Biologia humana, sedução e sucesso

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Manuel Cardoso

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Este livro contém consideráveis inovações para a biologia humana. As descobertas aqui apresentadas são novas e quem o ler nunca mais verá a vida da mesma maneira. Destina-se a qualquer tipo de pessoa com alguns conhecimentos de matemática. Tem, todavia, uma parte sobre sedução mais apropriada para leitores masculinos. Em que medida o darwinismo está certo e em que medida não está? Têm os indivíduos a mesma tendência para se reproduzirem? Poderá a guerra contribuir para o aumento da inteligência genética, uma vez que guerras sempre existiram? Porque é que as mulheres gostam de crenças esotéricas como astrologia, tarô, budismo, espiritismo, etc.? Qual a melhor forma de seduzir uma mulher? Perguntas como estas são respondidas nesta obra e as respostas são surpreendentes mas, provavelmente, aproximadamente certas.

Manuel Cardoso

Biologia humana, sedução e sucesso

Manuel Cardoso é licenciado em matemática. Foi também um excelente jogador de xadrez. Nesta obra estão incluídas as suas mais importantes descobertas em biologia humana.



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BIOLOGIA HUMANA, SEDUÇÃO

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título: Biologia humana, sedução e sucesso autor: Manuel Cardoso

edição gráfica: Edições Ex-Libris® (Chancela Sítio do Livro) paginação: Paulo S. Resende

arranjo de capa: Ângela Espinha

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1.ª edição Lisboa, novembro 2023

isbn: 978­‑989-9028-86-9

depósito legal: 517595/23

© Manuel Cardoso

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Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A reprodução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei. Declinação de Responsabilidade: a titularidade plena dos Direitos Autorais desta obra pertence apenas ao seu autor, a quem incumbe exclusivamente toda a responsabilidade pelo seu conteúdo substantivo, textual ou gráfico, não podendo ser imputada, a qualquer título, ao Sítio do Livro, a sua autoria parcial ou total.

publicação e comercialização:

www.sitiodolivro.pt publicar@sitiodolivro.pt (+351) 211 932 500


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INTRODUÇÃO

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Este livro pretende aplicar, tal como Galileu fez nos séculos XVI e XVII, métodos matemáticos a questões geralmente inacessíveis aos mesmos e dificilmente mensuráveis. Procura-se, assim, descrever fenómenos através de fórmulas matemáticas derivadas da razão e da experiência na convicção de que, no futuro, os matemáticos se devotarão a estas questões e encontrarão, nalguns casos, melhores aproximações. Aspira-se a teorias mais facilmente testáveis com a utilização destes métodos. Faço críticas sérias ao darwinismo, como ele é geralmente entendido. É preciso compreender, no entanto, que toda a argumentação se enquadra num certo darwinismo, de aceitação da sua forma mais genérica ou abstrata como totalmente verdadeiro; aliás, como algo impossível de não ser verdadeiro. Dito de outro modo, defendo que o darwinismo tem muito que parece ser tautológico. Por exemplo, assegura que «sobrevivem os que sobrevivem», o que está sempre certo, mas é trivial. Esta crítica já foi muitas vezes feita ao darwinismo. Pela minha parte, não pretendo ser negativo quando incido nesta questão. 7


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Ambiciono contribuir para melhorar muito a teoria darwinista, pois está repleta de erros e interpretações que conduzem a caminhos errados quando confrontados com os factos. Não admira que geralmente as previsões baseadas no darwinismo traduzam o oposto do que acontece na realidade. Dizer que o darwinismo não faz previsões é como afirmar que o aristotelismo não as fazia na Idade Média. Claro que as fazia. Apenas não eram previsões com rigor matemático. Ao longo do século XX e no início do XXI as previsões do darwinismo, quando aplicadas ao comportamento e reprodução humanos, foram quase sempre opostas ao que se constatou na realidade. Sendo assim, diria que o darwinismo teria sido refutado se fossemos simplistas (curiosamente, Karl Popper afirmou que o darwinismo não pode ser contestado porque é metafísica, não ciência). Para mim, o darwinismo tem de se enquadrar numa perspetiva científica e ser aprimorado. A acusação de que é tautológico tem pouca relevância, exceto pela curiosidade lógica. Se é tautológico porque tem vindo a realizar tantas previsões erradas? Por isso parece não ser tautológico, mas estabelecedor de uma distorção da realidade… Ou parece tautológico na sua abstração máxima, mas quando se pretende acrescentar algo de concreto, para descer à realidade, não se sabe como fazer e tende a enganar-nos. Ora, é neste ponto que é importante acrescentar conhecimento, corrigir e melhorar. Podemos comparar o processo com certos aspetos das linguagens de programação: quando são de alto nível revestem-se de abstração elevada e se não houvessem os compiladores, que traduzem a linguagem abstrata de alto nível para uma de grau inferior, os programas não funcionavam ou cometiam erros. O darwinismo balança, desde o seu início, entre 8


