JOAQUIM CASTILHO JOAQUIM
JOAQUIM CASTILHO
Joaquim Cas�lho Engenheiro de formação académica, já reformado, mas que sempre gostou de fazer puzzles de palavras.
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Poemas que podem parecer outros, mas que talvez sejam iguais aos que sempre tenho vindo a fazer.
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Biografia Engenheiro de formação académica, já reformado, mas que sempre gostou de fazer puzzles de palavras.
Cadastro do Autor AS PALAVRAS DO SILÊNCIO – 2002 ARTESANATO – 2007 NOVAS DE ACHAMENTO – 2008 QUASE POEMAS – 2009 LEGENDAS – 2010 TORRESMOS LÍRICOS COM FEIJÃO BRANCO – 2011 RIMAS E BOCEJOS – 2012 O DECANTAR DAS SOMBRAS – 2013 QUADRAS IMPOPULARES – 2014 A INSENSATA PROCURA DO NADA – 2015 CEM POEMAS SEM – 2016 OUTROS POEMAS – 2017
Sinopse Poemas que podem parecer outros, mas que talvez sejam iguais aos que sempre tenho vindo a fazer.
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FICHA TÉCNICA edição: Edições Vírgula ® (Chancela Sítio do Livro) título: Outros Poemas autor: Joaquim Castilho arranjo de capa: Paula Martins fotografia de capa: Joaquim Castilho paginação: Alda Teixeira 1.ª Edição Lisboa, Dezembro 2017 isbn: 978-989-8821-61-4 depósito legal: 433384/17 © Joaquim Castilho
publicação e comercialização:
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Para a minha neta Rita
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“Ser outro não o sendo, apenas procurando novos caminhos para as palavras” GUNDULA STEGLITZ
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ESTANTE
Livros, que alguma vez li, repousam lentos, acomodados, adormecidos, na minha estante. Pedaços do que por mim passou que em mim fica e se aquieta. Resta em mim uma impressão fluida um rasto de prazer ou de indiferença, um vago sentimento de posse. Livros, discos, vídeos, o que guardei, o que vi, o que ouvi, o que li, o que senti. Tudo faz parte de mim e se tornou meu: palavras, sons, imagens que me construíram que me transformaram, livros, discos, vídeos, que sou eu também. O que sou, o que fui ou o que julgo, um dia ter conseguido ser.
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POEMAS
Ler poemas para tocar, com ambas as mãos, a superfície sensível do tempo lugar onde a luz directa não chega e é necessário adivinhar o que se julga enfim ter encontrado. Assim se descobrem caminhos que fazem sorrir os olhares, sem o medo de nunca chegar. Assim se apaga o tempo, assim se abrem os dias opacos, assim se constrói, à beira do nada, um mundo de milhares de silêncios. O mar torna-se vento e a luz fogo e a ternura lago e encontram-se horizontes por detrás de palavras tantas vezes ditas. Vive-se não vivendo sentindo apenas que se vive mais.
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AO LONGE
Ao longe o rio a visão real do rio que sentimos nosso como se o rio não corresse para o mar e a água estivesse parada para sempre. Apenas um tapete de luz e água estrada de barcos efémeros caminho líquido entre margens. A cidade apressada, ocupada em contar o rumor dos dias nem tempo tem de olhar. O rio indiferente, paciente, aguarda que chegue, um fim de semana de sol.
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FOMOS
Fomos como sempre íamos todo os anos sem saber bem porquê tornou-se um hábito ir fazia-nos falta ir parecia que a vida sem aquela ida não ficaria completa. E fomos por ir vimos o que sempre tínhamos visto dissemos o que sempre dissemos os mesmos gestos, as mesmas falas os mesmos regressos. Fomos como sempre tínhamos ido tudo aconteceu como se esperava que acontecesse como tinha mesmo de ter acontecido.
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ENCONTRO
Olhei, olhei-te e não te encontrei vi um rosto, um corpo, uns lábios, um olhar. Que caminho desconhecido terás percorrido para chegar até aqui? Não importa, que me importa? Um segundo mais e não mais, em mim, serás alguém. Nem sequer memória de um rosto, de um corpo, de um olhar. Serás um vulto mais na multidão, seguirás para longe o teu caminho, um caminho qualquer em qualquer lugar.
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GIL TEIXEIRA LOPES
A terra, o corpo, a cor tudo encobre e destapa os destroços esquecidos das palavras silenciadas, as formas, as manchas, as sombras como gestos. Corpos, luz, desejo, reverso vivo do mar derramado onde o passado se encontra. Vultos, fantasmas da história que um dia descobrimos. Lento caminho da memória no estranho barco que transporta uma razão para além dos horizontes. Resta-nos o sulco esgotado da distância, a cor que se esgueira entre os sinais, o lento despertar de todas as sombras.
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O ELEVADOR
Ele explica com paciente detalhe, com sábio e elaborado pormenor, como funciona, porque funciona, como é constituído o elevador. Os cabos, as roldanas, os automatismos, os comandos, como tudo tem a sua lógica, a sua explicação física, a sua concepção mecânica exacta. Seguro, dominando a técnica, sabendo porque sobe, porque pára, quando e como arranca. Ela diz que sim sem falar, dentro do seu silêncio olha sem olhar navega em si, no seu tempo exausto. Longe, não pensa sequer em voltar tem só um vazio para aconchegar uma sede, uma fome para saciar. Solta-se e diz: – Quero apenas tomar um pouco de ar.
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