Esta história é inspirada num caso real. Mariana é uma menina, como todas as outras, que gosta de princesas e de bonecas. Apesar de ter apenas cinco anos, descobre que tem uma doença de pele, conhecida por vitiligo. No seu corpo franzino começam a aparecer pintinhas brancas, as quais se vão transformando em grandes manchas brancas.
A Menina das Pintinhas Maria do Rosário Poças
Mariana começa a ser vítima de bullying. As crianças mais crescidas da escola dizem-lhe que ela vai transformar-se numa vaca. A menina sofre em silêncio, afasta-se de todos e isola-se para chorar.
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A avó começa então a fazer um trabalho de sensibilização para que, na escola da menina, as crianças aprendam a aceitar a diferença. É através da boneca Vitória, uma boneca com características muito especiais, e de um boneco parecido com um talentoso e mundialmente conhecido cantor, portador da mesma doença da menina, que a avó consegue levar as crianças daquela escola a aceitarem a diferença. Mariana deixa uma mensagem para todas as crianças que lerem este livro: «Já não me importo de ter manchinhas. A chita também tem manchinhas, como eu, e é o meu animal preferido! »
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O livro que ensina as crianças a aceitarem a DIFERENÇA
título: A
Menina das Pintinhas Maria do Rosário Poças edição gráfica: Edições Berbequim das Letras® (Chancela Sítio do Livro) autora:
Liliana Simões Ângela Espinha ilustrações: Eva Mina Fernandes paginação: Paulo S. Resende revisão:
grafismo da capa:
1.ª edição, Lisboa janiero 2019 isbn:
978‑989-8711-30-4 449845/18
depósito legal:
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Dedico este livro à minha neta Mariana, a minha fonte de inspiração na escrita.
Era uma vez uma menina chamada Mariana, com cinco anos de idade, que gostava muito de bonecas e de princesas. Tinha uma grande coleção de bonecas, algumas delas princesas, de todos os feitios e tamanhos. As paredes do seu quarto estavam decoradas com princesas que pareciam ter saído dos livros de histórias infantis, que estavam arrumados na estante. Em grande plano, podiam ver-se a princesa Sofia, a princesa Elsa, a Cinderela, a Rapunzel, a Branca de Neve e os sete anões e até a pequena sereia Ariel. A Mariana também gostava muito de pintinhas. Na janela do seu quarto tinha umas bonitas cortinas cor-derosa às pintinhas brancas.
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Mariana queria ter um animal de companhia, mas como vivia num apartamento, não lhe deixavam ter cães nem gatos. Mas tinha uns lindos peixinhos coloridos num aquário. A menina vivia numa cidade do interior, muito bonita e rica em história. Era uma cidade com muitos espaços verdes, jardins com lagos, repuxos e cascatas. Na cidade também havia um castelo da época medieval. Quem sabe, se não teria lá vivido uma princesa?!…
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Mariana costumava levar uma das suas bonecas preferidas para a escola, para brincar com as outras crianças. Uma semana depois de começarem as aulas, apareceram na escola duas crianças negras, a Jéssica e o Diogo, oriundas de Cabo Verde. Eram primos, tinham muitas trancinhas pretas e tinham a pele da cor de chocolate. Mariana gostava da cor da pele e do cabelo daquelas crianças. A menina ficava triste quando ouvia algumas pessoas crescidas a dizerem mal das pessoas com aquela cor. Já ouvira essas pessoas chamarem-lhes pretos e até os mandaram ir para a terra deles. — Mãe, porque é que há pessoas que chamam pretos àquelas pessoas cor de chocolate?
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— É costume dizer que essas pessoas são de raça negra. Nós somos pessoas de raça branca e não somos brancos; os chineses são pessoas de raça amarela e não são propriamente amarelos; os índios são de raça vermelha e não são bem vermelhos. As pessoas que não gostam das pessoas de outras raças são racistas e, às vezes, fazem comentários muito desagradáveis.
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A Mariana queria brincar com a Jéssica e o Diogo. E decidiu pedir uma boneca cor de chocolate à avó Rosário para brincar com eles. — Avó, eu gostava de ter uma boneca de chocolate! — Uma boneca de chocolate? Não sabia que eras tão gulosa! — Ah! Ah Ah! Não, avó! Eu gostava de ter uma boneca da cor do chocolate!
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— Ah! Queres uma boneca africana. Então, portate bem… A avó prometeu que lhe ia oferecer uma boneca da cor do chocolate, como a menina dizia. A senhora conseguiu arranjar uma linda boneca africana, com lindas trancinhas pretas, num grande armazém de bonecas, em Lisboa, onde também já lhe tinha comprado uma boneca chinesa. A Mariana ficou felicíssima e pôs o nome de
Gina àquela boneca, diminutivo de Regina, em honra de uma conhecida marca de chocolates muito saborosos. A Mariana levou a boneca Gina para a escola para brincar com a Jéssica e outras meninas amigas.
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Um mês depois das aulas começarem, apareceu na escola a Matilde, após um longo internamento no hospital. A menina tinha perdido o seu lindo cabelo. Alguns meninos e meninas riram-se da Matilde por estar careca. Mas, quando a professora explicou que o cabelo da Matilde tinha caído por causa de um tratamento que a menina tinha feito contra o cancro, todas as crianças gozonas se calaram.
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