expediente
editorial
“O Brasil merece a verdade”
A
frase do título foi veiculada na propaganda do PSBD, exibida em março, durante o horário nobre nas diversas emissoras de TV. Uma tentativa de desqualificar o discurso da presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral, bem como o seu governo. Aproveitamos para enfatizar que nós concordamos absolutamente com esta afirmação, e exigimos a verdade, doa a quem doer. A priori, não temos dúvida de que quem mais sonegou e sonega a verdade do povo brasileiro são os tucanos. E o fazem amparados por uma mídia oportunista que blinda os líderes tucanos até hoje, omitindo os podres dessa súcia de seus noticiários. O povo merece saber, por exemplo, que foi o presidente Fernando Henrique Cardoso, por intermédio do Decreto 2.745 de 24/08/1998, que alterou o processo licitatório para contratação de empreiteiras, serviços, compras e alienações na Petrobras. A justificativa era “simplificar” as contratações na estatal. Essa informação é de conhecimento público e ratifica o que dizem os próprios delatores da operação “Lava Jato”: que o pagamento de propina na Petrobras acontecia há pelo menos 18 anos. Os brasileiros merecem saber, por exemplo, que o senador Aécio Neves foi quem mais recebeu doações para sua campanha a presidente de donos de contas secretas no HSBC, R$ 1,2 milhões. De acordo com o Swiss Leaks (mapa interativo da distribuição dos clientes e valores por país, há brasileiros e gente de todo o mundo
nessa lista), além de Aécio, seu partido PSDB recebeu R$ 1,7 milhões, Marina Silva, R$ 100 mil. Dilma Rousseff não recebeu nada. O povo merece saber que os titulares dessas contas secretas no HSBC são 8.667 ricaços brasileiros. O dinheiro é sujo, fruto de sonegação fiscal, desvio de verbas públicas, ganhos ilícitos, etc. O montante desviado para essas aplicações soma R$ 20 bilhões. Só para se ter uma ideia, o custo da corrupção na Petrobras, de acordo com estimativas do Ministério Público Federal, é R$ 2,1 bilhões, 10% do que foi desviado através do HSBC. O escândalo do Swiss Leaks, embora envolva o desvio de uma verdadeira fortuna, não tem qualquer destaque na mídia, já o “Lava Jato” não sai do noticiário. Quer saber por quê? Porque da lista do HSBC constam vários empresários e políticos aliados do PIG (partido da imprensa golpista), bem como os donos da mídia brasileira, tais como os grupos Globo, Bandeirantes, Folha de São Paulo/UOL, Rede CBS, Ratinho, dono da Rede Massa (PR). O grupo Folha, por exemplo, fez depósitos no HSBC um mês após a posse de Collor, e especula-se, inclusive, que tenha se beneficiado de informações privilegiadas, já que nessa época houve o bloqueio de contas. É por merecermos a verdade que não podemos nos deixar levar por uma mídia golpista e hipócrita. Os tucanos estão contra a CPI do HSBC. Não querem porque estão atolados até o pescoço nesse lamaçal. Nós exigimos a CPI porque merecemos a verdade. A Diretoria
INTERATIVA
Publicação do Departamento de Imprensa do Sinttel-Rio DIRETOR: Marcello Miranda EDIÇÃO: Socorro Andrade
TEXTOS: Socorro Andrade e Simone Kabarite
REVISÃO: Socorro Andrade e Simone Kabarite
CAPA, PROGRAMAÇÃO VISUAL E ILUSTRAÇÕES: Alexandre Bersot EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: L&B Comunicação Ltda
5.000 EXEMPLARES - Distribuição gratuita - Permitida a reprodução desde que citada a fonte. 2015
Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro Rua Morais e Silva, 94 - Maracanã - Rio de Janeiro - RJ 20271-030 - (21) 2204-9300 - www.sinttelrio.org.br Filiado à CUT e à Fenattel
soberania
A Petrobras é do povo brasileiro A Petrobras nunca esteve tão em evidência como agora. Nos últimos meses, a empresa, recorrentemente, ganha as manchetes. Não pelos feitos alcançados, que a fizeram símbolo do desenvolvimento brasileiro, mas pelos escândalos de corrupção que abalaram toda a estrutura administrativa da estatal. Diante de cenário tão nebuloso, faz-se necessário descortinar o que está por trás dos tais interesses da mídia e dos poderosos. Socorro Andrade
Simone Kabarite
A
quem interessa criar imagem negativa de uma das maiores corporações petrolíferas do mundo? Resgatar a pujança da Petrobras nestes 63 anos, que a transformou numa referência em pesquisa e tecnologia na exploração de petróleo, não parece mesmo ser o objetivo de quem está mais interessado em destruí-la. Com a enxurrada de denúncias de corrupção em vários escalões da Petrobras, a mídia golpista se aproveita do aparecimento destas irregularidades e desenvolve forte campanha para desmoralizar a empresa. O intuito é claro: facilitar a vida daqueles que querem ver um patrimônio do povo nas mãos da iniciativa privada. As críticas e denúncias não visam à punição dos corruptos, que devem, sim, responder pelos crimes cometidos, após, evidentemente, a conclusão de apurações isentas. Mas a mídia tem optado, com objetivos claros, por satanizar o PT e blindar o PSDB de seus noticiários, como se este último não estivesse envolvido no escândalo. Todos os fatos indicam que o esquema de propina na Petrobras já existia desde a década de 90, inclusive, em proporções
ATO EM DEFESA da Petrobras dia 13/03/15, no Rio
muito maiores que hoje. Numa evidente manipulação, a mídia foca o caso especialmente nos anos 2000. Ao assumir o papel de “investigadora” e “defensora” dos interesses da sociedade, a mídia conservadora manipula descaradamente os fatos. Uma simples denúncia vira prova suficiente para punição. Pior, estende os crime à esfera política, associando todo e qualquer ato de corrupção na Petrobras a uma ardilosa tentativa de golpe, planejado para derrubar a presidente Dilma Rousseff (eleita legitimamente pelo povo brasileiro) e, assim, desvalorizar a empresa e entregá-la ao capital internacional, algo inaceitável no regime democrático.
