Caminhos Diferentes

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Uma jovem aluna do 6.º ano do Ciclo Preparatório, ardente defensora da Natureza, lança uma ideia na sala de aula: percorrerem a zona da Lagoa de Santo André (reserva natural) para apreciarem o mundo vegetal e, ao mesmo tempo, observar as inúmeras aves que ali recuperam e nidificam. Mesmo a propósito, junto à janela do seu quarto, existe uma árvore onde bandos de aves têm os seus ninhos. Após uma noite de tempestade, Filó encontra sobre a relva um ninho com dois ovos. Com todo o cuidado, transporta-o para casa e, em concordância com a mãe, procura recuperar os mesmos, sem resultado.

Osvaldo Énio

1 – O SONHO DA FILÓ

2 – UM AMOR NO ALENTEJO

3 – A OFICINA C

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Influenciado por alguns colegas, Francisco deixa o seu lugar de eletricista numa empresa do Complexo Industrial de Sines e vai trabalhar para o Dubai, deixando ficar a mulher e dois filhos, ambos a estudar, tendo o mais velho 17 anos. Deixa de contactar com a família, que passa a viver com dificuldades, e regressa ao fim de trinta anos. Respeitando a vontade manifestada pela mãe, que perdoa a estúrdia atitude do marido, os filhos aceitam que voltem a viver juntos os dois.

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4 – QUEM SOU? Marques, «o filósofo» como os colegas o chamam, fazendo uso da sua grande eloquência, procura interessar os amigos para um tema do seu agrado: a origem da Terra e a criação do Homem, segundo teorias difundidas por variadas religiões, academias, estudiosos e mitos. É uma tarefa difícil que ele procura inculcar aos seus ouvintes habituais, sem grandes resultados. 5 – UM NOVO HOMEM Armindo é um sem-abrigo e ex-combatente da Guerra do Ultramar que desperta a atenção do Lopes, que por ele passava todos os dias, quando seguia para a sua empresa. Condoído, resolve ajudá-lo, fazendo dele um novo homem, mau grado ter sido uma vítima desde os 12 anos, após assistir à morte violenta dos pais.

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Caminhos Diferentes

Uma jovem farmacêutica é dispensada do seu emprego em Lisboa. Após alguma procura, consegue um lugar numa farmácia em Santo André. Entre os amigos que aqui faz, encontra-se o Rodrigues, um professor da escola secundária. Após um tempo de difícil relacionamento, estabelece-se um entendimento que algum tempo depois os transforma em enamorados.

Osvaldo Énio

Caminhos Diferentes Contos

Osvaldo Énio Nóbrega Machado Godinho, como neto direto dos Cabouqueiros do Lubango, ali chegados em fins de 1884, vindos da linda ilha da Madeira, nos períodos antigos banhada pelo mar Tétis, nasceu sob o olhar complacente de Nossa Senhora do Monte, erguida no alto da serra. Teve o orgulho de assistir e acompanhar o início e o crescimento do seu berço natal, vivendo uma infância feliz e alegre que se estendeu até ser obrigado a abandonar aquele jardim por efeitos de descolonização, corria o ano de 1975. Desde muito novo se interessou por tudo o que se relacionasse com literatura, colaborando na rádio e jornal locais e eventos de iguais atributos. Com outros colegas que percorriam igual caminho fundou a República de RÁS-TE-PARTA,o que na conhecida“Coimbra”de Angola ou a“Cidade dos Estudante”com as suas tradições e praxes, era natural acontecer. Muitas tertúlias ali se fizeram com a participação ativa de muitos tertulianos que falavam sobre livros, diziam versos, falavam de escritores e poetas, tendo dali saído elementos que vieram a ganhar relevo na cultura angolana. Ao chegar ao Alentejo litoral no ano de 1978, após a passagem à reserva, a natureza proporcionou-lhe poder acompanhar o nascimento e progresso duma nova cidade, à qual vem dando com prazer todos os seus saberes e competências.



