

O desbravador de caminhos

março I 2010

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Max Gheringer se tornou um dos executivos brasileiros de maior renome em território nacional na década de 1990. Foi exatamente nesta época, depois de ter presidido algumas multinacionais com presença no Brasil e ter atuado, inclusive, nos Estados Unidos, que o administrador de empresas resolveu ser dono de sua própria carreira e de seu tempo. Mudou seus rumos profissionais e transformou-se num dos consultores mais reconhecidos do País quando o tema é mercado de trabalho.

Conexão Varejo

20

O

s telespectadores do programa dominical Fantástico já conhecem esse rosto. Semanalmente, Max Gehringer dava dicas preciosas a milhares

de brasileiros que buscavam um emprego. O autor de vários livros, dentre eles “Relações Desumanas no Trabalho”, “Comédia Corporativa” e “Emprego de A a Z” fala com propriedade e experiência; afinal, o paulista de Jundiaí entrou no mundo do trabalho como office boy e tornou-se um dos executivos mais valorizados do Brasil. Formado em Administração de Empresas , foi presidente da Pepsi-Cola Engarrafadora, presidente da Pullman/Santista Alimentos, diretor da Elma Chips e diretor da PepsiCo Foods nos Estados Unidos. Foi escolhido como um dos 30 Executivos Mais Cobiçados do Mercado em pesquisa do jornal Gazeta Mercantil em janeiro de 1999. Mesmo assim, naquele ano, resolveu mudar de rumo: tornou-se consultor e palestrante. Mais uma aposta certeira. Em 2005 e 2006, foi apontado como um dos cinco melhores palestrantes do Brasil (Prêmio “Top of Mind” de Recursos Humanos). Hoje, é conhecido por seus artigos em revistas como


Época, Exame e Você S/A e por seus comentários na Rádio

Gehringer – O sucesso é o que cada um define para si mesmo, tanto em termos de cargos quanto de salários. É

CBN. No dia 23 de março, os associados do Sindilojas POA te-

por esse motivo que vemos pessoas com funções conside-

rão duas oportunidades de assistir ao vivo às dicas do Espe-

radas sem muita importância exalando felicidade, e grandes

cialista. Max Gheringer é o convidado da primeira palestra

executivos ou empresários frustrados por ainda não terem

Master promovida pelo sindicato em 2010. As apresenta-

conseguido chegar mais longe do que já chegaram. Uma

ções serão realizadas às 9h e às 20h, no Teatro do Bourbon

coisa que eu fiz, e recomendo, é celebrar cada conquista

Country (Av. Tulio de Rose, 80 - Porto Alegre).

profissional como se fosse a última. Pessoas que ficam sempre mirando no que ainda pode vir a acontecer deixam de

Conexão Varejo – O que motivou um office boy a tornar-se um dos executivos mais cobiçados do

comemorar o que realmente interessa, aquilo que elas já conseguiram.

País? Gehringer – Quando comecei a trabalhar, não tinha

Conexão Varejo – Os conceitos e predicados que

a mínima esperança de que isso viesse a acontecer. Sou de

definem um bom profissional sofreram algumas

uma geração em que a palavra ‘ambição’ era pouco declina-

mudanças nas últimas décadas. Quais as mais rele-

da. A gente arrumava um empreguinho para ajudar no or-

vantes para o senhor?

acabou sendo bom, porque nunca fui pressionado em casa para atingir posições de destaque no trabalho. Creio que tive a sorte de estar no lugar certo e na hora certa quando as oportunidades apareceram, e o mérito de estar razoavelmente bem preparado para aproveitá-las.

Gehringer – Talvez a principal seja o fato de que há 30 anos um jovem ingressava em uma empresa pensando em se aposentar nela, e

março I 2010

‘sucesso’ era apenas continuar empregado, e isso

Fiz a opção de me transformar em dono do meu próprio tempo profissional.

atualmente já entra pensando em sair se surgir

21

uma oportunidade um pouco melhor. Isso fez

Conexão Varejo

çamento doméstico e ia levando. Para meus pais,

com que a competição ficasse mais acirrada e os jovens tivessem que se preparar muito mais

e muito melhor, acumulando diplomas e aprendendo idiomas. O resultado é que, hoje, o profissional raciocina no

Conexão Varejo – O que motivou um dos execu-

curto prazo. Ele se tornou mais exigente em relação ao

tivos mais cobiçados do País a largar o mundo cor-

que uma empresa pode lhe oferecer de imediato. De resto,

porativo para lançar-se como consultor e escritor?

