O Homem e o Futuro O Percurso – O Ritmo
FICHA TÉCNICA EDIÇÃO:
Vírgula O Homem e o Futuro AUTOR: Alfredo Sá Almeida TÍTULO:
PAGINAÇÃO: CAPA:
Paulo S. Resende Patrícia Andrade
1.ª EDIÇÃO Lisboa, Fevereiro 2013 IMPRESSÃO E ACABAMENTO: ISBN:
Publidisa
978-989-8413-86-4 354290/13
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© ALFREDO SÁ ALMEIDA PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
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ALFREDO SÁ ALMEIDA
O Homem e o Futuro O Percurso – O Ritmo
Aos meus queridos Pais, pela educação completa que me proporcionaram, plena de valores humanos. Para a minha filha Maria Inês, que está a trilhar os caminhos do Futuro com dedicação, empenho, sabedoria e criatividade, em terras Australianas. Para a minha amiga Ina, um agradecimento especial, pelo apoio e incentivo que me facultou na publicação deste livro. Que o Futuro lhe permita várias melhoras na sua saúde.
Índice Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A Grande Revolução . . . . . . . . . . . . . . . Educação para o Futuro . . . . . . . . . . . . . A virtualidade do mundo virtual artificial. . . Será o Futuro muito complexo? . . . . . . . . . O refúgio do Homem na tecnologia pessoal. . Como serão os Líderes no Futuro? . . . . . . . A segmentação do Poder no Futuro . . . . . . A Ética no Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . A Certeza da Incerteza . . . . . . . . . . . . . . Os Caminhos do Futuro . . . . . . . . . . . . . Sentir o Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . Viver é parte do futuro . . . . . . . . . . . . . . O Futuro do homem vs o Homem do Futuro . A construção do Futuro vs Utopia . . . . . . . O Princípio da Dignidade Humana no Futuro A Natureza Humana . . . . . . . . . . . . . . . Paraísos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Confiança no Futuro? . . . . . . . . . . . . . . Esperança no Futuro . . . . . . . . . . . . . . . A Mudança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ao Ritmo da Vida. . . . . . . . . . . . . . . . . A Batalha pela Inteligência com dignidade . . A dimensão da indiferença . . . . . . . . . . . A Solidão e o Futuro . . . . . . . . . . . . . . . Dependência do dinheiro . . . . . . . . . . . .
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82% da riqueza mundial está nas mãos de cerca de 20% da população . O sistema Financeiro terá Futuro? . . . . . . . . . Que Globalização vamos querer no Futuro?. . . . Entusiasmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ‘O Movimento de Alfredo’ . . . . . . . . . . . . . Vontade para mudar? . . . . . . . . . . . . . . . .
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PREFÁCIO Ao longo da história, em épocas mais propícias a incertezas e dúvidas, o ser humano questiona-se ansiosamente sobre o futuro. Que surpresas nele se escondem? Que garantias temos de que os projetos se concretizam? Até onde podem chegar os nossos sonhos? E também se levantam outras questões, porventura mais filosóficas do que científicas: somos levados pelo tempo rumo ao futuro ou o futuro é que vem ter connosco? A verdade é que todos os dias de manhã, quando acordamos, estamos 7 ou 8 horas mais à frente (no tempo) desde o momento em que fomos vencidos pelo sono. Nessas horas perdemos simplesmente a perceção do tempo da mesma forma que o tempo voa quando estamos num estado de total absorção em alguma atividade prazerosa (o estado de fluxo). O futuro, esse desconhecido, está pois presente nas nossas vidas de tal forma que não o podemos ignorar. Podemos viver intensamente o momento - uma das máximas da psicologia popular - mas ele esgota-se como um fio de água que desce de uma pequena fonte de água cristalina. Talvez a ampulheta (que terá sido inventada no século VIII) e que se usava para medir o tempo, seja por isso um dos artefactos mais engenhosos de sempre apesar da sua singeleza. Olhando para um desses relógios de areia percebemos melhor a transitoriedade do tempo e de como ele contem toda a nossa vida. Parece que os nossos antepassados de há dois milhões de anos já conseguiam ter uma ideia de que a vida era também feita de tempo e que este se esgotava. O tempo tornou-se 11
