Eu dei Voz à Fantasia…

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EU DEI VOZ À FANTASIA…


edição: Edições Vírgula®

(chancela Sítio do Livro) Dei Voz à Fantasia... autora: Marinel Oxiela título: Eu

capa:

Patricia Andrade Paulo S. Resende

paginação:

1.ª edição Lisboa, setembro 2016 isbn:

978­‑989-8821-28-7 411662/16

depósito legal:

© Marinel Oxiela

publicação e comercialização

www.sitiodolivro.pt


EU DEI VOZ À FANTASIA…

Marinel Oxiela



Marinel Oxiela nasceu em Vila Real de Santo António a 3 de fevereiro de 1942. Viveu nesta terra algarvia até aos 8 anos de idade, tendo aí frequentado a Escola Primária Oficial onde concluiu a 2ª classe do Ensino Primário. A 15 de agosto de 1950 foi viver para Lisboa, sua terra de adoção. Em Lisboa completou o Ensino Primário. Posteriormente, fez o Curso Liceal no Liceu de Dona Filipa de Lencastre. Desde sempre, manifestou uma grande inclinação pela Matemática, tendo feito a licenciatura em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Após um Estágio Pedagógico de 2 anos e de um Exame de Estado no Liceu Normal de Pedro Nunes, seguiu a carreira de professora de Matemática do Ensino Oficial. Como professora de Matemática e durante 32 anos e meio, lecionou no Liceu de Camões, atual Escola Secundária de Camões, onde foi

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professora efetiva e donde veio a aposentar-se no ano de 2003. Além do gosto pela Matemática também demonstrou, muito cedo, o gosto pela Poesia. Em setembro de 2015 foi publicado o seu primeiro livro de Poesia, “Deixei Palavras Voar…”

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Não sei que se passa em mim, Mas sei que isso me acalma, Não sei porque sou assim, Jorram-me versos da alma. Este é meu jeito de ser, É meu destino, é meu fado, Eu, em prosa, quero escrever, Mas tudo me sai rimado. Marinel Oxiela

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A autora dedica este livro a sua falecida mãe

Mãe, tu eras assim quando eu nasci!

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MÃE Chamo por ti, não respondes, Foste para longe de mim. Eu não sei porque te escondes, Porque me deixaste, assim?!... Eu queria ser criança, Descansar em teu regaço, Poder sonhar, ter esperança E sentir o teu abraço… Mãe, palavra tão gostosa, Tem o perfume da rosa E do mel, doce sabor… Enquanto minha alma chora, Ontem, hoje, a toda a hora, Mãe, digo com muito amor!

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Querida Maria Manuel, Pede-me algumas palavras de introdução ao seu livro e só posso dizer que sim. Mas em que medida a minha apreciação pode contribuir para o interesse nele? Em nenhuma, estou certa… Ele fala por si de forma tão clara! Gostei muito do seu primeiro livro, Deixei Palavras Voar… Estou ao par do sucesso que têm constituído as apresentações que dele vai fazendo. Com ele deu alento a muitos leitores que sorriram com a graça e espontaneidade servidas por um espírito verdadeiramente lógico. Algumas pessoas mostraram-lhe poemas feitos por elas, guardados na gaveta. É tão bom saber que não fez o mesmo com os seus – antes os quis partilhar. Por insistência de amigos e conhecidos, continuou a escrever. E aqui está o seu segundo livro, em que dá voz à fantasia. Foi com muita alegria que o recebi e me pus a ler estes versos que lhe jorram da alma e em que tudo lhe sai rimado – está lá tudo nas duas quadras iniciais.

