Quais são as suas Escolhas de Vida? by SitiodoLivro.pt

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Bento José dos Santos

QUAIS SÃO AS SUAS ESCOLHAS DE VIDA?

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FICHA TÉCNICA TÍTULO:

Quais São as Suas Escolhas de Vida? Bento José dos Santos EDIÇÃO: Edições Ex-Libris® (Chancela do Sítio do Livro) AUTOR:

Patrícia Espinha Alda Teixeira CAPA: Ângela Espinha PAGINAÇÃO:

ISBN:

1.a Edição Lisboa, abril 2020

REVISÃO:

978-989-8867-83-4 466043/20

DEPÓSITO LEGAL:

Esta é uma obra de ficção, pelo que, nomes, personagens, lugares ou situações constantes no seu conteúdo são ficcionados pelo seu/sua autor/a e qualquer eventual semelhança com, ou alusão a pessoas reais, vivas ou mortas, designações comerciais ou outras, bem como acontecimentos ou situações reais serão mera coincidência.

Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A reprodução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei. Nota: A ortografia constante nesta obra literária não integra as normas do novo acordo ortográfico da língua portuguesa.

PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO:

www.sitiodolivro.pt publicar@sitiodolivro.pt (+351) 211 932 500

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ÍNDICE

1 – ACONTECEU! E AGORA? VOU PARA A ESQUERDA,

2 – O FANTASMA DAS NOSSAS ESCOLHAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3 – ENTRE O DESEJO DE QUERER E A DECISÃO DE TER OU SER. . .

4 – DECIDIR VIVER DE APARÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

5 – NOVOS TEMPOS, VELHAS ESCOLHAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6 – OS OUTROS É QUE SABEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

7 – DECIDIR COM BASE NO FACTOR TEMPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

8 – AS ESCOLHAS QUE FAZEMOS DEFINEM QUEM SOMOS . . . . . . .

PARA A DIREITA, OU SIGO EM FRENTE? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

9 – SER NEUTRO TAMBÉM É UMA ESCOLHA, MAS… . . . . . . . . . . . . 107

10 – COMO ME TORNEI O QUE SOU? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 11 – UM BASTA AO SEU PRÓPRIO EU! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

12 – BUSQUE A SABEDORIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 13 – TODAS DECISÕES PROVÊM DE JOGOS DE INFLUÊNCIAS . . . . . . 145

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Reflexões sobre factos e casos reais da vida que mereceram a tomada de decisões.

Quais São As Suas Escolhas de Vida? Trata-se de uma obra que apresenta um conteúdo com narrativas de casos em que as tomadas de decisões definiram as escolhas que muitas pessoas importantes tiveram de fazer em momentos cruciais das suas vidas. Um livro de leitura obrigatória.

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Para aquela mulher que tomou aquela decisão que fez com que a minha vida viesse a acontecer. Escrever este livro foi também a tomada de uma decisão que certamente me levará à tomada de outras decisões.

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Aos meus filhos. Desejo que sempre me incluam nas vossas escolhas de vida.

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CAPÍTULO I

A C O N T E C E U ! E AGORA?

VO U PA R A A E S QUERDA, PARA A D I R E I TA , O U S I GO EM F RENTE?

Em todos momentos da vida, temos de fazer esco-

lhas! Boa ou má, qualquer que seja a decisão que tomamos, será sempre uma decisão que constituirá a escolha de uma opção em detrimento de outra, ou de

tantas outras escolhas que não fizemos.

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o início da juventude, Password viveu um acontecimento que acabou por lhe marcar toda a vida. O referido acontecimento ocorreu aquando do primeiro gole, ou seja, quando teve o primeiro contacto com o consumo de bebidas alcoólicas. Na ocasião, ele era um jovem que se estreava na idade adulta. Tinha acabado de completar os seus 18 anos de idade e via-se agora protegido 13

