“Ao aproximar-se da Quinta do Senhor da Serra, mesmo com os vidros do jipe cerrados, Francisco sentiu um calafrio e quase sufocou de medo. Dos lados do rio Jamor, uma marulhada alteada, violenta, um turbilhão de águas revoltas ameaçava galgar as margens e submergir, com as suas garras líquidas, tudo em redor. Por breves instantes, Francisco quase que perdia o controlo do jipe. Valeu-lhe a sua destreza como condutor, o seu sangue-frio e, sobretudo, muita sorte para evitar que o carro saísse da estrada. Porém, alguns metros adiante, a fortuna por pouco não lhe virou costas. Uma corrente de água vinda lá dos cimos do Pendão, onde se ergue a Quinta do Mirante, quase que o levou para os precipícios do rio Jamor.”
Em 1967, num país onde medrava a pobreza, os habitantes da grande Lisboa e das regiões limítrofes do Vale do Tejo, são fustigados por horas de chuva intensa. Um autêntico dilúvio que provocou o caos entre a população. O autor procura retratar o que aconteceu nessa noite fatídica de 25 de novembro,...