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o muito abstrato e o muito concreto. O tradutor de nível não faz as correções necessárias. Muito há a fazer neste campo. Uma coisa é certa: Darwin e o neodarwinismo erraram em muitas questões. A teoria dos jogos pode vir a desvendar muitos segredos na biologia e a provar o contrário do que o darwinismo atual tem afirmado em muitas matérias. Ao rejeitar as explicações religiosas, ao defender que os homens descendem de antigos primatas e ao detetar a «seleção natural» Darwin estava certo. Mas, a partir daqui fez deduções erradas porque não dispunha de princípios suficientes. Também as deduções em relação aos animais são frequentemente diferentes, em muitos aspetos, das que se devem fazer para os humanos, que fazem surgir muitas inovações. De qualquer modo, o darwinismo será sempre vicioso se não definirmos as palavras-chave desde o início e não as enquadrarmos num modelo matemático. Por exemplo, por «apto» posso entender que é um indivíduo de grande sucesso (independente da sua reprodução efetiva) ou, de outra maneira, ser aquele que efetivamente se reproduz (independente de outros sucessos). Já quase nem falo da epigenética, um ramo recente e muito importante da biologia que altera muita coisa. Além da matemática, as simulações e os torneios por computador, inaugurados por Robert Axelrod, vão ter importância para resolver muitas questões da biologia e detetar o que se deve aproveitar ou reformar do darwinismo. A obra The Evolution of Cooperation, daquele autor, é um marco importante ao revelar que, ao nível prático, o cristianismo pode ter intuições mais certas para a vida do que o darwinismo clássico, o que está também de acordo com O Bom Livro – Uma Bíblia Laica, de A.C. Grayling. 9


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Outros temas são abordados nesta obra, como relacionamentos, sedução e temas gerais da vida e do sucesso financeiro, entre outros. Vale a pena sublinhar o tema da sedução. Num mundo tão mudado, os homens e as mulheres já não vivem numa sociedade tribal como há dezenas de milhares de anos, durante as quais desenvolveram os seus instintos de acasalamento. Agora tudo é novo, há contracetivos e liberdade de escolha de parceiros nas nossas democracias liberais. Por isso, aprender sobre sedução é importante para qualquer homem. Porque cada vez mais os seus instintos se mostram inadequados e incompetentes. Por outro lado, as mulheres surpreendem com as suas preferências baseadas em instintos, muitos deles vigentes num período histórico que pode recuar de 25 a 100 mil anos ou mesmo mais. Como diz Mario Luna em Sex Code, somos máquinas obsoletas de sobrevivência. Assim, não restam dúvidas de que aprender o jogo da sedução é de primordial importância na atualidade. Também introduzi no tema da sedução fórmulas matemáticas e tabelas de jogos que penso serem essenciais. Se tudo é suscetível de ser matematizado, a sedução também é. Não abordo a sedução do ponto de vista da mulher, mas elas também podem aprender algo neste capítulo.

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Parte 1 SOBRE A GENÉTICA EVOLUTIVA

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Entre outras fórmulas matemáticas, é usada com frequência neste livro uma do tipo: Y = f (r) . s 1-r . t r em que f (r) = r -r . (1 – r) r -1 e r é tomado como constante, em geral. Esta fórmula tem caráter aproximativo, tal como as outras, não se pretendendo mais do que isso. Chamo-lhe fórmula fundamental por ser a mais usada. Na fórmula fundamental tome-se em consideração o seguinte: 9 r toma, por vezes, os valores 0,2; 0,5; 0,8 9 se nada for dito em contrário, nesta e noutras fórmulas, as variáveis assumem valores reais (ℝ) pertencentes ao intervalo [0, 1]

Payoff é igual a ganho ou pontuação obtida. Denunciação (D) é igual a não-cooperação. Tit For Tat (ou TFT) é o mesmo que olho por olho. Minimax é um termo da teoria dos jogos que significa minimizar os ganhos máximos do oponente.