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CAMINHOS DIFERENTES


título: Caminhos

Diferentes Énio edição: Edições Vírgula ® (Chancela Sítio do Livro)

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autor: Osvaldo

Ângela Espinha Sílvia Fins paginação: Paulo Resende capa:

imagem de capa:

1.ª edição Lisboa, janeiro, 2022 isbn:

978­‑989-8986-52-8 491852/21

depósito legal:

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© Osvaldo Énio

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OSVALDO ÉNIO

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CAMINHOS DIFERENTES

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Nota: Os contos deslizam por vários temas e intervenientes, utilizando o autor para o efeito a factualidade e a ficção, pelo que qualquer semelhança com acontecimentos e nomes será apenas mera coincidência.


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O SONHO

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DA FILÓ


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CAPÍTULO I

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Já na escola que a Filó frequentava e que ficava não muito longe da sua casa, o que lhe proporcionava umas vezes ir a pé com as amigas e outras de carro, principalmente quando os ponteiros do relógio se aproximavam da hora de entrada, a mesma tornava-se notada pelas ideias avançadas, relativamente à sua idade e estudos. Era a ”pardaleca”, mais uma aluna feliz e contente, que frequentava aquele ciclo preparatório. Porém, a Filó não se zangava nem se mostrava amuada ou melindrada, pois sabia bem a causa desse epíteto. Não era o tal “bullying” que não consentia entre os colegas e que os pais e professores falavam e combatiam. As aves eram o seu encanto e a sua alegria, mais concretamente, os pássaros pequenos que via volitar por onde passava, pois esperta como era, utilizava os caminhos existentes pelos arvoredos e parques, que aparentavam ser caminhos vicinais, ganhando sempre uma compensação, porque os pássaros saltitavam de ramo em ramo. Ela descobrira que era o tempo que os pais aproveitavam para levar a comida para os ninhos. caminhos diferentes

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Até parecia que os passarinhos iam atrás dela, acompanhando-a até à escola ou a casa, num diálogo permanente que a Filó dizia entender. Quando havia qualquer passeio que a escola organizava, com a finalidade de verem as aves e admirar a floresta, tantas vezes florida, cheia de verdura, principalmente numa reserva que havia nos arredores da sua escola, ou ao parque da cidade, onde também havia um lago por onde desfilavam inúmeros patos, lá marcava a sua ativa presença, mencionando o nome de muitos pássaros que ia conhecendo de acordo com o que procurava saber com os mais velhos e durante o tempo que gastava na internet. Em determinada ocasião, quando estavam todos no intervalo e na altura a falar de aves da região, a Filó achou por bem mostrar aos seus colegas que sempre sabia mais alguma coisa do que eles. — Vocês falam, mas não fazem ideia nenhuma das coisas. Olham e nada mais. Se quiserem, eu digo o que tenho apreendido. É preciso perdermos tempo a observar, para aprender. — Vá lá, fala então, estás sempre com conversas dessas, mas não nos ensinaste nada ainda. Por ventura, sabes tanto como nós, ou até menos —esta foi a vontade manifestada pelo grupo. — Conhecimento não é sabedoria. Olhem, para ser mais a sério e não estarmos todos aqui a interromper e com piadas, eu acho que devíamos falar com a professora Manuela e fazíamos isso numa aula dela, pois é sempre quem anda connosco nestes passeios e nos dá as aulas de ambiente

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— opinou o João, que também já havia mostrado interesse pelas obras da natureza. — Por mim, acho muito bem. Não me atrapalho nada em falar na aula. Assim, ao menos, vocês ficarão com mais atenção, e a professora também poderá ajudar, porque gosta. Vamos falar com ela e dizemos o que queremos. Irá depois organizar o resto, até pode ter fotografias para projetar. Eu trago as minhas, pois tenho muitas e bonitas. Se vocês tiverem, também podem mostrar – concluiu. Assim aconteceu. A ideia foi bem recebida. Naquele início de aula, o ambiente estava alterado. Logo desde o bom-dia geral à professora, como era habitual, os alunos mostravam-se excitados, inquietos. Uns riam, outros gesticulavam, o que de imediato despertou a atenção da professora. — Então, meninos, o que se passa hoje? Estão muito irrequietos e barulhentos. A vossa atenção, pois vamos começar a aula. Um murmúrio impercetível estendeu-se por toda a sala. — Fala tu… fala tu… então, Filó, não dizes nada? — Senhora professora, ela tem uma coisa para dizer, que nós combinámos — acalmou a Fernanda, que também era uma das alunas mais extrovertidas, pois até já havia feito teatro no ano passado, durante a festa da escola. — Ó Filó, nem parece tua essa atitude. Sempre participativa e agora tens vergonha de falar. Deve ser um assunto importante pelo entusiasmo que vejo em todos. Vem aqui para ao pé de mim. Ficas melhor. caminhos diferentes

