Jornal do Sinttel-Rio Edição nº1327

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Teleatendentes da Criativa/Detran fazem passeata de protesto FOTO CAMILA PALMARES

Vistoria na Embratel comprova precariedade E não podia ser diferente. Há meses os empregados e o Sindicato vem denunciando o quase colapso no prédio da Rua Camerino, que coloca em risco a vida dos empregados e de todos os que por ali circulam. Na vistoria feita dia 3, o grupo formado por membros do Sindicato, da Cipa e do RH da Embratel, constatou que o banco de baterias, que supostamente deveria garantir a energia de emergência para o prédio, simplesmente não existe. Há, sim, baterias desligadas, rachadas, sem cabo, com marcas no chão como se tivesse ocorrido vazamento de ácido. Além disso, faltam lâmpadas em elevadores e ambientes de todos os andares; há banheiros interditados total e parcialmente; falta uma porta corta fogo no 3º andar; o sistema de monitoramento e controle do sistema de ar condicionado não funciona e, para completar, há apenas uma porta de acesso com cerca de um metro de largura para os 800 trabalhadores no prédio. Constatado o quadro dantesco em que se encontra o prédio, os representantes do RH se comprometeram a estudar uma solução e apresentá-la ao Sindicato numa reunião marcada para a próxima segunda-feira, dia 13.

Com faixas de denúncias e bandeiras da CUT, os trabalhadores saíram em passeata da sede do Detran até a Assembleia Legislativa na manhã de ontem, dia 7. Liderados pelo Sinttel-Rio, eles distribuíram carta à população denunciando as irregularidades da Criativa e a redução salarial que o Detran quer impor. Os trabalhadores ocuparam as escadarias do Palácio Tiradentes, sede da Assembleia, e, junto com o Sindicato, foram recebidos pelo deputado estadual Gilberto Palmares. O deputado, que já foi presidente do Sinttel-Rio na década de 90, é autor da emenda que incluiu os operadores de telemarketing na Lei dos Pisos Regionais. Ele considerou inadmissível que um órgão do governo do estado descumpra uma lei estadual – o Detran quer pagar salário de R$ 630 quando o piso estadual para os teleatendentes é de R$ 839. Depois de realizarem um ato público, diretores do Sinttel e uma comissão de teleatendentes foram recebidos pelo pre-

sidente em exercício da Alerj, deputado Edson Albertassi, que entrou em contato com o TCE e com o Detran. Ele deve confirmar uma reunião com os dirigentes dos dois órgãos. Hoje, dia 8, haverá reunião dos departa-

mentos jurídicos do Sinttel e da Criativa para discutir o pagamento das verbas rescisórias. Hoje também haverá uma audiência no Ministério Público, setor de fraudes, com o Sinttel-Rio, Criativa e Detran. CARTA ABERTA

Com o título Teleatendentes do DetranRio sem emprego e sem salários, a carta aberta distribuída na passeata de ontem denuncia “o Detran-Rio pela omissão e total descaso com as irregularidades cometidas pela Criativa, empresa que prestava serviço de teleatendimento no call center do órgão há oito anos.” Diz ainda a carta: “Há anos a Criativa é denunciada pelo Sinttel-Rio por sucessivos descumprimentos de acordos e convenções coletivas. Nos últimos três anos a empresa só cumpriu os acordos após a decisão extrema dos trabalhadores de ir à greve. Este ano a situação ultrapassou todos os limites. Além de não cumprir a Convenção Coletiva de Trabalho em vigor desde jan/12 que, entre outras coisas, reajustou salários e benefícios (tíquete refeição, auxílio creche) e estabelece um piso de R$ 839,00, a empresa suspendeu o plano de saúde, mas

manteve o desconto nos contracheques, numa apropriação indébita do dinheiro dos trabalhadores. O mais lamentável é que mesmo diante das constantes denúncias do Sinttel (...) o Detran se fez de surdo e cego e não tomou qualquer atitude, sequer para fiscalizar a Criativa. O resultado de toda essa omissão foi a saída da empresa, acusada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) de fraude, inclusive nas licitações para sua substituição. Só depois de uma greve de 7 dias e do TCE ter denunciado as fraudes o DetranRio resolveu agir: suspendeu o atendimento e com isso atingiu diretamente o cidadão usuário dos serviços e os quase 600 trabalhadores que se encontram sem emprego e sem seus direitos trabalhistas quitados. Com o fechamento temporário de call center, serviços como agendamento de vistorias, habilitação, segunda via de habilitação, entre outros, não estão sendo feitos num prejuízo para os cidadãos cariocas. Por tudo isso, o Sinttel-Rio denuncia o Detran à população e cobra dos deputados estaduais que exijam do governo do estado o fim de todas essas irregularidades.” SOCORRO ANDRADE

“Hora da virada” na Contax é assédio moral Ato hoje, 8, em frente ao prédio da empresa em Niterói Sem dar qualquer explicação ao Sindicato ou aos trabalhadores, a Contax adotou um novo conceito de atendimento interno intitulado “Hora da Virada”. O programa, conforme denúncias dos operadores, visa exclusivamente à elevação das metas. Trocando em miúdos, mais exploração. O clima dentro do call center é de estresse e constrangimento. Os operadores são cobrados sistematicamente, recebendo advertências, punições e até demissão com justa causa por qualquer motivo banal. Antes, para ser demitido por justa causa, um empregado passaria por um processo: teria que receber, no mínimo, uma adver-

tência verbal, três escritas e três suspensões pelo mesmo motivo. Agora, sem qualquer informação por parte da empresa quanto à política de punição, trabalhadores têm recebido simultaneamente advertência escrita e suspensão. Uma operadora foi suspensa por passar brilho nos lábios para minimizar o ressecamento provocado pelo ar condicionado. Outra, que nunca havia sofrido qualquer punição anterior, foi advertida sob a alegação de não ter atendido um cliente. A perseguição é feita por auditores colocados pela Contax dentro dos call centers e que agem como verdadeiros capatazes. Alguns supervisores se sentem constrangi-

dos de aplicar punições, especialmente contra operadores que sempre tiveram conduta exemplar. EDUCAÇÃO COMPORTAMENTAL

A “Hora da Virada” estabelece uma chamada educação comportamental dos empregados que proíbe coisas do tipo: não pode encostar a cabeça na PA (mesa de trabalho) nem por um instante, não pode entrar com celular, não pode tirar o sapato, etc. Essa “educação” já rendeu várias punições graves. Uma operadora foi punida depois de ter tirado o sapato por causa de um calo no pé. Outro, por ter dado pausa pessoal (aquelas usadas

para ir ao banheiro ou beber água). SINDICATO EXIGE FIM DO ASSÉDIO

A situação é de terror. O Sindicato não aceita essa prática da Contax, que fere frontalmente o Anexo II da NR-17, e exige o fim das punições e da pressão sobre os trabalhadores. Um grupo de operadores esteve na subsede do Sinttel em Niterói para denunciar todo esse clima de tensão no call center. A diretoria do Sindicato decidiu enviar carta à empresa se posicionando contrariamente a essas atitudes e cobrando o fim do assédio moral. Decidiu ainda realizar um ato público hoje, 8, na Contax de Niterói.


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