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Equilibrio de Nash em teoria dos jogos é a situação de equilíbrio em que, admitindo que o oponente joga na perfeição, perdemos em fazer alterações.

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Dilema do prisioneiro e jogo do «medricas»

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O Dilema do Prisioneiro (DP) é um famoso problema da teoria dos jogos que serve para estudar as melhores ações a tomar em muitas situações de conflito entre interesses individuais e de grupo. Além de usado para estudar o comportamento dos seres humanos, pode utilizar-se também para analisar o comportamento de outros seres vivos conscientes, ou mesmo bactérias, vírus e cromossomas ou genes nos organismos. O dilema foi descoberto por Merrill Flood e Melvin Dresher, cientistas da RAND Corporation nos Estados Unidos da América. Muitas histórias podem servir para o definir e, de facto, já muitas o fizeram. A mais conhecida, que lhe deu o nome, foi criada por Albert Tucker, também da RAND Corporation, cuja versão, uma delas, é a seguinte: «Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia que, não possuindo provas suficientes para os condenar, separa os prisioneiros e oferece a ambos o mesmo acordo: o que confessar, denunciando o outro que permanece em silêncio, fica livre e o acusado cumprirá a pena máxima. Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só poderá condená-los a uma pena branda pelo crime leve cometido em flagrante. Se ambos denunciarem o cúmplice, cada um é condenado a uma pena menor do que a máxima, mas maior do que a

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leve. Os prisioneiros têm de decidir em absoluto desconhecimento da decisão um do outro.» A questão que se põe é saber como vão os prisioneiros reagir individualmente. Cada um percebe que seja o que for que o outro faça – ficar em silêncio ou confessar denunciando –, ganha mais em denunciar. Na verdade, no âmbito da teoria dos jogos-padrão o equilíbrio de Nash sugere que ambos denunciem. Todavia, verificamos que os prisioneiros obteriam melhor resultado se ambos cooperassem. Este é o dilema. Na perseguição do próprio interesse os prisioneiros acabam por obter um resultado inferior ao que alcançariam se não o fizessem, mesmo não cometendo nenhum erro de raciocínio. O Dilema do Prisioneiro (DP) pode ser concretizado, com os ganhos convencionais, na seguinte tabela na qual C é cooperar e D é denunciar: C (3, 3) (5, 0)

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C D

D (0, 5) (1, 1)

À esquerda o prisioneiro 1 | em cima o prisioneiro 2

(x, y) -> x = payoff do prisioneiro 1 | y= payoff do prisioneiro 2

Como está indicado, na tabela o primeiro elemento de cada par ordenado é o payoff do jogador à esquerda, em linhas, e o segundo é o do jogador em cima nas colunas. Os ganhos (5, 0) ou (0, 5) correspondem aos casos em que um dos prisioneiros denuncia e o outro coopera ficando com o ganho do tolo recebendo pontuação nula (pena máxima) e o que denuncia obtém a pontuação máxima (fica livre); os ganhos (3, 3) são atribuídos na situação 13


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em que ninguém denuncia, isto é, há cooperação (pena branda); os ganhos (1, 1) são os payoffs quando ambos optam por denunciar o parceiro (pena menor do que a máxima, mas maior do que a branda). Ainda mais importante para o que se discute neste livro é considerar o Dilema do Prisioneiro Iterado (DPI), que consiste no Dilema do Prisioneiro jogado repetidamente entre os mesmos jogadores. Neste caso os resultados podem ser mais cooperativos, de acordo com o «Teorema Popular» da teoria dos jogos que diz ser possível encontrar-se cooperação em equilíbrios de Nash do jogo repetido indefinidamente. Robert Axelrod fez estudos importantes através da organização de torneios de computador de DPI, conseguindo apresentar conclusões valiosas no seu livro The Evolution of Cooperation. Nesta obra Axelrod descreve várias estratégias, das mais simples às mais complexas, que lhe foram enviadas pelos participantes nos dois torneios. Ele verificou algumas características nas estratégias com melhor pontuação, principalmente na Tit For Tat ou olho por olho que ganhou ambas as competições: simpatia, provocabilidade, perdão e clareza. Estratégias ganhadoras, ou bem classificadas, são as que não denunciam em primeiro lugar (simpatia), que são provocáveis, isto é, retaliam mal o parceiro denuncia (provocabilidade), que perdoam prontamente quando o adversário volta à cooperação (perdão) e cujo comportamento é simples de perceber, não parecendo demasiado espertas (clareza). A estratégia ganhadora Tit For Tat coopera na primeira jogada e depois faz o que o seu parceiro executou na jogada anterior. Axelrod iniciou também modelações num ambiente ecológico para ver que estratégias tinham mais sucesso evolutivo, 14


