Por Beja com Todos

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“PorBe j ac om Todos ”f oium movi me nt odec i dadãosques ec ons t i t ui ue m Be j a,e m 2012,oqualc onc or r e uàse l e i ç õe saut ár qui c as de2013,nac ondi ç ãodec andi dat ur ai nde pe nde nt e . Es t aéac r óni c ade s t emovi me nt or e l at adaporumadass uasade r e nt e s .O pr oc e s s odec r i aç ãodac r óni c aé ,e l epr ópr i o,um e pi s ódi odaave nt ur aques evair e l at ar , s e ndoai nt r oduç ãodol i vr ode di c adaae s t ee pi s ódi o. Se gue s eode s e nr ol ardosac ont e c i me nt os : onas c i me nt odomovi me nt o, ae s t r ut ur aor gani zat i va, as uai nt e r ve nç ãoc í vi c a, c uj opont oc ul mi nant ef oiac andi dat ur aàse l e i ç õe s aut ár qui c asde2013,eas uaac ç ãonope r í odopós e l e i t or al . A abor dage m adopt adaf oiadeumade s c r i ç ãof ac t ualdet odoo pr oc e s s o denas c i me nt o edeac ç ão do PBCT,de s c r e ve ndos e f ac t osee ve nt os ,t ãoobj e c t i vame nt equant opos s í ve l ,apont andos et ambé m um pouc ooc l i mas oc i oaf e c t i vodogr upo,masé s e mpr eumavi s ãope s s oaldec omoopr oc e s s oc or r e u,s e m qual que re nquadr ame nt os oc i ol ógi c ooupol í t i c odoques evainar r ando. Háumape r s onage mf i c t í c i aamol daroe s t i l odanar r at i va,c ar ac t e r i zadope l ade s c r i ç ãodass i t uaç õe sdef or mal e ve , de s pr e t e ns i os a,s e m mui t osde t al he st é c ni c oc i e nt í f i c ose ,pont ual me nt e ,c om al gumai r oni a; par aumape r s onage m quee nc ar at odosose ve nt os e xi s t e nc i ai sc omo“j ogosdopát i odor e c r e i o”,nãopode r i as e r dout r omodo. Es pe r oqueosl e i t or e ss edi vi r t am c om aave nt ur a.

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P O R B E J A C O MT O D O S



Por Beja com Todos Crรณnica de uma Aventura


edição: Edições

Ex-Libris® (Chancela do sítio do Livro) Beja com todos - Crónica de uma Aventura autora: Angelina Soares título: Por

capa:

Patrícia Andrade Paulo S. Resende

paginação:

1.ª edição Lisboa, dezembro 2017 isbn:

978­‑989-8867-15-5 433385/17

depósito legal:

© Angelina Soares publicação e comercialização

www.sitiodolivro.pt


angelina soares

Por Beja com Todos Crรณnica de uma Aventura



Para a Cristina, que activamente me incentivou a continuar este projecto em todas as suas fases; para o Ricardo, o Jorge, a Tânia, a Maria João, a Ana, a Laura, o André, a Sofia, a Mariana e a Leia, que também me acompanharam, de forma passiva, ao longo da criação desta crónica.



Introdução

A história desta crónica

I Tendo em consideração as pessoas que desconhecem a expressão “Por Beja com Todos”, começo por informar que foi um movimento de cidadãos que se constituiu em Beja, em 2012, o qual concorreu às eleições autárquicas de 2013, na condição de candidatura independente, sob a designação de Grupo de Cidadãos Eleitores Por Beja com Todos. Esta é a crónica deste movimento relatada por uma das suas aderentes. Na reunião da Comissão Dinamizadora do movimento cívico “Por Beja com Todos” de 30 de Março de 2017, um dos elementos presentes, José Janeiro, deu a sugestão de se elaborar uma publicação sobre esta experiência de participação cívica que foi o movimento de cidadãos “Por Beja com Todos” (PBCT), para a qual dispunha de muitas fotografias, de boa qualidade, registando os principais momentos da história e das actividades

