SINOPSE Cada cidadão português necessita de cerca de 96,5 GJ de energia por ano para manter a sua qualidade de vida no início do séc. XXI. Sempre que o custo desta energia aumenta, todos os sectores económicos são afectados e uma parte cada vez maior do rendimento será canalizada para pagar a energia, isto é, manter um determinado nível de qualidade de vida tem um preço cada vez maior gerando uma prolongada recessão. Parece não haver dúvidas de que a situação energética actual em Portugal é insustentável uma vez que o défice importador energético anual é cerca de 7 mil milhões de Euros. Portugal terá de proceder quanto antes à transição energética em direcção, primeiro, ao gás natural, depois para as energias renováveis, numa estratégia com o acrónimo N2R (natural gas to renewables). O livro analisa o processo de transição energética a nível mundial e em Portugal, salientando aspectos como: dificuldades, prazos temporais, potencialidades, mitos, esperanças, demagogias, realidades, ameaças e estratégias. A conclusão a tirar é que para um país de pequena dimensão como Portugal, as energias renováveis são aquelas que melhor se adaptam apesar das suas limitações possuindo um impacte regional muito elevado (small is beautiful) promovendo-se, deste modo, a endogeneização energética.
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JOSÉ LOPES VELHO
Petróleo e
Energias Renováveis Portugal na Encruzilhada
Petróleo e Energias Renováveis - Portugal na Encruzilhada
JOSÉ LOPES VELHO É formado em Geologia pela Universidade de Coimbra. Possui o Grau de Mestre em Geologia Económica e Aplicada pela Universidade de Lisboa e o Grau de Doutor em Geociências, especialidade de Mineralogia pela Universidade de Aveiro. Presentemente é Professor Associado com Agregação no Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro. É membro da unidade de investigação GEOBIOTEC. É autor dos seguintes livros: Minerais Industrias (em coautoria com Celso Gomes e Carlos Romariz) (edição de autor) (1997), Mineral Fillers for Paper: Why, What, How (ed. Tecnicelpa) (2003), Talco: Das Origens às Aplicações (ed. Autor) (2005), Mineralogia Industrial: Princípios e Aplicações (ed. Lidel) (2005), Recursos Minerais: Uma Visão Geo-Histórica (ed. Palimage) (2006), Mineralogia Óptica: Iniciação ao Microscópio Petrográfico (ed. Autor) (2009), Petróleo: Dádiva e Maldição. 150 Anos de História (ed. Booknomics) (2010), Recursos Geológicos de Portugal (em coautoria com António Moura) (ed. Palimage) (2012).
JOSÉ LOPES VELHO
PETRÓLEO E
ENERGIAS RENOVÁVEIS Portugal na Encruzilhada José Lopes Velho
FICHA TÉCNICA Edição: edições Ex- Libris® (chancela Sitio do Livro) Autor: José Lopes Velho javelho@ua.pt Capa: Nuno Remígio Paginação: Nuno Remígio 1° Edição Lisboa, Fevereiro, 2014 ISBN: 978-989-98577-8-0 DL: 367975/13 © José Lopes Velho PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
Av. de Roma n.o 11 – 1.o Dt.o | 1000-261 Lisboa www.sitiodolivro.pt
Índice
Índice INTRODUÇÃO 1 2 3 4 5 6 7
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O Pico do Petróleo e o Perigo da Longa Recessão A Transição Energética 10 Mitos sobre Energia O Sequestro do Dióxido de Carbono A Evolução do Mix Energético a Nível Mundial A Petrodependência de Portugal Estratégias de Transição Energética para Portugal
23 43 61 73 87 113 133
CONCLUSÕES
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Petr贸leo e Energias Renov谩veis: Portugal na Encruzilhada
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Unidades e Equivalências
Unidades e Equivalências 1 joule (J) = 1 kg.m2.s-2 = 1 N.m = 1 W.s 1 joule (J) = 0,000000278 KWh = 0,239 calorias (cal) 1 watt (W) = 0,00134 cavalo-vapor ou 1 joule/segundo (J/s) 1 kilowatt (kW) = 1 000 watts ou 1,35 cavalo-vapor (cv) = 3 600 000 joules por hora = 1 000 joules por segundo 1 kilowatt-hora (kWh) = 1 000 watts por hora = 3 600 000 joules 1 megawatt-hora (MWh) = 1 megawatt por uma hora 1 megawatt (MW) = 1 000 kilowatts ou 1 milhão de watts 1 gigawatt (GW) = 1 000 megawatts, 1 milhão de kilowatts ou 1 bilião de watts 1 terawatt (TW) = 1 000 gigawatts, 1 milhão de megawatts, 1 bilião de kilowatts ou 1 trilião de watts. 1 central nuclear com 1 000 MW de capacidade = 1 350 000 cv 1 barril de petróleo equivalente por dia = 22,1 kW ou 30 cv 1 lâmpada eléctrica de 100 W = 0,1 kW 1 motor de automóvel com 60 cv de potência = 44 kW 1 turbina a 1 megawatt (MW) = 1 350 cv 1 000 pés cúbicos de gás natural por dia = 5 cv = 3 819 W 1 W = 8,76 kWh/ano = 0,75.10-3 tep/ano 1 GW = 8,76 . 109 kWh/ano 1 GJ = 277,8 kWh 1 barril de petróleo = 5 800 000 Btu 1 Btu = 1 055 kilojoules = 252,2 calorias 1 quilowatt-hora (kWh) de electricidade = 3 412 Btu = 3,6 megajoules 1 tonelada de petróleo = 7,33 barris de petróleo
