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Rio+20: trabalhadores exigem responsabilidade com o planeta ROSA LEAL
REDE
Emersom precariza na Vivo Antes de assumir o contrato com a Vivo para substituir a Hauwei na manutenção dos serviços de rede nas suas torres, a Emerson, multinacional americana, garantiu que absorveria todos os trabalhadores da Huawei, manteria salários e benefícios e não precarizaria. Mas não cumpriu com o prometido. Não absorveu todos os empregados e, de acordo com inúmeras denúncias, vem precarizando moradia e as condições de trabalho dos empregados. Procurada pelo Sindicato, a empresa não atende nem dá retorno. Dirigentes do Sinttel entraram em contato com o Setor de Recursos Humanos da Vivo por diversas vezes sem nenhuma solução. No último contato da diretora Virgínia Berriel, o RH informou que a Emersom vai seguir o Acordo dos Metalúrgicos, ignorando que presta serviços de telecomunicações e seus empregados, terceirizados ou não, são representados pelos Sinttel e pela Fenattel. A Vivo se omite, mas, lembramos, quando recorrermos à Justiça contra os abusos da Emersom ela também será responsabilizada. Além do Rio de Janeiro e do Espírito Santo a Emerson presta serviços para a Vivo na manutenção de suas torres em toda região Norte. MPI NOKIA
No dia 5, o Sindicato esteve reunido com os trabalhadores da Manutenção de Planta Interna (MPI) da Nokia, no prédio da Oi na Cidade Nova para dar informes sobre a negociação nacional. A proposta das empresas é de pagar o INPC acumulado de fev/11 a mar/12 (6,23%) mais um ganho real de 1%. O Sinttel-Rio, no entanto, só levará a proposta à assembleia após o acerto de várias pendências do Acordo em vigor. Conforme denúncias, a escala de serviço não tem convocação prévia. Quem trabalha no final de semana não tem compensação e quanto dão folga é de um dia. Há casos em que na véspera da folga o trabalhador é convocado para trabalhar e, mesmo antes dele contestar, é ameaçado com punição. O Sindicato cobrou uma reunião em caráter de urgência, mas até o fechamento desta edição a reunião não havia sido marcada.
Reunidos desde segunda-feira, dia 11, no Hotel Guanabara, centro do Rio, cerca de 500 representantes de entidades sindicais de todo o mundo participam da Assembleia Sindical Mundial sobre Trabalho e Meio Ambiente, debatendo propostas dos trabalhadores para a construção de outro modelo de desenvolvimento que contemple as questões econômicas, sociais e ambientais. A Assembleia, que termina hoje, dia 13, integra as atividades paralelas à Rio+20 e foi organizada pela Sustainlabour. Ao abrir o primeiro painel, com o tema “Perspectivas regionais para o desenvolvimento sustentável” , Laura Martin Murillo destacou que nesses vinte anos depois da Eco 92 houve poucos avanços em relação à situação ambiental e a maior parte dos governos é incapaz de evitar que esse cenário se agrave. Hoje, lembrou Laura, metade da população do planeta vive com menos de 2 dólares (cerca de 4 reais) por dia. O painel fez um balanço da situação dos trabalhadores em todo o mundo, a partir da visão de cada continente. Pelas Américas, falou Victor Baez, secretário geral da CSA; pela África, Kwasi Adu Amankwua, secretário geral da CSI África; pela Ásia, Ching Chabo, da CSI Ásia Pacífico; e pela Europa, Bernadette Ségol, secretária geral da CES. Victor Baez conclamou o movimento sindical a ir às ruas lutar pelas reivindicações dos trabalhadores. Para ele, não há como falar em empresas sustentáveis quando o setor financeiro e as grandes corporações tornam o mundo insustentável. Victor defendeu que os ricos do planeta sejam obrigados a assumir a responsabilidade de pagar impostos – “eles é que devem pagar para sairmos da crise” – acrescentando que o desenvolvimento sustentável só será viabilizado com a distribuição da riqueza, com a transferência de renda dos mais ricos para tirar os mais pobres da miséria.