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do movimento. Este colega tinha assumido a responsabilidade do registo fotográfico dos eventos promovidos pelo movimento, pelo que tinha em seu poder um grande acervo de fotografias. Eu aderi imediatamente à ideia, alegando que, da minha parte, tinha muita documentação escrita de tudo o que o movimento foi realizando e produzindo, e que da junção dos dois tipos de materiais poderia surgir uma publicação interessante. Claro que se levantaram logo muitas questões práticas, tais como, que tipo de publicação, dimensão, custos, quem assumia a responsabilidade da edição, pois o “Por Beja com Todos” não tinha estatuto legal, etc. Quanto à sua finalidade, a publicação seria oportuna como meio de relançar as ideias do movimento e de participação no debate político das eleições autárquicas que se aproximavam, mas também seria um meio de registar a história do movimento. Ficou então assente que eu e José Janeiro iríamos trabalhando os materiais, delineando uma estrutura da obra, amadurecendo a ideia até ela ter contornos bem definidos que permitisse ao grupo responder às questões colocadas e tomar a decisão definitiva. Iniciei de imediato a rever e organizar os materiais que tinha e fiz o primeiro esboço da estrutura e conteúdos da publicação, muito preliminar, que enviei ao colega José Janeiro e a José Lopes Guerreiro, este último na qualidade de coordenador do movimento, em 11 de Abril. Comecei então a desenvolver o texto e passado poucos dias, a 21 de Abril, enviei-lhes um

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e-mail dando conta do caminho que estava a seguir: “Venho dar-vos informação sobre o nosso projecto do livro. Tenho estado a desenvolver o texto, segundo os itens que vos enviei, e comecei pelo ponto da candidatura; como guardei os cadernos onde apontava o que se ia passando nas reuniões da Comissão Dinamizadora e nos plenários, o rever esses apontamentos fazem avivar o processo todo e assim estou a escrever como que as memórias... não sei se será este o estilo próprio ou não, mas veremos. Quando tiver algo mais adiantado, envio-vos.” Este envio de “algo mais adiantado” ocorreu a 27 de Abril. Dadas as minhas próprias dúvidas, eu ia avançando lentamente e partilhando com aqueles colegas o que ia produzindo, para receber a sua opinião, com a intenção de difundir esse trabalho também a outros elementos do grupo, de modo a que fosse recebendo, desde o início, contributos vários para que a obra a construir fosse o resultado de um projecto colectivo e não de uma só pessoa. No dia 18 de Maio, realizou-se um plenário de aderentes onde foi confirmada a decisão de elaboração do livro, confirmada a equipa inicial do trabalho – eu e o José Janeiro – à qual se poderiam juntar outros elementos. Eu confirmei que continuaria o trabalho e que passaria a enviar esse trabalho (incluindo a versão já feita) a todos os presentes, solicitando-lhes a opinião e contributos, pois só assim a obra teria o carácter colectivo que se pretendia, conforme consta do e-mail enviado a 19 de Maio: “Conforme combinado no plenário de ontem, em anexo segue o trabalho que já fiz para a edição do livro. O primeiro anexo é a estrutura geral e os tópicos; o 2.º anexo é o desenvolvimento da parte sobre a candidatura ainda incompleto e com muitas dúvidas.

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Espero, então, os vossos contributos para a continuação do trabalho, de modo a que este corresponda a uma visão colectiva da história do PBCT e não só de uma ou duas pessoas.” Por sinais verbais e não-verbais que consegui captar neste plenário de 18 de Maio, eu saí desta reunião com a percepção de que a vontade real era contrária ao que ficou decidido, mas continuei o trabalho, respeitando a decisão explicitamente tomada. Foram enviadas três versões, sempre aumentadas e, a estes envios e solicitações de contributos recebi três respostas: um elemento forneceu-me mais documentação e fez-me alguns reparos pertinentes; outro elemento respondeu que agora não tinha tempo para colaborar, pelo que me pedia desculpa e a terceira resposta veio já depois de eu me ter desvinculado do trabalho. Perante esta quase completa ausência de respostas às minhas solicitações, tomei a decisão de me desvincular do trabalho, enquanto obra colectiva, e comuniquei esta decisão por e-mail, primeiro para José Janeiro e José Lopes Guerreiro, em 08/07/2017, e depois para todos os outros elementos a quem tinha enviado as versões do texto, em 13/07. A esta minha posição, Lopes Guerreiro respondeu-me pedindo que a não considerasse definitiva e que ele iria tentar enviar nos próximos dias a sua opinião e eventual colaboração, tentando também envolver outras pessoas. Respondi que poderia esperar por essas diligências, mas tinha pouca confiança nos seus resultados. Após algum tempo de espera e depois de alguns telefonemas e e-mails trocados