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definindo, no entanto, a sua reprodução apenas com base no sucesso (payoffs). Como veremos, encontrei uma diferença significativa, na vida real, na reprodução dos seres vivos, que devia ser implementada nas modelações por computador: não é só importante o sucesso, isto é, os payoffs, é igualmente relevante a tendência para a reprodução, que é uma característica genética. Sabendo-se disso, pode-se modelar também as estratégias em computador, definindo a reprodução apropriadamente e concedendo um quinhão reprodutivo automático maior a determinadas estratégias independente dos payoffs. Um outro jogo a que também me refiro neste livro é o do medricas, que surge já implicitamente na Ilíada de Homero. Numa forma moderna pode ser descrito do seguinte modo: dois motoristas dirigem-se de encontro um ao outro, em rota de colisão frontal; cada um tem a opção de, como medricas, sair do caminho para evitar o choque ou manter a rota; se ambos forem medricas, sobreviverão os dois, o que, de certa maneira, é bom; todavia, se um se amedrontar e o outro não, o medricas fica desprestigiado (mas não perde a vida), enquanto que o valentão que não se desviou averba uma vitória de prestígio; finalmente, se ambos optarem pela colisão frontal, mergulharão na pior situação, a da morte. A tabela do jogo do medricas, com os ganhos convencionais, pode ser a seguinte:

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C (3, 3) (4, 2)

D (2, 4) (1, 1)

À esquerda o motorista 1 | em cima o motorista 2 (x, y) -> x = payoff do motorista 1 | y = payoff do motorista 2 15


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No quadro cooperar (C) é desviar-se e não-cooperar (D) é manter a rota. Os ganhos (3, 3) correspondem ao caso em que ambos os condutores se amedrontam e se desviam; os ganhos (4, 2) ou (2, 4) são atribuídos quando um se amedronta e se desvia e o outro mais intrépido mantém a rota ficando com a pontuação máxima (de 4) ao passo que o que se desvia recebe uma pontuação consideravelmente menor (de 2); os ganhos (1, 1) são os payoffs para a situação muito má para ambos de colisão frontal com a eventualidade de morte. Não há uma estratégia dominante neste jogo. Um oportunista que não segue a estratégia medrosa pode ganhar vantagem e, ao fazê-lo, põe em perigo o outro motorista. Desse modo, o outro indivíduo é prejudicado e os dois são colocados numa situação que pode ser desastrosa para ambos. Além disso, não é possível evitar o jogo do medricas quando se é desafiado, visto que recusar equivale a jogar e perder. Como veremos, na sedução as mulheres, devido à sua diferença (desvantagem e maior valor) constitucional por causa da gravidez e maior ligação aos filhos nos primeiros anos de vida, agem por instinto genético, de modo semelhante ao motorista que não se desvia pelo que esperam que seja o homem a fazê-lo. Isto também pode ser descrito, muitas vezes de modo mais adequado, pelo jogo do deslizamento de neve, de que falarei na Parte 2 e que é representado pela mesma tabela. A situação de sedução descrita implica várias coisas, entre elas o facto de caber ao homem tomar a iniciativa (desviar-se) e a mulher optar por uma atitude de espera (não se desviar). Ela pode optar, depois, pela aceitação ou, mais frequentemente, pela rejeição.

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Evolução comparada com a simulação evolutiva do torneio de Robert Axelrod

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São neste ponto comparados os processos de evolução de seres vivos, especialmente da vida humana, com simulações evolutivas de estratégias que jogam o Dilema do Prisioneiro Iterado (DPI) através de torneios de computador, como os organizados por Robert Axelrod. 1. Método de Darwin e de Axelrod – Os seres vivos, ou as estratégias que têm mais sucesso, reproduzem-se em maior número; 2. Método sugerido por mim – Os seres vivos ou as estratégias obedecem a uma fitness máxima que aqueles não podem ultrapassar. Na fitness há dois termos complementares: sucesso (s); tendência para a reprodução (t).