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Consciente de que aquela era a oportunidade que já havia idealizado, expondo a sua vontade em nome de todos os colegas, assumiu a sua atitude normal e começou a desenvolver o que havia sido combinado e aceite por todos, quando decidiu propor um passeio pela zona da Lagoa, a fim de melhor conhecerem aquele ecossistema que, concluiu, poucos colegas por ali tinham passado e pouco, afinal, conheciam do mesmo. Indicou que, inserido nas campanhas em defesa do ambiente na região, poderiam dar um passeio, utilizando os caminhos já definidos, os postos de observação ali montados e outros a escolher, mediante o desenrolar do passeio. Entusiasmada, perante a atitude expectante e interessada que a professora revelava, começou a descrever os seus conhecimentos de acordo com os ensinamentos do pai e seus, visto que ela procurava saber sempre mais. Relatou que todo o parque é uma zona de passagem e recuperação das aves, nas suas deslocações entre África e a Europa, isto de acordo com as mudanças climáticas nesses continentes. É igualmente uma zona de nidificação para aves diversas, tais como: a cegonha-branca, o falcão-peregrino e a gralha-de-bico-vermelho. Este é o único local na terra em que as cegonhas nidificam nos rochedos marítimos. — Professora, eu não sei o que é nidifi … niiiidiii… — interrompeu o Jaime, um dos do grupo que fica na última fila a dizer piadas e a mandar “bocas” durante as aulas.

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— Sim, espera um pouco. Filó, fala mais pausadamente, estás a falar muito depressa. Deves saber em que consiste a nidificação. Repete mais devagar, e vocês estejam com atenção. Se não perceberem… ou não entenderem qualquer palavra, digam, ouviste Jaime? E presta atenção, não incomodes os colegas. A Filó, com todo o à vontade, explicou pausadamente cada palavra ou frase, para que fosse bem entendida. — Nidificação, quer dizer é o ato das aves escolherem um local que acham bom para fazerem o seu ninho, porque encontraram todas as condições ambientais que necessitam. Por isso, podemos chamá-lo o seu local de reprodução, pois as aves ali ficam até os filhotes crescerem e poderem viver sozinhos. Estes ninhos são ainda um refúgio importante para determinadas aves do centro e norte da Europa, na altura do inverno, por causa do frio, ou quando as aves estão num sítio muito quente, em África, por exemplo, e procuram evitar o calor, deslocando-se para cá, pois está mais fresco. A Lagoa de Santo André constitui um dos sistemas lagunares costeiros nacionais com maior importância ornitológica. Estes lagunares costeiros são o local de reprodução para várias espécies de aves aquáticas ameaçadas, e são também locais de recuperação nas rotas migratórias que algumas delas seguem, entre o continente europeu e africano. caminhos diferentes