Além de esconder em seus noticiários que a prática de corrupção na empresa ocorre há pelo menos duas décadas, a mídia omite da sociedade que foi justamente nos últimos anos que estes fatos vieram à tona. Graças a maior autonomia dada pelo governo à Polícia Federal e ao Ministério Público, bem como o afastamento de profissionais habituados a engavetar processos, foi possível conferir agilidade às investigações e desmontar quadrilhas que atuavam em vários setores administrativos. Em que momento na história desse país a sociedade viu empresários irem para cadeia por ter pago propina? Foi o que aconteceu no governo atual com a prisão de empreiteiros
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poderosos e considerados “os donos do Brasil”. É essa mudança de valores que deveria ser ressaltada pela mídia. Em seu discurso de posse, a presidente Dilma defendeu a apuração das irregularidades na Petrobras, porém, sem enfraquecer a estatal e sua importância para os avanços econômicos, sociais e científicos do país. Ela afirmou, ainda, em recente entrevista coletiva, que se os casos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados na década de 90, quando o país ainda era governado pelo PSDB, os desvios teriam sido paralisados e não se perpetuariam até hoje. A reação a essa espécie de terrorismo criado por especuladores e a grande imprensa em torno da Petrobras veio de vários setores da sociedade. A CUT e a FUP realizaram em fevereiro um ato na ABI em defesa da estatal. O evento contou com a participação de intelectuais, artistas, políticos e representantes de movimentos sociais, que, ao lado do presidente Lula, resgataram o
1939 Primeiro poço
Antes da criação da Petrobras, é perfurado o primeiro poço brasileiro na Bahia
valor da maior empresa nacional para o desenvolvimento do Brasil, e defenderam sua permanência como patrimônio do povo brasileiro.
o petróleo é elemento estratégico de negociação e poder entre as grandes potências mundiais. Por isso é alvo de disputas e moeda de troca global. POR TRÁS DOS O atual modelo de exploraATAQUES DO PIG ção do pré-sal é o de partilha, O discurso hegemônico da onde, mesmo após sua extraimprensa contra a Petrobras ção, o petróleo continua a ser encobre seus reais objetivos de propriedade da União. A econômicos e políticos. Além empresa vencedora da licitada obsessão em derrubar o PT, ção tem direito a uma parceque segue seu la do produto, quarto mandaporém, o Es“O valor da Petrobras to referendado tado fica com, pelo voto do não se resume apenas no mínimo, povo brasilei- ao seu valor de 41,65%. Esse ro, a direita, mercado. O seu valor modelo, defenhá anos domidido pela Prenando o país é intangível e está sidente Dilma, com seus pro- totalmente relacionado garante um vojetos escusos, à própria ideia de lume maior de assume, sem recursos ao gopudor, que de- desenvolvimento e verno, que desseja interferir progresso do Brasil” tina royalties no planejamenpara saúde, to da empresa e na política do educação e programas sociais. pré-sal, para voltar a se beneJá o modelo de concessões ficiar economicamente com a amplia os benefícios do merdebilidade promovida por esta cado e dos negócios privados, odiosa campanha difamatória. que destinam apenas um valor Desde o início do século XX, fixo para a União e embolsam
1953
Descoberto petróleo no campo de Guaric ano, na Bacia de Cam primeiro poço subm
O presidente Getúlio Vargas cria a Petrobras em 3 de outubro daquele ano
A campanha “O Petróleo é nosso’ era contra a participação de capitais privados na exploração do petróleo
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Petróleo no mar
Fundação
1947
“O Petróleo é nosso”
1968
1961
Inauguração Reduc
A Petrobras inaugura a primeira refinaria construída pela empresa, a Refinaria Duque de Caxias, no Rio
o lucro limpo obtido com a matéria-prima extraída.Esse modelo de concessões é defendido pelos barões da mídia porque abre caminho para as empresas nacionais e internacionais explorarem nossa riqueza e aumentarem sua influência no mercado. Com isso, diminuem a participação do Estado na economia e na sociedade, aumentando a influência do capital privado estrangeiro na indústria do petróleo, cujo único objetivo é o acúmulo de fortunas. Daí para a privatização da Petrobras seria um pulo! A intenção é óbvia, usurpar uma das maiores riquezas naturais, rara e poderosa, pertencente ao povo brasileiro; diminuir o controle do Estado; e entregar a maior empresa brasileira de bandeja para a exploração das grandes petrolíferas internacionais. “O PETRÓLEO É NOSSO” Não é de hoje que há interesse na abertura do capital privado para a exploração do chamado “ouro negro” brasileiro. Em 1947, com o slogan