o que era preciso há 30 anos continua sendo necessário

Gehringer – A certeza de que a vida corporativa não

nos dias atuais: resultados acima das metas, bom relaciona-

seria eterna. Quando eu fiz a opção de deixar um emprego

mento com chefes e colegas e atualização constante, prin-

confortável para me dedicar a uma função completamente

cipalmente com a tecnologia, que mudou drasticamente a

diferente, todo mundo que me conhecia disse que eu tinha

maneira como as empresas operam e se comunicam com

perdido o juízo. Certamente era um risco, mas eu estava

seus clientes.

muito mais preocupado com outro risco – o de alguém, algum dia, em alguma empresa, me comunicar que minha hora

Conexão Varejo – Qual o principal segredo para

de parar tinha chegado. A opção que fiz me transformou em

manter-se no mercado de trabalho atualmente:

dono de meu próprio tempo profissional, algo que nunca

qualificação, bom relacionamento, desenvoltura? Es-

tive quando era executivo.

sas qualidades têm pesos diferentes dependendo do setor de atuação?

Conexão Varejo – O que é ser um sucesso? Que

Gehringer – A qualificação acadêmica é necessária, nem

parâmetros podem ser usados para medir o sucesso

tanto para alguém saltar à frente dos demais, mas para não

profissional?

ficar para trás. A questão é que a proliferação de faculdades


pelo Brasil permitiu que um diploma de curso superior se tornasse uma possibilidade concreta a preços módicos. O resultado é que estão sobrando bacharéis no mercado e faltando técnicos especializados. Hoje, um bom mecânico consegue emprego mais facilmente que um bom psicólogo ou um bom jornalista. Além disso, conhecer pessoas bem situadas se tornou tão importante quanto ter um diploma. De cada 10 boas vagas no setor privado, sete são preenchidas por indicação direta.

Livros Publicados “Relações Desumanas no Trabalho” - Editora Casa da Qualidade “Comédia Corporativa” - Editora Campus “Não Aborde Seu Chefe No Banheiro” - Editora Campus “BigMax - Vocabulário Corporativo” - Editora Negócio “O Melhor de Max Gehringer na CBN” - Editora Globo “Máximas e Mínimas da Comédia Corporativa” - Editora Gente “O Melhor de Mr. Max” - vols 1 e 2 - Editora Abril

Conexão Varejo – As competências e as qualificações necessárias para o sucesso na gestão são diferentes para grandes executivos e dirigentes de

negócios pelos motivos errados. Por exemplo, porque não

pequenas empresas, que são a maioria no varejo

gostavam do chefe. Isso não é uma opção, é mais uma fuga.

brasileiro? o dirigente de uma pequena empresa manda muito mais e

táculo para o sucesso do empreendedor varejista no Brasil?

março I 2010

Conexão Varejo – Qual acreditas ser o maior obs-

decide muito mais do que um alto executivo de uma grande empresa. O pequeno empresário é um misto de sonhador

Gehringer – São dois. O primeiro é a dificuldade para

22

e batalhador que optou pelo caminho mais difícil, o de criar

obter financiamentos a juros decentes. O segundo é con-

Conexão Varejo

Gehringer – Minha experiência me permite dizer que

seu próprio ambiente de trabalho. Apesar de as grandes em-

tratar, treinar e reter bons funcionários. O primeiro sempre

presas serem as mais citadas na mídia, 80% dos empregos

existiu, mas o segundo está se tornando mais grave, na medi-

existentes no Brasil estão nas pequenas e médias empresas.

da em que os funcionários se mostram dispostos a mudar de

Evidentemente, um pequeno empresário também precisa se

emprego por diferenças salariais até irrisórias.

atualizar, fazendo cursos específicos sobre sua área de atuação e aprendendo informática. Nada disso irá mudar radicalmente o que o pequeno empresário já é, mas permitirá que ele não seja ultrapassado pela concorrência. Conexão Varejo – O empreendedorismo é um dom ou é uma construção pessoal?

Conexão Varejo – Sob o seu ponto de vista, qual o caminho para o sucesso? Gehringer – Nunca desistir. Conexão Varejo – Que conselho darias para quem quer iniciar ou ampliar seus negócios hoje?