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Para além disso, é ainda um refúgio de inverno essencial para muitos milhares de aves oriundas do norte e centro da Europa. — Espera aí, para eu ajudar, interveio a professora, pois temos muito tempo para esta matéria, em boa-hora aqui chamada, mesmo tivesse eu programado lá mais para o fim do ano uma coisa parecida. Mas assim, tem mais valor. Vindo de vocês, é um sinal de que estão atentos ao meio que vos rodeia. Nunca se esqueçam que o meio ambiental é composto por variados ecossistemas. Assim, de um modo geral, é a região onde todos vivemos. Como por exemplo, ao falarmos das lagoas de Santo André e Sancha, estamos a falar de ecossistemas, que facilmente percebem, haverá muitos em cada lugar, cidade, país e no mundo inteiro. Por isso, podem ouvir dizer, com toda a razão, que a terra é o maior ecossistema que existe, pois é o conjunto, a união, de todos os ecossistemas. No ecossistema considera-se tudo, e a um conjunto de seres iguais chama-se população (por exemplo: população de formigas)… — Ah!Ah!Ah! riram-se com gosto os alunos, imaginando as formigas de um lado para o outro, imitando os homens a passear. — O estudo dos ecossistemas chama-se ecologia e é, por isso, apenas uma parte do ambiente. Nidificação é a ação de alguma espécie de ave construir o seu ninho.

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Os pássaros quando estão para ter os seus ovos, a isso chama-se incubar, vão construir o ninho, a sua casa. Reparem que eles andam muito atarefados, carregando no seu bico paus pequeninos e bocados de barro. Na maioria das espécies, são os dois a construir, o macho e a fêmea. O ninho pode ser construído em diversos locais como: nas árvores, no chão, em paredões, coletivos e, às vezes, mesmo em ninhos de outras aves. Também é possível o uso de ninhos artificiais, portanto, feitos por nós. Outro bom exemplo de nidificação, que temos todos os dias, acontece com as aves migratórias, como as andorinhas e as cegonhas, que normalmente regressam aos mesmos locais, fazendo os seus ninhos nos beirais, nos postes de eletricidade e nas árvores altas. Somos uns privilegiados por podermos auferir de um ambiente excecional, uma natureza exuberante e ainda poder haurir um ar puro, sadio, que só pode fazer bem a todos. Mas, por hoje, chegou a hora de terminar a aula. Esteve muito animada, muito proveitosa e sinto-me mesmo satisfeita com o que se passou. A nossa próxima aula é na quinta-feira, e, até lá, vou começar a divulgar o que hoje aqui se passou e a procurar apoios para irmos até ao fim. Durante toda a explicação, os alunos mostraram-se muito ensimesmados, pois estavam a conhecer uma matéria em pormenor e da qual muito ouviam falar, na escola e fora desta. caminhos diferentes

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Na quinta-feira, a expetativa e a curiosidade estavam no ar e eram o tema de conversa geral. Aliás, nos dias anteriores não se falava noutra coisa. A turma B do 6.º ano da professora Manuela, que ministrava a disciplina de cidadania e ambiente, e que todos sabiam era um dos membros duma comissão ambiental que tinha como meta a defesa do litoral alentejano, recebia o elogio de uns e o apoio de outros. — Ora, bom dia, meninos. Estamos preparados para terminar em grande o nosso combinado feito na última aula? — Sim, responderam todos quase em uníssono. — Eu estive a falar com os meus pais e eles ficaram contentes. Mas, o meu pai também me disse que no tempo da escola dele, iam à caça dos passarinhos com “tchifutas” ou fisgas e espingardas pressão de ar. Os alunos rebelaram-se, clamando que eram muito maus. — Então, meninos, o que se passa? São atitudes condenáveis, comportamentos que as pessoas assumem ter praticado. Era um tempo diferente. — Hoje, infelizmente, ainda alguns usam pressão de ar — afirmou o Jaime. — UHUHUHUHUHUHUH!, ouviu-se novamente ecoar por toda a sala. — Não têm vergonha em matar os passarinhos… há gente que faz turismo e paga para matar animais em pleno mato, e até em algumas reservas, e espécies que caminham

