Jornal do Sinttel 1653

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22 DE MARÇO É DIA DE MOBILIZAÇÃO E LUTA CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Mulheres invadem as ruas no 8 de março

Decididamente as mulheres não estão dispostas a tolerar nenhum abuso. Elas vão à luta para garantir os seus direitos e por novas conquistas. Embora a mídia brasileira não tenha dado uma linha sobre o evento do 8 de março no Brasil, as manifestações reuniram milhares nas diversas capitais do país. Aqui no Rio, estima-se que mais 20 mil mulheres tenham participado do ato. Elas cobravam justiça por Marielle e o fim do feminicídio. Dizem não “reforma” ou melhor, o fim da previdência social, etc. Abaixo divulgamos uma carta tirada pelas mulheres numa reunião do macrosetor de serviços da CUT. Oi, e u sou a Ma ria, Como tantas outras Ma rias, sou mais uma que, antes do sol nascer, engole o a p ert o no coração e retira o filho da cama, ainda dormindo. Coloco e le nos om bros e l evo até a c rec he onde passa o dia enquanto e u traba lho. O c uidado com nosso peq u eno ficou rest rito a m i m porq u e o m e u compa n h e iro, s e ass i m posso chama-lo, n e m s e i ond e está hoje. Então, e u s e m p re peço p roteção, a p ert o o passo e redobro m i nha força para mais u m dia d e bata lha p elo sust ento da nossa fa m í lia. Qu e m ent end e a traba lhadora é só a outra traba lhadora, não t e m jeito, somos m u l h e res, d e todas as raças, casadas, solt e iras, s eparadas. Somos het ero, homoss exuais, trans, lés bicas. Somos arrimo d e fa m í lia. Como d iz e m por a í, nós somos 85% da mão d e obra no setor d e s e rviços e s entimos na p e le o q u e é s e r jorna lista, bancá ria, com erciária, op eradora de te lema rketing, traba lhadora no ass eio e cons e rvação, cama reira, rec epcionista, a u x ilia r d e s e rviços gerais entre tantas outras f unções. Para nós, traba lha r no setor d e s e rviços é con viv e r com a rotatividad e, com m enores salá rios, mais e m p rego int e rmit ent e, aq ue le e m q u e a gent e só rece b e p ela hora traba lhada mesmo estando à disposição o dia todo. Nas profi ssões on d e estamos s e m p re às condições são piores. E vamos com bina r q u e nossa luta é e m dobro, pois a lé m do traba lho na e m p resa, t emos o c uidado com a casa, com fi lhos, t emos a d u pla e t ri pla jornada. Mi nha infância não foi fác i l . Aos 8 e u era domés tica, aos 12 v endia as q u en ti nhas q u e m i nha mã e fazia, aos 16 já traba lhava 8 horas por dia. Se m registro, claro. Mas n unca d e ix e i d e estuda r, porq u e dona Ana s e m p re fez q uestão d e q u e os fi lhos s e formass e m. Não q u eria mais donas Anas espa lhadas por a í. Ma l sa b e o orgu lho q u e aq u elas mãos ca l ejadas m e dão. Confesso q u e não sa e m da m inha m ent e os socos e ponta pés do pa i do m e u fi lho, quando sou b e q u e t e ria responsa bilidad e p ela f rent e. Os v ergões e a rra nhões passara m. (...) Leia a íntegra da carta no portal do Sinttel (www.sinttelrio.org.br)

PORTAL CUT

A decisão foi tomada dia 11 em reunião da CUT e outras nove centrais sindicais. Para Vagner Freitas, presidente da CUT, os sindicatos têm que derrubar o discurso do governo Bolsonaro e mostrar que reforma é ruim para o trabalhador.

A

CUT, Força Sindical, CTB, UGT, CSB, intersindical Luta e Organização, CSP-Conlutas, Intersindical-Central da Classe Trabalhadora, CGTB e NCST decidiriam, nessa reunião, realizar, em 22 de março, um Dia Nacional de Luta e Mobilização em Defesa da Previdência. A mobilização, segundo os sindicalistas, é um aquecimento rumo à preparação de uma greve geral em defesa das aposentadorias. Na avaliação dos dirigentes, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 06/2019) que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) entregou ao Congresso Nacional é muito pior do que a de Temer (MDB), derrubada pelos trabalhadores e trabalhadoras depois da greve geral, em abril de 2017. O movimento sindical deve desmontar o discurso do governo de que o seu projeto de reforma tem por objetivo acabar com privilégios. A propaganda

do governo é mentirosa. Ele não mexe na previdência do judiciário, por exemplo, nos supersalários. Mas quer reduzir de um salário mínimo para apenas R$ 400,00 o benefício de prestação continuado (BCP). PREJUÍZO É GERAL