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entre ambos, constatei que aquelas diligências não fizeram mudar o cenário e o livro não avançou. Houve também outro elemento que respondeu ao e-mail de 13/07 e a sua resposta é tão cheia de cordialidade que não resisto a transcrevê-la: “Bom Dia, Angelina: Obrigado pela atenção à minha falta de atenção. De facto fui um dos que não tive a atenção de, ao menos, acusar a receção do correio eletrónico enviado. Afinal, como sempre, enquanto dedico a minha atenção a umas coisas, vejo-me obrigado a deixar de dar atenção a outras. Obrigado, mais uma vez, por tudo.” No e-mail da desvinculação do trabalho, eu informei também que se entendesse continuar com o trabalho, seria sob minha responsabilidade pessoal e feito ainda mais à minha maneira. Com efeito, empenhei-me e entusiasmei-me de tal modo com o projecto que não me agradava deixá-lo inacabado, tanto mais que, sendo feito exclusivamente por mim, ele reflectia tanto a ideia que tive desde o princípio sobre a obra como o meu estilo. Assim, depois de 9 de Julho de 2017, continuei o trabalho numa pesrpectiva individual, o que acarretou algumas alterações que passo a indicar. Em primeiro lugar, houve alteração no sujeito-narrador, que na obra colectiva era a 1.ª pessoa do plural e que agora é a 1.ª pessoa do singular, quando quero narrar algo em que eu sou a personagem da acção, ou o grupo, o movimento, quando me refiro a situações colectivas. O título do livro sofreu também uma alteração, deixando de ser: “Por Beja com Todos – contributos para a sua história futura”

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e adoptei aquele que a obra apresenta: “Por Beja com Todos” – Crónica de uma aventura”. Na estrutura e conteúdos houve duas alterações principais, além de alguns pequenos ajustes em certos aspectos de modo a reflectirem uma visão mais pessoal do que tinham na primeira versão. A estrutura dessa primeira versão incluía um capítulo sobre a acção dos eleitos, durante o mandato autárquico, para a elaboração do qual contava com a sua colaboração activa, pois foram eles que a vivenciaram na primeira pessoa; embora essa acção tivesse uma visibilidade pública e eu a fosse indirectamente acompanhando, não foi uma experiência directa minha e por isso não me parece que se enquadre nesta versão pessoal da obra, pelo que a exclui. A outra alteração significativa diz respeito à documentação anexa. O texto inicial, enquanto história do movimento, enfatizava toda a documentação produzida, pelo que ao descrever-se o desenrolar de todo o processo, em todas as suas fases e componentes, iam sendo referenciados os respectivos documentos, que surgiriam como anexos. Esta documentação incluía o manifesto, reflexões, discursos, tomadas de posição, comunicados, programas eleitorais, até mesmo documentos de trabalho, etc. Na presente obra foi suprimida quase toda essa documentação tendo ficado a que considerei mais significativa e é pública, ou a que considerei ilustrativa de qualquer situação que quis realçar. Em contrapartida, inclui textos da minha autoria que estavam excluídos na versão colectiva.

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Outra diferença a anotar é a ausência de fotografias nesta versão. Como disse no início da introdução, a existência de fotografias foi o estímulo desencadeador da ideia da publicação e elas teriam tido, certamente, um lugar de destaque na versão colectiva. Para as incluir na versão pessoal, era meu dever pedir prévia autorização ao colega, autor das mesmas, o que fiz através de uma mensagem enviada por e-mail. Como não obtive resposta a esta mensagem, dentro do prazo acordado com a editora para a conclusão dos trabalhos editoriais, decidi excluir da obra as fotografias. O carácter pessoal do livro foi ainda acentuado pela referência e participação de uma segunda personagem, envolvida quer na actividade do PBCT, quer na feitura deste livro. Falarei dessa personagem na II parte da introdução, começando por uma estória curiosa. Aqui está a história da produção de um livro que pretendia contar a história do movimento “Por Beja com Todos” e que ficará, ele próprio, sendo parte integrante dessa história.

