HISTÓRIAS DA AVÓ RITA
Rita Aguilar
Ilustrações
Fernando Salsa
título: Histórias da Avó Rita
autores: Rita Aguilar (texto) e Fernando Salsa (ilustrações)
edição: Edições Berbequim das Letras ® (Chancela Sítio do Livro)
grafismo de capa: Carmo Cunha e Sá arranjo de capa: Ângela Espinha
revisão: Patrícia Espinha
paginação: Paulo Resende
1.ª edição
Lisboa, outubro 2024
isbn: 978‑989 8711 54 0 depósito legal: 534029/24
© Fundação aboim Sande LemoS
Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A reprodução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei.
Declinação de Responsabilidade: a titularidade plena dos Direitos Autorais desta obra pertence apenas ao(s) seu(s) autor(es), a quem incumbe exclusivamente toda a responsabilidade pelo seu conteúdo substantivo, textual ou gráfico, não podendo ser imputada, a qualquer título, ao Sítio do Livro, a sua autoria parcial ou total.
publicação e comercialização: www.sitiodolivro.pt publicar@sitiodolivro.pt (+351) 211 932 500
Às
minhas filhas e à minha neta
Marta, Régine e Juliana
Aos meus meninos
Maria, Zé, João Miguel e Pecau
E a todas as crianças do mundo...
E O GAFANHOTO CASACA VERDE
Era uma vez uma caracoleta muito bonita e vaidosa, que gostava de mostrar as suas lindas cores. Por este motivo, os amigos chamavam-na de Bel. Além de bonita, ela era também muito trabalhadora. Todas as manhãs ocupava-se a tratar do seu jardim para ter boas ervinhas para si e para os seus filhos.
Um dia, de manhã cedinho, ao chegar ao jardim, viu que todas as ervinhas estavam comidas. Ficou triste e pensou:
– Deve ter sido o gafanhoto Casaca Verde. Tenho de o encontrar e perguntar-lhe se foi ele que fez esta grande malandrice.
A Bel saiu do seu jardim muito triste e no caminho encontrou um dos seus amigos, o caracol Leonel, que estava a tomar banhos de sol no altinho de uma rocha.
– O que tens, cara amiga? – perguntou o caracol Leonel ao ver que Bel estava triste.
– Quando cheguei hoje ao meu jardim, todas as ervinhas estavam comidas.
– Sim, estou triste porque alguém comeu o meu jardim sem sequer pedir licença, e agora não tenho nada para dar aos meus filhos. Preview
– Ah, disse o Leonel, talvez tenha sido o gafanhoto Casaca Verde! Ele diz que é nosso amigo, mas come os jardins de toda a gente! Tens de o encontrar!
A Bel continuou o seu caminho à procura do culpado. Mais adiante, encontrou um grupo de caracóis conhecidos pela Banda Alfacinha.
– Bom dia, Bel, o que tens? Hoje estás diferente! – disseram eles.
– E não sabes quem foi?
– Eu penso que foi o gafanhoto Casaca Verde. O caracol Leonel diz que ele come todos os jardins!
– Então tens de o encontrar! – responderam os amigos.
A Bel seguiu e um pouco mais além e encontrou a sua amiga Ema, a lesma. Também ela notou que a Bel não estava contente e perguntou:
– O que tens?
– Sabes, encontrei o meu jardim todo comido!
A lesma Ema também achou que devia ter sido obra do gafanhoto malandro, sempre vestido de verde, a sua cor preferida.
A linda caracoleta Bel disse adeus à lesma e continuou a andar até que, ao virar da esquina, teve uma surpresa. Viu o famoso gafanhoto pendurado numa árvore a fazer ginástica. A Bel perguntou-lhe: Preview
– Vais ter de encontrar o Casaca Verde!
A Bel perguntou à Ema:
– E tu, para onde vais?
– Vou a caminho da minha casa, pois já deves saber que só trabalho de noite. Durante o dia faz muito calor e eu não tenho, como tu, essa concha colorida nas costas para me proteger do sol.
– Ó Casaca Verde, onde foste comer o pequeno-almoço esta manhã?
– Olha, foi num jardim ali ao fundo, mas não sei a quem pertence.
– É o meu jardim! – protestou a Bel.
– Ai desculpa, Bel. Não sabia que era teu.
