O TEMPO DA POESIA NO TEMPO DOS HOMENS
Edição: edições Parténon ® Título: O Tempo da Poesia – No Tempo dos Homens Autor: João P. Afonso Aguiar Capa: Patrícia Andrade Paginação: Sítio do Livro 1.ª Edição Lisboa, Janeiro de 2016 ISBN: 978-989-99472-2-1 Depósito legal: 402549/15 © João P. Afonso Aguiar PUBLICAÇÃO:
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Jo達o P. Afonso Aguiar
O TEMPO DA POESIA NO TEMPO DOS HOMENS
Ao meu av么, Francisco Ant贸nio Afonso. Um homem bom.
O TEMPO DA POESIA
Tempo da poesia Vagaroso, perfeito e contemplativo‌ É o tempo da poesia. Desilusão e constrangimento pensativo era o que eu sentia quando o tempo era o momento de cantar e eu nada fazia.
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É em ti que penso É em ti que penso quando estou só. A esse amor ainda pertenço mas da chama ficou o pó. Tudo é apenas fim neste estar sem ti… Quero viver, quero sentir! Mas nada parece já existir… Tudo é vazio, tudo é melancolia! E o encanto que existia na vida prosaica se desfez… Mas onde estás tu, ó poesia?
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O Canto da Poesia O presente que nos é tudo é a razão do ser insciente sem a vontade que fez o mundo. «É triste o teu olhar, quando pensas sem pensar nesta realidade sem poesia…» A rotina de falsas alegrias de momentos apenas supérfluos é sonho de escravos perpétuos de coisas sem afectos, nem elegias… «Mas há uma luz temida e pelos falsos poderosos se quer esquecida…» Descobrir entre reflexos e ilusões o sentido ou o fim desta via traz-nos solidões e frustrações que se extinguem com o canto da poesia.
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Todos os mundos na poesia As ondas não caem enrolam-se em espuma para abraçar a nossa terra e dela voltar a nascer Têm a voz de sempre para quem as sabe escutar é um sopro de velha serpente esse verbo antigo do mito por contar E do verbo fabricamos respostas e das questões a filosofia mas em tudo somos transeuntes actores – espectadores da Vida Este é o nosso mundo esse nada que é tudo cantado por quem sabia e esquecido sentia todos os mundos na poesia
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Entardece lentamente Entardece lentamente. O sol primaveril desvanece em tudo a sombra invernal reergue-se e a alma esquece o conforto caloroso da luz no seu sentir. Mas a Natureza perpĂŠtua onde tudo nasce e falece da poesia fez sua a linguagem para que do dia novo viesse em poema a sua revivida mensagem.
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Na escrita de um poema E do dia que desperta é a poesia descoberta no encontro do nosso olhar. É uma profundeza sem portas ladeada de belas telas sem céu nem estrelas sem mar nem encostas. Maravilhado vivo em ti e aí busco a destreza para em mim ser tudo na escrita de um poema.
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A realidade num poema Gostaria de escrever sonhar, não tivesse eu usado essa palavra sempre que iludido pensava escrever a realidade num poema. Eles são de amor ou desesperança e na noite levam-me pela tentação; e é por eles que a minha pena se cansa de destruir a realidade e fazer a ilusão.
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Apenas É apenas espuma a violência da chegada do mar. É apenas luz a intermitência do toque do ar. É apenas chama a eminência de transformar. É apenas pó a consistência do nosso lugar. E desse apenas tudo seremos nada se vindos do nada não vivermos com tudo.
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Zéfiro Zéfiro, brando e ancião, eternas são as súplicas… Elas passam por ti e a minha não é excepção: é do amor que escrevi e que vivi na exclusão de não ser amado. Não se sendo amado, não se tem nada para amar… Somente náuseas subsistem, sou uma ausência de mim e por ti, Zéfiro, me deixo levar…
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Não é mero Inverno Não é mero Inverno o vento que eleva o frio que gela e a água que tudo leva. São sensações… Oferecidas por vós, ó Deuses, nesse refúgio onde vamos sós com desiludidos corações. Assim, quando oiço a chuva a cair, paro, e tento descobrir onde cai ela dentro de mim. Porque tudo nos eleva, nos gela e nos leva, nos Invernos que passam por nós.
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Os meus sentimentos são nómadas Os meus sentimentos são nómadas, e regressam sempre aos meus momentos únicos e felizes. Errantes em equívocos, ignotos e indolentes vivem vários presentes… Em tudo são parcos, ávidos de alguma coisa a que não podem voltar. Não têm pátria nem tempos e partem desses presentes para ao passado regressar… À infância dos meus momentos únicos e felizes.
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