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Ainda bem que deixou as palavras voar mais uma vez, brincando ou filosofando com termos e conceitos em curiosos malabarismos – até acrósticos – que irão certamente encantar os seus leitores. Alguns evocam as desgarradas e as cantigas ao desafio, sejam mais líricas, sejam mais mordazes, juntando as pessoas em salutar encontro. Está de acordo? Entre os temas de que se ocupa sublinho o amor pela sua Mãe, tão presente e tocante; o seu espírito crítico, ora irónico, ora benevolente; os seus sorrisos e gargalhadas; o seu desejo de um mundo melhor. No seu primeiro livro revelou uns versos feitos quando era muito nova. Num deles dizia ter dois amores (ainda o outro cantor não sonhava trinar). Penso que, na verdade, tem três – a Vida, a Matemática e a Poesia. Não pare de amar. Com amizade Vera Almeida Ribeiro Maio de 2016

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EU DEI VOZ À FANTASIA… Eu dei voz à fantasia E pus-me a pensar, um dia, Com uma certa leveza, O que podia ter sido, Se não tivesse nascido, Eu, com esta natureza. Talvez fosse rio ou fonte, Onda do mar ou um monte, Talvez gazela ou gaivota, Luz do Sol, ou do Luar, Ou andorinha a voar, Sempre a seguir sua rota… Se eu fosse uma flor, Tendo da papoila a cor E da rosa a formosura… Se eu fosse um campo de trigo, Onde o vento, meu amigo, Me embalasse com ternura…

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E, depois de meditar, Deixei, então, de sonhar, Fiquei, então, acordada. Uma certeza restou, Eu gosto de ser quem sou, Não pretendo ser mais nada!...

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ESPELHO MEU Gosto de ti, espelho meu, Da tua sinceridade, Não escondes a minha idade, Com tudo aquilo que é seu! Mostras-me as rugas no rosto, Fios de prata no cabelo Que o tempo, com desvelo, Vai colocando a seu gosto! Sempre atento, no teu posto, Quantas vezes me aconselhas, A pôr brincos nas orelhas, Ou a pintar o meu rosto! Lembras-te, espelho meu, De em ti se mirar, contente, A menina adolescente Que andava no liceu?!...

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Agora…é, só, recordar, Passou o tempo, meu velho! E tu, meu amigo espelho, Estás aí pr’a mo lembrar!

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A MÁSCARA A simpatia que mostras É falsa, não vale nada, Ela é a tua máscara, Andas sempre mascarada… Essa máscara que usas E que te fica tão mal, Veio transformar tua vida, Num eterno Carnaval. Deixa cair essa máscara, Essa máscara de cetim, Com ela, enganarás muitos, Mas não me enganas a mim! Se teimares em mantê-la, Digo, sem dúvida alguma, Sempre que falar contigo, No meu rosto, ponho uma.

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AMOR EM SENTIDO LATO Um casal de namorados, De romântico, tem seu quê, Flores de caules separados Que quando estão abraçados, Ficam no mesmo bouquet. Esta faceta do amor Não contesto, ela é bonita, Mas seja lá como for, E sem tirar-lhe o valor, É dele parte restrita. Há o amor paternal E o filial também, E aquele que é tão leal, Para ele não há igual, É o grande amor de mãe.

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Há o amor pela beleza, Há o amor pela arte, O amor pela natureza E, até digo com firmeza, Amor, vejo em toda a parte!... É um grande ato de amor, Aos outros estender a mão Pr’a lhes acudir na dor… Isso, faz quem tem valor E um enorme coração! Ama, pois, sem recear, Eu, no amor, acredito. Tu poderás muito amar, Nunca o irás esgotar, O amor é infinito!

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Nos versos seguintes, a autora recorda a visita que fez, há cerca de 35 anos, à aldeia de Santana de Cambas (no Baixo Alentejo).

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AQUELA ALDEIA… Foi numa linda manhã De primavera louçã Que visitei essa aldeia. Cantavam pássaros em festa, Nessa terra tão modesta Que não me sai da ideia. Lembram no campo as boninas, Suas casas pequeninas, Todas de branco pintadas, Têm barras coloridas, No seu interior há vidas, Há vidas por Deus traçadas. Das janelas e postigos Cumprimentam-se os amigos E quem na rua vagueia. Conheci, nessa manhã, Gente humilde, gente sã Que dá beleza à aldeia.

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