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1 barril de petróleo = 159 litros 1 barril de equivalente de petróleo = 22 152 W = 29,7 cv 1 barril de equivalente de petróleo = 5 800 000 Btu = 5,8 gigajoules 1 barril de equivalente de petróleo = 1,64 megawatts-hora (MWh) de electricidade 1 barril de equivalente de petróleo = 5 487 pés cúbicos de gás natural 1 metro cúbico de gás natural = 35,3 pés cúbicos de gás natural 1 tonelada de equivalente de petróleo (tep) = 11,63 MWh 1 tonelada de equivalente de petróleo = 7,33 barris de equivalente de petróleo 1 tonelada de equivalente de petróleo = 1 tonelada de petróleo = 7,33 barris de petróleo Micro (µm) = 10-6 Mega (M) = 106 Giga (G) = 109 Tera (T) = 1012. Peta (P) = 1015. Exa (E) = 1018. 1 pé (ft) = 30,48 cm 1 pé cúbico (ft3) = 28,317 litros. Mbpd - MIlhão de barris por dia bcfpd - Milhão de pés cúbicos por dia
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Introdução
Introdução Em 2010 publiquei um livro sobre a temática do petróleo (Petróleo: Dádiva e Maldição, 150 anos de história), onde pretendi fazer uma análise histórica desde a implementação da indústria petrolífera salientando o papel desempenhado por Rockefeller até à actualidade passando em revista os principais acontecimentos que conduziram àquilo que se designa por petrodependência. O livro tinha um subtítulo, dádiva e maldição, palavras retiradas de um dos intervenientes da geopolítica do petróleo, cofundador da OPEP e que acabou devorado pelas rivalidades e conflitos em torno do petróleo, Juan Pablo Alfonzo, que chegou a ser ministro do petróleo venezuelano e que foi uma das pessoas mais esclarecidas e mais clarividentes do mundo do petróleo. No início do seu mandato e após estudos de mercado que realizou quando se exilou nos EUA, afirmou que o petróleo era uma dádiva uma vez que tanto os países produtores como consumidores podiam lucrar de um modo equilibrado com a indústria petrolífera. Mas a ambição das petrolíferas em controlar o mercado, para além das rivalidades entre os países produtores conduziram a uma geopolítica do petróleo cheia de conflitos, choques, instabilidade, volatilidade. Quando já se tinha retirado, Alfonzo, desiludido, concluiu que o petróleo era uma maldição. Passou à história (infelizmente já ninguém fala dele), as ambições desmedidas obrigaram a isso, surgiram personagens ávidos de poder, porque o petróleo é isto, poder e dinheiro. São apenas pouco mais de 150 anos de história mas a densidade de acontecimentos em seu torno está bem condizente com a sua característica mais importante, a elevada densidade energética. Apesar dos problemas criados pelo petróleo, directa (custo de vida, poluição, ruído, …) e indirectamente (conflitos, volatilidade,…), também nos proporciona uma mobilidade sem precedentes, conforto e disponibilidade (con-
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veniência). Embora relacionemos o petróleo com transporte, também é um combustível apropriado para aquecimento, pode gerar electricidade e, quando refinado, pode ser transformado num conjunto variado de produtos, desde a cosmética aos plásticos, desde os produtos de limpeza às fibras sintéticas. Um barril de petróleo, 159 litros, representa cerca de 35 000 horas/homem, não existe outro recurso à face da Terra que apresente este valor. O petróleo é facilmente transportado e armazenado, existem na actualidade mais de 100 países produtores de petróleo o que o torna num recurso global. No fundo, é a substância mais flexível que se conhece. Mais do que qualquer outra, o petróleo ajudou a desenvolver o mundo, devido à sua elevada densidade energética, ele é o combustível ideal para todos os tipos de veículos, desde barcos a aviões, automóveis a motociclos. O petróleo é o combustível para os dois prime movers que desenvolveram a globalização, os motores diesel e a jacto. Desde a sua implementação nas décadas de 50 e 60, respectivamente, os seus sucessos tiveram um grande impacto na economia global. Estudos diversos têm mostrado a existência de uma correlação entre o produto interno bruto e o consumo de energia. Os dados revelam que nenhum país com um produto per capita (em paridade do poder de compra, ppc) superior a $20 000 consumia menos de 100 GJ de energia primária por pessoa enquanto nenhum país com um produto per capita inferior a $1 000 consumia mais de 20 GJ por pessoa. Daqui se conclui que para se manter um determinado nível de bem-estar há que alcançar um determinado nível de consumo de energia (figura 1). O modo como a humanidade explora energia primária tem sido notável, o séc. XIX já mostrou níveis de consumo elevados, fruto dos desenvolvimentos acelerados da indústria e dos transportes, que obrigou a um recurso mais intenso ao carvão e ao ferro, mas o séc. XX e a entrada no séc. XXI têm mostrado uma intensidade elevada de recurso às fontes minerais e energéticas que nunca se tinha alcançado antes (figura 2). O nível físico de um país pode ser avaliado através de dois recursos, o ferro e o petróleo. No primeiro caso, as 18 nações mais desenvolvidas com um total de cerca de 750 milhões de pessoas utilizam o ferro a uma taxa anual per capita que varia entre 340 kg e 700 kg. Estes valores contrastam com as cerca de 1,8 biliões de pessoas que consomem menos de 30 kg de ferro e de aço per capita e por ano.