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pela Lei, e consequentemente pela aprovação social como pessoa adulta. Sendo assim, era o primeiro responsável pelos seus próprios actos. A Constituição da República de Angola define e estipula como pessoa adulta aquele ou aquela que atinge os 18 anos de vida, tendo como referência a data do seu nascimento. Os pais do jovem Password foram peremptórios e rígidos durante o seu crescimento, e a educação regrada e rigorosa baseada em princípios e valores conservadores, aliados à cristandade e à boa conduta social, guiaram quase toda a sua vida até aquela idade. Password era também um filho exemplar, sendo motivo de orgulho para os seus pais e demais familiares. Destacava-se na escola devido ao seu bom aproveitamento, quase sempre estando entre os melhores alunos que depois eram apresentados no quadro de honra, estando entre aqueles que tiravam as melhores notas. A nível comportamental, no seio da família, Password era também um exemplo de boa conduta social, motivo de orgulho para a família e para os seus progenitores. Mas a abertura que lhe foi dada ao atingir a maioridade também o deixou vulnerável perante as novas experiências sobre a incerteza do amanhã. Naquele dia 14 do mês de Fevereiro, teve a grande oportunidade há muito esperada. Foi a ida à sua primeira festa sem a companhia dos pais. Para ele, aquele era um 14

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dia especial porque tinha a plena liberdade para tomar as suas próprias decisões, fazer as suas próprias escolhas de vida, sob o seu exclusivo poder de decisão. O ambiente da festa era de todo muito convidativo. A música que tocava era sempre a mais apropriada para aquele público que fazia a festa. Parecia que o DJ era um grande mágico e sabia acertadamente quais as músicas os convivas queriam ouvir. O DJ punha a tocar uma música e todo mundo dançava. Logo em seguida, punha a tocar uma outra música e novamente todos convivas correspondiam e punham-se a dançar. As exaltações em manifesto de alegria seguidas de movimentos compassados eram as danças daqueles que se dizia serem os convivas da festa. Como tudo parecia correr muito bem, entre a euforia e a elevada animação, após alguns minutos de convívio, os colegas e amigos do Password decidiram abrir a noite tomando um shot. Um shot era a definição que se dava a uma mistura de várias bebidas com grande percentagem de álcool. Um barman ao fazer o shot pode misturar vários ingredientes como, por exemplo, whisky, vodka, cerveja, limão, enfim…. Geralmente depende da criatividade do barman ao preparar a bomba alcoólica, para depois a disponibilizar a quem se aventurar a ingeri-la. – Porque não beber um shot? – Questionou-se o jovem Password perante a insistência dos seus amigos. 15

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A voz dos amigos que o persuadiam para que bebesse um shot ecoava em forma de bullying, ou seja, naquele contexto quem demostrava alguma incerteza era considerado uma pessoa fraca, sem coragem. Os sorrisos, as palmadas nas costas, as manifestações de aparente afecto, próprias daquele momento, serviam para sensibilizar quem vacilasse em decidir entre tomar ou não tomar um shot. – Então, Password, vais tomar o shot ou não? Será que vais continuar a ser um maricas ou, hoje mesmo, vamos poder ver-te como o grande homem que deves ser? As palavras de falso encorajamento para a tomada da decisão de escolha eram as mais pronunciadas pelos amigos que circundavam o jovem Password, e que tentavam sensibilizá-lo para a tomada da decisão. O subconsciente do cérebro do jovem Password conflituava com o seu consciente selectivo. Os princípios e os valores que o jovem recebera da educação transmitida pelos pais estavam a ser postos à prova naquele instante. – Sim ou não? … Bebo ou não bebo? E porque não beber? Afinal é só um dia, posso até beber… Caso eu beba, será apenas uma única vez, e caso eu não venha a gostar, então jamais irei provar. Até porque o meu pai sempre me disse que a melhor forma de se livrar de uma droga como o álcool passa por não a experimentar, pois assim não teremos de nos livrar dela. Mas também, uma outra 16

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realidade é que até o meu próprio pai, que dá estes conselhos, bebe… Porque é que eu não posso beber, quando até estes meus amigos que são mais fracos do que eu, fisicamente e psicologicamente, bebem… Porque não beber um shot? – reflectia introspectivamente e questiona-se o jovem Password, perante a insistência dos amigos. Após cerca de trinta minutos, o primeiro gole foi dado pelo jovem Password. Num só gesto, o jovem bebeu todo o líquido que estava no copo que tinha na mão. Aquele acto foi amplamente aplaudido pelos seus amigos. O modo como ingeriu a bebida que tinha no copo acabou por motivar os seus amigos para que também bebessem daquela forma. Quase que inadvertidamente aquele gesto transformou aquele momento numa competição. Os minutos que se seguiram foram de desafio para ver quem bebia mais. Ninguém quis ser visto como o fraco. Se até o Password, que era tido como um dos mais fracos no consumo de bebidas alcoólicas, tinha bebido e já estava no quarto copo, os outros, que eram aparentemente mais fortes pois já bebiam noutras ocasiões, naquele instante não quiseram ser ultrapassados por um novato no consumo de bebidas alcoólicas. E assim, houve quem pedisse dois copos e os bebesse em simultâneo, o que fazia com que os outros também agissem dessa forma para não serem vistos como fracos. 17