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Na grande maioria dos casos, os seres vivos com mais sucesso têm menor tendência para a reprodução e vice-versa, condicionados por uma fitness própria que não ultrapassa um determinado valor máximo. A reprodução humana é maior nos países menos desenvolvidos e mais pobres, onde os que alcançam elevado sucesso reproduzem-se mais e os seus filhos vingam também mais. Ao contrário, nos países desenvolvidos e ricos a reprodução é, em geral, muito menor, mas é onde os pobres e os de maior tendência reprodutiva obtêm taxas relativas de reprodução muito maiores do que entre os ricos e os inteligentes. Uma das razões para a ocorrência destes fenómenos pode residir no facto de a ocupação do tempo ser mais complexa e exigente nos países ricos. Os filhos 17


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atrapalhariam muito os modos e ritmos de vida mais exigentes e sofisticados, ocupando o tempo e exigindo acompanhamento das suas responsabilidades e estudos. A condição de pobre pode ser favorável para ter filhos se a vida estiver simplificada e conseguir-se, mesmo assim, sobreviver com poucos recursos financeiros. A intuição popular diz serem os ricos os que mais filhos têm nos países desenvolvidos. Só existe, porém, algum fundamento nesse palpite se se considerarem apenas os ultrarricos, tal como um estudo da revista Forbes, dos Estados Unidos da América, conclui: os bilionários têm mais filhos do que a média da população, mas este grupo de abastados constitui uma percentagem muitíssimo baixa do povo. Em contrapartida, outras pesquisas provam uma tendência geral contrária, isto é, são os pobres que mais se reproduzem nos países ricos. Justifico este fenómeno com o facto de, nestes países, os pobres empregarem menos tempo para alcançar o sucesso (s) e, além disso, terem maior tendência para a reprodução (t) que lhes dá maior determinação para avançar com a gravidez. Todavia, tal como os micróbios se adaptam aos antibióticos, provavelmente em longos períodos de tempo haverá uma adaptação e um esbatimento deste efeito. 9 F = fitness 9 s = sucesso 9 t = tendência para a reprodução 9 R = reprodução 9 k, k’, k’’ = constantes (aproximadamente) num mesmo país 9 k < k’ < k’’ 9 F, s, t, R, k , k’, k’’, ∊ [0, 1] 18


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Fórmula da fitness (ou teoria das compensações) F = t + s ≤1

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F está ligado à genética dos indivíduos que, se F estiver perto do máximo, evidenciam um t elevado e um s reduzido ou, ao contrário, um t reduzido e um s grande; ou um t e um s medianos.

1. Sociedade medianamente desenvolvida: R = 2k’.s 0,5.t 0,5 (note-se que f (r) =2 para r = 0,5)

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Ao cabo de muitas gerações, a grande maioria é composta por indivíduos (ou estratégias) medianos no sucesso e também na tendência para se reproduzirem;

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2. Sociedade rica e desenvolvida na qual os mais inteligentes ocupam muito tempo em estudos: R = 1,65k . s 0,2. t 0,8 (note-se que f (r) = 1,65 para r = 0,8 ou r = 0,2)

Ao cabo de muitas gerações, a grande maioria é composta por indivíduos (ou estratégias) fracos no sucesso e com grande tendência para se reproduzirem (sociedade ocidental atual caminha neste sentido).

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Perspetiva histórica. Algumas suposições ou uma das formas como as coisas poderiam ter ocorrido

