Histórias de Animais Diferentes

Page 1



Nota introdutória

O livro “Histórias de animais diferentes” tem como objectivo sensibilizar e começar a educar os mais jovens para os valores duma verdadeira cidadania. Educar é preparar para a vida futura, por isso a educação para a cidadania deve ter lugar na família e em todos os ciclos de estudo. A experiência tem-me mostrado que, embora muito se tenha legislado no sentido da integração do cidadão com deficiência, pouco se tem feito no sentido da educação para a cidadania nas faixas etárias dos 3 aos 10 anos. A família é o primeiro espaço de educação para a cidadania de um modo informal, onde se valorizam laços de afecto, segurança, convívio familiar. No jardim-de-infância a criança olha para outras crianças, experimenta tomar decisões sozinha, aprende a pôr em prática os valores que interiorizou no espaço da família num outro espaço público e alargado. Deve ser estimulada a respeitar os outros não olhando a sexo, aspecto físico, diversidade de capacidades. As histórias com a personificação de animais e vocabulário acessível transmitem emoções agradáveis ou desagradáveis resolvidas pela magia e encantamento do amor e da amizade. As imagens coloridas são apelativas de forma a motivar os mais pequeninos para a leitura. São um bom ponto de partida para conversas e actividades lúdicas que os divirtam e sensibilizem para o problema das diferenças. De forma a evitar nas crianças um estado emocional apreensivo, tive a preocupação que os problemas vividos pelos diferentes animais não fossem muito pesados e tivessem um final feliz. No entanto, gostaria que as situações vividas por animais tão simpáticos não fossem esquecidas, assim como a importância do apoio prestado pelos familiares e amigos nas suas reabilitações e inserção nas comunidades. Acredito que serão os mais novos, depois de sensibilizados e educados para o problema da diferença/deficiência, os mensageiros ideais junto da comunidade para uma mudança de mentalidades existente em relação a este problema Uma educação cívica sem preconceitos e assente numa ética de convívio e inter-relação comunitários não deve ser negligenciada na preparação das gerações futuras. Só assim se podem aperfeiçoar estruturas sociais e políticas da vida democrática. Espero que as histórias destes personagens diferentes, mas iguais a todos nós nos seus sentimentos, emoções e valores, ajudem os mais jovens a perceber o conceito de cidadania, incentivando-os a pôr em prática os valores da tolerância, justiça, igualdade, solidariedade e afecto para todos os cidadãos do mundo, sem olhar a diferenças ou deficiências. Maria Teresa Tadeu Cavaco



Dedico este livro aos meus filhos, aos meus netos e a todas as crianças. Com eles cresci e aprendi a ver o mundo de forma diferente. Agradeço à minha filha e ao meu neto João Miguel todo o apoio prestado. Maria Teresa Cavaco

5



H I S TÓ R I A S D E A N I M A I S DIFERENTES Textos e Ilustrações Maria Teresa Cavaco

7


Edição: Maria Teresa Cavaco Título: Histórias de animais diferentes Autor: Maria Teresa Cavaco Revisão ortográfica: Eduarda Rodrigues, João Miguel Rodrigues Ilustrações: Maria Teresa Cavaco Paginação: Marco Martins Imagem da capa: Maria Teresa Cavaco Capa: Sítio do Livro, Lda. 1.ª EDIÇÃO LISBOA, 2010 Impressão e Acabamento: Publidisa ISBN: 978-989-96928-0-0 Depósito Legal: 316667/10 Publicação e Comercialização: Sítio do Livro, Lda. Lg. Machado de Assis, lote 2, Porta C — 1700-116 Lisboa www.sitiodolivro.pt

8


A FESTA DE ANOS DO ELEFANTE FRANCISCO

Naquela manhã no Jardim Zoológico os animais acordaram mais cedo, porque havia festa. O elefante Francisco, o mais novo do Jardim Zoológico, fazia 7 anos e todos queriam ajudar a preparar a grande festa de anos. Havia um carinho muito especial pelo Francisco, porque ele ouvia mal e chorava por não conseguir ouvir tocar o sino do Jardim Zoológico. Estava sempre a perguntar para que lhe serviam umas orelhas tão grandes se não podia ouvir a sino, os passarinhos a pipilar e as gargalhadas dos irmãos e dos amiguinhos. Todos o queriam ajudar, mas ele isolava-se num canto e ficava muito triste. Quando o sino tocava os amiguinhos cantavam e imitavam o som. O Francisco desafinava, o que fazia rir os amigos e irritar o Francisco. A mãe e as irmãs do Francisco punham nas mesas: rebuçados, gelatinas, mousses de chocolate, pudins e bolos. O pai enfeitava o jardim com balões de muitas cores. Às 15 horas estava o jardim pronto para a festa e os amiguinhos do Francisco começaram a chegar com as prendinhas. Todos disseram em voz muito alta: - Parabéns Francisco! Parabéns Francisco! O Francisco não ouviu, mas percebeu, porque olhou com muita atenção para as bocas dos amigos. A girafa Margarida ofereceu-lhe um casaquinho vermelho. 9


O camelo António um chapéu com as cores do arco-íris. O urso Tomás deu-lhe uma bola laranja, azul e encarnada. O papagaio Joaquim deu-lhe uns patins vermelhos com rodas grandes para ele poder andar sem cair. Os três irmãos macacos José, Manuel e João trouxeram-lhe livros com imagens.