A petrodependência A energia é fundamental para o bem-estar económico e social de qualquer sociedade. Da carbodependência passámos para a petrodependência mas en-
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Introdução
quanto no carvão, a influência era apenas energética, com o petróleo passou também a incluir outras áreas, a dos alimentos, a do vestuário, a dos materiais, a da saúde e cosmética, a da limpeza.
Figura 1 – Produto nacional bruto vs. consumo de petróleo per capita (2008) (Fyfe, 2009).
(Escala horizontal: Consumo de energia primária per capita, GJ/ano). Figura 2 – Evolução do consumo de energia primária (adapt. Boyle et al., 2004).
O petróleo não é apenas um recurso energético, actualmente cerca de 65% do seu consumo a nível mundial é destinado para carburante (transporte) e o restante vai para aquelas aplicações que acabámos de identificar. Para que se retenha alguns dados de referência aqui vão os seguintes:
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Petróleo e Energias Renováveis: Portugal na Encruzilhada
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40% de toda a energia primária vem do petróleo; 90% da energia consumida no transporte provém do petróleo; 65% do petróleo é usado como carburante; 35% do petróleo é usado para plásticos, fertilizantes, produtos químicos e farmacêuticos, asfalto, ... A indústria do petróleo transformou-se na actividade económica mais lucrativa de todas, é aquela que movimenta mais dinheiro e em que os salários são os mais altos. É aquela em que se trabalha mais, em que os níveis de exigência, de especialização e de tecnologia são os mais elevados. Anualmente o mundo necessita diariamente de 226 milhões de barris de equivalente de petróleo, dos quais 79 milhões são provenientes do petróleo, 66 milhões do carvão, 55 milhões do gás natural, 12 milhões do nuclear e 14 milhões da energia hidroeléctrica. Em termos de petróleo, o mundo consome cerca de 1000 barris por segundo (159 000 l de petróleo bruto), 87 milhões de barris por dia, 3,5 biliões de barris por ano! (figura 3). Sabendo que cada barril de petróleo equivalente produz cerca de 22 152 watts ou cerca de 29,7 cv, multiplicando 226 milhões de barris de equivalente de petróleo de energia primária por dia por cavalo-vapor por barril (29,7), obtém-se um valor de 6,8 biliões de cavalo-vapor diário, o que significa que cada pessoa consome 1 cavalo-vapor por dia. A verdade é que este valor se encontra desigualmente distribuído, um cidadão norte-americano consome 4,5 cv enquanto um cidadão na Índia consome menos de 0,25 cv. O combustível por detrás dos motores a diesel e a jacto, o petróleo, não pode ser substituído, apesar da introdução no mercado de etanol, da electricidade e do gás natural, nenhum deles pode substituir o gasóleo e o combustível a jacto. Só encontramos estas alternativas para pequenas distâncias, não para milhares de quilómetros e a globalização envolve enormes distâncias. Um navio mercante que parta de Singapura para Roterdão não se move a etanol, nem um avião que parta de Lisboa em direcção a S. Paulo utiliza baterias nem gás natural comprimido. O motor a diesel tem sido essencial no transporte de mercadorias a diferentes escalas, local, nacional, internacional e intercontinental: 94% das mercadorias são transportadas por navios mercantes a nível mundial. Se o motor a diesel é responsável pela globalização a nível do solo e do mar, as turbinas a jacto têm sido as responsáveis a nível aéreo. A tecnologia a jacto destronou o motor a pistão tradicional porque é três vezes mais rápido e duas vezes mais potente que o motor a gasolina. O sucesso do motor a jacto foi notável: em 1950 o volume total do tráfego aéreo avaliado em passageiros/quilómetro foi de 28 milhões, em 2005 foi de 3,7 biliões, 130 vezes mais!
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Introdução
Figura 3 – Consumo de energia a nível mundial, por fonte de energia primária, em cavalo-vapor (cv) e em watts (BP, 2009).
Estes são apenas dois factos relevantes sobre o petróleo, quando analisado em termos de combustível para transporte. É aqui que o cidadão dá mais importância, transporte, porque a vida actual é uma deslocação contínua, vivemos deslocando-nos, para as compras, para o trabalho, para a diversão, para as férias, para as reuniões. E acontece o mesmo com as mercadorias, elas necessitam de serem transportadas. Para além da sua elevada densidade energética, a outra grande vantagem do petróleo, através dos seus derivados (querosene, gasolina e diesel) é que não tem de ser usado à medida que é produzido, mas pode-o ser mais tarde, em qualquer momento. Este simples facto contrasta com a electricidade que deve ser usada imediatamente à medida que é produzida, como é o caso de uma central eléctrica ligada a uma rede de distribuição. A electricidade também pode ser armazenada em baterias mas estas ocupam um grande volume quando comparado com a energia que pode ser armazenada com o mesmo volume de petróleo. Esta simples realidade faz toda a diferença sobretudo quando se pretende armazenar electricidade em grande quantidade. É um problema antigo que ainda se encontra longe de uma resolução satisfatória.
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Petróleo e Energias Renováveis: Portugal na Encruzilhada
A dependência energética de Portugal Um dos mais importantes aspectos do abastecimento de energia é o efeito que causa num país à medida que se vê impotente para produzir a sua própria energia para satisfazer as suas necessidades integrado numa política de segurança nacional. O público português desconhece em absoluto a enorme dependência energética de Portugal, a sustentabilidade da sua economia e do modo de vida das pessoas encontra-se em perigo devido a dois factores básicos: enorme dependência no petróleo e baixa capacidade de produção de energia primária que satisfaz apenas cerca de 1/5 das necessidades energéticas anuais. Em média, em termos genéricos, na Europa, a relação entre a energia consumida per capita e a energia produzida também per capita é cerca de 2,5, em Portugal é o dobro deste valor. Para além das perdas de empregos e de indústrias e de empresas, aquela realidade coloca problemas ao nível da balança de pagamentos para além de um desequilíbrio entre as importações e a produção nacional de bens e de equipamentos. Existe aqui um desequilíbrio insustentável entre um país que importa demasiada energia em relação àquilo que produz quando se encontra ancorado a uma moeda forte como é o caso do euro. Numa situação normal, isto é, se Portugal tivesse a possibilidade de desvalorizar a moeda já o teria, provavelmente, feito. A impossibilidade desta operação obriga o país a analisar a questão energética como um factor-chave na resolução dos problemas económicos que o país enfrenta. O choque petrolífero de 2008, seguido da crise financeira resultante da bolha especulativa imobiliária foi a gota de água que fez entornar o copo da economia nacional e revelou as enormes fragilidades da sua economia e, mais profundamente, o desequilíbrio existente entre as necessidades energéticas e aquilo que o país produz. Enquanto os preços dos combustíveis fósseis se mantiverem elevados e não realizando reformas ao nível da energia, o processo de declínio económico será uma realidade, o padrão de vida das pessoas irá sofrer uma erosão contínua. O esforço que cada cidadão tem de realizar para manter o seu padrão de vida será cada vez maior, tornar-se-á, a prazo, insustentável, e, progressivamente terá de ceder, isto é, chegará o momento em que o seu nível de vida terá de baixar para patamares mais sustentáveis. O segredo da sustentabilidade reside, portanto, na energia. Os últimos 43 anos foram significativos na história de Portugal, registou-se uma mudança de nível de vida, os índices de desenvolvimento alteraram-se de um modo relevante, construíram-se infraestruturas que permitiram ao país dar um salto qualitativo no estilo de vida. A partir de 1986, quando Portugal foi admitido na CEE, os fundos comunitários e as reformas que se
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Introdução