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Imaginemos o Império Romano em que se vivia com riqueza (comparativamente a outras regiões), adequando-se, portanto, o emprego da fórmula R = 1,65k . s 0,2. t 0,8. Começam a aparecer indivíduos (ou estratégias) de pouco sucesso (payoffs, se interpretarmos como os ganhos de um jogo), a cooperação reduz-se, a vida torna-se difícil, há marginalidade e a sociedade funciona mal, gerando-se subdesenvolvimento e decadência, e inicia-se a Idade Média – como a história relata que ocorreu. O cenário implica que, num período de dezenas de anos ou, no máximo, de um ou dois séculos a sociedade aumente progressivamente a exigência, conforme se vai vivendo pior, (ou seja, R = 2k’ . s 0,5. t 0,5). Posteriormente, a exigência aperta de modo acentuado (ou seja, R = 1,65k’’ . s 0,8. t 0,2). Por muito tempo (anos obscuros da Idade Média) estabiliza-se nesta última situação, começando a surgir, paulatinamente, indivíduos de mediano ou grande sucesso (s), sendo pouco a pouco eliminados os indivíduos de parco sucesso. Sugiro ao leitor que veja o gráfico daquelas fórmulas com recurso a uma calculadora gráfica, substituindo alguns valores para ganhar intuição (pode ser k = 0,8 e F = 0,8, por exemplo).

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Casos especiais

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Assumi que a fitness não ultrapassa um certo valor (a unidade): é uma descoberta fulcral e um ponto chave dos meus argumentos. A partir deste entendimento, podemos admitir aumentos quase impercetíveis da fitness (ou seja, um modo mais completo de evolução da espécie) se considerarmos longos períodos de tempo (milénios). Não considero, em geral, essa possibilidade. Um exemplo da teoria das compensações advém do facto de haver tantas pessoas ansiosas. Esta característica é altamente ineficaz na evolução por seleção natural, mas não exige grande perfeição genética. É entropia, está para a alma como a feiura está para o corpo. Ou é como ruído em vez de música. Os ansiosos até podem ser inteligentes, mas com o s baixo devido à ansiedade. Já verificámos que quando a capacidade (s) é baixa (como nos indivíduos ansiosos), eleva-se a tendência para a reprodução (t), para compensar. É por esta razão que os casais de ansiosos têm relações sexuais com mais frequência. Compensa-se a entropia (do s) com a alta tendência para a reprodução (t), visto a competição ser renhida. Outro exemplo é o fenómeno da superior inteligência dos judeus asquenazes, a qual está relacionada com doenças graves que os assolam, causadas por casamentos consanguíneos, na maioria dos casos. Sendo portadores destas doenças, é natural experimentarem dificuldades na procura de parceiros(as) interessados em acasalar (baixo t). Devido à forte pressão competitiva, os judeus tiveram de arranjar, ao longo dos tempos, uma compensação (a inteligência) que lhes permita performances tão boas como os restantes indivíduos (um s alto faz aumentar o R). 21


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Consideremos, agora, uma teoria parecida com a de Amotz Zahavi, do Princípio da Desvantagem, que consiste na preferência de um dos parceiros (por exemplo, a fêmea) por um indivíduo com uma desvantagem no acasalamento. A tese pode ser ilustrada do seguinte modo: dois corredores chegam ao mesmo tempo à meta, mas um deles leva um peso considerável às costas, o que confere desvantagem. Qual devemos admirar mais? Em termos matemáticos, a fitness (F) deste caso pode ser definida pela seguinte expressão: F = t + s – c ≤ 1, 0 < c < 1. Se, ainda assim, a fitness (F) se mantiver alta, então o t e o s terão de ser muito elevados, dependendo também da desvantagem cujo valor é c. Daí as fêmeas (ou os machos) ficarem atraídas. É também essencial, por vezes, que a fêmea (ou o macho) identifique bem o valor contribuidor para o c. Por exemplo, umas penas de pavão grandes e bonitas são incomodativas, mas assim as fêmeas veem-nas e gostam delas. Desperdiçar dinheiro em viagens atraentes a outros países é prova de elevado status e irrefutável sinal de forte poder aquisitivo. É uma desvantagem por provocar um gasto relevante, mas, tal como as penas de pavão, é algo muito atrativo para as mulheres. De igual modo os relógios caros nos pulsos dos homens são atraentes, principalmente por originarem um grande desfalque monetário que ameaça a sobrevivência. Ainda pela mesma razão, um homem com cicatrizes no rosto ou no corpo é extraordinariamente encantador para muitas mulheres, porque a luta é uma tremenda desvantagem. Também alguém que, com um problema de saúde ou fraqueza física, indubitavelmente prejudiciais para o seu desempenho numa determinada atividade, tem, apesar disso, tão boas prestações como os demais, é sedutor

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para o sexo oposto. Não vou considerar, porém, a teoria, de Amotz Zahavi, porque nos distrai do essencial do que desejo analisar.