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para a extinção. É isto que temos de travar, lutando contra quem autoriza e contra quem comete esses crimes. Em África, há muitas reservas, isto é, locais preparados para aqueles que querem observar os animais no seu habitat… habitat é o lugar onde permanecem, é a sua casa, é o seu campo para passear, não é para serem abatidos por prazer, afirmou a professora. — Então, porque é que deixam fazer as touradas… espetar os ferros nos touros e até matá-los? — Tens razão, Fernando, é bem observado. Ao falares disso aqui na aula, vem muito a propósito. As touradas são uma tradição do nosso povo, tem muitos adeptos, envolve muito dinheiro…mas já estão a acabar… e qualquer dia vão mesmo ser proibidas. — É bem feito, quando os touros furam a barriga dos toureiros com os chifres. É a vingança deles. — Os meus amigos, com quem falei, ficaram muito satisfeitos, pois têm passeado pela lagoa para verem os peixes e os patos e dizem que é muito bonito — explicou a Carlinha. Com entusiasmo, todos foram contando as repercussões que o intento despertara, aplaudindo a ação, pois tudo o que se fizer a favor do bom ambiente será para nosso gozo e de quem nos seguir. — Tenho aqui uns apontamentos para conclusão da matéria, conforme ficou combinado. Parece uma causa simples, mas não é. Onde ficam as aves? Onde põem os seus ovos, que são o garante da continuidade da espécie? caminhos diferentes

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E quem tiver dúvidas ou quiser saber mais alguma coisa sobre esta matéria, pede para falar. Possivelmente vamos observar alguns ninhos, pois funcionam como a sua casa, feita com muita sabedoria, cuidado e carinho. Alguns são verdadeiras obras de arte, quer dizer, têm mais efeitos que os outros. Como já verificaram, a maioria das aves constrói o seu ninho nas árvores. Basta estar com atenção de manhã e ao pôr do sol para ouvirmos o seu piar alegre e vermos o saltar constante de entre os ramos das árvores, por onde passamos. Há igualmente espécies que fazem os ninhos escavando os próprios troncos das árvores ou aproveitando mesmo as cavidades existentes nesses troncos. Nem todos os ninhos são iguais, mas todos são trabalhados e seguros. Só um vento forte ou uma chuva muito intensa os derruba, por vezes. Outros escavam um buraco no chão (é o chamado ninho escavado) e depois continuam a fazer uma galeria de túneis, ficando assim ainda mais protegidos contra a natureza e o homem. São muitas vezes utilizados pequenos ramos, restos vegetais, penas, etc. para construir uma plataforma, onde são colocados os ovos. Esses ninhos podem ser construídos em locais descobertos, como o ninho das gaivotas, mas outros são muito bem dissimulados entre a vegetação.

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As aves mais pequenas que fazem o seu ninho no chão, utilizam materiais como o musgo para atapetar o interior do ninho. Normalmente, estes ovos são mais resistentes. Por vezes, esses ninhos também são construídos com barro e outros tipos de solo, como é o caso dos ninhos de andorinhas, que muito facilmente podemos encontrar até em nossas casas. As cegonhas procuram os sítios mais altos. Existem ainda ninhos geralmente grandes, feitos para abrigar vários indivíduos que vivem de forma conjunta. Estes ninhos podem ter mais de um metro de diâmetro e pesar à volta de 200kg. Fora do período de reprodução, o ninho coletivo é utilizado para dormir ou como abrigo de tempestades. Podemos igualmente encontrar os ninhos flutuantes que, como a sua designação nos diz, são ninhos montados sobre a água, geralmente próximos às margens de rios e lagos, com águas calmas. São feitos com matéria vegetal diversa e plantas ali existentes. Segundo uns placares de informação turística que estive a consultar e que são distribuídos a visitantes sobre as aves da zona, com fotografias muito bonitas das espécies que podem ser observadas: Assim, temos presentes todo o ano, por exemplo: o galeirão (preto de bico branco), que emite um som que parece uma corneta; o pato-real (o mais abundante) e o pato-de-bico-vermelho; a garça-cinzenta ou garça-real e a águia-sapeira que é uma ave de rapina, que sobrevoa os sapais em voo rasante para apanhar as aves da lagoa. caminhos diferentes

