2 minute read

Nota dos autores

NOTA DOS AUTORES

Este estudo resulta da revisão alargada e de uma atualização minuciosa de um trabalho efetuado em 2017 por um dos autores para a atribuição do Título de Especialista na Área de Línguas e 7 Literaturas Maternas. Como o título deixa adivinhar, o objeto deste trabalho de investigação aplicada à Língua Gestual Portuguesa adianta uma proposta desafiante no que toca a análise e a interpretação de um tema musical de assinalável qualidade e sucesso, Amar Pelos Dois, escrita por Luísa Sobral e cantada pelo seu irmão, Salvador Sobral. Recorde-se, a propósito, que este tema foi o vencedor do Festival da Eurovisão da Canção em 2017. Nesta publicação tentamos aprofundar alguns conceitos teóricos e apresentar a um público mais lato a nossa análise de recursos e estratégias de interpretação do texto musical. Realizar um trabalho de interpretação desta natureza é, consabidamente, um desafio extraordinário, não só pela complexidade da letra, pela mimetização dos ritmos e cadências específicas da melodia, mas sobretudo pelas escolhas e estratégias linguísticas que o intérprete tem de preparar para que a versão de chegada seja a mais fiel ao original. Mas os reptos foram e são sempre muitos em trabalhos desta especificidade: manter a isotonia poética, a riqueza da mensagem, a plasticidade do poema, um delicado jogo de efeitos visuossemânPreview

Advertisement

Amar pelos Dois

ticos, um equilíbrio lexical, a variação e intensidade dos gestos, as pausas, a harmonia visual e tantos outros aspetos paralinguísticos que contribuem, decisivamente, para a qualidade da versão, para a riqueza do texto de chegada, evitando as perdas e potenciando os ganhos. Este jogo caleidoscópico de expressões não manuais e/ou corporais jogam, sobremaneira, papéis de notório relevo num trabalho técnico deste teor. Talvez por esta intricada rede de motivos, preocupações e escolhas técnicas, se perceba o quanto é árduo, mas desafiante trabalhar as expressões artísticas, como a música ou a literatura no âmbito de uma língua de sinais. O processo de interpretação inclui em si, muito de quem produz o trabalho, do contexto e do próprio momento interpretativo, muitas coordenadas culturais e identitárias, mas em qualquer das circunstâncias e independentemente da variabilidade de muitos fatores, este meticuloso trabalho de mãos e de configurações são o espelho de como a interpretação é um virtuoso e desafiante jogo semântico que, longe de estar terminado, conhece, a cada desafio, um eterno recomeço. Os autores isabel sofia calvário correia pedro balaus custódio 8 rafaela cota da silva Preview

This article is from: