Marinel Oxiela
Deixei palavras voar‌
Edição: edições Vírgula ® (chancela Sítio do Livro) Título: Deixei palavras voar… Autora: Marinel Oxiela Capa: Patrícia Andrade Paginação: Sítio do Livro 1.ª Edição Lisboa, Setembro de 2015 ISBN: 978-989-8821-05-8 Depósito legal: 396113/15 © Marinel Oxiela PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO:
Rua da Assunção, n.º 42, 5.º Piso, Sala 35 1100-044 Lisboa www.sitiodolivro.pt
Deixei palavras voar‌
Eu faço versos à toa E sem quaisquer pretensões, Não sou Espanca, nem Pessoa, E muito menos Camões. Bem ou mal, vocês dirão, Versejo à minha maneira. Eu quero “tocar rabecão”, Sendo apenas “sapateira”. Foi assim que decidi, Com o meu jeito atrevido. “Música”, eu não aprendi, Mas vou “tocando de ouvido”. Marinel Oxiela
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Marinel Oxiela dedica este livro a sua falecida mãe
Marinel com a mãe, à porta da Sé de Lisboa, no dia da bênção das pastas.
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Das mães que teve esta vida, Daquelas que sabem sê-lo, Tu delas foste a mais querida, Tu delas foste o modelo! Podes crer, mãe sem igual, Jamais serás esquecida, E irás vivendo afinal, Enquanto Deus me der vida! Tua filha
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Quando Marinel Oxiela frequentava o Curso Complementar dos Liceus (no ano de1959), fez “uma brincadeira de Carnaval” a uma colega e amiga. Fazendo-se passar por um cavalheiro, enviou à colega, pelo correio, uma “declaração de amor”, em verso, usando termos da Matemática. A colega levou a carta para o liceu e, a autora, ao verificar que a sua ideia estava a fazer sucesso, acabou por se acusar. A carta chegou às mãos de algumas professoras que dela guardaram cópias. Essa carta é a seguinte:
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Lisboa, 3x11+3-2-1-2/1/1959 Mademoiselle do Cálculo Infinitesimal: Há muito tenho vontade De meu amor declarar E entregar meu coração, A quem soubesse derivar. Derivar? Mas que derivação? Decerto que tu perguntas. É derivar uma função E isso é só para as astutas. Eu, desde quando te vi, Com olhar apaixonado, Não foste um x para mim, Mas valor determinado. E esta minha paixão, Que comigo tem andado, É logaritmação Ou valor bem encontrado. 15
Marinel Oxiela
Espero que me respondas A esta carta dolente, É condição necessária E também suficiente. Durante a minha vida Que tende para um limite, Estar preso numa raiz, Meu coração não permite. Essa raiz será pois, A resposta que vais dar. A uma condição impossível, Eu não quero ir parar. Se para este problema Achares as soluções, Creio que estás aprovada A resolver equações. Não queiras levar a erro, Com teu silêncio profundo, Quem procura novas coisas, No infinito, não no mundo. Eu não resido na Grécia, Lá para os lados da Ática, Mas moro aqui, em Lisboa, No Largo da Matemática.
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Eis a minha direção, Se me queres escrever E a radiciação, De todo o meu bem-querer. Se queres saber quem sou E o fim que tenho em vista, Procura na minha rua Pelo senhor algebrista: X, Y, Z Em resumo: O incógnito.
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Depois dos versos da “declaração de amor”, foi muito solicitada para escrever versos para livros de Curso de amigos e familiares de colegas do liceu. Pouco tempo depois, no aniversário do padrinho, de quem era muito amiga e que, nessa altura, estava “muito gordinho”, enviou um postal de parabéns com os seguintes versos:
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A afilhada amiguinha, Ao bebé que é seu padrinho, Hoje envia parabéns, Um abraço e um beijinho. Como o bebé está nutrido, Não precisa de engordar, Por isso, é fazer dieta E na chupeta, chupar. Irá correr a notícia, E será sensacional, Do recém-nascido tão gordo Que está em Vila Real. O bebé é bem precoce, Vai na scooter pr’a praia E é grande apreciador Das moças de minissaia. E lá na praia cautela, Quando estiver a nadar, Não venha algum biquíni Que o pretenda raptar. 21
Marinel Oxiela
Agora vou terminar, Pois jĂĄ me falta o papel. Beijos da afilhada amiga Que ĂŠ a sua Marinel.
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No aniversário de uma colega e amiga, professora de Português, que não gostava de dizer a idade, escreveu:
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Mais um ano? Não parece! A pequena está “famosa”! Veja lá se envaidece E vai ficar orgulhosa… Um mais um igual a dois, Digo eu e com razão. E 1+x? Diga depois, Diga quantos anos são. Não sei fazer versos, não… Alguém dirá: “Porque os fez?” Por esperar a correção Da mestra de Português.
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Felicitou uma amiga e colega que gostava muito de girass贸is e costumava passar f茅rias em Monte Gordo, com os seguintes versos:
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Estão aqui os teus amigos Pr’a teus anos festejar E este lindo girassol, Eu te quero ofertar. Há muito eu ando a pensar, Pr’a desvendar o encanto: Porque será qu’uma Rosa, Os girassóis, ama tanto? Agora, enfim, descobri, É simples associação, É o Sol de Monte Gordo Qu’ela traz no coração.
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