“O petroleo é nosso”, uma grande campanha em defesa da estatização do petróleo foi alavancada por nacionalistas e intelectuais. Foi a resposta dada à proposta de exploração internacional do petróleo, enviada pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra ao Congresso. O argumento de Dutra, à época, era de que o governo não possuía recursos para investir e que faltavam profissionais técnicos especializados. Em 1951, o presidente Getúlio Vargas criou o Projeto de Lei para a criação da Petrobras, aprovado dois anos depois pelo Congresso Nacional, após muita disputa e polêmica. Portanto, o que está em jogo agora é a história dos brasileiros que lutaram ao longo de décadas para criar e desenvolver conhecimento técnico e científico legitimamente nacionais, que possibilitaram a descoberta dos poços mais profundos do planeta. Isso transformou a Petrobras na principal referência no campo da exploração de petróleo a
1984
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Campos gigantes
e poço submarino
o em mar pela primeira vez, cema, em Sergipe. No mesmo mpos, no Rio, foi perfurado o marino
A década marca o início da descoberta dos campos gigantes. O primeiro foi encontrado na Bacia de Campos, o Campo de Albacora
2007 Pré-sal
São anunciadas grandes e promissoras reservas de pré-sal, nos campos de Tupi e Libra , na Bacia de Santos. O regime para o pré-sal passa a ser o de partilha
1979
2006
Começa a comercialização de álcool hidratado como combustível para automóveis
O governo anuncia que o Brasil atinge a autossuficiência na produção de petróleo
Álcool
milhares de metros de profundidade, bem como a centenas de quilômetros da costa. Como se não bastasse a Petrobras foi a empresa mais premiada da história da OTC (Offshore Technology Conferences), o “Oscar” tecnológico da exploração de petróleo em alto mar, realizada a cada dois anos, na cidade de Houston, no Texas (EUA). Os investimentos em formação e tecnologia foram imensos. O Brasil possui, hoje, uma das maiores estruturas do mundo em pesquisa e desenvolvimento nesta área. O valor da Petrobras não se resume apenas ao seu valor de mercado. Ele ultrapassa toda e qualquer tentativa de mensurar qual é o seu peso em cifras. O seu valor é intangível e está totalmente relacionado à própria ideia de desenvolvimento e progresso do Brasil. É o símbolo das lutas daqueles que defenderam, desde sempre, sua soberania. Ela é dos que se arriscaram e dedicaram seus esforços e competências para o crescimento do país. Ela é do povo brasileiro.
Produção autossuficiente
2015 Prêmio OTC
Pela terceira vez, a Petrobras ganha o maior prêmio da indústria de petróleo e gás offshore mundial,em Houston (EUA), pelas tecnologias desenvolvidas para a produção da camada Pré-Sal
“Se oriente rapaz pela rotação da Terra em torno do Sol”, já dizia a música Oriente, de Gilberto Gil, composta em 1972. Um conselho, talvez para nós ocidentais desatentos, presos dentro de nós mesmos e na ideia de que o mundo gira ao nosso redor. A busca pelo autoconhecimento sempre foi intrínseca ao homem desde o início da civilização e sempre foi vista como a verdadeira fonte de poder universal. Os gregos já diziam: “ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os Deuses.” Luana Laux*
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as, é na Índia que todo ano milhões de turistas de diferentes lugares do mundo, e em grande parte ocidentais, vão para o que chamam de uma jornada espiritual. Só em 2012 o número de turistas estrangeiros, de acordo com o Ministério do Turismo indiano, foi de 6,6 milhões. Grande parte destes turistas são o que chamamos de buscadores (indivíduos em busca do autoconhecimento) e vão à procura das chamadas filosofias orientais, entre as mais conhecidas estão o bramanismo, o hinduísmo, o tantra, o budismo, o jaismo, o sikismo e o yoga. Estes buscadores, geralmente, procuram realizar a prática destes conhecimentos nos ashrams - comunidades hindus que abrigam peregrinos, estudiosos do hinduísmo e sérios
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Luana Laux
viagem
India
praticantes de purificação física e espiritual. Num mundo em que a ciência a cada dia dá mais trabalho para a morte fica difícil não pensar o significado da vida. A busca pelo sentido da existência foi justamente o que motivou a advogada Patrícia Oliveira de Macêdo a ir à Índia pela primeira vez aos 40 anos, em 2011: “eu sempre fui muito angustiada e triste e ir para a Índia foi uma busca por um consolo, ou melhor, um sentido para a vida. Ir para a Índia é sempre uma busca por respostas e um encontro comigo mesma”. ALÉM DO OCIDENTE Segundo Heinrich Zimmer, autor do livro Filosofias da Índia, a preocupação fundamental na filosofia indiana - em contraste com os interesses dos filósofos ocidentais - foi sempre