Gehringer – É a capacidade de enxergar a si mesmo,

Gehringer – Saber exatamente o que deseja de seus

avaliar bem suas próprias possibilidades e ter uma determi-

empregados, contratar os empregados mais adequados e

nação incomum, principalmente quando as coisas não dão

premiá-los pelos resultados obtidos. Independentemente

muito certo na primeira vez. Normalmente, um empreende-

do tamanho de uma empresa, são as contratações equivo-

dor toma a decisão de ser seu próprio patrão antes mesmo

cadas que vão ocasionar a maioria dos problemas. A ques-

de completar 18 anos. Muitos decidem arrumar um empre-

tão é que, numa empresa enorme, isso acaba sendo diluído,

go primeiro e abrir um negócio mais tarde, após acumular

mas, no pequeno varejo, transparece claramente. Isso por-

algum capital. Mas o verdadeiro empreendedor é aquele que

que, muitas vezes, um único empregado representa 25%

nunca teve dúvidas de que, cedo ou tarde, iria optar pelo

do quadro de funcionários. Numa grande empresa, o mais

negócio próprio. Nem todos dão certo, é verdade, mas a

importante são os processos. Numa empresa pequena, são

maioria dá. Os que não dão certo são os que abrem seus

as pessoas.


Responsabilidade socioambiental

Tecnologia que vem do lixo Programa reaproveita 100% dos equipamentos tecnológicos descartados por órgãos públicos.

tinação deste “lixo” tecnológico. Pois o Centro So-

cial Marista (Cesmar), localizada no Bairro Mário Quintana, em Porto Alegre, se preocupou com essa questão e fundou, em 2006, o primeiro Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC) da América Latina e a primeira unidade do Programa Computadores para Inclusão. Além de reaproveitar materiais descartados por órgãos públicos em larga escala, o programa promove a educação profissional e destina os equipamentos recondicionados aos Telecentros Comunitários, escolas e bibliotecas públicas, proporcionando a inclusão digital de crianças, jovens e adultos. O CRC possibilita o manejo responsável do lixo tecnológico produzido pela sociedade contemporânea. Com um perfil catalisador e dinamizador, é uma proposta inovadora de

Impactos do projeto na comunidade Profissionalização de mais jovens na área de manutenção em hardware Proteção às famílias vulneráveis Redução da evasão escolar Incremento na produção de computadores Aumento do processamento de sucata Empreendedorismo juvenil Reconhecimento da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Orçamento, Planejamento e Gestão Redução dos indicadores

de violência Alargamento do acesso e ingresso ao trabalho e renda na região Incremento da renda familiar Bom aproveitamento alcançado com a primeira turma de jovens capacitados Reconhecimento como Política Pública RESULTADOS Telecentros atendidos: 170 Computadores entregues: 2.100 Monitores: 2.100 Impressoras: 200 FOTO: DIVULGAÇÃO

responsabilidade socioambiental por ser um projeto de desenvolvimento econômico, produtivo e rentável, que, ambientalmente, reaproveita tecnologias descartadas e integra à rede assistência social para a juventude em risco na cidade. Através de uma ação de educação, jovens aprendem a trabalhar na área de informática, selecionando peças e componentes em condições de uso, e refabricando as máquinas, sejam computadores, impressoras ou monitores. “Não reciclam apenas equipamentos; reciclam a vida”, explica a vice-diretora do Cesmar, Rose Ceroni. O processo é estruturado em etapas: o equipamento é recebido e vai para uma oficina de teste. Depois, para o setor

lei do Jovem Aprendiz, que obriga as empresas a contratarem

de hardware, passa pela limpeza, montagem, oficina de grafite

como aprendizes entre 5% e 15% do total de trabalhadores do

(onde recebe a logomarca da Inclusão Digital) e, por último, é

estabelecimento, mas cabe ressaltar que ficam desobrigadas

configurado com um software livre.

dessa lei as microempresas e as empresas de pequeno porte.

Para participar, os jovens recebem meio salário mínimo

O programa é mantido pela USBEE - Centro Social Maris-

mensal, através do apoio de cotistas, e podem ficar cerca

ta de Porto Alegre, em parceria com o Governo Federal, por

de dois anos no CRC. Hoje, o Grupo Hospitalar Conceição

intermédio da Secretaria Nacional de Logística e Tecnologia

(GHC) cotiza 70 jovens. Há uma lista de espera para entrar

da Informação, vinculada ao Ministério do Orçamento, Plane-

no projeto, de acordo com Rose, mas é necessário o apoio de

jamento e Gestão.

mais empresas. Segundo ela, a participação é feita através da

Informações do projeto no site: www.maristas.org.br

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têm um computador, é fundamental pensar na des-

