Jornal do Sinttel-Rio nº 1514

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DEMISSÕES NA OI. MASSACRE DESUMANO!

Reunião de call center hoje

Na ocasião da negociação do último Acordo Coletivo de Trabalho dos trabalhadores de teleatendimento, cuja data base é 1° de janeiro, o Sindicato garantiu das empresas o compromisso de criar uma comissão Sinttel-Rio/Sinterj, para discutir algumas cláusulas. A reunião acontece hoje, dia 11, às 10 horas, na sede do Sinttel (Av. Moraes e Silva, 94, Maracanã e discutirá os seguintes itens: 4Auxílio creche - para o ano de 2016, unificação do período para a concessão do benefício, a fim de alcançar as empregadas com filhos (as) de até 48 meses de idade. Ao completar este período, a permanência da concessão até o final do ano letivo. Para 2017, majoração do período de percepção do benefício para empregadas com filhos (as) de até 60 meses. 4Coparticipação VA/VR ao analisar as empresas abrangidas pela CCT, foi verificado que o menor desconto praticado atualmente corresponde ao valor de R$2,20. Por isso, pleiteamos que seja praticado pelas empresas o desconto do referido valor a título de coparticipação no VR/VA para as jornadas de 220h e de 180h. 4Coparticipação Auxílio Saúde - Eliminação do desconto mensal relativo ao plano de saúde, a fim de que haja apenas os descontos referentes à coparticipação, os quais, por sua vez, deverão ser realizados de forma transparente, para que sejam fornecidas aos trabalhadores as tabelas em que constem o valor de cada procedimento, para a ciência do quanto será efetivamente deduzido ao final. Unificação dos planos de saúde para que haja apenas um plano que abranja todo o estado do Rio de Janeiro. Será feita sugestão para que as empresas contratarem uma só operadora, o que poderia, inclusive, diminuir os valores da mesma. 4Atestado médico e acompanhamento de filhos - concessão do abono de 5 faltas por ano para o acompanhamento de filhos (as) ao médico, hospital ou clínica de saúde, estendido também aos cônjuges e genitores. Ampliação desta prerrogativa a todos os trabalhadores, independente do gênero. Será pleiteado, ainda, que não sejam computados os referidos 5 dias no caso de internação de filhos (as), mas abonados os em que a criança permanecer internada. Entrega do atestado médico no retorno ao trabalho.

SOCORRO ANDRADE

A Oi, maior empresa de telefonia do país, num total descaso e falta de responsabilidade social, começou ontem, dia 10, a demitir em massa. O corte atingirá 2 mil trabalhadores em todo país, 800 desses aqui no Rio de Janeiro. O clima nos diversos prédios ontem era desesperador. De acordo com informação dos diretores de base do Sindicato em todos os locais o clima era de velório, chorava quem saía e quem ficava. Dezenas de pais e mães de família, de uma hora para outra, atirados no olho da rua sem qualquer justificativa, ou melhor, por incompetência e má gestão da empresa.

P

ara se ter uma ideia da situação, no prédio da Oi, na Cidade Nova, de acordo com os diretores que fizeram ato lá ontem, o clima era de horror. De um setor onde trabalhavam 15 pessoas, 12 foram demitidas. A guilhotina não poupava ninguém, entre os demitidos havia profissionais de todas as áreas. Entre os que eram demitidos muitos passando mal, alguns sendo conduzidos em cadeira de rodas. Entre os que restaram só a dor diante da situação dos colegas e com a incerteza quanto ao seu próprio futuro. Há futuro para Oi? Em atos realizados ontem em diversos prédios, o Sindicato se solidarizou com os trabalhadores e denunciou a política desumana da Oi, bem como a sua incapacidade de gestões, que ao longo dos anos, desde a privatização, tem levado a empresa ao endividamento e a autodestruição. Até quando a Oi vai usar o corte de pessoal para tentar resolver problemas de gestão? A META ERA 4 MIL DEMISSÕES - Como de outras vezes, tão logo

tomou conhecimento desse “processo de reestruturação”, o Sindicato buscou a empresa para dizer que não aceitava mais demissões, muito menos que sejam os trabalhadores novamente a serem penalizados por erros de gestões desastrosas. Após um dia de exaustivas negociações, o Sindicato infelizmente não conseguiu impedir o corte, mas reduziu o seu impacto na categoria. A intenção inicial da Oi era

demitir 4 mil trabalhadores em todo o país. Conseguimos também garantir alguma proteção para quem foi demitido além do que já está assegurado no Acordo Coletivo em vigor (veja box). E isso não significa de forma alguma nos calar, deixamos claro que não aceitamos as demissões e vamos lutar contra elas e cobrar o seu fim na empresa. O Sindicato também garantirá toda assistência aos trabalhadores. Durante as homologações, vai orientar a todos os demitidos a entrar com ações individuais para cobrar todos os seus direitos não respeitados pela Oi.

