Rimando escrevo o que sinto...

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Há quem chame poesia A um texto floreado Sem rima, e por fantasia Foi, como tal, batizado. (Sei que vai ser contestada Esta minha teoria). Essa prosa elaborada, Pra mim, não é poesia. Pode a prosa ser bonita, Tocar-nos a todos nós, Mas poesia, ao ser dita, Tem de dar ritmo à voz.

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ISBN 978-989-8821-52-2

RIMANDO ESCREVO O QUE SINTO...

PARA MIM, POESIA É…

RIMANDO ESCREVO O QUE SINTO...



RIMANDO ESCREVO O QUE SINTO...


edição: Edições Vírgula®

(chancela Sítio do Livro)

título: Rimando

Escrevo o que Sinto...

autora: Marinel

Oxiela

capa:

Sandra Rocha

paginação:

Paulo S. Resende

1.ª edição Lisboa, setembro 2017

isbn:

978­‑989-8821-52-2

depósito legal:

427719/17

© Marinel Oxiela

publicação e comercialização

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RIMANDO ESCREVO O QUE SINTO...



Marinel Oxiela nasceu em Vila Real de Santo António a 3 de fevereiro de 1942. Viveu nesta terra algarvia até aos 8 anos de idade, tendo aí frequentado a Escola Primária Oficial onde concluiu a 2ª classe do Ensino Primário. A 15 de agosto de 1950 foi viver para Lisboa, sua terra de adoção. Em Lisboa completou o Ensino Primário. Posteriormente, fez o Curso Liceal no Liceu de Dona Filipa de Lencastre. Desde sempre, manifestou uma grande inclinação pela Matemática, tendo feito a licenciatura em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Após um Estágio Pedagógico de 2 anos e de um Exame de Estado no Liceu Normal de Pedro Nunes, seguiu a carreira de professora de Matemática do Ensino Oficial. Como professora de Matemática e durante 32 anos e meio, lecionou no Liceu de Camões, atual Escola Secundária de Camões, onde foi

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professora efetiva e donde veio a aposentar-se no ano de 2003. Além do gosto pela Matemática também demonstrou, muito cedo, o gosto pela Poesia. Em setembro de 2015 foi publicado o seu primeiro livro de Poesia, “Deixei Palavras Voar…”. Em setembro de 2016 foi publicado o seu segundo livro, também de Poesia, “Eu Dei Voz À Fantasia…”. Na Antologia da Artelogy de dezembro de 2016, foram publicados três poemas seus.

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Para as mágoas espantar E viver com alegria, “Deixei palavras voar…”, “Eu dei voz à fantasia…” Por estranho que pareça, Continuo a divagar E a minha pobre cabeça, Coração foi consultar. E o meu louco coração Que de ilusões está faminto, Respondeu com emoção: “Rimando escrevo o que sinto…” Marinel Oxiela

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A autora dedica este livro à sua falecida mãe

Mãe, tu eras assim quando partiste!

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UMA FLOR PARA TI, MÃE… Recebe esta flor singela Que é de todas a mais bela E é rara na natureza; Para ti, a plantei E sempre dela cuidei Pra lhe dar maior beleza. Ofereço-te, pois, esta flor, Flor que se chama amor E dura uma eternidade, Regada por minha mão, No jardim do coração, Com lágrimas de saudade.

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PREFÁCIO O meu agradecimento pelo honroso convite que me foi formulado para prefaciar o livro “Rimando Escrevo O Que Sinto…” da escritora Maria Manuel Aleixo. Esta tarefa assume para mim, uma grande responsabilidade já que não possuo, nem o seu talento nem a sua criatividade. Depois do êxito das publicações anteriores, era quase uma obrigação a poetisa dar-lhe continuidade. Nas tertúlias poéticas inteiramente dinamizadas pela autora, fiquei rendida assim como os participantes, à sua memória prodigiosa, ao encanto dos seus versos, à sua voz bem timbrada e melodiosa. Maria Manuel Aleixo é uma poetisa de afetos que dedica o presente livro à memória da mãe, sua força motriz, seu “axis mundi”, figura incontornável do passado revisitado- (“Uma Flor Para Ti, Mãe…”).

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A poetisa manifesta um impulso incontido para a escrita afirmando “Rimando escrevo o que sinto, /Ninguém me segura a mão” – (“Rimando Escrevo O Que Sinto…”) o que comprova a fluidez das palavras, o ineditismo das imagens e a naturalidade da sua inspiração. O seu compromisso como professora de Matemática e a sua autodisciplina confere à sua poesia um equilíbrio, uma harmonia, um cosmos rigoroso e perfeito (“Matematizando a vida,/ Fiz da tristeza alegria” – “Matematizando”, ”As Novas Tecnologias”) que lhe confere uma originalidade estilística. Como reflexão sobre o processo da escrita, afirma que no silêncio escuta a voz interior, Almeida Garrett chamou-lhe “ignoto deo” ou inspiração do gerotexto/ fenotexto. Define assim o papel do sonho que lhe confere paz e verdade, na procura de si mesma e encontro consigo, na possibilidade de sonhar com outras paisagens idealizadas e puras. O sonho é uma janela entre a vida interior e o real agreste – (“No Silêncio”, “Andei Em Busca De Mim”, “Um Dia Sonhei Um Mundo”). 18