foram realizando permitiram um aproximar dos níveis de vida dos cidadãos da Europa mais desenvolvida mas todo este processo foi baseado em dois pilares: fundos comunitários e preço baixo da energia. Entre 1985 e 2001, isto é, durante 16 anos, viveu-se numa ilusão de que a energia se iria manter de um modo contínuo, barata, fácil de se ter acesso e estar disponível a preços adequados e suportáveis. É uma realidade que podemos agora constatar que Portugal pouco fez neste capítulo, não fez o trabalho de casa. Construiu vias de comunicação que funcionam à base do petróleo, o número de veículos aumentou, o país ficou melhor ligado entre as diferentes regiões mas, na generalidade, este facto não se traduziu por maior desenvolvimento económico, como são os casos de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Alentejo para além da Beira Interior. As cidades foram as grandes ganhadoras deste processo, encheram-se as urbes de vias rápidas para facilitar o transporte individual e não o colectivo. O problema da mobilidade no interior das cidades, os custos do estacionamento, da poluição, das doenças crónicas respiratórias, dos acidentes, são aspectos que se encontram ainda por solucionar. Como será demonstrado em devida altura, os dados mostram que apenas a partir de 2003 Portugal lançou medidas concretas e eficazes no sentido de uma melhor eficiência energética na procura por solucionar o desafio energético que tem pela frente. Mas como qualquer processo de reforma energética é longo, a resposta foi tardia, o choque petrolífero de 2008 foi encontrar Portugal numa fase reformista inicial e, portanto, colapsou traduzido pelo resgate financeiro. É preciso pôr a economia nacional a crescer, um objectivo económico que se traduz por produção de mais bens, por uma qualidade de vida adequada, por mais pessoas a viver no território, por melhor acesso a bens e equipamentos, por melhores rendimentos do trabalho, por energia abundante e a preço adequado. Para crescer é preciso não apenas mais energia mas melhor energia, isto é, onde a racionalidade, a eficiência, a conservação, se encontram presentes. Todos os cidadãos pretendem melhorar os seus padrões de vida, o que é natural, mas para o sucesso deste “direito” há que construir uma sociedade sustentável. Sustentável significa capaz de se manter numa base infinita, mas como se constata, a sociedade actual é tudo menos sustentada uma vez que se baseia em recursos não renováveis como são os casos dos recuros minerais e energéticos, finitos, cujas taxas de renovação são muito inferiores às taxas de consumo. Inteligentemente, deu-se a volta a este desafio de difícil resolução e considera-se como sustentável todo o desenvolvimento que procura aliar as
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necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações em encontrar as suas próprias necessidades. Este desafio só pode ser satisfeito através de dois instrumentos, capital e conhecimento (tecnologia). O conceito de crescimento sustentável é uma contradição de termos, isto é, o crescimento exponencial não pode ser sustentado indefinidamente com base em recursos finitos. Um crescimento a uma taxa anual de 3% implica o duplicar da produção e do consumo a cada 25 anos. Isto significa que para um país de reduzida expressão económica como é Portugal para se desenhar cenários de crescimento económico numa fase pós-Troika de 3% ao ano implica um recurso às fontes minerais e energéticas muitas delas terão de ser importadas e aqui entram os recursos energéticos, o seu preço e a sua quantidade a consumir. Em 2007, imediatamente antes do choque petrolífero de 2008, Portugal ocupava a 6a posição a nível mundial dos países cujas economias mais dependiam do petróleo (60,1%), o que, de um modo compreensível, se constata que se trata de uma situação insustentável. Chegados aqui podemos resumir a situação de Portugal através das seguintes constatações: 1-Dependência excessiva nos combustíveis fósseis importados; 2-Produção insuficiente de energia primária; 3-Insustentabilidade económica a prazo enquanto o preço dos recursos energéticos se mantiver em alta; 4-Impossibilidade de crescimento económico sustentado sem a resolução do desafio energético; 5-A qualidade de vida dos cidadãos, que requer energia, só poderá melhorar se o desafio energético for resolvido; 6-O sucesso económico implica a independência nacional e esta, por sua vez, baseia-se no recurso a fontes energéticas endógenas. A única forma de resolução do desafio energético é o lançamento do processo de transição energética substituindo, de um modo progressivo, os combustíveis fósseis, sobretudo petróleo e carvão, por energias renováveis que se encontram insuficientemente exploradas no território nacional. Mas este processo não é fácil. Um dos aspectos é claramente psicológico: quando a elevada quantidade de energia fóssil acumulada ao longo de milhões de anos é extraída, à escala geológica, na actualidade, num ápice, a perspectiva de ser transferida para fontes energéticas como a solar e a eólica que fornece energia numa base diária, esta óbvia diferença torna-se desconcertante e coloca dúvidas sobre a real capacidade das energias renováveis. A transição energética envolve ultrapassar dois obstáculos. O primeiro é a nível tecnológico, a passagem de um processo de perfuração e de transporte
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Introdução