política da sociedade na tomada de decisões). Ele defendeu o fortalecimento do papel do Estado na criação de empregos formais e na geração de renda dos trabalhadores; a luta pela liberdade sindical e a contratação coletiva. Segundo ele, apenas três países em toda a América Latina tem hoje Contrato Coletivo de Trabalho: Brasil, Argentina e Uruguai. E ao falar sobre o conceito de Economia Verde que hoje marca os debates na Rio +20, colocou o dedo na ferida – “empresa verde está diretamente relacionada com trabalho decente. Não há empresa verde sem trabalho decente.” ÁFRICA MARGINALIZADA
Se a situação é difícil nas Américas, na África é catastrófica. Kwasi Adu Amankwa listou os quatro principais desafios do continente: paz e segurança; governança; sociais e políticos. Apesar de suas riquezas naturais, a África segue sendo o continente mais pobre do mundo. Metade da população vive na miséria, há enormes conflitos sociais, desemprego, fome, alto índice de corrupção, infraestrutura precária e poucos investimentos. Kwasi mostrou que os conflitos destroem a infraestrutura e diminuem a capacidade de desenvolvimento do Estado e de atingir os Objetivos do Milênio. A falta de democracia e de transparência resulta no uso inadequado dos recursos naturais. A miséria força as famílias a usar os recursos naturais de forma não sustentável. Por isso
Diretoras Vânia e Keila, na assembleia sindical mundial
mesmo, uma das reivindicações dos trabalhadores africanos é de que a governança seja incluída como o 4º pilar da Rio +20. Ele denunciou, mais uma vez, a falta de investimentos no continente e os subsídios concedidos pelos países ricos às suas próprias empresas. “A África é marginalizada no cenário mundial”, protestou, destacando que as condições de trabalho são precárias em todo o continente. 83 MILHÕES DE DESEMPREGADOS
Com quase metade da população do planeta, o grande desafio da Ásia é desenvolver o mercado doméstico, disse a representante da CSI Ásia Pacífico, Ching Chabo. Apesar dos países apresentarem altos índices de crescimento econômico, superiores a 7%, o continente tem hoje 83 milhões de desempregados e de 60% a 80% de trabalhadores informais. Na China, o crescimento econômico não é acompaSOCORRO ANDRADE
IMPOSTOS PARA OS RICOS
Como parte dessa campanha de combate à financeirização do planeta, ele convocou todos os presentes a participarem de um grande ato público no dia 19, às 13h, em frente à Caixa Econômica da Av. Almirante Barroso. Será o ato dos trabalhadores de todo o mundo pela implantação da Taxa Internacional por Transação Financeira, obrigando os ricos a pagar impostos. A plataforma dos trabalhadores das Américas para o desenvolvimento sustentável, disse ainda Victor, se fundamenta em quatro eixos: ecológico (com a preservação da diversidade dos ecossistemas); social (acesso aos bens naturais e justa distribuição dos bens ambientais); econômico (redefinir a atividade econômica, substituindo por um modelo de produção local e diversificado, produzir o mais perto possível); e político (garantir a participação
Sindicalista é reintegrado A Embratel finalmente deu a mão à palmatória e no dia 1º rein-
Tendas da Cúpula dos Povos, no Aterro
tegrou aos quadros da empresa, em Cuiabá, o companheiro Antônio José Mendes Neto, 57 anos, dirigente do Sinttel-MT e membro da Comissão Nacional de Negociação. Antonio foi demitido em fevereiro, sem justa causa, numa retaliação da empresa à sua ação sindical.
nhado de inclusão social e embora o número de milionários venha aumentando, a esmagadora maioria da população vive mal. De acordo com Ching, o mercado doméstico não se sustenta e o país depende das exportações para a Europa e Estados Unidos. Ela diz que há um potencial muito grande para aumentar o consumo doméstico, mas isso não será feito sem aumento dos salários. No continente, a estratégia do movimento sindical é fortalecer os sindicatos, aumentar a taxa de sindicalização, investir na educação dos trabalhadores e incentivar o engajamento nas campanhas salariais. Segundo ela, a expectativa é que se crie de 15 a 60 milhões de empregos verdes nos próximos vinte anos. RESSOCIALIZAÇÃO DA EUROPA
Bernadette Ségol, da CES, criticou duramente as reformas implantadas na União Europeia que colocaram em perigo o modelo de bem-estar social construído há 50 anos “e do qual nos orgulhamos”, disse ela. “Os planos fracassaram econômica e socialmente. São reformas que retiram a proteção social dos trabalhadores, reduzem salários, reformas impostas e não negociadas”. Para ela, a Europa precisa hoje de um Plano Marshall, alertando que a solidariedade econômica entre os países é a única saída para a crise. Ela criticou o fato de que os conceitos de desenvolvimento sustentável e economia verde não estão focados na dimensão social. “Precisamos de menos palavras e mais ação. O modelo de produção e consumo é linear, quando a crise atual tem múltiplas faces”. Bernadette informou que a CES aprovou como sua principal reivindicação a adoção do Contrato Social para a Europa. “Ressocializar a Europa é o nosso objetivo”, disse ela.
Aos 57 anos de idade, 32 deles dedicados à Embratel onde entrou por concurso público em 1980, Antonio tornou-se contador e ao ser demitido estava lotado na diretoria financeira. Depois da demissão, ele entrou com ação na Justiça cobrando a reintegração, mas em negociação a Embratel se
antecipou e resolveu reintegrá-lo. No dia 27, quando será realizada a primeira reunião trimestral para discutir acertos no Acordo, Antonio voltará a representar os trabalhadores de Mato Grosso. Veja matéria sobre condições de trabalho na Embratel no nosso Portal (www.sinttelrio.org.br).