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A sua relação com a realidade é pensada e por isso, formula opiniões contraditórias, dicotómicas para explicar o indizível (“Nas boas e nas más horas”, “Quer de noite, quer de dia” – “Aquele Relógio Antigo…”). No poema “Pôr-do-sol” o sensacionismo presente transfigura a realidade, evocando uma aguarela impressionista com imagens fulgurantes. Manifesta um entusiasmo e deslumbramento com a natureza, uma comunhão perfeita, salientando um amor muito especial à sua terra natal – O Algarve (“Algarve Encantado”, “Eu E O Mar”). Os poemas “O Miradouro Do Monte”, “Coimbra, Eterna Amante”, revelam a gratidão pela vida vivenciada noutros espaços onde deixou o seu coração. A passagem inexorável do tempo é retomada em alguns poemas, mas no sentido do favorecimento da passagem da infância à idade adulta num processo evolutivo, tranquilo e natural e não como rutura – (“O Berço”, “Recordações De Infância”).

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As referências a alguma perturbação são diáfanas – (“Saudade De Mim”, “Outono”, “O Sótão”). O tempo confere-lhe amadurecimento, tomadas de posição face aos desafios da vida; reforça a força de vontade, a inteligência e a liberdade – (“Menina- Mulher”, ”A Vida É Como Um Espelho”, “Promessas”). A influência do lirismo tradicional está patente na intertextualidade dos adágios, na comunhão com o primitivo, com a natureza, conseguindo o diálogo com o leitor e a sua conivência, assim como através dos atos ilocutórios assertivos e expressivos, edificar o leitor -(“Nunca Digas, Nunca”, “Balada Do Vento”, “Promessas”). Maria Manuel consegue fazer, com esta obra, um apelo à alegria, construir uma arte de viver os acontecimentos do quotidiano com sabedoria e esperança. A visão otimista de temáticas tradicionalmente disfóricas é um atributo que a distingue na literatura portuguesa. Com a leitura do livro “Rimando Escrevo O Que Sinto…”, Maria Manuel ensina-nos ideais 20

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nobres e elevados, a necessidade do amor e da fraternidade, o desejo de construção de um mundo melhor ao serviço do Absoluto e dos homens. Emília Barradas de Noronha

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RIMANDO ESCREVO O QUE SINTO… Por mais que tentem mudar Minha maneira de ser, Eu continuo a rimar Nos poemas que escrever. Outros, como eu, versejaram Para soltar emoções. Espanca e Pessoa rimaram, Rimando escreveu Camões. Bocage também rimou, E Homem de Mello, e Aleixo. A rima me libertou, Eu da rima não me queixo. Rimou Natália Correia, Teixeira de Pascoaes, E outros poetas com veia, Gedeão e muitos mais.

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Foi rimando que aprendi A não me manter calada. Com a rima lidou Ary Quando escreveu, a “Tourada”. Falo verdade, não minto, E haja Sol ou escuridão, Rimando escrevo o que sinto, Ninguém me segura a mão!

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MATEMATIZANDO… Criei uma axiomática, Construí uma teoria, Demonstrei os teoremas De toda uma fantasia. Matematizando a vida, Fiz da tristeza alegria. Eu vivo, pois, a meu jeito, Caminhando na ilusão, E na minha ingenuidade, Do sofrer eu fiz canção. Por mais que tentem mudar-me, Eu direi, sempre, que não! Assim, sinto-me feliz Na quimera que sonhei, Tudo foi bem demonstrado, Como já verifiquei… Meus versos são corolários Da vida que eu inventei!

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MENINA-MULHER Lembro-me de ti, menina, Uma avezinha traquina A correr e a brincar, Laçarote na cabeça, Ias pra escola depressa Para aprender a voar. Mas tu, criança, cresceste E, adolescente, aprendeste, (Quando o encanto quebrou), Que era preciso lutar E o peito às balas dar, No mundo que te criou. Foste atenta e resoluta, Cedo começaste a luta, Quem havia de dizer Que tu, desde pequenina, Nesse corpo de menina, Tinhas força de mulher!...

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E hoje, mulher madura, Enfrentas forte e segura O que o futuro trouxer. Tu és tudo o que restou, És a força que ficou Dessa menina-mulher!

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NO SILÊNCIO… No silêncio existe paz, Nele me encontro comigo, Esse refúgio me apraz, Ele é meu porto de abrigo. No silêncio, meditando, Enfrento a realidade, Por vezes, sem saber quando, Vem visitar-me a saudade. No silêncio, minha mente Despojada de emoção, Vai escutando, atentamente, O que diz o coração. No silêncio sinto calma E, sem qualquer problema, Abro, então, a minha alma E dela nasce um poema.

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