Os “Diálogos” são de fato rápidos esquetes, que condensam a essência da teatralidade, com a construção de personagens e de situações. Não são peças, pois os personagens não têm antes nem depois, só durante, e falta sempre, também, um desenlace. Não são satíricos ou filosóficos, como os seus “Diálogos dos Mortos”, nem essencialmente cômicos, mas fixam situações de vida onde a grandeza e a insignificância dos pequenos problemas do dia-a-dia daquela gente comum assumem as proporções do que chamaríamos hoje tragicomédia.
Luciano não situou estes diálogos no tempo, e eles se desenvolvem em uma Atenas estereotipada em um momento qualquer do passado algo remoto. Apesar de em um ou outro diálogo haver referências a fatos e pessoas que os pudessem situar nos tempos dos primeiros sucessores de Alexandre Magno, esta parece mais, na verdade, ser uma astúcia literária para “destemporalizar” a obra. É essa “destemporalização” que a torna ainda hoje atual, pois ao...