a transformação e não a informação. “Uma mudança radical da natureza humana e, com isto, uma renovação na sua compreensão, não só do mundo exterior, mas também de sua própria existência. Transformação esta tão completa que pode levar a um verdadeiro renascimento”, explica o autor. Nesse sentido, a filosofia indiana tem laços mais estreitos com a religião do que o pensamento crítico tradicional do ocidente. Muito antes das teorias psicanalíticas ocidentais de Freud tomarem conta do pensamento ocidental, a partir do século XX com a definição de “Eu” ou “Ego”, as filosofias indianas já estudavam cerca de sete séculos antes de cristo a existência do “Eu” ou do “Atman”, palavra em sânscrito que significa alma ou sopro vital, espécie de espírito individual imutável que, na verdade, seria um refle-
um oriente a caminho do eu xo da alma universal. Para os orientais, o grande objetivo é a iluminação total do indivíduo. Quando o Ser transcende qualquer consciência do tempo, espaço, causa (Karma). É a total diluição do senso individual (ego). Um estado pleno livre da pulsão do desejo tão inerente à sociedade do consumo. A palavra “desejo” é um símbolo do que nós, ocidentais, chamamos de vida. Nesse sentido, a vida se limita à projeção dos desejos. Ou seja, não estamos à procura do que somos, mas dos objetos, bens, ou padrões sociais desejados. BAGAVAD GITA Bhagavad Gita (A Sublime Canção) é um dos mais célebres textos hindus sobre autoconhecimento. O próprio Gandhi se referia à Gita como “a sua mãe”, já que a obra foi o seu consolo, após a morte dela quando ainda era criança. O livro narra os ensinamentos de Krishna para Arjuna. Um jovem príncipe que perdeu o reino para seus próprios parentes e precisa reconquistá-lo. “Arjuna é o Eu humano, cujo reino foi usurpado pelo ego, e Krishna é o Eu plenamente realizado, que o convida a fazer a sua auto-realização, derrotando seus parentes - os sentidos, a mente e as emoções - que , no homem profano, usurpam injustamente o domínio do divino Eu” (Bhagavad Gita). Para alcançar a libertação do espírito é preciso cortar a própria carne, eliminar o seu falso “Eu”, o ego.
O HINDUÍSMO O hinduísmo é considerada uma das religiões mais antigas do mundo. Acredita na reencarnação (denominada de samsara). Controlar o samsara é a lei do karma - fenômeno acumulado por todos os indivíduos ao longo da vida. De acordo com esta lei, boas ações criam bons karmas e más ações criam karmas negativos que serão levados para as vidas posteriores. O objetivo final é a moksha - a transcência do fenômeno da existência e o fim do sofrimen-
"É preciso fazer as pazes com a morte para entender o seu princípio mais profundo: a morte livre do morrer, do pavor, do vazio" to e do ciclo de renascimento. Os hindus acreditam que quem morre em Varanasi, cidade mais sagrada da Índia, também se liberta do moksha. Infelizmente, os hindus possuem a crença de que o bom karma pode, numa vida futura, colocar a pessoa em um lugar mais alto no sistema de castas (divisão social composta por grupos hereditários, no qual a condição econômica do indivíduo passa de pai para filho). Este fato aumenta ainda mais a desigualdade social da Índia. Embora a Constituição indiana rejeite a discriminação com base na casta e esta tenha deixado de existir nas grandes
cidades, ainda persiste na zona rural do país. MORTE E VIDA Para o oriente só é possível entender a vida quando pensamos a morte. Sogyal Riponche, mestre budista conhecido internacionalmente, faz uma severa crítica a visão da sociedade moderna a respeito da morte: “é um deserto espiritual em que a maioria imagina que esta vida é tudo o que existe. Vivem todos destituídos de um significado supremo. Ao crer que só existe uma vida, a sociedade não desenvolve uma visão a longo prazo, a destruição do meio ambiente é um exemplo disso. Agimos como se fôssemos a última geração do planeta “, adverte Riponche. É preciso fazer as pazes com a morte para entender o seu princípio mais profundo: a morte livre do morrer - livre do pavor , do vazio e da incompreensão do sentido da existência. Em todo o sul da Ásia existe uma saudação: “Namastê”. A palavra é dita quando duas pessoas se encontram, no início de uma comunicação, elevando-se as mãos na altura do coração. Significa “eu te reverencio”, ou num sentido mais amplo: “o deus que habita em mim saúda o deus que há em você”. Seguimos assim, então, infinitos planetas em torno do sol, sem esquecer que nós também somos sóis. Namastê! *A jornalista Luana Laux esteve na Índia no período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014.