desde então num recurso importante. Entendiam que havia o passado, havia o presente e que a este se seguiria um outro tempo a que se viria a chamar futuro. E o futuro era estranho porque escondia o desconhecido que se fechava sobre si mesmo. O futuro é apenas futuro. Nada nele se vislumbra porque nada contém. Está por realizar. Vivemos atualmente uma era em que o homem sente, mais do que nunca, que esse desconhecimento do que vai acontecer no futuro pode ser deveras surpreendente pelo que dá lugar a novas incertezas e dúvidas. O fator “mudança”, que agora ocorre à velocidade da luz, empurra o ser humano para uma espiral de angústia que se reflete em variadíssimos campos. Toda a história humana decorre da interação dos eventos do passado com o futuro tendo como palco o presente. É nesse presente que o homem constrói uma parte significativa do que vai suceder no futuro. E assim podemos deduzir que ele não estará totalmente vazio porque herda muito do que planeamos e fazemos de véspera. É por isso que vamos para a escola na expectativa de que um dia teremos uma qualquer formação. Da mesma maneira se constroem casas, automóveis, aviões e muitos outros artefactos para uso futuro. E assim é também nos relacionamentos e na vida das organizações e das sociedades. A necessidade que o Homem tem de espreitar o futuro para fazer escolhas ou simplesmente para sossegar os seus medos deve-se ao conhecimento de que, para além do dia de hoje, há um tempo posterior que se prolonga a cada instante da vida. Temos pois consciência do tempo porque o cérebro evoluiu do passado para o futuro e nesse entretanto tornouse mais capaz. 12
Tudo isto acontece porque o Homem, diferentemente dos outros seres vivos, é também filho do futuro e disso tem consciência. O ser humano tem a perceção do tempo e dentro do tempo sabe que existe o futuro - algo como uma dimensão onde o presente se esgota para dar lugar a outro presente, num contínuo agora que parece vir do futuro. Sabendo que as suas vidas se projetam no amanhã, as pessoas têm criado diversas estratégias para desvendar o futuro. Foram aparecendo assim os videntes, os bruxos, os astrólogos e muitos outros “espiões do tempo”. Mas o futuro tem-se mostrado sempre esquivo e avesso a exibições. Quando o futuro se mostra já é presente e desvanecese fugindo de qualquer tentativa de observação. Quando o detetamos já deixou de ser futuro. Apenas conseguimos inventá-lo ou, na melhor das hipóteses, imaginá-lo mesmo que grosseiramente e sem garantias de nada. A um outro nível o futuro prende-se também com o desconhecido. Nada daquilo que venha a ter lugar garantido no futuro (mas o quê?) - daqui a um minuto ou daqui a um ano ou cem anos - se apresenta de forma clara e inequívoca. Acreditamos que amanhã será certamente outro dia, com uma data determinada e um tempo determinado (24 horas, aproximadamente). Mas o que acontecerá dentro desse amanhã? Na verdade, a lista de acontecimentos prováveis é tão grande como os não-prováveis. È com base nisso – e nem sempre com dados e sinais credíveis - que planificamos a nossa vida. Não obstante – e esse é o grande limite da nossa existência - quantas vezes tudo muda num instante? O tempo deixou de parecer linear e previsível para se apresentar bifurcado e indeterminado. Debatemo-nos então 13
com a imprevisibilidade – uma característica do futuro. A crença nas nossas certezas cai por terra de um dia para o outro, afetando tanto os indivíduos como as organizações, e o próprio mundo na sua totalidade. Daqui ressalta uma outra questão que tem sido objeto de estudo ultimamente: o acaso. Diz-nos a experiência de vida que o futuro é também feito de muitos acasos, eventos totalmente imprevisíveis que tanto podem vir carregados de maldições como de oportunidades. Por isso o futuro também assusta por estar tão cheio de espaços em branco que vão ser preenchidos por acontecimentos agora impensáveis e inimagináveis a que poderemos chamar surpresas aleatórias. Nas últimas décadas o aumento populacional, o progresso tecnológico e as facilidades de comunicação (para citar apenas três elementos-chave na história da humanidade) tornaram o nosso mundo extremamente complexo. Mesmo quando estamos a dormir e inativos há uma infinidade de acontecimentos que estão de alguma forma a modificar a nossa vida, com repercussões no futuro imediato ou a mais longo prazo. O mundo tornou-se plano, dizem uns. O mundo encolheu e é hoje uma aldeia global, declaram outros. O certo é que o caráter aleatório e incerto do futuro torna-nos vulneráveis pois nem sempre estamos preparados para o inesperado. O cérebro tem tendência a propor-nos uma ideia do tempo e do espaço estável onde os eventos da vida podem ser agendados com toda a segurança. É com base nessa crença ingénua que os governos fazem previsões e as pessoas constroem projetos de vida, por vezes a longo prazo como se o futuro fosse uma continuidade linear 14
