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Angolante Futurante Angola!... O PaĂs do Futuro
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FICHA TÉCNICA Edição: edições Vírgula ® (Chancela Sítio do Livro) Título: Angolante Futurante – Angola!... O País do Futuro Autor: Serafim Matemba Capa: Patrícia Andrade Paginação: Nuno Almeida Revisão: Cecília Sousa 1ª Edição Lisboa, Outubro 2014 ISBN: 978-989-8678-87-4 Depósito Legal: 381120/14 © Serafim Matemba PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO:
Av. Roma nº11 1º Dtº 1000-261 Lisboa www.sitiodolivro.pt
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Angolante Futurante
Índice
Dedicatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Angolanizar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Aliado da esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 O conselho de um Velho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 O convite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Ngunza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 A transição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 O Silêncio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 O Mestre da Vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Já pensaste? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 O meu mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 O Mendigo da Vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 A lágrima silenciosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 O desabafo do Estudante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 África . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Vida Ingrata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 O Celibatário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Sou Bagageiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 O Calar da minha boca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 O olhar cansado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 O poder da Voz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 O caminho da Razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Mil novecentos e noventa e cinco (1995) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 O Vencedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 O Camponês de mente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 O pequeno feiticeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 O Amanhã . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 5
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O Valor da minha Essência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O Forte ignorado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O Fugitivo da tempestade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sorriso roubado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Luandar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O Angolante Futurante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Reconciliando a Mente Angolana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . As flores do meu jardim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sonhos de Prazeres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A intenção é boa, mas a Palavra… . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Querer da mente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O Vício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Dedicatória Dedico este trabalho a todos aqueles que o apreciam e se reconhecem nas entrelinhas destas palavras, e àqueles que me são preciosos, esposa, filho e aos meus pais que, além de nos darem a vida, nos ajudam nos primeiros passos e são os maiores responsáveis pela nossa formação emocional e intelectual. Além de críticos, e às vezes coercitivos, são os nossos espelhos. Por último, dedico esta obra à minha querida filha, Cleusse Micaela Gomes Matemba. Que Deus a tenha em Seus braços.
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Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus pela minha vida. Aos meus pais, Morais Matemba e Madalena José Catondi, e à minha mãe de criação, Maria Teresa da Natividade Muendo Vicente Matemba, pelo amor, carinho, dedicação e educação que me proporcionaram durante todos estes anos e que me fazem ser a pessoa que sou hoje. A todos os meus Irmãos e Irmãs que, apesar das dificuldades da vida, me ensinaram muito. A toda a minha família, tios, tias, primos, aos meus avós e a todos aqueles que me amam. Aos meus amigos, que me alegram no dia-a-dia. Aos professores, que me ensinam para eu ter um futuro melhor. Aos homens e às mulheres de quem as minhas palavras se inspiraram, emocionaram e agora serão apreciadas na magia dos sentimentos, que agora já não são mais só meus. E com muito carinho também ao Sílvio Marques e ao António Newton, obrigado pelo apoio e pelo que vocês me ensinaram. A Deus, pela companhia mais fiel de toda a minha existência. Ao meu filho, Tundila Cleussenio Gomes Matemba, por me receber com um sorriso enorme e, de certa forma, tirar-me um peso da consciência, pelo pouco tempo que temos passado juntos. À minha esposa, Cláudia Zeferina Abel Gomes Matemba, pelo apoio e amor que me tem dado para ser o homem feliz que hoje sou. Ao meu pai, Paiva Matemba, pelos conselhos dos quais me orgulho. Aos Mestres, pelas pequenas grandes marcas que me tornaram o profissional que sou. Aos amigos e amigas, aos colegas do Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL), que ainda tenho ou que simplesmente passaram, fazendo barulho ou de mansinho, contribuindo para a transformação do que eu era para o que estou começando a ser. 8
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Apresentação Durante o período da minha formação média tive o prazer e a oportunidade de conhecer Sílvio Marques, um colega de turma que me fez lembrar o desejo que tinha ainda no 1.º ciclo do ensino secundário, na escola 1029, de participar num concurso literário organizado pelo Ministério da Educação, em 2003. Nessa altura, a escola estava a seleccionar as melhores histórias, e eu não sabia como começar, mas o desejo me consumia. Passados quatro anos, conheci o Sílvio, que me ensinou algumas técnicas de escrita. A partir desse momento fui observando o modus vivendi dos Angolanos e dos Africanos, que são os inspiradores desta obra. Muitas vezes pensamos que conquistar o mundo é fazer grandes coisas mas, na verdade, conquistar o mundo é fazer das coisas pequenas coisas grandes. E como prova, tenho visto em Angola pequenas pessoas tornarem-se grandes homens, basta olharmos. Nas ruas veremos zungueiras e zungueiros a ganharem a vida. Se formos às zonas rurais, veremos camponeses a ganharem a vida num pedaço de terra com a sua enxada. E, se olharmos para algumas instituições governamentais, e não só, veremos que muitos dirigentes são provenientes de famílias humildes, que sempre mantiveram acesa a chama de crescer e de se desenvolverem na vida. Sem a ambição de conquistar dinheiro e fama, Angolante Futurante surge através da ideia de ilustrar a garra do povo Angolano pelo desejo de alcançar o futuro sem esquecer de viver o presente.