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capa
CALL CENTER
O setor de call center é um dos maiores do segmento de todo o país, em sua maioria esmagadora composto por mul
ALÉM DO BRASIL , a Contax está na Colômbia (foto), Argentina, Peru, EUA e Espanha
Socorro Andrade
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uase a metade desses trabalhadores (45%) está entrando no mercado de trabalho, iniciando a vida profissional e tem no mínimo o ensino médio, concluído em escola pública. Na distribuição dentro do call center cerca de 45% atuam no serviço de atendimento ao cliente (SAC), 23% na recuperação de crédito, 22% em televendas e 10% em outras atividades. Do total de 1,4 milhões de trabalhadores, cerca de 550 mil são terceirizados e 850 mil atuam nos call centers próprios das empresas. O setor
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registra uma altíssima rotatividade, estimada em 7% ao mês. Por que será? Esses dados são de 2012, resultado de uma pesquisa realizada pelo sindicato paulista das empresas do setor. O estudo, encomendado pelo sindicato patronal, confirma a existência de abusos, desrespeito aos direitos trabalhistas, prática de assédio moral, baixos salários, péssimas condições de trabalho, etc. Os relatos dos trabalhadores são os mais chocantes , mal podemos acreditar, mas, infelizmente, são fatos, e não ficção. Após iniciar suas atividades, nem que o prédio desabe, arda
em chamas, esses empregados são liberados. Pelo contrário, são obrigados a permanecer em seus postos como se a eles estivessem acorrentados. Na Contax Rio de Janeiro, de acordo com denúncias ao Sindicato, mesmo faltando luz os operadores foram obrigados por seus supervisores a continuarem atendendo, usando para isso a tênue luz dos terminais de computador. Inacreditável, mas é verdade. A Telesoluções/Genti, que fechou as portas na calada da noite dando um calote nos empregados, foi outra que manteve os trabalhadores presos em seus postos, mesmo com mui-
o inferno é aqui
e serviços, com cerca de 1,4 milhão de trabalhadores em lheres, estudantes e jovens na faixa etária de 18 a 30 anos tos passando mal com o cheiro da tinta fresca da pintura recente do setor. Só depois do Sinttel acionar a Defesa Civil e esta interditar o local é que a empresa liberou os trabalhadores, entre estes grávidas que já estavam passando mal. SENZALA MODERNA Por fora, os prédios de call center não lembram em nada as antigas senzalas do Brasil Colonial. A aparência, especialmente dos novos, se assemelha a grandes shoppings centers. Mas, lá dentro, ao invés de lojas, restaurantes e lazer, os trabalhadores descrevem histórias sinistras de opressão, estresse e abusos. Na frente dos prédios o movimento é frenético. Sempre sincronizado com uma multidão de jovens saindo e outra multidão entrando. O alvoroço é grande. Os que saem parecem ansiosos para se afastar daquele ambiente de tortura. Quem entra, faz o movimento contrário, mas igualmente apressado para se “logar” (sentar no PA e digitar sua senha que é o seu cartão de ponto) na hora certa e não sofrer punições ou ter os minutos de atraso cortados. As práticas de submissão pouco ficam a dever aos castigos físicos das antigas senzalas. Aqui elas são mais sutis.
O tronco e o chicote também foram substituídos. “Hoje o tronco é o próprio PA (posto de atendimento) de onde, após sentar, o trabalhador só pode sair com autorização do chefe que controla todos os seus movimentos exigindo mais e mais produção e a superação de metas absurdas, tal qual um feitor ” exemplifica Carlos Amaral, empregado da Contax e diretor do Sinttel-Rio.
"A impressão que tive é de que esses trabalhadores agem como autômatos, tal qual a voz magnética que ouvimos quando ligamos para um SAC" Como repórter, visitei alguns call centers no Rio de Janeiro. A impressão que tive é de que esses trabalhadores agem como autômatos, tal qual a voz magnética que ouvimos quando ligamos para um SAC em busca da solução de algum problema. De acordo com seus relatos ao Portal GI, eles chegam a receber de 40 a 130 ligações ao dia, dependendo do fluxo de espera. Isso já revela uma rotina de tortura. Em outro relato um operador diz: “eu me apresentava, ele falava o problema, havia
oito sistemas abertos na minha tela, que eu tinha de checar para resolver o caso dele. Porém, se ficasse 30 minutos com esse cliente, no próximo atendimento teria que diminuir o tempo, para 3 ou 4 minutos, para compensar no final do dia o tempo que fiquei com o cliente de meia hora.” Ele continua “quando existe uma fila de espera de clientes, a supervisão pressiona para ter um TMA (tempo médio de atendimento) mais baixo”. Essa, aliás, é uma reclamação comum dos teleatendentes no Sinttel-Rio. SALÁRIO MÍNIMO Diante de tais relatos, nos perguntamos: o que leva tantos jovens a buscar essa opção de trabalho? De acordo com os diretores do Sinttel-Rio ouvidos pela Interativa, Ricardo Pereira, Alan Dias, Carlos Amaral e Rêneo Augusto, eles são seduzidos pela jornada de trabalho de 6 horas diárias e 36 horas semanais. Isso é tudo que um jovem que termina o ensino médio e quer fazer uma faculdade precisa (tempo para estudar e de quebra um salário para custear os estudos). Mas a ilusão do “emprego ideal” se desfaz nas primeiras semanas de trabalho no call center e tudo que esse jovem deseja a partir daí é cair fora,
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se livrar do inferno que é a rotina no teleatendimento. “Entrei na Contax cheia de ilusões. Queria trabalhar meio expediente e ainda ganhar dinheiro para investir na minha formação, me profissionalizar melhor. Menos de um mês depois estava decepcionada”. Foi o que disse a Interativa uma jovem operadora que fazia sua homologação na sede do Sinttel. Pedindo para não ser identificada, ela disse que ainda aguentou ficar dois anos lá. “Sai quando percebi que se continuasse ia enlouquecer”. A jornada reduzida que a levou a aceitar o emprego é uma falácia, pois além das de 6 horas diárias, os trabalhadores são obrigados a fazer plantão nos finais de semana.
