J. Hist贸ria de uma vida
FICHA TÉCNICA edição: Vírgula ® (chancela Sítio do Livro) título: J. História de uma vida autor: Vilmar Ramos capa: Patrícia Andrade revisão: Ana Domingos paginação: Paulo S. Resende 1.ª edição Lisboa, Novembro 2013 isbn: 978-989-8678-35-5 depósito legal: 365945/13 © Vilmar Ramos
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Vilmar Ramos
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J. História de uma vida
Algumas pessoas nascem para viver sua vida de uma forma comum. Outras pessoas vêm a este mundo para ensinarem as pessoas a viver e J era uma dessas pessoas. Uma mulher, moradora de rua, cujo nome não se sabe, conheceu certo homem, um empresário, que se encantou com ela. Entretanto, disse: – Iremos sair e lhe darei roupas novas. Iremos a um motel, dormiremos juntos e não voltaremos a nos ver nunca mais. Alertou, ainda, para que ela não se iludisse, pois ele não queria nada sério. Correu tudo exatamente da forma como ele havia dito. Dois meses depois, ela descobriu que estava grávida e resolveu então ir à procura desse homem. Pedindo informações às pessoas, dizendo-lhes a sua aparência, ela tinha esperanças de encontrá-lo, mas muitas pessoas não davam atenção a ela, a esnobavam, pelo fato de ser uma mora7
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dora de rua. Depois de muita procura, certo dia ela o viu, saindo de um restaurante com uma mulher, que provavelmente era sua esposa. Tentou segui-lo, mas ele entrou em um carro e se foi. Ela então perguntou a todos que ali estavam no restaurante sobre aquele homem, mas foi expulsa pelo gerente. Finalmente, um garçom veio ao seu encontro e disse-lhe: – Aquele homem a quem procuras é um cliente assíduo deste restaurante. Seu nome é Carlos, o sobrenome não sei, mas posso lhe dizer o endereço dele. Ele é um empresário muito conhecido aqui. – Muito obrigado, meu filho. Não sabes o quanto me ajudou. – Tudo bem. Agora vai. Não me podem ver conversando com você. E ela foi, naquele mesmo dia, a casa do homem que ela sabia ser o pai de seu filho. Chegando lá, ela se deparou com uma bela casa e um enorme jardim. Tocou a campainha e, quando a empregada abriu a porta e a viu, foi logo dizendo que não davam esmolas. – Não quero esmolas. Vim aqui para falar com o Sr. Carlos. – Olha, eu tenho muita coisa para fazer e não vou incomodar o Sr. Carlos. Então, vá embora! – Por favor, eu preciso muito falar com ele. Nós já nos conhecemos e eu estou esperando um filho dele. – Você ficou louca! 8
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Carlos passava nesse momento pela sala e, quando viu a mulher, se assustou. Correu até à porta e pediu à empregada para que ela fosse para a cozinha. Perguntou, indignado, à mulher o que ela fazia ali. Ela disse a ele que, depois da aventura que eles tiveram, ela ficou grávida e que esse filho era dele. Ele disse que não podia ter um filho com ela, pois ele já tinha esposa e dois filhos. Além disso, esse filho poderia ser de qualquer um. Com medo que sua esposa soubesse disso, ele lhe disse que até daria algum dinheiro a ela para que não passasse tanta necessidade, mas ela teria que perder aquele filho e que ela se submetesse a um aborto. – Você ficou louco? Não vou fazer isso. É meu filho, e seu filho também. – Vai ser melhor, afinal você não terá como cuidar dessa criança. Não terá uma casa, irá morar nas ruas, não será uma vida fácil... Se fizer como eu disse, não passará mais fome, até lhe darei roupas novas. – Não! E quando essa criança nascer, vou provar que é seu filho. Saiu dali em prantos, sem dizer uma palavra... Com nove meses de gestação, Carlos a encontrou sentada em uma calçada. Ela se levantou e começou a caminhar em direção a ele, mas Carlos rapidamente pegou um táxi e foi embora. 9