Epigenética e desvantagem de certos indivíduos

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A epigenética explica que pessoas sujeitas a maus ambientes têm filhos que vêm com limitações logo desde o nascimento; e essas limitações abrangerão pelo menos algumas gerações. Assim, as pessoas pobres ou com outras adversidades estão logo em grande desvantagem. A seleção natural, na evolução das populações, pode ter selecionado os indivíduos de modo que os desfavorecidos obtiveram maior impulso para se reproduzirem porque estão em desvantagem epigenética e só os geneticamente mais capazes terão mais filhos. Poderão ser, portanto, estes constrangimentos uma das razões deles terem maior tendência para a reprodução. Assim, poderá ficar explicado, entre outras coisas, porque as pessoas pobres terem mais filhos não diminui obrigatoriamente a inteligência genética e pode até (em certas circunstâncias) aumentá-la. Como já referi, se alguém está em clara desvantagem e tem ainda assim sucesso comparável aos que não estão, tem de ter dotes (genéticos) especiais. Todavia como a epigenética é uma disciplina ainda muito recente, ignora-se ainda muita coisa, e é prudente não avançar muito nas teorias.

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O ambiente aumenta o efeito genético

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Se uma sociedade rica permite à mulher com sucesso apostar nos estudos prolongados e na carreira profissional, ela vai diminuir a manifestação do t, que conta muito para a reprodução (R), e aumentar o investimento no s, que contribui pouco para a mesma e só de maneira indireta. Como já vimos, a fórmula para sociedades ricas é, aproximadamente: R = 1,65k . s 0,2. t 0,8.

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Esta regra é importante sobretudo para as mulheres que, como veremos adiante, transmitem grande parte da inteligência genética aos filhos. Por outro lado, usando ainda esta fórmula para o R, as mulheres que não conseguem ter sucesso aumentam o efeito do t porque o ser humano tem de estar ocupado a fazer alguma coisa. Assim, as mulheres menos inteligentes reproduzem-se mais. Tudo isto pode ser modelado por computador com, por exemplo, as estratégias do segundo torneio de Axelrod. Todavia não se deve interpretar tudo como sendo rigidamente genético, admitindo o papel dos efeitos sociais ou culturais na genética, que a reforçam ou entravam. Hoje em dia, frequentemente, são as que não sabem fazer coisas complexas que têm filhos. Dar possibilidade de realização intelectual e carreirista às mulheres, retira às mulheres inteligentes a “realização” na reprodução. Nos países desenvolvidos, que geram menos filhos, prevalece uma maior taxa de ocupação das mulheres, traduzida em muitas 24


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horas de trabalho ou dedicação a estudos exigentes e prolongados. Nesses países há também maior oferta de coisas hedonistas em que as mulheres entretêm o tempo e se divertem, como festas, viagens, cultura. Por vezes, basta uma alteração numa destas variáveis, por exemplo diminuição das horas de trabalho, para a taxa de natalidade subir ligeiramente. Se as mulheres não possuem suficiente ocupação elas têm filhos para preencherem o tempo, como faziam antigamente. No entanto, as que evidenciam o t genético alto são as mais rápidas e determinadas a avançarem para a gravidez. Ocorre na atualidade um processo de eliminação genética de indivíduos com capacidades e talentos (sucesso) que se traduz em seduzir as mulheres a obter mais e mais sucesso, através de estudos prolongados ou pela competição carreirista, o que faz diminuir a sua manifestação do t, já de si baixo geneticamente. Portanto, o s e o t não demonstram valores fixos (embora sejam uma característica genética, podem variar, como os músculos se alteram com o treino, por exemplo), dependendo do meio e dos incentivos à disposição. Em determinadas condições, uma das características pode aumentar muito e a outra quase atingir o zero. A atração pelo hedonismo sem filhos seria um dos poucos que baixaria drasticamente o t. As mulheres inteligentes evoluíram geneticamente num ambiente que não tinha a cultura dos estudos prolongados e da carreira, dedicando-se elas, tradicionalmente, só à vida familiar e aos filhos. Mas a sociedade ocidental moderna, de modo mais agravado a partir de, aproximadamente, 1950 com o feminismo e a entrada massiva das mulheres no mercado do trabalho, explora com engodos a inteligência que as mulheres foram acumulando ao 25


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