de gás natural e de petróleo, à escala mundial, para um outro processo a partir de fontes completamente diferentes que implicam infraestruturas diferentes e um modo de arquitectura também diferentes. Este é um passo muito grande e que constitui um obstáculo a ter em conta. O segundo diz respeito àquilo que se pode obter a partir das energias renováveis, apenas electricidade, não combustível. Usando a electricidade como alternativa ao petróleo nos transportes envolve o ultrapassar de obstáculos tecnológicos muito relevantes que se tornam mais sérios quando as distâncias envolvidas aumentam. Os cidadãos não têm a percepção da magnitude destes dois obstáculos, pensam que são fáceis de serem ultrapassados e que a transição é fácil, mas não é tal. Existe um número razoável de fontes energéticas alternativas disponíveis mas o seu desenvolvimento demora o seu tempo e podem não estar devidamente disponíveis (em termos de conveniência, segurança, preço) e não poderem preencher o vazio deixado pela depleção dos recursos não renováveis. Quaisquer que sejam as fontes energéticas que serão usadas no futuro, elas constituirão a chave para abrir outros recursos físicos, isto é, os minerais, o solo, e a água, elementos básicos na sobrevivência do cidadão, o modo como serão eficientemente explorados dependem da energia, do modo como é conseguida e da sua eficiência. A quantidade de energia que cada cidadão pode comandar directa ou indirectamente determina a sua qualidade de vida. As fontes energéticas e suas respectivas quantidades potencialmente disponíveis devem ser realisticamente estudadas e projectadas no futuro em relação ao país, à sua população e ao seu território. Aqui reside o âmago do futuro da sociedade, falhar isto é desastroso para o país e tornará a economia nacional insustentável. Como afirmou Harrison Brown, na sua obra The Human Future Revisited, “os conceitos de “civilização” e de “uso controlado da energia” são inseparáveis”.
As questões e os desafios Até agora foram colocadas questões e desafios extremamente importantes para a sociedade portuguesa e, sabemos, são de difícil resolução. Todos eles andam em torno do petróleo e da necessidade de efectivação da transição energética. Este é o grande desafio que Portugal tem pela frente no quadro da CE e do Euro. O problema que está em cima da mesa é responder às seguintes questões: Estará o petróleo a alcançar o seu pico de produção? Ou ele já foi alcançado? Ou nunca se atingirá um pico mas sim um planalto ondulante? Será que as reservas de petróleo estão num nível baixo que irá ameaçar o
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desenvolvimento económico? Ou existirá petróleo suficiente para as gerações vindouras? Dever-se-á manter a dependência no petróleo a níveis elevados ou, em alternativa, dever-se-á procurar diversificar o mix energético e torná-lo mais difuso? Será lógico promover o processo de transição energética em direcção a outras fontes energéticas? E que outras fontes serão essas? Será que Portugal possui fontes energéticas capazes, a prazo, de ajudar a solucionar o seu desafio energético? A avaliação de qualquer uma destas situações é importante para se ter uma consciência daquilo que poderá vir a ocorrer em termos de geopolítica mundial quando se verificar o declínio de produção de petróleo com as possíveis consequências catastróficas daqui resultantes: aumento do preço da energia, surgimento de conflitos entre países produtores/países exportadores, rivalidades no controle das matérias-primas, inflação, recessão. A razão de ser deste livro é a análise do desafio energético que Portugal tem pela frente que se traduz, essencialmente, por uma dependência excessiva no petróleo, o que transporta consigo, neste momento, graves constrangimentos económicos e financeiros. A tese que apresento neste livro é que a teoria do pico do petróleo, apesar das suas limitações, é suficientemente importante no sentido de alertar os cidadãos para a necessidade em se adoptar outras fontes energéticas alargando o mix energético devendo a transição energética assentar em quatro pilares: racionalização, eficiência, diversificação e endogeneização, apoiadas na investigação. Apesar das reservas de petróleo não se encontrarem numa fase de fragilidade e de insustentabilidade a curto prazo, apesar de se tratar de um recurso não renovável, finito, ele irá continuar a dominar o mercado energético pelo menos até ao final do presente século. No capítulo 1 é apresentada a teoria de Hubbert, o “fundador” do modelo do pico de produção de petróleo, analisando-se as preocupações ao nível do impacto que o custo elevado da energia tem na economia mundial. A teoria do pico do petróleo tem uma óbvia vantagem, colocar na ordem do dia a discussão sobre o petróleo, o seu futuro em termos de sustentabilidade, sobre a necessidade de se encontrar outras fontes alternativas, com o objectivo de se diminuir a dependência sobre aquele recurso e, fundamentalmente, procurar fontes alternativas pelo menos em nichos de mercado e, sobretudo, incrementar a eficiência energética. É aqui que o discurso deve incidir e não sobre lançar cenários catastrofistas. No fundo, interessa analisar a questão energética em termos de como “consumi-la”, que formas de energia devem ser utilizadas, com que intensidade, com que racionalidade. É com estas ideias em mente que passamos para a fase seguinte a da transição energética (capítulo 2), no sentido de procurar desenvolver fontes