Teleatendentes do Rio faze ceram diante dos prédios, ao lado dos dirigentes sindicais, denunciando os abusos e gritando palavras de ordem. Mesmo diante de toda adversidade, decorrente da própria atividade profissional que dificulta a organização dentro do ambiente laboral, os trabalhadores mostraram que são capazes de se organizar, sair da inércia e lutar por melhores salários, fim dos abusos e condições dignas de trabalho. Os patrões não acreditavam na greve e subestimaram a capacidade de mobilização e unidade da categoria, tudo isso somado à indignação e revolta de todos com as pro-
Cansados dessa rotina de abusos e diante da inflexibilidade das empresas em atender às suas reivindicações, os trabalhadores do Rio de Janeiro fizeram no dia 17 de dezembro de 2014, às vésperas do Natal, a primeira greve do setor na história da categoria em todo o país. A greve foi de apenas 24 horas. Uma advertência para forçar as empresas a reverem suas posições e apresentarem uma proposta que assegurasse pelo menos o piso salarial de R$ 1089,00. E foi um sucesso em termos de adesão e de participação ativa dos trabalhadores, que permane-
Alto índice de adoecimento O trabalho estressante aliado a um ambiente inadequado sem manutenção regular (mesas e cadeiras quebradas, má refrigeração, etc) são o estopim para o elevado índice de adoecimento dentro dos call centers. Problemas que em muitos casos incapacitam o empregado, jovens que estão entrando no mercado de trabalho. De acordo com a diretora do departamento de Saúde do Sinttel-Rio, Edna Maria do Sacramento, mais de 95% dos problemas de saúde no setor são decorrentes do trabalho, provocados pelo estresse ou pela pressão psicológica por cumprimentos de metas. Os problemas vão desde os psicológicos, como a síndrome de pânico, depressão, ansieda-
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de, síndrome de Burnout (esgotamento físico profissional) a problemas físicos como perda auditiva, perda da voz, lesões por esforço repetivo (LER), entre outros. Para burlar o INSS, as empresas não fornecem ao empregado a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Ao sonegar esse documento, além de não ser incluída na lista dos maus empregadores, aqueles com alto índice de acidentes, se livram de garantir às vítimas a estabilidade provisória no retorno da licença. Para se livrar desses dois incômodos as empresas de call center costumam liberar os empregados por meio de auxílio doença (B31), ou seja, como se a sua doença não ti-
Socorro Andrade
Aroldo Pereira, operador da Claro, lesionado em 2006
vesse nexo ou relação com o trabalho executado. “Em muitos casos, percebendo nexo da doença com o trabalho exercido pelos empregados os médicos ou o próprio INSS encaminham os trabalhadores para o Sindicato e este, dentro das suas prerrogativas legais abre a CAT. 100% dos atendimentos feitos pelo departamento de saúde do Sindicato são de acidente de trabalho (B91),
em a 1ª greve da história postas apresentadas e com o regime de opressão reinante nos call centres. Incrédulos diante da adesão maciça ao movimento, ao invés de reabrirem o diálogo e avançarem nas negociações para pôr fim ao impasse, preferiram agir como senhores de escravos e partir para a ameaça e a retaliação. Para o Sindicato, essa greve é um marco na história da categoria. Os trabalhadores não alcançaram todos os seus objetivos, mas hoje sabem a força que têm e sabem que podem parar o setor, agora não apenas por 24 horas, mas por tempo indeterminado.