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Há ainda as espécies estivais (verão), onde se destaca o rouxinol pequeno dos caniços, que se ouve com persistência, e as espécies invernantes, como os patos, mergulhões e flamingos. E pronto, acho que para vocês ficarem com uma ideia do que é realmente aquele ecossistema, já basta. Quando lá formos, situados nos próprios locais e postos de observação, muito caladinhos e quietos, veremos a realidade que é sempre diferente, mais colorida e mais bonita e que ficará bem marcada na nossa memória. Filó, queres dizer ainda mais alguma coisa? Não guardes, conta-nos tudo — desafiou a professora. — Foi isto que aprendi, pois gosto muito das avezinhas e dos outros pássaros. Como há colegas que nunca viram, eu lembrei-me de lhes contar. — Estou maravilhada contigo, com a tua ação, com a tua proposta. Estou rendida ao teu objetivo, que é fantástico e muito oportuno. Sabem que a terra é a nossa casa e se a tratamos bem, se queremos o nosso quarto limpo e bonito, também devemos tratar com igual vontade e cuidado a terra. E é assim que se começa, com ações destas e pessoas interessadas como vocês. Porém, há muito para fazermos. Já sabem, têm todo o meu apoio e ajuda da escola. Para não se fazerem coisas à toa e repetidas, vamos arranjar um grupo de três alunos, a que chamaremos a nossa “Comissão Organizadora”. Vou já dar conhecimento à nossa Diretora de tudo o que queremos fazer e como pensamos fazer. Temos de

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estabelecer muitos contactos, pedir um transporte, a ajuda dos Serviços de Conservação da Natureza, muitas coisas. Eu vou pensar muito bem, vou elaborar o programa e depois com a Comissão Organizadora começamos a resolver os problemas que vão surgir. Agora, vamos então eleger os três elementos necessários. Vá, conversem uns com os outros se quiserem, deem a vossa opinião, façam uma troca de ideias, com intervenções várias, mas sem demorarem muito. Após um movimentado período de intervenção geral com muita discussão, a calma voltou. — Então, está tudo falado? Já conversaram, está tudo tratado? Sim… vamos então escolher. — Quem é que a professora escolhe? — perguntou o João, que também se mostrara pronto a ajudar, confundindo a professora com a indagação, como é seu costume. — Eu não escolho ninguém, essa é uma obrigação vossa, respondeu a professora. Eu só vou acompanhar e aconselhar. — Então, nós escolhemos já, conversámos todos: ficam a Filó, porque ela é que fez tudo e por isso merece, a Júlia e o João, que são os mais faladores e não têm vergonha. — Muito bem — anuiu a professora, acho que escolheram com cuidado e atenção. Então, fica assim assente, nós vamos começar a preparar tudo o que é necessário, fazemos um programa, que vão todos conhecer em pormenor, e depois, conforme os resultados, escolhemos o dia. Nessa altura, então, resolveremos caminhos diferentes

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como fazemos o passeio, pois não é possível ainda sabermos quanto tempo demora. Se é só de manhã ou também abrange um pouco da tarde. Naturalmente, teremos de levar alguma coisa para comer, coisas simples. Mas depois veremos em conjunto. Agora, vamos trabalhar para conseguir o que foi sugerido, e muito bem, pela Filó. Posso já adiantar que durante as explicações têm de estar com muita atenção, porque depois vão fazer um trabalho sobre o que virem. Podem levar máquina fotográfica ou o telemóvel para tirarem fotografias, tornando assim mais agradável e completo o trabalho. Mais tarde, voltarei a lembrar e talvez outras coisas mais. Ah! Lembro já a autorização dos vossos pais, de contrário não podem ir. Aproveitem falar com eles, contem o que está a ser preparado e que neste momento estamos a aguardar pela confirmação do evento poder ser realizado, para o bem de todos nós. Passado algum tempo uma reunião final iria ter lugar. Embora a professora Manuela quisesse manter em segredo a mesma para criar mais impacto nos alunos, um dos intervenientes da Comissão Organizadora não teve capacidade de espera e uns dias antes divulgara o que se iria passar. — Bom dia, meninos, temos novidades agradáveis para vos transmitir. Hoje é segunda-feira e na quinta-feira, espero que não se enganem. Quinta-feira, temos o nosso passeio ambiental.