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Introdução
alternativas ao petróleo e prolongar o seu tempo de vida útil. O livro analisa a energia na actualidade, como responder às alterações climáticas, como se deverá processar a transição energética, que fontes energéticas serão realmente alternativas viáveis ao petróleo. Temos uma noção que estamos a viver um processo de transição energética, há que diminuir o recurso ao petróleo e encontrar fontes alternativas. Mas este processo será fácil, isto é, será rápido, sem custos? No capítulo 2 analisaremos a problemática em torno do processo de transição energética, quais os desafios que isto envolve. Analisaremos, de seguida, dez mitos que influenciam muitas vezes as estratégias energéticas que são tomadas (capítulo 3). O maior de todos os mitos é que a eficiência energética é necessária para se poupar energia. Não nos devemos esquecer do paradoxo de Jevons quando em 1865 afirmou que é uma enorme confusão supor que o uso económico de combustíveis se traduz por uma diminuição do seu consumo. O oposto é que é verdade. A explicação para este facto é simples. À medida que nos tornamos mais eficientes não necessitamos de despender tanta energia para consumir a mesma quantidade de recursos (energia). Portanto, podemos consumir mais com o mesmo orçamento. Isto significa que sempre que se reduz o custo de se consumir alguma coisa, as pessoas responderão através do aumento de consumo dessa coisa. A história tem-nos mostrado que os ganhos de eficiência têm sido ultrapassados pelo aumento do consumo que se segue a cada ganho. No Reino Unido, como resultado da eficiência da máquina a vapor no séc. XIX, o consumo de carvão aumentou em 1 000% entre 1830 e 1863! No capítulo 4 faremos um conjunto de considerações sobre as alterações climáticas e o sequestro de dióxido de carbono, analisaremos qual o potencial interesse desta opção, armazenar CO2 em profundidade. O capítulo 5 faz uma abordagem sobre a evolução do padrão energético a nível mundial nos últimos anos. Neste capítulo dá-se uma ênfase especial ao patamar de produção de petróleo que atingiu desde 2005, um planalto ondulante e com ligeira tendência ascendente, à volta de 85-89 milhões de barris diários que, segundo alguns analistas, corresponde à evidência de alcance do patamar irreversível que conduzirá à descida deplectiva de petróleo, isto é, será um sinal da insustentabilidade de petróleo a prazo. No entanto, esta situação é apenas fruto da resposta dos países industrializados ao aumento repentino do preço do barril através de um menor consumo de petróleo e de uma mudança no mix energético e que está a compensar o aumento contínuo do consumo em países que se encontram no seu ciclo ascendente de crescimento económico. Analisaremos neste capítulo as fontes energéticas alternativas ao petróleo qual o seu potencial interesse e de que modo elas podem funcionar como seus reais substitutos.
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Petróleo e Energias Renováveis: Portugal na Encruzilhada
Finalmente os dois capítulos dedicados inteiramente a Portugal. A energia é cara, condiciona a vida do cidadão, os combustíveis estão caros e a probabilidade de regresso ao preço baixo do barril como o que aconteceu nos anos 90 é praticamente nula. Há que enfrentar a realidade e os desafios que Portugal enfrenta são vários mas que não têm vindo a ser devidamente destacados, o problema energético é subestimado pela crise económica que se vive, com o agravar do desemprego, o acelerar da emigração e a baixa dos salários. É necessário, portanto, colocar a energia na agenda políticoeconómica de Portugal. Portugal tem um sério problema para resolver, a sua dependência do petróleo. A crise económica e financeira por que estamos a passar é também ela fruto do preço elevado do barril e da dependência exagerada de Portugal no petróleo. Não é por acaso que a Grécia, a Irlanda e Portugal sofreram um resgate financeiro internacional, pelo facto de serem economias pequenas, a subida repentina no preço do barril de petróleo a partir de 2001, que atingiu um pico em 2008 e que se tem mantido em alta, fragilizou aquelas economias a que acrescentou a crise financeira internacional a partir de 2009. A subida repentina do preço do barril apanhou Portugal desprevenido a que se somou a crise financeira e o aumento vertiginoso da dívida pública. Desde 1970, sempre que o preço do barril de petróleo sobe repentinamente, a economia nacional entra em crise económicofinanceira: foram as duas crises petrolíferas de 1973-74 e de 1980, acompanhadas por inflação, desemprego, intervenção do FMI, instabilidade social e política, foi o aumento do preço do barril de petróleo em 1990, se bem que aqui limitado mas o suficiente para deixar mazelas na economia nacional, finalmente, a partir de 2004/2005 até à actualidade com o preço do barril elevado e a consequente crise que repete muitos dos padrões sociais e económicofinanceiros vividos anteriormente de que se destaca nova intervenção do FMI associada agora ao BCE e à CE. Os avisos dos anos 70 e 80 não