Desabafos da Alma...

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Marinel Oxiela

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Ser poeta, não sei bem, Como posso definir, É estar longe, é estar além Da vida, do existir. É fantasiar cantando As amarguras da vida. É sorrir desabafando Alguma esperança perdida. É dourar, dia após dia, Tudo o que é desilusão. É viver com ironia As mágoas do coração. É escrever, rimando à toa, Pra disfarçar sua dor… Por isso, disse Pessoa: “O poeta é fingidor”. Marinel Oxiela

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DESABAFOS DA ALMA...

SER POETA…

DESABAFOS DA ALMA... Poesia




edição: Edições Vírgula®

(chancela Sítio do Livro) da Alma… autora: Marinel Oxiela título: Desabafos

capa:

Patricia Andrade Paulo S. Resende

paginação:

1.ª edição Lisboa, setembro 2018 isbn:

978­‑989-8821-74-4 441879/18

depósito legal:

© Marinel Oxiela

publicação e comercialização

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Marinel Oxiela nasceu em Vila Real de Santo António a 3 de fevereiro de 1942. Viveu nesta terra algarvia até aos 8 anos de idade, tendo aí frequentado a Escola Primária Oficial onde concluiu a 2ª classe do Ensino Primário. A 15 de agosto de 1950 foi viver para Lisboa, sua terra de adoção. Em Lisboa completou o Ensino Primário. Posteriormente, fez o Curso Liceal no Liceu de Dona Filipa de Lencastre. Desde sempre, manifestou uma grande inclinação pela Matemática, tendo feito a licenciatura em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Após um Estágio Pedagógico de 2 anos e de um Exame de Estado no Liceu Normal de Pedro Nunes, seguiu a carreira de professora de Matemática do Ensino Oficial. Como professora de Matemática e durante 32 anos e meio, lecionou no Liceu de Camões, atual Escola Secundária de Camões, onde foi

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professora efetiva e donde veio a aposentar-se no ano de 2003. Além do gosto pela Matemática também demonstrou, muito cedo, o gosto pela Poesia. São de sua autoria os seguintes livros de Poesia: “DEIXEI PALAVRAS VOAR…” (2015), “EU DEI VOZ À FANTASIA…” (2016) e “RIMANDO ESCREVO O QUE SINTO…” (2017). Na Antologia da Artelogy de dezembro de 2016, foram publicados três poemas seus.

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Deixei voar com o vento Palavras vindas da alma, Fantasiei meu lamento, Rimando senti-me calma. Qual foi a razão, não sei, De ter procedido assim, Nos versos desabafei Mágoas que estavam em mim. Marinel Oxiela

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A autora dedica este livro a sua falecida mĂŁe

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MENSAGEM PARA TI, MÃE… Muitos anos de saudade Já me separam de ti, São tantos, mas na verdade, Teus beijos, nunca esqueci. Teu exemplo, tua voz, Tua grande companhia, Nesta minha vida a sós, Recordo no dia-a-dia. Conforto meu coração Quando vivo uma ilusão E nos meus sonhos te vejo. É triste meu acordar, Sei que não irás lá estar Como era meu desejo…

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Prefácio Inicio o prefácio deste livro com um agradecimento, muito especial, à escritora pelo convite que me foi formulado para escrever umas breves palavras sobre a sua quarta obra publicada: “DESABAFOS DA ALMA…”. Desde já, as minhas felicitações pelo trabalho realizado com este livro. José de Alencar define o poeta como: “O cidadão do Belo e da Arte”. O leitor reconhece em Maria Manuel Aleixo esse dom notável para a poesia na abordagem de temas atuais ou em momentos fugidios da realidade, a beleza de uma linguagem pura, transparente e tranquila. A poetisa diz-nos pelas suas palavras: “Fantasiei meu lamento,/Rimando senti-me calma”. Estes versos e o título levam-nos aos recantos da sua alma, aos ecos de máximas que transmitem belas lições de uma vida bem refletida e sonhada.