10


Todos adoraram o livro “A cegonha das penas azuis”, por nunca terem visto cegonhas com penas azuis. O Francisco estava radiante e passava a vida a ver-se ao espelho com o seu casaquinho vermelho e o seu chapeuzinho arco-íris. A melhor surpresa foi a oferta da mãe. Ofereceu-lhe uma lâmpada de luz vermelha para acender sempre que o sino do Jardim Zoológico tocava.

11


O pai do Francisco foi logo instalar a lâmpada junto do sino. Quando o sino tocou a lâmpada acendeu e o Francisco soube que o sino estava a tocar. Os amiguinhos e o Francisco bateram palmas. Durante todo o dia o Francisco com os amigos não se cansou de jogar, dançar, comer e tocar o sino. À noite, depois de se ter despedido dos amigos, o Francisco deu por falta do seu livro “A cegonha das penas azuis” e começou a chorar. Todos procuraram o livro, mas o livro não apareceu. O Francisco foi-se deitar a chorar por não saber do livro. Naquela noite ninguém conseguia dormir com o barulho do elefante Francisco a chorar. A meio da noite, o Francisco viu uma luz na janela do quarto. Levantou-se, abriu a janela e deu de caras com a cegonha Joana que lhe entregou o livro desaparecido.

12


Envergonhada e fazendo gestos, a cegonha Joana pediu desculpa ao Francisco e explicou-lhe que tinha tirado o livro, porque tinha ficado curiosa. Nunca tinha visto uma cegonha com penas azuis. Prometeu não voltar a tirar nada sem pedir. O elefante Francisco muito contente por ter o seu livro de volta perdoou à cegonha Joana, abraçou-a e prometeu oferecer-lhe um livro igual àquele no seu aniversário.

13


ACTIVIDADES

Pinta o Francisco com cores.

14

Ajuda o Francisco a encontrar o chapĂŠu.


A BORBOLETA CEGA Todas as manhãs o Nuno ía sentar-se naquela varanda. A avó estranhou e perguntou-lhe: - Nuno, porque te sentas sempre nesse local? - Venho conversar com uma borboleta, minha amiga, respondeu o Nuno. - Devem ser umas conversas lindas, disse a avó. - E são. Sabes, avó, a borboleta é cega, mas conhece muito bem esta varanda e a nossa trepadeira. Conta-me as suas festas, os seus bailados, as passagens de modelos que faz com as amigas... - Nunca te contou os sustos e medos que tem passado? Continuou a avó. - Contou, sim, avó. Foi por causa dum desses sustos que nos conhecemos e ficámos amigos. Ela vinha a fugir de uma menina que a queria apanhar para a sua colecção. Já muito cansada, sentiu o cheiro das rosas da nossa trepadeira e veio esconder-se, entre as flores. Como é cega não percebeu que eu estava aqui sentado. Quando me sentiu, assustou-se e a tremer pediu-me, por tudo, para não lhe fazer mal, nem lhe tirar a liberdade de poder voar.

15


16


17


Sosseguei-a, dizendo-lhe que nunca lhe faria mal e que poderia, sempre, refugiar-se na trepadeira da nossa varanda, quando estivesse cansada, ou corresse perigo. Também lhe disse, que estaria ali, para admirar o brilho das suas cores ao sol e os seus lindos bailados. Então, a bela borboleta disse-me que era cega e que a trepadeira, com o seu cheirinho, ajudava-a muito a orientar-se. Ficámos amigos e a borboleta passou a vir todos os dias bailar para mim e contar-me as suas aventuras. A avó emocionada disse: - É uma linda história. Mesmo cega a linda borboleta gosta de ser livre e voar por aí, sem se enganar no caminho. Os animais, como as pessoas amam a sua liberdade e merecem ser respeitados. - Avó, vou-te contar um segredo: A borboleta já não vem só. Traz com ela uma borboleta mais pequenina. É igualzinha à mãe, mas vê muito bem.

18


ACTIVIDADES

Que Borboleta é cega?

A

B

Pinta a Borboleta. Enfeita a borboleta como quiseres. Podes usar: -Bolinhas de papel - Algodão - Folhinhas secas - Aparas de Lápis

19


R O S A S

J A S M I M

V I O L E T A

Á L C O O L

A LOJA DA PORQUINHA CHEIROSINHA A porquinha Cheirosinha vivia com a família numa quinta cheia de hortaliças, legumes e flores. Era muito coradinha e asseada. Todos os dias tomava banho numa celha de madeira 20


21


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.