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II

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A imagem da página anterior corresponde a um cartaz com uma composição de fotografias, entre as quais as de alguns candidatos do movimento, que esteve colocado na sede de candidatura do movimento. Quer as fotografias, quer a composição gráfica do cartaz foi trabalho do colega José Janeiro. Um dia este colega chamou-me a atenção para o facto de a minha fotografia estar repetida, lado a lado, logo na linha superior do cartaz, considerando que isto era uma falha e que lamentava não ter notado antes; fotografias de outros elementos também estavam repetidas, mas intercaladas e não contíguas. Só naquela altura é que eu reparei naquele pormenor, perante o qual sorri e desvalorizei o carácter de falha que o colega lhe tinha atribuído, e comentei para dentro de mim: “Mas assim é que está bem; como é que ele sabia que há outra personagem a acompanhar-me? Uma foto é de MAGS*, a outra é de SGT*.” Sobre esta segunda personagem, os dois fragmentos seguintes ajudam a explicar quem é.

* MAGS são as iniciais do meu nome próprio; SGT são as iniciais do nome da personagem fictícia. 1 8   |   A n g e l i na S oa r e s


Cuba, 05 de Dezembro de 2012 A que parte do meu eu corresponde essa “Angelina” que vejo mencionada nos documentos do “Por Beja com Todos”, que me causa tanta estranheza? Quando experimentamos um sentimento de estranheza em relação a nós próprios é, talvez, mais uma nova facção do nosso eu a manifestar-se e, perante isto, há dois caminhos a seguir: ou essa facção se incorpora numa já existente, heteronimicamente falando, e a estranheza desaparece ou, se esta persiste, é porque exige uma autonomia e identidade própria, isto é, a criação de uma nova personagem, de um novo heterónimo. Há uma pulsão insaciável para o meu eu se subdividir, mas, como expressei noutra nota anterior, já decidi bloquear essa pulsão definitivamente, por isso sugiro a esta facção que procure aliar-se com outra, por exemplo com SGT, pois parece-me que, à primeira vista, há um aspecto coincidente entre a prática desta “Angelina” e uma característica de SGT que é o seu pendor para o colectivo e para a intervenção social. EU

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Beja, 29 de Janeiro de 2013 Aceitei a sugestão que EU (Eugénia de Utreque) formulou quanto a eu assumir o envolvimento de MAGS no Movimento “Por Beja com Todos”. Sinto-me motivada para isso e acabámos por formar uma parceria MAGS-SGT. Esta parceria é necessária para MAGS. Por exemplo, se não fosse eu estar por detrás deste envolvimento, alguma vez ela aceitaria ser candidata a candidata a Presidente da Câmara Municipal de Beja, nas próximas eleições? Claro que não; não tem perfil para isso. E se quiserem comprovar o que digo, basta perguntarem às pessoas reais que conhecem MAGS se a veem assumir esse papel e tenho a certeza que, pelo menos 99% responderão não. Querem prova mais evidente do que esta? Não é necessário. Selma G. Tadeu é uma personagem fictícia que me incentivou à participação, mantendo nesta o meu sentido de empenho e responsabilidade, mas acrescentando-lhe uma dimensão lúdica e de leveza, porque o lema de vida de SGT é encarar todos os eventos existenciais como “jogos no pátio do recreio”. A minha adesão imediata à ideia da elaboração do livro, proposta pelo colega José Janeiro, na reunião de 30 de Março de 2017, foi obra da Selma, pois a Angelina talvez avaliasse primeiro a situação e depois decidiria. É por isso que a autoria deste livro é também de SGT, pelo menos no estilo, descrevendo as situações e as vivências de forma leve, despretensiosa e sem muitos detalhes técnico-científicos, que esses seriam do domínio de MAGS. Isto é ficção, os factos vêm a seguir.

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I

Como nasceu o Movimento

Foi em Abril de 2012 que tudo começou. Precisamente no dia 20 desse mês, um pequeno grupo de pessoas, (seis, segundo um apontamento guardado por um dos elementos) tendo em comum a percepção do estado negativo a que o concelho de Beja tinha chegado (governação/gestão autárquica, desenvolvimento económico e social), reuniu-se no restaurante “A Horta” com o propósito de discutir esta situação e de delinear formas de a ultrapassar, estando imbuídos de uma vontade forte de contribuir para isso. Dessa reunião saiu a decisão de constituírem um movimento de cidadania e marcaram novo encontro para o qual seriam convidadas mais pessoas que viessem enriquecer o movimento. O encontro foi realizado a 25 de Maio e com esta data existe um primeiro manifesto com as ideias principais lançadas por este grupo inicial (anexo I). Para os encontros seguintes foram sendo convidadas novas pessoas e desta forma o grupo foi crescendo. Eu fui uma dessas pessoas que integrei o grupo desde a reunião de 25 de Junho. Instituíram-se reuniões mensais, nas quais o debate sobre os problemas do concelho e sobre propostas de soluções foi de tal

