OI À BEIRA DO COLAPSO
Os trabalhadores da Oi em todo país, cerca de 6 mil só no Rio de Janeiro, não podem pagar pelos sucessivos erros de gestões desastrosas
Assembleia dia 27 apreciará proposta da Brasil Center
Após exaustivas reuniões envolvendo as principais empresas de call center no Rio, uma comissão de Sinttel-Rio finalizou as negociações com a empresa Brasil Center. A proposta final será levada à apreciação e deliberação dos trabalhadores nesta sexta-feira, dia 27, às 12h, na Rua Senador Pompeu, esquina com a Rua Alexandre Mackenzie, em frente ao prédio da empresa. Conheça os principais itens da proposta: Reajuste salarial - INPC do período: 6,23% Piso salarial de R$788,00 Vale refeição - jornada de 180 horas por mês: reajuste de 8,33%, passando para R$6,50; jornada de 7, 12 horas por dia: reajuste pelo INPC de 6,23%, passando para R$8,84; jornada de 220 horas por mês : reajuste pelo INPC de 6,23%, passando para R$15,62. Auxílio creche: R$358,00 Auxílio especial: R$639,00 Se a proposta for aprovada a empresa antecipará o pagamento da PLR/2014 para o dia 9 de março, no valor de 80% do salário individual e de acordo com as regras do programa aprovado pelos trabalhadores. As diferenças de salários e VR, se aprovada, serão pagas no contracheque de março.
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PROGRAMA DE PLR DA BRASIL CENTER
Após muitos anos com o valor do PLR fixado em 60% do salário individual, em 2014 as negociações finalmente avançaram. O Sindicato negociou um reajuste de 16,70% e passamos o target para 70% do salário. Um gatilho, conforme o atingimento das metas, também foi negociado, e neste ano os trabalhadores receberão 80% do salário a título de PLR. A nossa meta para a próxima negociação é de 100% do salário de PLR. Estamos quase lá!
SOCORRO ANDRADE
A notícia da grave situação da Oi é matéria de capa da Revista “Época Negócios". Numa análise fria a revista dá a receita de como derrubar uma empresa: "erros estratégicos, fusão malfeita, executivos que não param no cargo, etc.” Erros estes que a Oi cometeu. De acordo com a revista, nenhuma empresa no Brasil sofreu uma desvalorização tão brutal de suas ações. Em menos de um ano a queda no valor das ações foi de 80%. No início de 2014, os papéis da companhia valiam R$ 35,00, no final do ano caíram para R$ 8,00 e no início de 2015 chegaram a R$ 7,00. Nos últimos dois anos as ações da empresa despencaram 93%. Em 2008, as suas ações chegaram ao pico, valendo R$ 105,00, 15 vezes mais que hoje. A crise da Oi deve ser motivo de reflexão, principalmente por parte daqueles que veem na privatização a solução para os problemas de gestão em empresas públicas. A MAIOR DO PAÍS
Como uma empresa de telecomunicações que cobre todo o território nacional está praticamente quebrada? No mundo, em cobertura por área territorial, ela só fica atrás da RosTelecom, russa. A empresa está presente nos 5.561 municípios brasileiros e conta com 75 milhões de clientes. Um império prestes a ruir. Os problemas na empresa se aprofundaram com a fusão da então Telemar com a Brasil Telecom (BrT) em 2008. Para obter o controle acionário da BrT, a Oi teve que desembolsar R$ 5,9 bilhões, dinheiro que não tinha em caixa. Ao fazer isso, a
companhia assume todas as contingências judiciais (passivos trabalhistas e outras dívidas) da BrT, estimadas e em centenas de milhões de reais. Um tiro no pé. O resultado desse mega investimento que deveria transformar a Oi numa supertele, a leva a uma superdívida. O custo da aquisição contabilizado no balanço de 2009 foi catastrófico, a dívida líquida da Oi saltou de R$ 11 bilhões para R$ 22,5 bilhões. Em setembro do ano passado, essa dívida estava em R$ 47,8 bilhões. SALTO PARA DERROCADA
Na tentativa desesperada de sair do buraco em que se meteu, a Oi anuncia em 2013 sua fusão com a Portugal Telecom. Nove meses depois, uma bomba acaba