Camila Palmares
A GREVE DO Rio foi um sucesso e contou com a adesão maciça dos trabalhadores
embora tenham sido caracterizado pelas empresas com auxílio doença (B31)”, diz Edna. Segundo ela, em cerca de 90% desses casos o Sindicato consegue, com a abertura da CAT, reverter o auxílio doença em acidente de trabalho, garantindo aos trabalhadores os direitos previstos em lei. GRAU DE RISCO Entenda porque as empresas evitam reconhecer os casos de acidente de trabalho e fornecer a CAT: O grau de risco das empresas é dimensionado por uma escala numérica de 1 a 4, referente à intensidade do risco (nível 1 risco mínimo 4 nível risco máximo) isso, de acordo com a atividade econômica da empre-
sa, descrita na Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE). O fator Acidentário de Prevenção (FAP) e o Nexo Técnico Epidemiológico é caracterizado pelo INSS observando o CID (código da doença) e as classes da CNAE. O acidente de trabalho será caracterizado tecnicamente pela perícia médica do
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Socorro Andrade
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INSS, mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo. Para burlar a CNAE as empresas sonegam informações sobre suas próprias atividades ou modificam a sua natureza. A Contax, por exemplo, na descrição de suas atividades não se caracterizou como empresa de call center, dessa forma como poderia causar LER, perda auditiva, distúrbio de voz ou transtornos mentais, etc? Doenças relacionadas diretamente à atividade de teleatendimento. Na CNAE registro 6209120, a Contax é designada como uma empresa de suporte técnico, provedores de serviços em tecnologia da informação. Seu nível de risco é 2, ou seja, mínimo. O que é um absurdo!
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Vanessa Batista (Telsul), lesionada em 2005
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Interdição da Contax em Recife revela abusos A grave situação de descaso e abuso das empresas de call center para com seus empregados veio a público no final de janeiro deste ano, quando inspetores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) interditaram a sede da Contax, em Recife. A empresa ficou fechada por 24 horas, voltando a funcionar depois de conseguir uma liminar. A auditoria que culminou com o fechamento da Contax teve início dois anos antes quando, diante do volume de denúncias recebidas em quase todo o país contra a empresa, o MTE decidiu inspecionar sete estados, inclusive, o Rio de Janeiro. A operação que mobilizou dezenas de auditores do trabalho concluiu que as denúncias não só eram verdadeiras como, em alguns casos, eram ainda mais graves do que o relatado nas reclamações feitas ao órgão. Essa auditoria do MTE com-
provou as práticas de assédio moral por parte de supervisores e coordenadores, más condições de trabalho, que iam desde falta de higiene, falta de equipamento, cadeiras e mesas quebradas, até a proibição dos trabalhadores de sair da PA para beber água ou ir ao banheiro durante o expediente. De acordo com a auditora fiscal Cristina Serrano, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Pernambuco (SRTE/PE), a forma assediadora de organização do trabalho tem por base as metas e exigências feitas pelo contratante “a quem responsabilizamos que se beneficiam integralmente do trabalho, pois os operadores atendem exclusivamente a seus clientes”. De acordo com os dirigentes do Sinttel-Rio, todas as irregularidades que motivam a interdição da Contax em Recife se repetem na Contax do Rio de Janeiro e nas demais empresas
SEDE DA CONTAX em Santo Amaro, Recife (PE)
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de call center em todo o país. No Rio, esses abusos são relatados em sucessivas reclamações protocoladas no MTE-RJ, mesmo assim, elas continuam ocorrendo nas empresas. FUGA PARA O NORDESTE Outro aspecto que merece atenção é a fuga das empresas de call centers para os estados do Nordeste. A Contax, ao abrir a sede em Recife, demitiu mais de 6 mil trabalhadores no Rio. A Nextel acaba de fechar o seu call center na cidade e transferi-lo para o Nordeste, deixando mil trabalhadores no Rio desempregados. Fazem isso porque, além de isenções fiscais oferecidas por governos e prefeituras, no Nordeste podem ampliar a sua exploração e pagar salários e benefícios menores que os praticados no Rio de Janeiro, por exemplo, onde o Sindicato é forte e os trabalhadores não aceitam mais esse regime de servidão.
instituto telecom
Mídia: regulação já, para o bem da democracia Não há dúvidas de que a agenda dos próximos quatro anos do governo Dilma terá dois principais temas no setor de (tele)comunicações: a regulação da mídia e a universalização da banda larga. As declarações do novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, e da presidenta Dilma, ainda durante a campanha, reforçam essa tese.