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C

onsiderando-se que, no Brasil, um terço dos lares


FOTOS CARLOS VELHO

Associadas

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Luz com estilo Quando o assunto é iluminação residencial, a Casa das Pantalhas é referência em Porto Alegre. Fundada, em 1954 pelo casal Maria da Conceição e Alcides Borges de Moraes, a empresa manteve-se sob administração familiar e hoje está em sua terceira geração. A matriz, estabelecida na Rua Coronel Feijó, 1218, é gerenciada pelo filho mais velho do casal, João Nilto de Moraes, e suas filhas. A filial, situada na Avenida Independência, 715, é comandada pelo caçula dos fundadores, Nilson, sua esposa e o filho mais novo, Rodrigo. “Nosso diferencial é o atendimento personalizado, com equipe treinada para dar suporte a seus clientes, além da variedade de modelos e estilos de luminárias”, garante Rodrigo. Entre o mix de produtos disponível na loja, o cliente encontra

Rede disponibiliza150 marcas e incontáveis estilos de luminárias

tamanhos variados de pantalhas, além de modelos com medidas especiais que podem ser feitos sob encomenda. Lustres, abajures, colunas e plafons complementam a variedade da casa. Segundo Rodrigo, o segmento de iluminação é um mercado “em que o cliente não busca uma marca específica, mas sim um modelo específico de luminária”. Em 2010, a empresa deseja reformular suas atividades através do uso da informática, buscando melhorar o atendimento ao cliente. “O Sindilojas tem se apresentado como um grande parceiro para o comércio de Porto Alegre, com suas campanhas informativas e promocionais, proporcionando um maior fluxo de negócios para seus associados”, defende Rodrigo.

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Referência há mais de meio século no setor

FOTO MILTON MORAES

Para os amantes da arte Quem procura distinção e bom gosto em objetos de decoração e obras de arte deve procurar a Galeria Edelweiss. Fundada, em 1963 pelo casal Octavio e Erica Krey, hoje a empresa é administrada pela filha Hanni, que conta com o apoio de oito colaboradores para manter o atendimento de qualidade. A matriz localiza-se na Rua dos Andradas, 1805, no Centro Histórico de Porto Alegre e, desde 1990, conta com uma filial na Rua Coronel Bordini, 1665, no bairro Auxiliadora. Arte do Rio Grande do Sul, o MARGS, a Galeria Edelweiss possui um perfil de clientes diversificado, pois agrega não apenas decoradores e especialistas da área, mas também profissionais liberais e empresários dos mais diversos segmentos. “Nosso diferencial é contar com bons fornecedores, o que traz credibilidade ao produto, sempre aliado ao bom preço”, afirma Hanni. Para ela, contar com o Sindilojas é confiar sempre na representatividade do setor varejista.

FOTO MILTON MORAES

Empresa parceira da Associação de Amigos do Museu de

Administração familiar garante a manutenção do estilo


Associadas

Para não desafinar Referência de qualidade em música. Esta é a prioridade da Casa Beethoven, fundada na década de 1930 por Arthur Pizoli e administrada pela família de Adail Fossati desde 1985. Em parceria com a filha Loraine e o auxílio de mais dois colaboradores, eles garantem o bom atendimento, aliado a um mix de produtos que faz da loja um dos nomes de maior destaque no mercado musical. “Meu pai sempre fala que música não apenas traz alegria, mas reúne pessoas”, comenta Loraine, lembrando da época em que a Casa Beethoven era ponto de encontro de renomados artistas, como Rui Silva e

Loja servia de ponto de encontro para artistas locais

Norberto Baldauff. Para ela, o diferencial da loja é estar permanentemente atualizada com as novidades do setor, além da orientação ao cliente na hora da compra. “Não adianta março I 2010

apenas ter o produto, é necessário conhecê-lo bem, que seja de qualidade”. Para este ano, o empreendimento tem como objetivo

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manter-se como referência no mercado, sempre em busca de novas parcerias. “Para nós, o Sindilojas é um suporte prioritário ao lojista, pois está sempre pronto a nos auxiliar em todos os sentidos, com foco no bem-estar dos associados”, destaca Loraine.

“Nosso produto é uma demonstração de amor”. É com este lema que Tatiane Londero define a loja Vivendo Mellhor. Nora da fundadora, Maria Odila Londero, elas administram o empreendimento estabelecido há 14 anos. A matriz, na Rua Felipe Camarão, 681, conta hoje com duas filiais: uma no Shopping Total e outra em Torres, no Litoral Gaúcho, aberta de dezembro a março. A Vivendo Mellhor é a primeira loja do Sul do País com o foco no conceito “Qualidade de Vida”. O mix de produtos inclui roupas, chapéus com proteção solar, travesseiros contra ronco, modeladores, aromaterapia, magnetoterapia e produtos que melhoram a circulação. Para este ano, há duas novidades: a confecção de roupas ecologicamente corretas, 100% elaboradas com garrafas de plástico, e a ampliação da loja no Shopping Total. Segundo Tatiane, contar com o respaldo do Sindilojas é essencial

FOTO: DIVULGAÇÃO

Para viver melhor

Loja investe na prevenção e no bem-estar

para esclarecer as dúvidas do setor. “É uma parceria muito importante, pois a entidade nos dá o suporte necessário para as informações de que precisamos”, destaca a empresária. Informações pelo site www.vivendomelhor.com.