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Ao fim de algumas dificuldades, pois é necessário contactar com muita gente, lá chegamos a um bom resultado. Agora, com a Comissão Organizadora, vamos elaborar a lista definitiva de quem vai. Pelo que vejo são uns vinte e dois. Porém, têm de confirmar até amanhã a vossa vontade. Os que vão podem trazer mesmo no caderno a declaração do encarregado de educação a autorizar a sua ida. Também o pode fazer verbalmente e pedir mais informações, se assim o entender. O autocarro sai daqui da escola às oito e meia e regressa às 17 horas. Como o mesmo é cedido pela câmara, não se paga o transporte. O equipamento pode ser um fato desportivo ou outro leve e uns ténis ou parecidos, para andarem à vontade. Como vamos andar algum período ao sol, não devem esquecer um boné. Além da comida, que deve ser uma coisa simples para não pesar muito, não podem esquecer a água. Devem levar papel e caneta para tirarem apontamentos destinados a fazerem depois um relato escrito da visita, como ficou combinado. Quinta-feira, 8h30 da manhã, um autocarro com alegres e divertidos passageiros, cantando canções de acordo com o seu gosto, parte em direção ao Centro de Interpretação do Monte do Paio, uma instalação do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), onde um elemento destes serviços estará presente para receber e acompanhar os visitantes. caminhos diferentes

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É um espaço polivalente, preparado para receber e acompanhar os inúmeros viajantes que cada vez mais procuram conhecer e gozar as belezas da zona. Ali chegados, indicações e conselhos para se iniciar um dos percursos, todos bem avisados dos perigos e da maneira como se deveriam comportar, formaram grupos de cinco (eram 20 alunos), para não se dispersarem, guardando uma pequena distância entre cada equipe. Cada grupo foi numerado de 1 a 5, e não se poderiam juntar aos outros. De imediato, todos se mostraram interessados e entusiasmados pelo que viam em seu redor — a natureza com todo o seu esplendor e diversidade. O cheiro da natureza e o ar fresco que amenizava o calor dos raios solares. — Olá, bom dia a todos e bem-vindos ao nosso Centro. Eu sou o instrutor Fernandes e passo aqui a maior parte do tempo. Vou conversar um bocado para vos ensinar onde estão, que lugar é este, contar-vos uma pequena história da sua origem, vamos visitar as instalações e depois, então, damos início aos passeios. Se tivermos sorte, ainda veremos alguns dos habitantes ou população, que por diversos motivos escolheu esta área para viver, recuperar e nidificar. A par dessas importantes missões, dispõe de outras infraestruturas, tais como: o Centro de Interpretação, Centro Experimental, Centro de Acolhimento, Campo Técnico de Escuteiros, percursos pedestres, estábulos de animais, horta de cheiro e sabores, casa de amassaria e forno de pão.

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Temos, como parte a cuidar com todo o esmero, camaratas para acolher quem aqui deseja ficar, como por exemplo, grupo de estudantes que passam vários dias para visita e estudo. É uma área protegida, conhecida como a Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha. As duas zonas húmidas e áreas envolventes constituem um elevado interesse ecológico, pelo que nos merece um considerado valor de proteção, onde também devemos incluir o cordão dunar, que faz a sua separação com o mar. Por outro lado, a existência de águas doces e salobras formam um valioso ecossistema aquático, onde podemos observar áreas de sapal, salgueirais, caniçais, juncais, urzais e, como é natural, pastagens húmidas. Também por estas razões, aqui permanecem muitas aves que evitam as zonas mais secas. Por isso, podemos contemplar o galeirão-comum e o pato-de-bico-vermelho ou o rouxinol pequeno dos caniços, que se tornou um símbolo da Reserva. Além da sua apreciada beleza natural, na Reserva, podemos praticar diversas atividades, como: passeios pedestres, canoagem e windsurf, debaixo dum sol quente e céu azul, ingredientes que transformam o local num quadro de rara beleza natural, que a todos faz criar uma enorme apetência de ficar. Podem igualmente mergulhar num mar limpo, divertir-se na lagoa ou repousarem nas areias quentes sob os raios solares que a todos beija e aquece com carinho. caminhos diferentes

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