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modo rico que, na acta/resumo da reunião de 19 de Julho, já estão contidos todos os “genes” do movimento: ideias, objectivos, formas de organização e intervenção. A título de exemplo, cito alguns dos contributos dados pelos presentes nessa reunião: • Que fossem calendarizadas as RT*, consideradas muito importantes por possibilitarem debates mais aprofundados e apresentação de propostas. Da apreciação dos resultados das RT surgirão os grandes objectivos e prioridades. • Dois conceitos/ideias estão já na génese deste movimento: a) Papel Facilitador da Autarquia; b) Apelo ao desenvolvimento da Democracia Participativa. • Será importante ganhar um “rosto” e apoio logístico, pelo que não é de excluir a ideia de pensar numa organização mais formal – constituição de uma Associação. • Algumas questões: a) Objectivo imediato – participação nas próximas eleições autárquicas; b) Intervenção mais duradoura, para além das eleições, de forma a evitar que se perca todo o trabalho feito. • Tem que haver um Projecto e um Manifesto que dê Identidade ao Movimento, com a “marca” da Participação. • Apelar à Participação para

* Reuniões Temáticas 2 2   |   A n g e l i na S oa r e s


a) Pensar abrangente, pensar “em grande”; b) Pensar numa Cidade com Projecto (para a Cidade e para o Concelho). • Questão da Identidade a) O que as pessoas querem para as suas Aldeias – freguesias b) O que as pessoas querem para a sua Cidade • Este é um projecto que se constrói com as pessoas. • Temos de adoptar uma lógica de intervenção pela Positiva: a) Por Beja (objectivo) Com Tod@s (o método) b) Por um Concelho Amigo • Para viver • Para investir • Para visitar Foi também apresentada uma proposta de organização interna que foi aceite e acabou por vigorar ao longo do tempo (a descrever no próximo capítulo). Esta reunião foi um momento importante na determinação em avançar com o processo e, na sequência dela, surgiram várias reflexões de aderentes, sob a forma escrita, que foram dando consistência às ideias do movimento e que contribuíram para definir o rumo de desenvolvimento do concelho e para a elaboração definitiva do Manifesto, aperfeiçoando e completando a primeira versão de Maio. O meu primeiro contributo escrito foi com um texto intitulado “Beja – Identidade e Projecto”, ao qual se seguiram outros, nomeadamente, “Porque subscrevi o Manifesto”, “O ensino superior

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faz falta à cidade de Beja e à região”, “A riqueza de uma nação são as pessoas”, estes três últimos publicados no blogue. (anexos III a VI). Houve também chamadas de atenção para fragilidades ou obstáculos que o movimento tinha ou que poderia vir a ter, como é o caso de um dos participantes na referida reunião, sobre a qual fez uma reflexão escrita e da qual passo a citar alguns trechos: - “A questão da apresentação pública do projeto JÁ, pareceu-me precipitada, e por isso lancei aquela questão para promover a discussão dos prós e dos contras duma exposição imediata… Enquanto se está a trabalhar nos bastidores pode-se trabalhar sem pressão... “partir a pedra” que for necessária partir para se conseguir uma construção sólida. Quando se já está a criar expetativas na comunidade (sobretudo naquela vertente que pode, no imediato, não a ver com bons olhos) é-nos exigido mais e estamos mais expostos e vulneráveis aos palpites de terceiros, que normalmente em nada contribuem para a solidificação de um projecto…

… o grupo presente ontem Talvez seja, neste momento, o aspeto mais frágil do projeto, no meu entender. Daquilo que presenciei ontem quais as impressões: a) Está alicerçado em três perfis de pessoas/participantes: ∙∙ elementos com pouca intervenção – perfil de expectativa; ∙∙ pessoas com ideias definidas e com “calo político”, logo mais ponderadas nas decisões, independentemente das orientações ideológicas; ∙∙ pessoas com muita vontade de trabalhar, de fazer depressa e bem,

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de envolver a comunidade, de dizer rapidamente PRESENTE – estamos aqui, mas, pareceu-me, com alguma imaturidade nestas lides e, talvez, demasiadamente vinculados aos impulsos politico/partidários da nova esquerda. Mas é aqui que pode surgir o equilíbrio mágico para o projeto. Juntar a irreverência da idade e da vontade, à ponderação e à experiência.