COMO IMPLODIR UMA EMPRESA? - O Sindicato está cansado de

denunciar a incompetência na gestão da Oi. Em edições passadas denunciamos que, em seis anos, a empresa trocou de presidente cinco vezes, um feito impensado em qualquer empresa responsável. O último, o português Zeinal Bava, foi responsável por envolver a Oi num escândalo financeiro de repercussão internacional que levou a um calote de 897 milhões de euros (cerca de R$ 2,763 bilhões) na Portugal Telecom. Os trabalhadores não podem mais continuar pagando por esses erros.

“PLANO DESAFIADOR” - Cadê o Plano desafiador anunciado em 2015 pelo presidente da Oi, ao assumir a empresa após a queda de Bava? Até agora o que temos visto são sucessivas reestruturações tendo como única consequência o corte de pessoal, em nenhuma delas havia planos para tirar a empresa do atoleiro em que foi jogada. Em 2015 a empresa demitiu cerca de mil trabalhadores e teve um prejuízo de R$ 5,3 bilhões. Suas ações na Bolsa valem hoje menos de um real. E o endividamento é de cerca de R$ 60 bilhões. Esse é o Plano desafiador? Chega!

Conheça o Plano de proteção aos demitidos 4vigência neste mês de maio 4assistência médica/hospitalar/ odontológica por seis meses, além do que já existe no Acordo Coletivo (veja quadro) 4manutenção do seguro de vida e do auxílio creche até 31/12/2016 4parcela financeira de 0,30 salários por ano de trabalho com limite de seis salários, além das condições existentes no Acordo Coletivo (veja quadro) 4garantia do pagamento do aluguel

do veículo no mês de maio 4garantia do pagamento do tíquete refeição/alimentação no mês de maio 4garantia de que os trabalhadores que

vierem a ser demitidos farão parte de um cadastro e participarão de processos futuros de seleção na própria Oi ou em suas coligadas/parceiras

O QUE DIZ O ACORDO

Tempo de empresa >= 10 < 15 anos >= 15 < 20 anos >= 20 anos

Salário nominal 0,5 (meio) 1,0 (um) 1,5 (um e meio)

Plano médico* Três meses Seis meses Seis meses

*A prorrogação do plano médico se dará pelo período indicado acima a partir da efetiva DATA do desligamento

Golpe Cunha/Temer tira direitos dos trabalhadores Após uma desastrosa sessão na Câmara dos Deputados no dia 17 de abril, que, infelizmente ficará manchada como uma vergonha para todos os brasileiros, em função do circo formado pelos parlamentares, que a todo custo querem derrubar Dilma Rousseff, está marcada para hoje a votação no Senado do impeachment (leia-se GOLPE) da presidenta. Aquele espetáculo grotesco expôs ao mundo o imenso despreparo destes deputados e seus claros interesses pró-golpismo. O que está em jogo, no momento, não é apenas uma mudança no comando do Executivo, mas a democracia, as instituições políticas, o futuro do país, em particular as conquistas de milhões de trabalhadores.

Uma composição de forças conservadoras, retrógradas, formadas por partidos da direita, com apoio do grande empresariado, realiza um grande golpe político e midiático, amplamente “televisionado” por um dos seus principais atores, a grande imprensa. O golpe quer dar a Temer um mandato ilegítimo, para que se coloque em prática o projeto que foi rejeitado nas urnas. A chamada "Ponte para o Futuro" é, na verdade, um retrocesso em relação a anos de conquistas para os trabalhadores. As motivações dos golpistas em derrubar a presidenta têm como foco "agradar" o empresariado, que quer aumentar seus lucros em detrimento dos direitos dos trabalhadores, e, também, fazer um acordo

com Temer para que a operação Lava-Jato seja enterrada, já que muitos deles estão envolvidos em denúncias de corrupção. CLT EM JOGO - As perspectivas para os trabalhadores são alarmantes. Temer já deixou claro que pretende flexibilizar as leis trabalhistas, ou seja, rasgar a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho -, uma conquista que garante o respeito aos direitos da classe trabalhadora. Entre as perdas, estão: . fim da valorização do salário mínimo, que nos últimos 13 anos teve um aumento de 77,18% acima da inflação, e impactará em todos os pisos salariais, já que é usado como referência . reforma previdenciária , que aumenta

a idade mínima de aposentadoria para 65 anos . fim do adicional de hora extra . fim do 13° salário . fim da multa de 40% do FGTS para as demissões sem justa causa Além disso, as últimas conquistas sociais, alcançadas com o Bolsa Família, Programa Minha Casa, minha vida, Pro Uni, entre outras, serão congeladas e possivelmente enterradas, colocando por água abaixo um projeto que deu acesso a uma vida mais digna e justa a muitos brasileiros. Infelizmente, o golpe poderá colocar em pauta um "novo" Brasil, que não é o Brasil que tirou milhões da linha de pobreza.


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