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erão debates fáceis? Óbvio que não. É só olhar o que ocorreu em relação à aprovação da nova lei da TV por assinatura e do Marco Civil da Internet. Com dois agravantes: a lei que rege as nossas comunicações é de 1962 e a banda larga no Brasil está concentrada nas mãos de poucas empresas. A sociedade organizada - FNDC, Campanha Banda Larga é um Direito Seu, entre outros - tem propostas para ambos os temas. Sabemos que, em última instância, quem decidirá essas questões será o Congresso Nacional. E as forças mais conservadoras já se levantaram contra qualquer regulação da mídia. O QUE FAZER? Tornar o debate o mais amplo possível, envolvendo firmemente a sociedade. As forças conservadoras podem ter maioria no Congresso. O atual presidente da Câmara, o conservador Eduardo Cunha, já deixou claro que engavetará qualquer projeto de democratização das comunicações. Mas isso não pode impedir os avanços de uma legislação que tem impacto na democracia, na educação, na saúde, na segurança. Ou
Socorro Andrade
COM A REGULAÇÃO, o JN seria obrigado
a ter mais respeito pelo telespectador
seja, que permeia todos os aspectos da nossa vida. No que diz respeito à banda larga, uma das primeiras medidas que o ministro Berzoini poderia tomar – até porque ele tem dito que quer ouvir a sociedade - seria convocar o abandonado Fórum Brasil Conectado, que reúne setores empresariais, da sociedade civil, universidades, governos estaduais e municipais. REGULAR A MÍDIA Já no caso da regulação da mídia haverá uma verdadeira guerra por parte dos que monopolizam o setor e que tudo farão para impedir qualquer modificação no rumo da democratização das comunicações brasileiras. Não é à toa que insistem em associar regulação
com censura, embora saibam que a maior parte dos países desenvolvidos regula as suas mídias. O fato é que no Brasil vivemos como escravos de uma mídia ardilosa e mentirosa, que demonstrou seu arsenal durante as mais recentes eleições desvirtuando os fatos e ajudando a eleger um Congresso extremamente conservador. Se o ministro Berzoini e a presidenta Dilma se movimentam para tornar esse debate o mais democrático possível terão o nosso total apoio. Nosso objetivo é obtermos o resultado esperado pela maioria da sociedade: a democratização das comunicações e a verdadeira universalização da banda larga. www.institutotelecom.com.br
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mulheres
Paridade para construir a igualdade Quando Patricia Arquette defendeu a equiparação salarial e de direitos para as mulheres, em discurso após ser anunciada vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante, a americana chamou a atenção de todo o mundo para esta importante bandeira das mulheres. Simone Kabarite
CUT-RJ, a central precisa de renovação, e este pode ser o momento de a entidade revisitar suas bases e abrir espaço para a participação de mais mulheres e jovens nas decisões do movimento sindical. “Essa conquista é a possibilidade de levar mais mulheres para os sindicatos, que devem realizar um trabalho de base eficiente para incentivar a participação delas no movimento sindical e no interior da Central. Nós
tarem o melhor reajuste em 2014, na casa de 1,39% contra o pedir a igualdade de 0,84% dos homens, o mercado gênero, arrancou aplaude trabalho ainda discrimina as sos da plateia e reforçou mulheres com salários menores o que há muitos anos tem sido que o dos homens. O que mais defendido, principalmente, no impressiona é que, mesmo a movimento sindical. mulher ambicionando a melhor Pela primeira vez, homens qualificação, como mostram e mulheres estarão represenos dados da PNAD (Pesquisa tados igualitariamente no 12° Nacional por Amostra de DoCongresso Nacional da CUT micílios) de 2013, com maior (Concut), que será realizado escolarização, o salário delas é em outubro deste ano, e nos menor. Congressos Estaduais Recente pesquisa da - Cecut, previstos para “Pela primeira vez, homens e mulheres Catho, realizada de 2002 acontecerem em junho. estarão representados igualitariamente no 12° a 2015, demonstra que, No último Congresso, em Congresso Nacional da CUT (Concut), que será mesmo tendo conquista2012, as mulheres condo cargos de diretoria e quistaram a inclusão, no realizado em outubro deste ano” chefias, o salário delas estatuto da central, que, queremos também ocupar carainda é 30% menor, na mesa partir das eleições deste ano, gos de decisão da direção na ma função dos homens. Ainda a direção da Executiva NacioCUT”, afirmou. segundo o estudo, a participanal e também as estaduais teO fortalecimento das mução feminina na liderança das rão de destinar, ao menos, 50% lheres no movimento sindical empresas aumentou 109,93% dos cargos para cada gênero. trouxe uma série de conquistas, desde 2002, o que reforça a Na ocasião, as mulheres tomaprincipalmente uma nova visão competência das mulheres para ram o local, um centro de exposobre as necessidades e direitos assumir qualquer posto e funsições na capital paulista, com trabalhistas. A dupla jornada ção de trabalho. bandeiras lilases, conquistaram de trabalho das mulheres e o São muitos os avanços das a paridade e fizeram história no aumento da sua participação no mulheres nos espaços políticos, movimento sindical. mercado de trabalho reforçaum grande exemplo é a nossa Esta vitória promove o emporam a necessidade de criação, presidente Dilma, que segue deramento das mulheres e proe a cobrança de benefícios nas seu segundo mandato como remete chacoalhar o movimento pautas de reivinidicações dos presentante máximo do poder sindical e a estrutura hierárquitrabalhadores, como o auxilioexecutivo federal. Porém, os ca da CUT. A participação das -creche e a licença-maternidadados do mercado dão a efetimulheres sempre foi intensa, pode de 180 dias compartilhada. va noção da realidade, em um rém o direito de estarem reprecenário ainda muito dominado sentadas em igualdade na políSALÁRIO MENOR historicamente pelos homens. tica sindical ainda era restrito. Apesar de serem maioria na A paridade é a construção da Para Virginia Berriel, diretopopulação brasileira -, o equiigualdade, para a superação das ra do Sinttel-Rio e Secretária valente a 51,4%, segundo dadesigualdades e o fortalecimenda Mulher Trabalhadora da dos do IBGE -, e de conquisto das realizações coletivas.
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humor?