A ideia com que também fiquei ontem é que a maioria das pessoas presentes eram ex PC, PC ou BLOCO. Seria mais rico se se conseguisse diversificar mais o grupo de forma que a noção de por beja com todos refletisse melhor o carácter de independência do projeto, independentemente de mais tarde vir a ter apoios do partido A ou B.”

Tal como tinha sido sugerido por um dos participantes, foram calendarizadas reuniões temáticas das quais se realizaram quatro, antes da apresentação pública do movimento. Destas primeiras reuniões não houve divulgação pública, pois era preciso primeiro ir apalpando terreno, ganhando segurança no caminho a criar; mas também não eram secretas, cada aderente ia difundindo a ideia nas suas relações pessoais e, por conseguinte, desde o início a informação chegou aos órgãos de comunicação social locais que apresentaram notícias sobre esta movimentação de pessoas, talvez sem saberem muito bem o que dela iria resultar… tal como para as próprias pessoas que nela andavam envolvidas.

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Em reacção a essa atenção dada ao movimento pela comunicação social, existe um documento designado “Propostas”, com a data de 06/07/2012, da autoria de José Lopes Guerreiro, que começa assim: “Após a saída da notícia no Diário do Alentejo, o Movimento ‘Por Beja com Tod@s’ é já um ‘gato escondido com rabo de fora’. Para sairmos da ‘semi-clandestinidade’ em que nos encontramos atualmente, é importante consolidar e acelerar o processo.” Na verdade, após a inactividade no mês de Agosto, o processo acelerou em Setembro e Outubro e tudo o que havia a fazer para sair dessa “semi-clandestinidade” foi feito: –– Elaboração definitiva do manifesto fundador do movimento, o qual foi aprovado no plenário de aderentes de 25 de Outubro, (anexo II); –– Subscrição do manifesto pelo maior número possível de pessoas; –– Confirmação da designação do Movimento Independente e Plural “Por Beja com Todos” (PBCT), deixando cair a forma inicial “Por Beja com Tod@s” e criação de um logotipo; –– Criação do blogue e página na rede social Facebook, que viriam a ser os principais meios de divulgação do movimento; –– Preparação da apresentação pública: formato, convidados/oradores, local, divulgação na comunicação social local e nacional.

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A 3 de Novembro de 2012, no Beja Parque Hotel, realizou-se, finalmente, a sessão de apresentação pública do Movimento Independente e Plural “Por Beja com Todos” (PBCT) a qual constou de três momentos principais: –– uma palestra pelo Professor Dr. João Lopes Baptista, subordinada ao tema “Desenvolvimento Regional Sustentável” ; –– a apresentação do movimento e do seu manifesto, feita pelo Coordenador José Lopes Guerreiro; –– a apresentação do blogue do movimento. As conversas informais, as questões do público e da comunicação social no final da apresentação, a distribuição do manifesto e a recepção de novos aderentes foram as outras componentes do evento. A palestra proferida pelo Dr. João Lopes Baptista foi um momento muito enriquecedor desta sessão; com a sua grande experiência e saber, o orador esclareceu de forma fundamentada várias questões relacionadas com o tema e apontou estratégias de desenvolvimento para o Alentejo com as quais o PBCT se identifica. Na sessão estiveram presentes vários órgãos de comunicação social, confirmando assim o interesse que já vinham manifestando pelo evoluir deste movimento de cidadania. Este evento foi o primeiro acto público do movimento “POR BEJA COM TODOS” e ele significou, por assim dizer, o acto

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instituinte da sua existência. A partir de agora, o conjunto de pessoas que conduziu o processo até este momento estava pronto para agir em conformidade com os objectivos expressos no manifesto e esperava que muitos outros cidadãos se viessem juntar à sua aventura.