foram tidos em conta, 30 anos mais tarde surgem os mesmos problemas, os mesmos desafios e a energia sempre no centro do problema e da solução. Podemos afirmar que a crise actual é também ela uma crise da energia. Para sair dela há que encontrar alternativas e é sobre elas que este livro se propõe analisar. Não se sabe quando Portugal sairá deste ciclo negativo, mas qualquer que seja essa altura, esperemos que num muito breve prazo, não podemos esquecer que tivemos um segundo aviso e aqui fica a pergunta: Que iremos fazer para não termos de assistir ao 3° aviso? Então, mais vale prevenir que remediar! No capítulo 6 faz-se uma análise comparativa, entre Portugal e um conjunto de cinco países da CE com características semelhantes em termos de economia, de superfície e de demografia, no que diz respeito aos respectivos
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Introdução
mix energéticos, tentando compreender quais as opções tomadas por cada país. O estudo realça o facto de somente a partir de 2003 Portugal se encontrar a desenvolver esforços reais no sentido de diminuir a intensidade energética, aumentar a eficiência energética e incrementar a endogeneização das fontes energéticas apostando fortemente nas energias renováveis. Os dados que apresento mostram que as energias renováveis são suficientes na resolução da elevada dependência nos combustíveis fósseis no que diz respeito à produção de electricidade, sendo necessária uma visão global do problema através da implementação de medidas integradas em rede. Com a crise económica, o recurso às fontes energéticas tem vindo a diminuir acentuadamente, o consumo diário de combustíveis fósseis em 2011 foi menos de 92 000 barris que em 2002, ano em que se alcançou o valor mais elevado de consumo de petróleo, 332 000 barris (menos 28%), no entanto, fruto de factores externos que Portugal não pode controlar, como a paridade euro/dólar, a volatilidade dos preços das matérias-primas no mercado internacional, as ameaças de conflitos, entre outros, o saldo importador de energia, isto é, o preço da energia que Portugal necessita para fazer funcionar a sua economia, aumentou em 137%! Esta realidade, a enorme dependência em recursos energéticos importados constitui um travão ao desenvolvimento económico e a saída para a crise económica passa por aqui. Como se pode traçar metas de desenvolvimento para os próximos anos se não se sabe como os preços das matérias-primas irão evoluir? Que fazer para resolver o dilema entre desenvolvimento económico e dependência energética? A estas perguntas tentaremos responder no capítulo 7 onde são apresentadas as grandes linhas definidoras do plano designado por e3-iREDE onde são identificados os quatro imperativos que julgamos serem fundamentais para a solução da questão energética: Racionalização (R), Endogeneização (E), Diversificação (D) e Eficiência (E), complementadas pelo desenvolvimento e apoio à investigação no desenvolvimento tecnológico relativo à energia (i). É preciso, para tal, colocar a energia (e) na agenda governamental, dando incentivos aos investidores na criação de empresas e no desenvolvimento de soluções tecnológicas (e) e, finalmente, sensibilizar os cidadãos para colaborarem e se sensibilizarem para o desafio energético, eles terão de fazer escolhas (e) políticas e comportamentais, sem a sua participação será difícil solucionar o problema. Não existe uma receita mágica mas há medidas que podem ser lançadas e que são exequíveis, no entanto, mais que a sua implementação o maior de todos os obstáculos está no factor tempo uma vez que qualquer solução demora a ser implementada. Este plano é apenas e tão só um conjunto de ideias, não pretende entrar em competição com os planos governamentais já lançados nem os pretende substituir, é apenas uma outra forma de analisar
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o problema. O importante é ter a noção que transformar o presente momento de crise numa oportunidade com vista à resolução da questão energética nacional, que passa forçosamente por um processo de transição energética, constitui a melhor opção mas para tal a sociedade portuguesa terá de fazer um esforço muito grande.
Bibliografia e leituras complementares Bobin, J.-L. (1999) – A Energia. Biblioteca Básica de Ciência e Cultura, Instituto Piaget, Lisboa. Boyle, G.; Everett, B. and Ramage (eds.) (2004) – Energy systems and sustainability. Oxford University Press, Oxford. BP (2009) – BP statistical review of world energy 2009, http://www.bp.com/ liveassets/bp_internet/globalbp/globalbp_uk_english/reports_and_publications/statistical_energy_review_2008/STAGING/local_assets/2009_downloads/ renewables_section_2009.pdf. Fyfe, D. (2009) – Medium-term oil market report, 2009, http://www.iea.org/ textbase/speech/2009/Fyfe_mtomr2009_launch.pdf. Smil, V. (2005) – Energy at the crossroads. The Massachussetts Institute of Technology (MIT) Press, Cambridge. Velho, J. (2010) – Petróleo: Dádiva e maldição. 150 Anos de História. Edições Bnomics, Lisboa.
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