ALBERT POTGIETER O BÔER OU
UM AFRIKÂNNER NO RIO MADEIRA Carlos Duarte
ALBERT POTGIETER O BÔER
OU
UM AFRIKÂNNER NO RIO MADEIRA
Carlos Duarte (Set./2007 a Jan./2008)
FICHA TÉCNICA Edição: Luna Art Título: Albert Potgieter O Bôer Ou Um Afrikânner No Rio Madeira Autor: Carlos Duarte Revisão editorial: Carlos Duarte Paginação e design capa: Susete Bruno 1.ª Edição Lisboa, Setembro 2012 Impressão e Acabamento: Publidisa ISBN: 978-989-97955-0-1 Depósito Legal: 346828/12 © JORGE ZAGALO Publicação e Comercialização Sítio do Livro, Lda. Lg. Machado de Assis, lote 2, porta C - 1700-116 Lisboa www.sitiodolivro.pt
para: Bernardo Clara Gabriel Gud (João Luís) Ivo Laila Luís José Maria Gabriela (Babi) Mateus Matilde Raphael Raquel Silvinha Susana Tiago
“Having looked the beast in the eye, having asked and received forgiveness, let us shut the door on the past, not to forget it, but to allow it not to imprision us.” (Desmond Tutu)
“Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objetivo, indica o desígnio de reduzir os homens ao despotismo absoluto, assiste-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos governos!” (Declaração de Independência dos EUA) “Se não houver vento, reme!” (Anônimo) “Os erros são uma realidade da vida. O que conta é a reação aos erros!” (Nikki Giovanni) “Em seus tratos com o homem, o destino jamais liquida suas contas!” (Oscar Wilde) “A gente quer, mas não consegue furtar no jogo da vida!” (João Guimarães Rosa) “O pocker é um grande revelador de personalidades. O pocker é rápido, dinâmico, um jogo no qual a ousadia e a coragem são as qualidades mais requeridas e mais admiradas!” (Do livro “Total Pôcker”, do economista David Spanier)
INTRODUÇÃO
Pôcker é um jogo único, dinâmico, um jogo que proporciona momentos de tensão e de descarga de adrenalina, como só um jogador que apostou o cacife numa mão modesta mas não óbvia, contra uma mão melhor mas hesitante é que pode entender. É um jogo que revela personalidades, mesquinhas ou altruístas, apáticas ou atuantes, calmas ou iradas, conformadas ou revanchistas, contidas ou sem freios, facilmente camufladas, submersas fora da mesa de jogo, mas que inevitavelmente emergem com a movimentação, migratória quase sempre, dos volumes de fichas. É um jogo em que, pelo fato de o jogador, não depender exclusivamente da sorte, isto é, de a sorte não ser o único fator determinante para que se ganhe ou perca, tem que, mais do que em qualquer outro, saber avaliar muito bem as possibilidades, as chances.
Fui na juventude, um modesto mas interessado jogador do pôcker.
Na vida tenho feito muito bom uso da picardia do blefe, da decisão firme do “pago pra ver” ou do “estou fora”, e da avaliação rápida de chances e probabilidades.
8 Mas encontrar um bôer, um afrikâneer, nos barrancos do Rio Madeira, na Amazônia brasileira, no meio da lassidão de dezenas de dragas de garimpo de ouro paradas, pela exaustão do subsolo do leito do rio, e da ação da polícia da Capitania dos Portos, que impedia a atividade garimpeira em área navegável, estava além da probabilidade e da chance do possível!. Mas foi exatamente o que aconteceu numa tarde poeirenta, ensolarada e de calor escaldante, em meados de julho de 1994. Encontrei no Rio Madeira, em Rondônia, um bôer disposto a apostar o mais alto dos cacifes, a vida! Numa aposta sem mão, sem nada para mostrar no final da jogada.
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BÔERS NÃO EMIGRAM
Bôers não emigram! Povo de origem principalmente holandesa, que se mudou para a África do Sul fugindo à perseguição religiosa da igreja católica a calvinistas, huguenotes e protestantes em geral, na Europa, não é uma gente que se angustie com carências ou adversidades da terra; muito pelo contrario, é reconhecidamente um povo capaz de lutar contra tudo e contra todos, para manter as raízes no seu pedaço de chão. No dia 06 de abril de 1652, Jan Van Riebeeck, idealizador e fundador da Companhia Holandesa das Índias Orientais Unidas, ou Jan Compagnie ou simplesmente a Compagnie, fundou a cidade de Cabo, “Cape Town”. Esse dia pode ser considerado o marco do início da colonização holandesa em África. Pouco depois, em 1654, a Jan Compagnie deporta para o Cabo os lideres mulçumanos opositores da colonização holandesa na atual Indonésia; fato que marca o início do grupo étnico dos malaios no sul do Continente Africano, bem como a chegada do islamismo à África Austral.