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II

Organização, fundos e local de funcionamento

Logo desde os primeiros encontros do grupo de pessoas que estiveram na génese do movimento, se sentiu a necessidade de criar uma estrutura organizativa, mínima e leve que fosse, para se dar cumprimento ao projecto que se tinha em vista. Era necessário executar várias tarefas para esse fim, que não poderiam ser deixadas ao sabor de voluntarismos circunstanciais dos aderentes, e teriam que ser planeadas, coordenadas e executadas com alguma ordem. Dos modelos de organização propostos pelos aderentes, acabou por funcionar na prática um modelo leve, flexível e aberto, com um mínimo de estruturas de funcionamento: 1. Comissão Dinamizadora, espécie de órgão executivo, no início com 6 a 8 elementos; depois, durante o processo da candidatura, com 20 a 23 elementos, dos quais se constituiu um Grupo de Coordenação. No início da acção do movimento e do processo eleitoral, esta comissão reunia semanalmente; durante o mandato autárquico, as reuniões passaram a ser mais espaçadas no tempo, com o

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objectivo de se ir acompanhando e avaliando o trabalho autárquico, apoiando os eleitos pelo PBCT e discutindo a problemática geral do concelho. Eu fiz parte deste órgão, desde Setembro de 2012 até ao fim da minha participação no movimento. 2. Grupos de trabalho específicos e ocasionais, conforme as tarefas a desenvolver. 3. Plenário de aderentes – as assembleias de todos os aderentes e sempre abertos a novas aderências, com a função de tomadas de decisões fundamentais. Para o funcionamento deste órgão, não houve uma periodicidade fixa, reunindo quando a Comissão Dinamizadora ou os aderentes considerassem necessário, para tomada de decisões. Para além da organização estrutural, o funcionamento do movimento implicava, inexoravelmente, a existência de um espaço físico (instalações e equipamento) e alguns recursos financeiros. Quanto à primeira daquelas exigências, ela foi resolvida, inicialmente, recorrendo à utilização de espaços públicos ou a cedência de espaços de aderentes e simpatizantes. O primeiro espaço associado ao nascimento do movimento foi o restaurante “A Horta”, pois aí decorreu a primeira reunião do pequeno grupo que avançou com a ideia. As reuniões seguintes, já com mais aderentes, decorreram na sala de reuniões da EXPOBEJA, sob a forma de aluguer, cujo custo foi

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pago com os primeiros contributos financeiros dos aderentes; o BejaParque Hotel, a Biblioteca Municipal, a Casa da Cultura e escritórios de alguns dos aderentes foram também espaços utilizados até que, por fim, se conseguiu uma sede para a candidatura, localizada na Rua da Biscainha, bem no coração da cidade, cujo equipamento foi cedido por um dos aderentes. Foi a 17 de Junho de 2013 que este espaço foi inaugurado, simultaneamente com a apresentação pública das listas de candidatos. Estavam assim criadas as condições físicas necessárias para o grupo prosseguir o desenvolvimento do seu projecto. Quanto aos recursos financeiros, a fonte principal foi a “quotização” dos aderentes, decidida numa das primeiras reuniões; estabeleceu-se um valor de referência mensal de 5,00 euros, mas, na prática, deixado em aberto em função das possibilidades de cada um. Outras fontes de receitas foram algumas ofertas, que foram rifadas ou vendidas, e outras iniciativas. As receitas acima referidas foram aplicadas para o funcionamento do movimento enquanto tal e na campanha eleitoral mas, para esta, houve ainda outros meios de financiamento que indicarei no capítulo referente à candidatura.

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III

Participação cívica

Reuniões temáticas e tribunas abertas Reportando-me à reunião de 19/07/2012, um dos participantes dizia: “Tem que haver um Projecto e um Manifesto que dê Identidade ao Movimento, com a marca da Participação.” Se a criação do movimento foi já o resultado da participação cívica, então a sua acção teria que ser marcada, continuamente, por esta tónica. O manifesto, como documento base fundador do movimento, é a fonte que justifica e orienta as acções concretas que se foram realizando ao longo do trajecto. Este documento, a dado passo, refere: “Por Beja com Todos, afirma-se pela positiva, através de um Projeto Alternativo Independente, que contribua para reforçar a identidade de Beja e apontar os seus principais desígnios, a construir com a maior participação possível, tendo como inimigo o estado depressivo e de atraso do desenvolvimento que o concelho atravessa e como adversários

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