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Na dualidade e paralelismo entre as adversidades da vida e os momentos de felicidade, estes saem sempre reforçados : “Resolvi olhar a vida/Com uns óculos cor-de-rosa.”(“Versos Ao Acaso…”). De notar a simbologia desta cor que conota a delicadeza e a inocência do seu olhar. Acrescenta otimista que “ Não vivo sem teu sorriso,/Eu, dele, não abro mão!... (“Um Sorriso Nos Teus Lábios…”). A poetisa trata com acuidade a temática do tempo numa perspetiva simbólica. No percurso da vida, evoca o tempo fantástico da infância, as interrogações sobre a funcionalidade do farol, as rugas do rosto, o envelhecimento. Os recuos e avanços cronológicos tornam os ciclos da vida intemporais como as estações do ano (“Inverno”) na procura espiritual da verdade. Um campo lexical muito utilizado é o da “LUZ”, ou seja, a energia necessária à mudança de atitudes na procura da beleza e do bem, da harmonia e quietude interior: “Há tanto para dizer,/Tanta luz, tanta beleza,”(“Versos Ao Acaso…”). 18

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Destacamos nos poemas os silêncios interiores de autoconhecimento como em “A Porta Secreta” e simultaneamente uma relação de fascínio pelo exterior que a interpela e anima: “Olhei o céu e o mar,/ Os campos cheios de flores,/ Comecei a meditar/ E pusme, então, a sonhar/ Neste mundo cheio de cores.” (“Versos ao Acaso…”). E como Sísifo recomeça, mas com esperança. Nos acrósticos escolhidos a poetisa seleciona palavras com valores semânticos chaves: ALMA, FAROL, ALEGRE. A sua alma de poetisa procura o caminho seguro para o ancoradouro, a iluminação interior e a meta do otimismo, da alegria que consegue no ato da escrita: “A vida sabe-me a mel,/Versejando, sou feliz.” (“Desabafos Da Alma”),“É fantasiar cantando/As amarguras da vida”, “É dourar dia após dia,/Tudo o que é desilusão,”(“Ser Poeta…”): Podemos ainda identificar muitos símbolos da identidade nacional e legados de tradições do Algarve, sua terra natal, na descrição

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da procissão (“Dia da Festa”), na “Lenda das Amendoeiras em Flor”, em “O Farol Da Minha Terra”e em “Àquela velhinha aldeia,/ Tão simples e sem maldades,” (“Versos Ao Acaso…”). Menção especial lhe merece a MÃE (“Mensagem Para Ti, Mãe…”) a quem dedica o livro, imagem de afeto e proteção, sempre viva na sua memória. Maria Manuel Aleixo deixa a mensagem que o poder e a responsabilidade de ação está em nós, “As Mãos” são capazes de construir o bem ou o mal. Termino com frases chaves a reter da sua poética: “A felicidade está em nós!...”(“Onde Está A Felicidade?”) ou no mar tempestuoso da vida: “Pois não é a água mansa/Que faz um bom marinheiro!...”(“O Mar Da Vida”). Emília Barradas de Noronha

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DESABAFOS DA ALMA Pra me livrar, nesta vida, De pensamentos perversos, Vou escrevendo meus versos, Assim, não lhes dou guarida. Ao colocar no papel O que a minha alma diz, A vida sabe-me a mel, Versejando, sou feliz. Versos são uma oração, São remédio que me acalma, São desabafos da alma, Conforto do coração. Com eles, eu vou vivendo, Vou vivendo o dia-a-dia E, na solidão, escrevendo, Sinto a sua companhia.

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Ao versejar, eu me embalo Com o ritmo da rima, O coração vem acima E o que sinto, não calo. Não sei se é ironia, Axioma ou teorema, Cá na minha fantasia, Eu fiz da vida um poema.

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UMA FAIXA DE LUAR… Uma faixa de luar Chegou à minha janela, Não quis apenas espreitar, Sem licença, quis entrar E no meu quarto fez vela. Foi rasgar a escuridão Que o meu sono reclama E veio colocar-se, então, Para marcar posição, Junto aos pés da minha cama. Ali ficou à vontade, Todo o tempo que entendeu Porque eu, na realidade, E pra dizer a verdade, Fui pros braços de Morfeu. De manhã, ao acordar, Não tinha essa sentinela, Mas o Sol veio ocupar O que foi o seu lugar, Deu-me os bons-dias por ela.

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VIVER A VIDA Vida é lutar e vencer, Aprender, dia após dia, Tudo o que ela nos ensina. Não é só sobreviver Embalados na fantasia Duma mente pequenina. Vida é escola, é caminho Para seguirmos em frente, Vida é fé a não perder… Sigamos com cuidadinho Porque ela é um presente Que nos foi dado ao nascer. Vida é amor, é esperança, É amizade, emoção, Não é só tristeza, abrolhos… É beleza que se alcança E deleita o coração, Basta só abrir os olhos.

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