Lourenço e a Princesa Ovelha

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ISABEL FAZENDA

LOURENÇO E A PRINCESA OVELHA UM CONTO PARA O NATAL

Ilustrações de Pedro Fazenda

Natal de 2013 Berbequim das Letras



ISABEL FAZENDA

LOURENÇO E A PRINCESA OVELHA UM CONTO PARA O NATAL

Ilustrações de Pedro Fazenda

Natal de 2013


FICHA TÉCNICA EDIÇÃO:

Berbequim das Letras ® (Chancela Sítio do Livro) Loutenço e a Princesa Ovelha AUTORA: Isabel Fazenda ILUSTRAÇÕES: Pedro Fazenda TÍTULO:

PAGINAÇÃO E ARRANJO DE CAPA:

Paulo S. Resende

1.ª EDIÇÃO Lisboa, Janeiro 2014 ISBN:

978-989-8711-03-8 368992/13

DEPÓSITO LEGAL:

© ISABEL FAZENDA

PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

Av. de Roma n.º 11 – 1.º Dt.º | 1000-261 Lisboa www.sitiodolivro.pt


Era uma vez um pastor chamado Lourenço, que vivia numa aldeia perdida no meio dos montes, e passava os dias no campo com as suas ovelhas. Entretinha-se a tocar uma flauta de cana, que era a sua única companhia. Os seus pais tinham ido trabalhar para França e ele ficara com os avós. Com algum dinheiro que os pais lhe mandaram comprou um rebanho de ovelhas que eram o seu ganha-pão. Vendia o leite e a lã, que lhe rendiam o suficiente para viver e ajudar os avós que eram velhotes e já não podiam trabalhar no campo. Numa tarde em que voltava para a aldeia, era já luscofusco, encontrou uma ovelha branca que se tinha perdido de outro rebanho, levou-a para casa e meteu-a no redil junto com as suas. No dia seguinte, quando foi buscar as ovelhas para irem para os pastos a ovelha branca tinha desaparecido. Teria saltado por cima da cerca? Que ovelha tão despachada! Levou as suas ovelhas como de costume e passou o dia sossegado como era hábito e quando voltou ao fim da tarde, lá estava outra vez a ovelha branca no mesmo sítio. Voltou a trazê-la, desta vez decidido a procurar a quem pertencia. Mas por mais que perguntasse a toda a gente na

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aldeia, ninguém tinha perdido uma ovelha branca. À noite pô-la no palheiro que ficava no rés-do-chão da casa, mesmo por baixo do quarto onde ele dormia, para que ela não fugisse. De noite ouviu uma voz que o chamava: – Lourenço, acorda, pega na tua flauta, vai para a montanha e encontrarás a felicidade! Lourenço pensou que tinha sonhado, mas a voz repetiuse na noite seguinte. Na terceira noite, não se deitou e ficou escondido no palheiro, porque lhe parecia que a voz vinha dali e que era a ovelha perdida que lhe falava. Ao soar a meia-noite, viu com surpresa que a ovelha branca se transformava numa linda menina que só podia ser uma princesa, pela forma como se vestia. – És mesmo uma princesa? perguntou o Lourenço

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deslumbrado. – Sou, respondeu ela, mas fui encantada por uma feiticeira, por isso quando o sol nascer, voltarei a ser uma ovelha. Só tu me podes salvar! – Mas como? Eu sou um simples pastor! – Isso não tem importância. Só sei que a pessoa que me pode salvar é um rapaz de olhos transparentes. Quando te vi percebi logo que eras tu. – E o que tenho de fazer para te salvar? – Vai à montanha e procura o mago Melquíades, só ele sabe o segredo para me desencantar. – Mas eu nem sei lá chegar, são tão maus os caminhos da montanha! – Leva a tua flauta que ela te guiará, mas só à luz do dia! Logo que o sol se ponha ela perde o seu poder mágico, volta a ser apenas a tua flauta de cana. No dia seguinte, logo de manhã Lourenço pegou no seu

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saco, pôs um bocado de pão e queijo e uma manta lá dentro e pôs-se a caminho. Chegado ao pé da montanha não sabia que caminho havia de tomar porque havia três caminhos, um à esquerda, um à direita e um ao meio. Lembrou-se então do que a Princesa Ovelha lhe dissera e começou a tocar na sua flauta. Logo se ouviu o eco da música no caminho do lado esquerdo e Lourenço aventurou-se nele. Era um bocado escuro e pedregoso, quanto mais subia mais densa era a vegetação e maiores eram as árvores. Andou, andou, a certa altura chegou a uma clareira espaçosa e mais uma vez não sabia por onde ir pois não havia caminho nenhum a partir dali. Pensou na flauta, mas a noite tinha chegado de repente, apesar de não ter caminhado assim tantas horas. Por isso, a sua flauta já não tinha o poder de lhe ensinar o caminho, só se fosse à luz do dia. Cansado e desanimado, comeu um pedaço do seu pão e do seu queijo e aninhou-se debaixo duma árvore enrolado na manta. Tinha saudades da Princesa Ovelha mas ali ela não lhe podia falar, e Lourenço teve que enfrentar sozinho o medo da noite. Pensou nela com muita força e adormeceu. Sonhou que um grande pássaro lhe pegava com as patas e o levava até ao cimo da montanha, mas depois o deixava cair outra vez cá em baixo.

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Acordou com o sol a nascer, pegou na flauta e tocou uma melodia. Ouviu-se o eco do seu lado direito e foi por aí que Lourenço se meteu de novo ao caminho, subindo carreiros, trepando pelas pedras, suando debaixo do sol e sem água para matar a sede. Onde se encontraria esse tal mago Melquíades? A montanha era tão grande! Olhou para cima para ver quanto lhe faltava para chegar ao cimo e viu então um grande pássaro a voar em círculos. Parecia o mesmo do seu sonho, mas achou que não podia confiar nele, era melhor continuar a subir, apesar do cansaço, porque a sua princesa não podia ficar encantada para sempre. Na última parte do caminho já não havia árvores, só pedras e mato rasteiro e lá em cima via-se agora um castelo que parecia feito das mesmas pedras, cinzentas e rugosas. Seria ali a morada de Melquíades? Lourenço fez um último esforço para chegar ao castelo, mas a fome e o cansaço venceram-no

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