Começou então o Autor deste livro a estudar alguns processos, colocando na Internet no seu site os resultados desse estudo. Tal estudo foi agora transcrito para este livro. Pretendeu o Autor substituir a precariedade do formato digital pela perenidade da obra impressa. Assim a publicação agora dada a lume tem origem em textos da Internet, tanto assim que os diversos capítulos indicam a data da redacção de cada um. As conclusões deste estudo são surpreendentes. Desaparece o mito da “Santa” Inquisição. Em vez disso aparece uma instituição sedenta de poder por todos os modos e feitios. Teoricamente, a Inquisição destinava-se a castigar os hereges, mas certamente não teria um número deles suficiente para justificar a sua existência. Por isso, teve de os inventar e daí a perseguição dos cristãos novos. Não se limitou, porém, a perseguir os cristãos novos hereges, juntou a estes todos os cristãos novos, entendendo por tais até os que tinham um único antepassado judeu fosse em que grau fosse. Mais: não só os que tinham tais ascendentes mas mesmo os que apenas tinham fama de os ter. A explicação da Inquisição é esta mesma e nenhuma outra: uma instituição de poder que se justificava apenas por isso, o exercício do poder. A maior parte dos Inquisidores, homens inteligentes como eram, sabiam muito bem que estavam a condenar inocentes, mas fingiam que os réus eram na realidade culpados de heresia. Para isso, contavam com o ódio anti-semita da população e tratavam de repartir algum desse seu poder pelos comissários e familiares da Inquisição.
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Arlindo N. M. Correia
A Inquisição portuguesa em face dos seus processos volume I
Por volta de 2005, os serviços do Arquivo da Torre do Tombo digitalizaram e puseram em linha todos os processos da Inquisição de Lisboa, o que logo despertou o meu interesse. Infelizmente, a medida não se estendeu às Inquisições de Coimbra e de Évora. Mas a verdade é que os processos de Lisboa eram em geral mais interessantes e importantes que os das outras Inquisições do País.
A Inquisição Portuguesa em face dos seus Processos Volume I Arlindo N. M. Correia
Arlindo Nogueira Marques Correia nasceu em Campia, concelho de Vouzela, em 1943. Aos 19 anos começou a trabalhar como Aspirante de Finanças, após um concurso nacional em que ficou classificado em 1.º lugar entre 238 candidatos. Quando lhe foi possível, matriculou-se em Direito em Coimbra e obteve a licenciatura em 1978. Subiu na carreira das Finanças através de diversos concursos tendo sido aprovado como Director de Finanças em Dezembro de 1979. Em Agosto e Setembro de 1983, frequentou em Washington o Curso de Finanças Públicas do FMI. Em Maio de 1985 foi nomeado Subdirector-Geral da Direcção-Geral das Contribuições e Impostos. De 13 a 26 de Agosto de 1989, integrou uma missão do FMI a Angola para reportar sobre o sistema fiscal daquele País. De 9 a 23 de Abril de 1993, integrou outra missão do FMI a Moçambique para desenhar um sistema de IVA para o País. Em Junho de 1993 foi afastado da administração do IVA sem qualquer justificação. Foi então trabalhar para a Comissão Europeia em Setembro de 1994, primeiro como perito destacado e, após concurso, como Agente temporário A5, passando então à condição de reformado em Portugal. Tendo abandonado a Comissão Europeia no final de Abril de 1999, foi depois nomeado Conselheiro da Representação Permanente de Portugal junto das Comunidades, tendo ido para Bruxelas em Julho de 1999, ocupando-se da Presidência Portuguesa no 1.º semestre de 2000. Regressou de Bruxelas em Julho de 2000 e iniciou então o estágio da advocacia, como estagiário da firma ANBM que durou dois anos e meio. Ficou no mesmo escritório como consultor até Abril de 2008, tendo suspendido o exercício da advocacia. Tem na Internet o site http://arlindo-correia.com de conteúdos variados desde Julho de 2000.