do presente onde o indeterminado e o impossível não têm lugar, como se nada de transcendente e de mudança pudesse acontecer num tempo que ainda não chegou. Mas o futuro será assim tão impenetrável? Não, de facto não é. Hoje há um número crescente de estudos que nos permitem vislumbrar, através de sinais e de megatendências precisas, o que não será improvável acontecer. Alfredo Sá Almeida, o autor da inteligente reflexão sobre o relacionamento do homem com o seu futuro, e que se apresenta nas páginas que se seguem, é uma espécie de navegador que teve a ousadia de desbravar ideias e pensamentos sobre o devir e mais propriamente sobre o destino do homem na sua eterna confrontação (filosófica, psicológica, sociológica, antropológica e biológica) com o tempo. Autor revelação, Alfredo Sá Almeida, brinda-nos com um trabalho de extraordinária perspicácia e onde não falta uma inegável capacidade visionária. As páginas do livro “O Homem e o Futuro” esperam por vós. Passo a palavra ao seu criador na certeza de que, finda a leitura, terão, por certo, um mais amplo horizonte mental do tempo e uma maior e legítima esperança nas múltiplas possibilidades em aberto que o futuro proporciona. Nelson S Lima Investigador e Professor Universitário Grupo Universities of the Future Grupo Instituto da Inteligência Associação Britânica de Escritores de Ciência
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O Futuro que cada um de nós constrói, funciona como uma energia centrífuga que nos impulsiona para a realização das várias parcelas da nossa Vida, alargando os nossos horizontes e o universo do nosso conhecimento e inteligência. Quanto maior for a ‘força interior’ que colocarmos nessa construção, maior será a dimensão do universo abrangido. A forma como governarmos esse Universo e as relações com todas as Pessoas que o compõem, irá determinar a sua ‘densidade’. A governação do seu Futuro é uma matéria que vai requerer uma sensibilidade especial, e, uma gestão cuidada da força de cada um dos elos estabelecidos. A força conjunta desses elos conjugada com a sua ‘força interior’ poderá ajudar à coesão e sustentabilidade desse Universo.
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“Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo” – Sócrates.
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O Futuro depende da capacidade de mudança da sociedade e dos processos de melhoria contínua em ambiente de equilíbrio dinâmico. A vida do Mundo atual necessita que os diferentes poderes públicos – Político, Social, Judicial, Militar e Financeiro – encontrem plataformas de mudança, com perspetiva de futuro para o Ser Humano, em ambiente de sustentabilidade global. Esse equilíbrio dinâmico é fundamental para a consolidação dessas mudanças. Caso algum destes poderes aposte em hegemonias, lideranças desfocadas, arrogâncias despropositadas ou aumento de controlo e poder, desequilibrará necessariamente a construção do Futuro. Estes poderes só terão valor, em sociedade, enquanto forem capazes de manter a espiral desse equilíbrio e coesão da sociedade, no caminho do desenvolvimento sustentável em direção ao Futuro.
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O Homem e o Futuro
A GRANDE REVOLUÇÃO Desde muito cedo que tenho um grande fascínio pela Ciência e pelos caminhos que conduzem ao Futuro. Mas reconheço que a primeira década do século XXI me está a deixar muito surpreendido e preocupado com os caminhos projectados para o Futuro. Também considero que se estão a produzir esclarecimentos científicos em quantidade, em diversidade de disciplinas do saber, e, em dimensão de futuro, que permitem perspectivar uma mudança de paradigmas e de mentalidades. No entanto, convém lembrar algumas realidades que se estão a avolumar, conjuntamente com os avanços científicos. Assim: • O aumento exponencial da população mundial; • O aumento significativo da esperança de vida; • O aumento significativo do nível de escolaridade das populações em muitas regiões do mundo; • A degradação significativa da qualidade ambiental, com reflexos no clima planetário; • Um consumo desenfreado e exaustivo de muitos recursos naturais; • Uma diminuição significativa, em muitas regiões do mundo, de um recurso essencial à vida humana – a água potável; • Um consumo irracional dos recursos alimentares, e, das orientações estranhas para a produção e distribuição alimentar; • Um aumento significativo da dimensão das cidades, e, do seu número de habitantes; 19
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Uma significativa falta de racionalização no uso e consumo de energia; Uma significativa falta de consciência social e de saudável convivência social.
