O Rato e o Gigante
© Ana Lucínia de Freitas
Caixinha Mágica
Edição: Caixinha Mágica Título: O Rato e o Gigante Autora: Ana Lucínia de Freitas Ilustrações: Marcos Oliveira Paginação e composição gráfica: Patrícia Andrade Arranjo de capa: Patrícia Andrade 1.ª EDIÇÃO LISBOA, Setembro 2013 ISBN: 978-989-20-4027-1 Depósito Legal: 362289/13 © Ana Lucínia de Freitas PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO SÍTIO DO LIVRO, LDA. AV. DE ROMA N.º 11 - 1.º Dt.º | 1000-261 LISBOA WWW.SITIODOLIVRO.PT
Numa enorme floresta, bem no seu interior, na zona mais escura e menos habitada, vivia um gigante. Ele vivia sozinho e n達o tinha amigos porque, sempre que sa鱈a de casa, todos os animais fugiam dele, muito assustados. Os seus cabelos roxos, a sua pele amarela, os seus olhos vermelhos e os seus dentes verdes assustavam todos os que o olhavam, mesmo que estivesse a fazer o seu melhor sorriso. O gigante sentia-se triste e infeliz, pois n達o tinha com quem falar ou brincar. A sua vida era muito enfadonha. O seu maior sonho era ter amigos, ou um amigo, pelo menos, com quem pudesse passar algum tempo durante o dia, mas n達o conseguia.
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Num certo dia de inverno, em que estava muito frio e chovia, o gigante sentou-se junto à lareira para se aquecer. Como estava aborrecido, resolveu ler o jornal para se distrair. Pouco tempo depois, exclamou em voz alta: – Já sei! Já sei! Aposto que é desta vez que encontro um amigo! Vou colocar um anúncio no jornal! Muito entusiasmado, o gigante não perdeu tempo, escreveu o anúncio, colocou-o num envelope e enviou-o para a redação do jornal. Passados alguns dias, o anúncio saiu no jornal: Gigante colorido e simpático procura amigo. Vive no interior da floresta.
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Muito longe dali, numa cidade enorme e muito agitada, vivia um pequeno rato branco que havia fugido de um laboratório. Ele só saía à noite da sua toca pois, durante o dia, sempre que alguém o via, desatava a gritar. A sua cor branca chamava muito à atenção, quer durante o dia quer durante a noite, pois refletia a luz e todos o viam. Isso não era bom para um pequeno rato. O ratinho não entendia aquela reação por parte das pessoas, pois era muito bonito e o seu pelo branquinho era fresco, sedoso e brilhante. Numa certa noite escura, o ratinho saiu da sua toca à procura de comida e, quando regressava, começou a chuviscar. Então, procurou alguma coisa para usar como guarda-chuva e encontrou uma folha de jornal. Tapou-se com ela e correu para casa. Quando chegou a casa, o rato arrumou os alimentos que trazia e foi sentar-se no seu cadeirão a ler a folha de jornal. A certa altura, viu o anúncio do gigante e leu-o. – Que interessante! – pensou em voz alta.– Adorava ter um amigo! Alguém que não grite nem fuja sempre que me vê. 05
A ideia de se tornar amigo do gigante foi crescendo dentro do ratinho. Ele não parava de pensar nisso, ficou irrequieto, mas, com já era muito tarde, tinha de ir dormir. No dia seguinte, o rato tomou uma decisão, ia visitar o gigante, conhecê-lo melhor e ver se podiam ser amigos. Começou por preparar a sua mochila para a viagem, com alguma comida e água, e procurou um mapa da floresta na internet. À noite, quando quase ninguém o podia ver, partiu. Quando o ratinho entrou na floresta, descobriu um mundo novo. Começou a encontrar árvores, plantas, flores, animais e bicharocos que para ele eram desconhecidos. Estava maravilhado e, ao mesmo tempo, assustado, porque não sabia como reagir perante alguns animais.
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A certa altura, o rato decidiu parar para descansar as suas patinhas rosadas, pois não estava habituado a andar tanto, e adormeceu. Enquanto dormia, sonhava com um belo prato de queijo com nozes e amendoim, quando ouviu as nozes gritarem: – Socorro! O rato acordou assustado e murmurou com voz trémula: – Que sonho tão estranho! Mas ouviu de novo: – Socorro! – pedia uma voz fininha e sussurrante. O ratinho olhou em volta, mas não viu ninguém. – Socorro! – ouviu novamente. Então, decidiu seguir aquela vozinha e ver quem é que pedia ajuda. Andou alguns metros, quando se viu diante de uma enorme teia de aranha, que brilhava ao sol, onde estava presa uma pequena abelha. – Socorro! – pediu a abelha.
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– Precisas de ajuda? – perguntou o rato.– Porque é que não mexes as asas e tentas sair sozinha? – Estás maluco! Olha para o tamanho da aranha que está naquele arbusto onde se prende a teia. Se me mexo, ela acorda e é o meu fim. Passo a ser almoço de aranha. Ajuda-me! – Está bem! – respondeu o rato. – Mas, primeiro, tenho de ver qual é a melhor forma de o fazer. – Despacha-te! – suplicou a abelha. – A aranha pode acordar. Serás bem recompensado se me salvares. Passados uns minutos, o rato teve uma ideia. Subiu um arbusto próximo à teia e deixou cair a cauda na direção da abelha. – Segura-te na minha cauda, que eu tiro-te daí num segundo. – ordenou-lhe o rato. – Está bem! – concordou a abelha. A abelha segurou-se na cauda do rato e este, com um movimento rápido, tirou-a da teia. A aranha acordou com o balanço, mas já era tarde e nada podia fazer. 08
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