– Pois, tu és um grande preguiçoso e qualquer dia poderás ser castigado – disse a caracoleta num tom um bocado descontente. – Devias ter o teu próprio jardim, com o teu cultivo. És muito convencido! Se fizesses ginástica
a trabalhar no teu jardim em vez de estares sempre a ginasticar no alto das árvores, nada disto tinha acontecido.
De repente, ouviu-se uma grande restolhada. Eram os amigos da Bel que tinham vindo ajudar e estavam a chegar.
Veio o caracol Leonel, vieram os caracóis da Banda Alfacinha, e até a lesma Ema aceitou ficar mais um pouco porque, afinal, ela era muito curiosa e queria saber o que ia acontecer a seguir. Na frente do grupo vinha o chefe Picasso, responsável por todos os caracóis e lesmas daquela terra. Todos, comandados por ele, juntaram-se à Bel e ao Casaca Verde, e assim reunidos, disse o chefe Picasso, começando a dirigir a assembleia:
– Tu, ó Casaca Verde, desce de tua árvore, por favor. Ele obedeceu.
– Estamos aqui reunidos para falarmos contigo, Casaca Verde, estás de acordo?
– Sim.
– Sabes o motivo?
– Sei. A caracoleta Bel já me explicou a situação. Peço desculpa a todos. Prometo que não voltarei a comer os jardins dos meus amigos. Vou criar um para mim, vou ser muito trabalhador.
Preview
Todos bateram as palmas. A Bel sentiu-se feliz e, claro, perdoou ao gafanhoto. Como tinha os seus filhos ainda pequeninos para alimentar, os amigos resolveram ajudar.
Foram à procura de folhas de árvores muito tenrinhas e saborosas, que levaram para o jardim da Bel. E, para surpresa geral, até o Casaca Verde ajudou.
A Bel ficou contente, pois todos voltaram a ser muito amigos.
Quem tem amigos tem sorte. A amizade é uma coisa linda.
Assim terminamos.
PEDRINHO, O SONHADOR
O pequeno Pedro sonhava muitas noites que um dia iria
visitar a Lua, mas perguntava-se:
– Como hei de fazer para visitar a Lua, se ela está muito longe? É linda em noites de luar, ilumina toda a Terra.
O pequeno Pedro continuava sempre a sonhar, sempre com a Lua. Era um menino muito inteligente. Trabalhava muito bem na escola e pensava:
– Talvez um dia possa lá ir.
Pedro também gostava muito de desenhar. Fazia desenhos muito bonitos e, nos seus desenhos, a Lua estava sempre presente.
Em sua casa, ouvia os pais falarem à hora da refeição na Lua e no Sol, porque eram muito interessados nesses assuntos.
Um dia, Pedrinho perguntou ao seu pai como é que se podia ir à Lua.
– Meu filho, agora ainda és muito novo mas um dia irás descobrir. Se continuares a trabalhar bem na escola, vais aprender muitas coisas e talvez possas vir a ser astronauta.
Muito curioso, o menino perguntou ao seu pai:
– Astronauta? Como faço para ser astronauta?
– Meu filho, vais ter de trabalhar muito com as Ciências, a Física e todo o Universo.
– E o que fazem os astronautas?
– Fazem estudos sobre os astros e a Lua, e depois de saber isso tudo, vão até à Lua numa nave espacial ou fabricam objetos que andam à volta da Terra para termos
televisão e internet, até enviam robôs para outros planetas para saber se se pode lá viver.
– Isso tudo?
– Sim, Pedrinho, por isso tens de trabalhar muito para ser astronauta.
Pedro agradeceu ao seu pai a boa explicação que lhe tinha dado.
Ele foi crescendo, até que um dia a professora Laura começou a ensinar a matéria de Física. Pedro ficou tão contente que quase nem pôde esperar que o seu pai saísse do trabalho e chegasse a casa. Mal ele chegou, contou tudo o que a professora Laura lhe tinha ensinado. Estava encantado, tinha aprendido muitas coisas.
Pedro continuou a crescer, mas nunca deixou de pensar na Lua. Mais tarde, estudou muito, sempre com grande entusiasmo e acabou mesmo por alcançar o sonho da sua vida – ser astronauta.
Meus meninos, será que um dia também vão querer ser astronautas?
Bons sonhos.
Gostou deste excerto do livro?
Pode comprá-lo, clicando aqui: sitiodolivro.pt/Historias-da-Avo-Rita