Todas as alterações de realidade de Vida, que mencionei anteriormente, estão a contribuir para desequilíbrios significativos na qualidade de vida de muitas populações. Se adicionarmos os factores financeiros (que infelizmente comandam a vida das Pessoas) e a recente crise, que para além de financeira é de valores e de prioridades, então a dimensão dos desequilíbrios é muito significativa. Muito provavelmente, estes estão ligados ao aumento significativo da entropia da vida global actual. Considero que, caso o Homem, com a sua preciosa Ciência e a sua estimada capacidade de projectar caminhos de futuro, não consiga dimensionar e integrar a ‘equação do Equilíbrio dinâmico’ (ajustado às reais necessidades Humanas) da vida das Pessoas, terá muitas dificuldades em encontrar o caminho (ou, os caminhos) mais adequado (s) para o futuro da Humanidade. Temo que a Revolução não seja de desenvolvimento cultural nem de mentalidades esclarecidas e esclarecedoras, mas sim de instintos perversos e destruidores de vida. O Homem tem de aprender a ser humilde, e, considerar que o grande CAMINHO que terá sempre que percorrer é o da aprendizagem constante da sã convivência com os seus pares. Salvaguardar uma consciência cada vez mais Humana e Global que contribua decisivamente para o desenvolvimento sustentado e equilibrado da sua espécie. Essa é, a meu ver, a verdadeira Revolução com Futuro. 20
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EDUCAÇÃO PARA O FUTURO Num tema tão abrangente como o da Educação para o Futuro há que ter todo o cuidado para não cair na tentação duma focagem tecnológica. Vou assumir alguns riscos nesta abordagem, porque os caminhos que conduzem ao Futuro são diversificados e dependentes das tendências dos poderes político e financeiro. No entanto, se assumirmos como fulcral e importante o desenvolvimento do Homem, do Conhecimento e da sua Inteligência, e, da integração destes factores num mundo mais globalizado, consciente dos seus verdadeiros problemas e concentrado em encontrar soluções equilibradas, então afigura-se-me como lógico (sem esquecer o ‘lateral thinking’) a abordagem (tão desenvolvida, quanto possível) de matérias, como: • Gestão do Conhecimento; • Metodologias de integração da informação; • Estudos sobre a Inteligência Humana e seus mecanismos; • Conceitos de Neuroquímica e Neurofisiologia; • Processo de tomada de decisões com diferentes envolventes sociais; • Desenvolvimento de trabalho em Equipa e interacção de Equipas (multifuncionais, multifacetadas e multiculturais); • Estrutura do Pensamento Humano e o seu desenvolvimento; • Como melhorar o relacionamento Humano em Sociedade; • Inteligência Emocional. 21
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Considero, ainda, fundamental que o ensino secundário seja adaptado para poder abordar, pedagogicamente, algumas matérias como as focadas anteriormente, ajustadas às idades e à compreensão dos Alunos. Admito que no Futuro o Homem deva possuir mais Conhecimento integrado, ser mais Inteligente e possuir uma Consciência humana e social em ambiente global e multicultural. Por outro lado, todas as matérias, que conduzam a uma Sociedade muito menos violenta e agressiva (em todas as suas vertentes) valorizando um relacionamento assertivo e ‘cultivado’, serão bem-vindas.* Por fim, gostaria de ver o século XXI caracterizado pela era do Homem Inteligente e Conhecedor em ambiente Multicultural. *
Para o efeito recomendo a leitura do livro de Angela Alem “Construtores do sucesso” (2010), onde a Autora relata a sua experiência de 10 anos na área da Educação e 20 anos na de Recursos Humanos em Empresas Brasileiras e multinacionais, onde pode observar que muitos dos obstáculos ao sucesso profissional estão localizados na base do ensino formal. 22