Esboços de Luz e Sombra

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Sempre exigiram que ela fosse atenta, discreta, sisuda mas ela descobria agora que a vida poderia ser muito mais que sisudez e silêncio. A vida poderia ser, também, alegria, ternura e aquele afeto sem nome, leve que a faz sentir-se jovem. Magda sentia pulsar em si, tentando sobreviver, um pequeno fragmento de emoção. Uma emoção há muito tempo adormecida mas identificável no desejo de ser amada, acarinhada. Não por piedade ou respeito mas, simplesmente, amada. … Esse sentimento difícil de definir, que André trouxera até ela. Mas embora muito diferentes parecia haver agora, entre ambos algo de comum. Um laço que prometia uni-los para além da Arte. Algo que Magda não conseguiu compreender ainda mas que ele parecia ter compreendido já: ligava-os o facto de serem autênticos, de serem eles mesmos em todas as circunstâncias, nada fazendo para se mostrarem mais brilhantes, mais talentosos do que na realidade seriam. Mas fosse como fosse, o amor não podia ser uma questão de aproximação ou de diferença de idades. O amor dizia respeito a cada um segundo a sua forma de vida. E a vida de cada um nunca era igual à de outro qualquer. Não podia, portanto ser regulada por leis gerais impostas pela sociedade.

MARIA DO PILAR FIGUEIREDO nasceu em Cambeses, Barcelos e vive no Porto. É licenciada em Filologia Românica.

Foi-lhe

atribuído

o

Prémio

Nacional

Revelação em 1971, com o livro de contos “O Vento e as Raízes”, onde é abordada a temática da emigração na época. Sendo o primeiro de vários outros que posteriormente foram publicados.

www.sitiodolivro.pt

Esboços de Luz e Sombra Maria do Pilar Figueiredo


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