Perseguidos pela intolerância religiosa da igreja católica – no dia de
10 São Bartolomeu, perpetua-se uma das maiores carnificinas da humanidade, ordenada por Catarina de Médices e festejada pelo Papa Gregório XIII e pelo Rei Filipe II da Espanha, com milhares de homens, mulheres e crianças esquartejadas, enforcadas e queimadas em fogueiras pelas ruas das cidades, vilas e lugarejos de toda a Europa - calvinistas, huguenotes e protestantes em geral rumam para o norte da Europa, para Amsterdã, onde se juntaram e tiveram apoio dos calvinistas holandeses. Houve um período de trégua, de tolerância religiosa, que teve início em 1598, quando Henrique IV promulgou o Édito de Nantes - assinado na cidade francesa de Nantes no dia 13 de Abril de 1598, pelo Rei Francês e estipulava que o catolicismo permanecia a religião oficial na França, mas restabelecia direitos civis e de práticas religiosas aos calvinistas, após trinta anos de perseguição. O calvinismo é um movimento religioso protestante, mas também uma ideologia sócio-cultural com raízes na reforma iniciada por João Calvino; dois nervos expostos e sensíveis, que incomodavam sobremaneira nobreza e clero. Calvin pretendia criar uma teocracia – forma de governo em que a autoridade emana de Deus e é exercida por seus representantes na terra, e baseava as suas doutrinas na predestinação divina, salvação pela fé e subordinação do estado à igreja. Tinha um posicionamento puritano radical, proibindo jogos de azar, alcoolismo, danças e contatos carnais entre homens e mulheres que não fossem abençoados pela igreja. Mas em 1685, Luís XIV revoga todas as concessões do Édito de Nantes, e reiniciam-se as perseguições religiosas, o que faz com que grande contingente de calvinistas e huguenotes – termo depreciativo pelo qual eram designados os calvinistas franceses, mas que depois passou a designar protestantes em geral – segue para o Cabo, engrossando a população da província, onde se fixam, e desenvolvem na região uma nova cultura e formam uma nova comunidade conhecida como Afrikânner! Este caldo de gente, composto principalmente de holandeses, mas misturada a franceses, belgas, suíços, malaios e mais tarde hotentotes, é o
11 início dos afrikânner e da língua afrikâns. Bôer é um termo genérico que designa os homens que vivem da terra, do que a terra possa dar, com o bom tratamento e cultivo. Bôers lutaram por duas vezes contra a coroa inglesa, no que ficou conhecido e passou à história como as “Guerras Bôers”, a primeira em 1880 – 1881 vencida pelos afrikângers, e a segunda 1899 – 1902 que levou a anexação das República Bôers do Transvaal e do estado livre do Orange, À Colônia Britânica do Cabo, e centenas de vezes contra hotentotes, zulus, tchozas e metebeles. Tiveram vitórias, alianças com diversas tribos e derrotas, mas nunca emigraram para outras terras, outros países. Como pastores de grandes rebanhos bovinos, os treckbôers, bôers que se dedicavam exclusivamente à criação de gado bovino, migravam sazonalmente em busca de novas pastagens, novos campos de alimento para o gado – data de 1880 o primeiro contato de europeus com povos do Planalto do Lubango em Angola; treckbôers em busca de novos pastos.
Bôers migram portanto, mas não emigram!
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UM BÔER NO RIO MADEIRA
No verão amazônico – época de menos chuva – de 1994, os depósitos compactos de ouro aluvionar do Rio Madeira já rareando e prenunciando exaustão, equipamentos de extração mineral desse tipo de mineração desceram as cachoeiras do Teotônio e Santo Antonio, para as áreas consideradas navegáveis do rio, e por essa razão interditadas ao garimpo. A ação da Polícia Marítima da Capitania de Portos, bem ativa, tratou de impedir a mineração nos lugares interditados. Com isso os equipamentos pararam. Os garimpeiros tentavam junto das autoridades competentes, a autorização para extrair ouro desde que não poitassem no “canal de navegação” um corredor conhecido do leito, com maior calado, já que a navegação não tem como ocupar menos de uma quarta parte de toda a largura do rio. Nas constantes idas à capitania, na tentativa de saber da decisão à reivindicação, peões já me haviam falado em um “patrício” meu, africano, porém branco também, e que só falava inglês, que morava num barco com o filho, encostado algures num barranco entre o Nacional e o Belmonte.