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Prefácio O futuro está situado no ponto de intersecção que o separa do presente. Muitas vezes as pessoas confundem o futuro com os anos que se aproximam. Este pensamento não está errado. Errado é não saber o que queremos no futuro, visto que este se constrói dia após dia. Se o objectivo do Homem é ter um futuro risonho, é importante que saibamos desfragmentar o futuro. Desfragmentar o futuro é não pensar que o futuro são os anos que se aproximam, mas sim os dias, pois a vida se constrói dia após dia. Não é sensato cometer erros para depois dizer o futuro será melhor, porque o futuro nunca será melhor se continuarmos a cometer erros no presente. Uma casa só é segura quando os cabocos e os seus pilares forem bem-feitos. Não se alcança um futuro risonho sem antes se marcar passos firmes. Todos os seres humanos devem saber que, para se ser vencedor, a atitude e o «saber querer» devem ser os nossos acompanhantes. Muitas vezes podemos saber o que queremos, mas se não tivermos atitude de buscar o desejado, nunca alcançaremos o futuro risonho. Na verdade, esta atitude e o «saber querer» têm sido os criadores de homens do futuro. Basta olharmos para as ruas e estradas de Luanda e veremos mulheres ambulantes, muitas vezes com crianças nas costas, em busca de moedas para sustentar a casa e dar uma nova visão da vida aos filhos. Isto não acontece simplesmente com as mulheres ambulantes, pois muitos dos nossos dirigentes, ou quase todos os seus pais, eram camponeses e analfabetos, mas sonhavam com um futuro risonho e deram aos seus filhos uma nova visão sobre a vida. A estes ofereço a obra Angolante Futurante. É como uma colectânea de textos poéticos que ilustram a vida dinâmica do Angolano, que começa no campo, vai nas estradas asfaltadas e nas ruas de terra batida e esburacada, e termina nos escritórios, mas virado para o futuro, combatendo o passado tristonho do país e o oculto da tradição. 10
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Ao publicar este pomar do saber, é minha pretensão compartilhar com vocês a forma como vejo as coisas e como o Angolano traduz, no silêncio, o amor de forma nítida e nacionalista.
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Angolanizar Nasci e vivi um pouco da minha infância roubada em 1992 Não sei o dia, mas o ano é este E o local é Uíge Não nasci órfão de mãe, Mas o Tempo deixou-me órfão Vivi com ódio do tempo Porque não me deu carro de lata nem de bordão para brincar, Tirou-me o sorriso e decimou a minha infância Presenciei o Irmão Angolano a bater no outro com o pau de cafeeiro Com os olhos cheios de ódio E ouvia-se o zunir dos habitantes das aldeias a dizerem Olha aí, já estão a dar candambala E lá o povo ia e preenchia o local Mas e eu? Eu? Inocentemente corria no local e assistia aos factos E pensava que era festa Quando o sol apareceu, em 2002 Mais concretamente no dia 4 de Abril de 2002 Quando este começou a expulsar a camada cinzenta que cobria os céus de Angola Muitos se esqueceram de abraçar o Irmão com amor Mas e eu?
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Eu? Desde o início que escutei as palavras «reconciliação nacional», Reflecti e aprendi que reconciliação É levar em acção o amor O respeito A mão a todos os Irmãos Angolanos, Pois somos um só povo e uma só nação Que vivem numa só mansão Mas, e tu?!
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Aliado da esperança Este é o meu mundo… Embora imundo, O poder do amor me convida para a mudança E me torna aliado da esperança Este é o meu mundo… Onde as pessoas se deixam levar pela divagação E esquecem do importante Que tornará amante da alma Este é o meu mundo… Mesmo me jogando para o fundo do mar, Nele me sinto vencedor, Sem dor Este é o meu mundo… O meu eterno professor, Aquele que me prepara para um futuro longínquo Sem recuo no tempo E no espaço outrora cheio Este é o meu mundo… Que mesmo mudo Embala o homem em seus mistérios Onde muitos são consumidos E vivem como estéreis
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Este é o meu mundo… Embora imundo E mudo O seu silêncio o convida para fazer parte da mudança Outrora impossível Este é o meu mundo… Onde o seu Eu faz a diferença Não se esqueça
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O conselho de um Velho Não preencha a sua mente Com palavras banais, Oiça a sua mente, Pois em seu leito transborda a voz conselheira E verdadeira que o direcciona para cidade do amor Sem dor Oh! Jovem… Que carrega no seu Eu a capacidade vitoriosa E que se deixa esvair pelos labirintos da cidade Esvazie a sua mente, Encontre o amor que vagueia perdidamente Oh! Jovem… Levante, Não lamente, Sinta o poder da mente Possuidor de uma corrente de resolução Que trará a paz em seu coração Hoje! Caído no chão Não tenha comichão Oiça esta voz Aprendiz da vida, Que mesmo não sabendo muito sussurra em sua mente Despertando-o para as conquistas Esquecidas
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Oh! Jovem… Não tenha comichão, Levante, Cure as feridas E tenha em mente Que a vida é feita de obstáculos E estes são os eternos professores
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O convite Convido-os A fazer parte desta pequena luz Que nos torna aliados da esperança Esqueçamos as diferenças E façamos uma circunferência Que nos una E nos torne astro-rei Que abrilhanta os dias E as noites que nos separam do amanhã Como se fosse montanha que ofusca a visão humana Convido-os A soltarem o grito Símbolo de conquistas Não conquistadas Mas que está prestes a ser alcançado Ah! Convido-os… Convido-os a não darem ouvidos ao zunir Dos zumbis Destruidores de sonhos Que só querem ver-nos a gatinhar E a lamber o chão Sem dizer não
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