Sindinews

Agende-se

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O XXIII Fórum da Liberdade, um dos maiores eventos de debate e discussão de ideias da América Latina, já está com as datas definidas para a sua realização. O Fórum, que conta com o apoio do Sindilojas, terá como debate “Seis Temas para Entender o Mundo, a Cultura das Civilizações”, e acontecerá nos dias 12 e13 de abril, no Centro de Eventos da PUC (Av. Ipiranga, 6681), em Porto Alegre. Dentro do tema foram formados seis painéis, onde serão discutidos o Capitalismo; o Socialismo; a Inflação; Política e Ideia; o Intervencionismo; e o Investimento Estrangeiro.

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Os palestrantes serão: Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, presidente do Conselho de Administração da BM&F Bovespa e sócio-fundador da Gávea Investimentos; Pedro Moreira Salles, presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco Banco Múltiplo S.A., diretor geral da Brasil Warrant Administração de Bens e Empresas Ltda. e vice-presidente do Conselho de Administração da Porto Seguro S.A.; Eduardo Marty, diretor executivo da Junior Achievement da Argentina; Eliodoro Matte Larrain, presidente do Conselho de Administração das Empresas CMPC S.A., diretor do Banco Bice e do Bice Corp e da Minera Valparaíso; Xingyuan Feng, professor da Academia Chinesa de Ciências Sociais, vice-presidente do Instituto Cathay para Assuntos Públicos (CIPA) e professor visitante no Centro Interdisciplinar para Ciências Econômicas da George Mason University (EUA); Marcel Granier, diretor geral e presidente do Conselho de Administração da RCTV e presidente executivo das Empresas 1BC; Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Gerdau, integrante do Conselho Consultivo do Escritório brasileiro do David Rockfeller Center for Latin American Studies, (EUA); Rodrigo Constantino, colunista do jornal O Globo, colaborador da revista Voto e da Coluna de Gestor do jornal Valor Econômico; é membro-fundador do Instituto Millenium e diretor do Instituto Liberal; Henrique Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil desde janeiro de 2003; foi presidente do Global Banking do FleetBoston Financial e presidente Mundial do BankBoston; Helio Beltrão, presidente fundador do Instituto Mises Brasil, fundador e membro do Conselho de Governança do Instituto Millenium; Arthur Badin, presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para o mandato 2008/2010. Inscrições: http://www.forumdaliberdade.com.br/fl2010/.

Marcas de Quem Decide Mais uma vez, o Sindilojas POA está presente na pesquisa Marcas de Quem Decide, um levantamento realizado pela Qualidata em parceria com o Jornal do Comércio sobre lembrança e preferência de empresários, executivos e profissionais liberais do Rio Grande do Sul. A divulgação das marcas que estão na cabeça dos gaúchos aconteceu no dia 9 de março, no Centro de Eventos do Plaza São Rafael.

Abertura do comércio aos domingos na Capital Desde 2 de agosto de 2002, o comércio de Porto Alegre está autorizado a abrir suas portas aos domingos. Nesta data, o então Des. Clarindo Favretto concedeu liminar em ADIN para suspender a vigência da Lei 7.109/92, que proibia o funcionamento das lojas com empregados aos domingos em Porto Alegre. O Tribunal de Justiça Gaúcho manteve a liminar e, em outubro de 2003, julgou o mérito da ação para declarar a inconstitucionalidade da lei proibitiva. Esta decisão, entretanto, foi objeto de recurso para o Supremo Tribunal Federal. No último dia 8 de fevereiro, a publicação de decisão do Ministro Carlos Ayres Britto colocou um ponto final na discussão ao negar seguimento ao recurso. Segundo o advogado Eduardo Caringi Raupp, sócio do escritório Flávio Obino Fº Advogados, que acompanhou a ação, “a decisão transitou em julgado, pois não cabem mais recursos”. Para Raupp, a decisão é importante, pois a população portoalegrense já se acostumou com o comércio aberto aos domingos, consagrando a data como o segundo melhor dia de vendas da semana, perdendo apenas para o sábado. “O comércio aos domingos é um dos fatores para o crescimento da economia da cidade, gerando reflexos, inclusive, na taxa de emprego”, conclui Raupp.



Conexรฃo Varejo

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