A PEC da reforma de Bolsonaro dificulta o acesso e reduz o valor dos benefícios ao estabelecer a obrigatorie-

dade da idade mínima de 65 anos para os homens, 62 para as mulheres e aumenta o tempo de contribuição de 15 para 20 anos, além de retirar da Constituição o sistema de Seguridade Social brasileiro. "Todos são prejudicados, os que já estão e os que vão entrar no mercado de trabalho, os aposentados e os que estão prestes a se aposentar", diz Vagner Freitas, reforçando que é preciso fazer uma grande manifestação para barrar

CAMPANHA SALARIAL DA REDE

Empresas acenam com reajuste zero

Ato em Alcântara

A segunda rodada de negociações salariais com vista à renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT 2019/2020), realizada dia 25 de fevereiro, entre o Sinttel-Rio, o sindicato patronal e as empresas prestadoras serviços de telecomunicações, terminou sem nenhuma proposta. As empresas se mantiveram inflexíveis e não sinalizaram com nenhuma proposta de reajuste salarial ou de benefícios. Uma nova rodada de negociações foi agendada para o dia 19. O Sindicato, por sua vez, vem mantendo a mobilização na categoria com a realização de atos nos locais de trabalho, ocasião em que discute as principais reivindi-

cações, a necessidade da união de todos e da adesão ás lutas e atividades convocadas pelo Sindicato. Já a diretoria do Sindicato, tanto na mesa de negociação como nos atos é bem clara: não abrirá mão de nenhum direito e não aceitará a aplicação da reforma trabalhista. Ao mesmo tempo, adverte que só isso não basta é preciso que a categoria esteja unida e disposta a lutar por uma CCT com conquistas de fato. Sem luta isso é impossível. Não vamos aceitar nenhuma proposta com reajuste zero. Queremos o que está na pauta e destacamos aqui os principais itens: =Piso regional do estado

para as diversas funções; =Reajuste salarial pelo INPC integral mais 5% de ganho real; =Inclusão da nomenclatura de todas as funções com respectivas discrições das atividades exercidas; =Revisão do banco de horas da Serede; =Vale refeição de R$ 35,00; =PPR/2018; =Carro agregado. Essa campanha envolve todas as empresas prestadoras de serviços e telecomunicações no estado entre elas a Serede, Líder, Procisa, Tel, LGM, MMVS, Servi Log e mais de 20 mil trabalhadores em todo estado, todos com data base m 1º de abril.

a aprovação desta reforma. Essa questão é muito séria, afeta os trabalhadores e as gerações futuras de seus filhos e netos. Por isso precisamos ficar em estado de alerta para atender ao chamado dos Sindicatos e das centrais e ocupar as ruas ou cruzar os braços, numa greve geral para barrar a reforma de Bolsonaro, que na verdade representa o fim da previdência social.

Festival Justiça para Marielle e Anderson Amanhã (14) completa-se um ano do assassinato de Marielle e Anderson, um crime bárbaro que escandalizou o mundo, mas até hoje continua impune. Ontem (12) foram presos dois suspeitos, mas mesmo que se comprove que eles são os assassinos ainda há pelos menos duas perguntas sem resposta “quem mandou matar e por quê?” Esse será o mote do "Festival Justiça para Marielle e Anderson" que acontece amanhã com uma extensa programação ao longo de todo o dia. As atividades percorrerão os espaços simbólicos na vida e morte de Marielle. O ato começa no Estácio de Sá, bairro ondo ocorreu o crime. O dia prossegue com uma reverência a ancestralidade numa missa e ato ecumênico. Em seguida, acontecem atividades que lembram a vida e o legado de Marielle, entre eles a aula pública "Eu sou porque nós somos" e o ato político e

cultural "Por Marielle e Anderson, eu me levanto". A organização do evento reúne principalmente mulheres negras, lideranças de movimentos sociais, sindicais, Ongs, além de representantes da família da Marielle. "A morte trágica de Marielle e Anderson deixou familiares e amigos despedaçados, mas continuamos firmes na cobrança por justiça", afirmam. Programação Festival Justiça para Marielle e Anderson = 8h - Ato no Bairro Estácio de Sá "Amanhecer por Marielle e Anderson" =10h - Missa e ato ecumênico "Ancestralidade importa" na Candelária = 14h - Aula Pública "Eu sou porque nós somos" na Cinelândia =16h - Ato Político e Cultural "Por Marielle e Anderson, eu me levanto" na Cinelândia O legado de Marielle Franco não será interrompido.


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