2 minute read
1.1. O Movimento de Mão, a marcação do plural e a pluralidade
A Língua Gestual Portuguesa
Estas unidades mínimas podem também também assumir valores gramaticais morfémicos, tal como MM quando em nomes e verbos (Correia, 2020). Vamos ater-nos brevemente em algumas destas propriedades gramaticais3, pois são usadas na análise dos recursos linguísticos usados na tradaptação da música, na segunda parte deste trabalho.
Advertisement
1.1. O Movimento de Mão, a marcação do plural e a pluralidade
11 A pluralização foi um assunto já abordado para as línguas de sinais por Sandler & Lillo Martin (2006); Quadros e Karnopp (2004); para a LGP por (Amaral & Coutinho, 1994); Correia (2020). Uma das formas de marcar o plural morfológico é através da reduplicação do movimento: «(...) nominal signs that are produced in neutral space rather than on the body are systematically reduplicated by displacement (...) Signs that are body anchored (...) are pluralized non-morphologically by adding numbers or quantifiers (...) constructions involving nominal classifiers can always take morphological (reduplicative) pluralization» (Sandler & Lillo Martin, 2006, p. 50). 3 Não abordaremos questões como a marcação de género (Correia, 2016); nem a complexa marcação de tempo verbal (Correia; Custódio & Silva,2021), ou outras. Descreveremos de forma sucinta aquelas que são pertinentes para a análise dos fenómenos linguísticos e tradutórios que usamos. Preview
Amar pelos Dois
Assim, um dos recursos, em determinados signos gestuais, consiste em repetir um parâmetro, MM, para marcar a quantidade.
Todavia, há que ter presente que MM não marca a pluralidade semântica, mas assume-se como afixo morfémico. Em LGP, são raros os nomes coletivos, ou seja, aqueles que “no singular, denotam grupos de entidades do mesmo tipo, perspetivadas concetualmente como uma entidade única” (Gramática do Português, 2013, p. 971). A nosso ver, tal poderá dever-se à visualidade do signo que denota a entidade, muitas das vezes criado através da metonímia. Assim, a título de exemplo, os vocábulos OVELHA, 12 PORCO, LOBO4, assentam numa característica do animal que se destaca para a comunidade e que, a partir dela, cria o signo gestual. Ainda que com um grau de arbitrariedade considerável, sobretudo para os não utilizadores de uma língua gestual, estes vocábulos têm raízes fortemente icónicas. Desta forma, em LGP usa-se o recurso sintático, executando-se o signo da entidade mais o nome coletivo GRUPO ou outro recurso que caracterize a entidade. Assim, rebanho é OVELHA+ GRUPO ou OVELHA + SEGUIR. Um dos nomes coletivos que é utilizado em LGP é o de MULTIDÃO, que adiante veremos como escolha lexical na nossa tradução, com recurso a uma configuração de mão que advém do classificador de pessoa, em que nos deteremos na secção 1.2 deste trabalho, utilizando-se neste caso quatro dedos de ambas as mãos com um movimento continuado. Neste signo não nos parece produtivo falar da repetição de movimento até por que o que se faz é repetir o movimento dos dedos, considerado movimento dependente (San4 Os vocábulos estão disponíveis em www.spreadthesign.com Preview