Achei a história curiosa, mas atribuí detalhes da mesma à imaginação
14 de peões desocupados, além de que, nas imediações dessa área suburbana de Porto Velho, existe uma missão de americanos do norte. Imaginei tratar-se de um dos muitos missionários que vêem alfabetizar os índios nos dialetos maternos, e impregna-los da consciência de nação índia e não brasileira. Um observador cínico e descrente das boas intenções missionárias, poderia até imaginar intenções ocultas de... sei lá... leva-los um dia a reivindicar auto determinação e independência, e então alfabetizados em dialeto indígena num mundo globalizado em que a língua inglesa predomina, essas novas nações ou países, se verem sob o jugo dos bem intencionados americanos lá de cima, que em troca de pouco mais do que espelhos e miçangas teriam pleno acesso e livres poderes sobre a biodiversidade e os fantásticos depósitos minerais localizadas nas inchadas reservas indígenas, atribuídas a algumas tribos de índios; esquecidas as que fincaram em terras pobre. Por alguma razão, deve haver na Amazônia brasileira, que tem cerca de 230.000 (duzentos e trinta mil) índios que não padecem de fome, sede ou subnutrição, 350 (trezentas e cinquenta) ONGS, e um número incalculável mas muito maior de missões religiosas. O nordeste do Brasil, com uma população de perto dos dez milhões de subnutridos, esfomeados e sedentos, não tem nenhuma! Há mais ONGS na Amazônia brasileira do que em todo o Continente Africano. Outras tribos de índios por todo o Brasil, também permanecem ao “Deus dará”, entregues à própria sorte sem nenhuma onguezinha que se ocupe deles. Enfim, conjeturas maldosas de um garimpeiro matuto que, nas andanças pelos estados e matos da Amazônia legal, cansou de cruzar com missionários estrangeiros, munidos não de Bíblia ou paramentos litúrgicos, mas de equipamentos sofisticados de pesquisas biológica e geológica.
15 Por alguma razão também, o “Conselho Mundial de Igrejas Cristãs”, decidiu no Fórum de 1992: Quote: “É nosso dever garantir a preservação do território amazônico e de seus habitantes aborígenes, para o desfrute das grandes civilizações!” Unquote: O documento com a íntegra do Fórum e com o roteiro de medidas a tomar, foi publicado na imprensa brasileira, no governo Sarney, e os políticos têm ciência dele. Enfim... uma tarde, vindo de jeep pela picada do Belmonte, onde procurava um barranco seguro e de fácil acesso para estacionar a draga, vi caminhando, bem longe da missão americana, um homem e um rapazinho, com tipos de gringo, mas descalços os dois, e com roupas descuidadas demais para se tratar de missionários. Lembrei-me das histórias dos peões desocupados sobre o meu “patrício” também africano, e parei o jeep do lado deles para “assuntar”! Assim foi o meu primeiro encontro com os Albert Potgieter, pai e filho, cerca de 55 anos o pai e uns 12 mal completados o filho. Em minha casa assistiram em vídeo, extasiados, pai e filho, a “Os Deuses Devem Estar Loucos i e II”. Em minha casa viram algumas fotos antigas do mato africano que mantenho na parede: - Um jovem elefante de lado, - Dois elefantes de grandes presas numa anhara, - Um rinoceronte numa clareira, - Uma família de leões saciados,
16 - Uma foto na Anhara do Anha em q estou num unimog com uma carabina na mão, - Uma mulher quilengues com uma kinda na cabeça e o filho amarrado com pano às costas, - Uma jovem M’Huíla com o penteado e adornos característicos, São fotos antigas, um pouco desbotadas pelo tempo e pela “patine” dos vários lugares onde estiveram penduradas, mas que de alguma forma, capturam o mistério, a vastidão da terra, a beleza agreste, no ápice de tempo em que o obturador da máquina permite que a imagem de luz seja impressa no filme. Os olhos do Potgieter pai, olhando aquelas fotos, se marejaram de lágrimas.
Dois bôers nas margens do Rio Madeira!
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O PRIMEIRO POTGIETER EM ÁFRICA
Os holandeses em geral, e os lorde XVII em particular, gostavam dos huguenotes, da sua capacidade obstinada para o trabalho, da honestidade e senso de honra, da devoção e fidelidade ao calvinismo. Karel Potgieter embarcou em um dos seis navios da frota da Compagnie que saiu para o Cabo, três desses navios levando famílias huguenotes que na França haviam trabalhado na produção de uvas e fabrico de vinho, além de um grande número de mudas de videira, tiradas clandestinamente de regiões vinícolas confiáveis da França. A preocupação dos holandeses em fabricar um bom vinho no Cabo, estava longe de obedecer a cânones gastronômicos. Os mapas da Compagnie na época, destacavam quatro pontos cruciais para os mercadores holandeses: Amsterdã, Batávia, Cabo da Boa Esperança e o Suriname na América do Sul. O entreposto da Compagnie no Cabo, ficava a meio caminho entre Amsterdã e Java; se os navios holandeses, na parada que faziam no Cabo para abastecimento de água potável e verduras, pudessem abastecer-se também de bom vinho tinto e bom vinagre, poderiam com menos dificuldade manter a boa
18 saúde dos marinheiros, por toda a viagem até Java, e também economizariam espaço de carga, que então era ocupado com garrafas de vinho da França e da Itália. A mesma vantagem para a viagem de volta, mais penosa em termos de saúde para os homens, requerendo deles melhores condições físicas e disposição para as brigas em mares e oceanos de guerra e de pirataria. Os navios holandeses eram os mais visados pelos bucaneiros, não apenas pelo conteúdo dos porões, mas pela obviamente menor tenacidade das tripulações sob essa bandeira, na defesa às preciosas cargas. E Java era crucial para o acesso dos navios holandeses às Ilhas das Especiarias.
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O INÍCIO DA GLOBALIZAÇÃO
Durante o século XV, a atividade mercantil do Oriente para o Ocidente, era escassa e penosa; dava-se através de viagens por terra, em caravanas de camelos, que inevitavelmente tinham que passar por Constantinopla, dominada por muçulmanos. A Europa conhecia um pouco das riquezas do oriente, pelo que chegava nessas caravanas para os mercadores de Veneza, e pelas descrições e histórias de Marco Pólo. Mas em 1488, o capitão português Bartolomeu Dias, contornou o Cabo das Tormentas, como era então conhecido o Cabo da Boa Esperança, no vértice do Cone Sul do Continente Africano. Pretendia seguir até à Índia, mas uma tripulação doente, desnutrida e assustada o fez temer pelo sucesso do empreendimento naquelas circunstâncias, pelo que não viu outra alternativa que a de voltar para trás, após o fantástico feito. Em 1497, o capitão Vasco da Gama, passa pelo Cabo da Boa Esperança e chega à Índia.
20 Só no século seguinte, os portugueses lograram alcançar os pontos mais remotos do Oceano Índico e dos mares do Oriente, e assim um mundo de maravilhas e riquezas; especiarias, canela do Ceilão, ouro em pó de Sofala, prata de Manique, jóias de Ormuz na Pérsia, sedas de Calicute na Índia. Um mercado de fortuna que os portugueses dominaram totalmente, transportando os produtos para a Europa onde eram vendidos com lucros fabulosos. Os portugueses deixavam nos postos avançados funcionários para administrar, e padres para cristianizar. No início de 1511, o aventureiro português Afonso de Albuquerque instala em Málaca um forte que servia como base ao domínio português. O controle de Málaca dava acesso fácil às Ilhas da Magia ou Ilha das Especiarias, que ficavam a leste de Java, e estavam à disposição de Portugal. No século XVI, Portugal controlou, transportou e comercializou riquezas imensuráveis do Oriente para Europa, mas no início do século XVII duas outras nações européias, decidiram tomar pela força, uma parte do monopólio português. Em 1600 a Inglaterra institui A Companhia das Índias Orientais, ou John Company, e instala uma base na Índia; dois anos mais tarde, os holandeses criam a Vereenidge Oostindishe Compagnie – Companhia das Índias Orientais Unida, ou Jan Compagnie. O Oceano Indico e os mares do Oriente tornaram-se um vasto e sangrento campo de batalha, de guerra aberta e sem tréguas. Os holandeses, ainda sem uma boa base avançada no Índico, decidiram tomar de Portugal a base de Málaca.
Entre 1604 e 1608 as frotas holandesas tentaram tomar a fortaleza
21 portuguesa que dominava a Ilha de Moçambique. Os holandeses usaram de tudo; fogo, torres para ficarem acima das muralhas, fossos e uma maioria esmagadora em ataques frontais ou de surpresa, de dia e de noite, sem lograrem conseguir o domínio da pequena Ilha, de pouco mais de três quilômetros de comprimento, e cerca de trezentos metros de largura, defendida por uma força de sessenta homens. Durante um dos cercos, num momento em que os holandeses acreditavam que em umas poucas horas os portugueses teriam que capitular, os defensores deixaram a proteção do forte e fizeram uma incursão contra os sitiantes, em que massacraram o inimigo. Numa tentativa de colocar um fim aos ataques, os portugueses do forte propuseram aos holandeses sobreviventes a um dos cercos, que juntassem uma força de ataque de cinco para um, cinco holandeses para cada português, para lutar em campo aberto, e os vencedores ficariam na posse da Ilha. (A história não registra se essa proposta foi ou não aceita pelos holandeses, apenas que a bandeira de Portugal continuou tremulando no alto do forte de Málaca). Conscientes da aparente impossibilidade de tomar o posto de Málaca, os holandeses voltaram então a atenção para a Ilha de Java. O chamado mundo civilizado do século XVII, a Europa, começava a ter noção das dimensões do globo terrestre!
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