com um negócio que nem chegou a ser concluído, a companhia portuguesa estava envolvida num calote de € 897 milhões. Essa crise levou a queda do então presidente da companhia, o português Zeinal Bava, executivo de carreira da Portugal Telecom, responsável pela operação financeira que levou ao calote e virou escândalo no mundo dos negócios. Em seis anos a Oi trocou de presidente cinco vezes, o que, por si só, já é suficiente para abalar a saúde financeira de qualquer empresa. Em outubro do ano passado, a empresa fez um corte de pessoal demitindo 500 trabalhadores, 150 destes diretores, gestores, consultores e executivos. Para o Sindicato, até agora quem está pagando a conta dos sucessivos erros de
gestão da Oi são os trabalhadores, 12 mil em todo país. Além de serem sistematicamente cobrados a dar a última gota de sangue para salvar a empresa, não recebem nenhum incentivo. Não há qualquer programa de valorização ou progressão funcional, muito menos reajustes salariais com ganhos reais efetivos que cubram o achatamento salarial acumulado há mais de 10 anos. O que há dentro da empresa hoje é um clima velado de tensão. Os trabalhadores sabem da crise e temem a qualquer momento mais um corte de pessoal. Isso é péssimo e o Sinttel-Rio é enfático ao afirmar que não aceita mais demissões. “Os empregos devem ser preservados” diz o Sindicato.
PETROMARE
Greve para serviços na NET e na Oi CAMILA PALMARES
Sem receber o vale refeição referente ao mês de fevereiro e, consequentemente, sem ter como custear o almoço, trabalhadores da Petromare, contrato NET, procuraram o Sinttel no dia 12 para dizer que tinham paralisado as atividades e só voltariam quando a empresa pagasse o benefício. Os diretores do Sinttel, Valdo Leite e José Adolar entraram imediatamente em contato com a Petromare, mas esta não se manifestou até a última segunda-feira, dia 23, quando o Sindicato reuniu os trabalhadores dos contratos da NET e da Oi e fez uma assembleia em frente à empresa. Sem saída e diante do acirramento do movimento e do clima de insatisfação e desconfiança da categoria, representantes da empresa resolveram então chamar os diretores do Sindicato para negociar. A reunião durou cerca de duas horas e, além do que já havia prometido informalmente aos trabalhadores no dia 12 (pagar o vale refeição no dia 27/02), a empresa se
Assembleia em frente à empresa, dia 23
comprometeu a garantir o repasse para o vale refeição referente a março até o dia 10, efetuar o pagamento do salário de fevereiro até a mesma data e não descontar os dias parados. Finda a reunião, a assembleia que havia sido interrompida foi retomada e os trabalhadores rejeitaram por unanimidade a proposta da empresa. Eles querem o pagamento do vale refeição de fevereiro já, não dá mais para esperar, no dia 27 o mês já acabou e a empresa tem que pagar o benefício de março.
A reação dos trabalhadores reflete o nível de descrédito a que chegou a empresa. Mesmo diante da rejeição unânime a Petromare manteve a sua proposta. Em uma nova assembleia realizada ontem, às 15h, na sede do Sindicato, os trabalhadores rejeitaram a proposta e mantiveram a greve exigindo pagamento já. Outra assembleia será realizada hoje, às 15h, no Sindicato, para avaliar e decidir sobre a continuidade da greve.
Atento confirma pagamento para o dia 27
Com a aprovação da proposta pelos trabalhadores nos dias 28 e 29 de janeiro, a Atento havia acordado pagar as horas paradas nos dias 2 e 17 de dezembro (DSR, variável e comissão) no dia 13 de fevereiro, porém os mesmos não foram efetuados, além do auxílio creche. Em carta enviada a Atento, o Sindicato exigiu o cumprimento do que foi acordado e o efetivo pagamento. Em resposta a empresa agendou uma nova data, dia 27, sexta-feira. O Sindicato exige que desta vez a empresa cumpra com o prometido. Para sugestões, reclamações e denúncias, entre em contato com: ricardopereira@sinttel.org. br e alandias@sinttel.org.br.