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A certa altura, após já terem consumido mais de oito shots, houve um amigo do Password, o Beniche, que estando insatisfeito com o rumo que aquela competição tinha tomado fez uma advertência em alta voz e desafiou os demais, dizendo: – Agora vamos ver quem pode beber três cervejas sem parar! Eu dou cem dólares a quem, depois de mim, conseguir beber três cervejas de um litro sem parar. Acto contínuo, depois do jovem Beniche ter lançado o novo desafio, ele mesmo bebeu as três cervejas, uma após a outra. O Password, depois de ver o seu amigo a beber as três cervejas e ainda manter-se em pé, aparentemente lúcido, ganhou coragem e fez o mesmo. Houve mais dois amigos que conseguiram beber as três cervejas e a competição manteve-se então entre aquelas quatro pessoas. Se este livro tivesse sido escrito apenas para retratar a história da bebedeira do dia 14 de Fevereiro do jovem Password e dos seus amigos, então talvez pudéssemos apenas retratar a continuidade dos factos vivenciados por aqueles jovens naquele dia. Porém, não o faremos porque existem outras histórias e outras análises que nos interessam no universo do contexto das decisões, que nos levam a continuar a reflectir e também a sintetizar, indo ao encontro do final da história que envolveu o jovem Password e os seus amigos naquele dia. 18

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Assim sendo, e como já era previsível, toda aquela bebedeira, todo aquele consumo excessivo do álcool promovido por aquele grupo de jovens foi uma experiência eternamente negativa para alguns. Isto porque para além da ressaca (entenda-se a ressaca como sendo o mal-estar que alguns tiveram no dia seguinte devido ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas), naquele mesmo dia, quando decidiram terminar a noite, já de regresso a casa, era o amigo do Password, um jovem de nome Viera, que ia ao volante da sua própria viatura, que se encontrava totalmente lotada, transportando cinco ocupantes. Ora devido ao seu estado elevado de embriaguez, e porque Viera conduzia em excesso de velocidade, perdeu o controlo do carro, tendo a viatura rompido o passeio e atropelado um casal. O casal que foi colhido pela viatura do jovem Viera perdeu a vida instantaneamente naquele local. Infelizmente, mesmo depois de ter colhido mortalmente o casal, a viatura continuou o seu trajecto mortífero desgovernada até embater violentamente por trás de um trailer que estava mal-estacionado à beira da estrada. O impacto do embate da viatura no trailer foi tão forte que o próprio Viera também perdeu a vida no mesmo local. Os outros ocupantes da viatura ficaram gravemente feridos, tendo Password tido a sorte de sair ileso de toda aquela tragédia. 19

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A narrativa descrita no parágrafo anterior infelizmente faz-nos reflectir sobre um processo decisório. Em inúmeras ocasiões da vida, parece não ser possível subestimarmos o imperativo das escolhas que permanentemente temos de fazer. O exercício das decisões que necessariamente tomamos quase sempre começa como se o fizéssemos de forma inconsciente. Em várias ocasiões deparamo-nos com vários dilemas, alguns tidos como dilemas instrospectivos, que nos obrigam constantemente a tomar decisões perante determinadas situações que vivenciamos e tantas outras aliadas a pessoas com as quais nos relacionamos. Outras vezes, deparamo-nos com situações cujas decisões que podemos tomar podem parecer mais simples em relação a outras, que podem ser tidas como mais complexas. As escolhas que fazemos geralmente definem a vida que temos, ou a que procuramos ter, e consequentemente estas mesmas decisões levam-nos a decidir se seguimos em frente ou se optamos por seguir para a esquerda ou para a direita. Ou seja, qualquer escolha que fizermos pressupõe uma renúncia a outras opções que também podiam fazer parte das nossas decisões. Qualquer escolha, seja seguir para a direita ou ir sempre em frente, geralmente apresenta-se como uma condição perante a desistência das outras opções que foram descartadas, isto é, perante as possiblidades de escolha de vida que decidimos seguir. 20

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Perante a constante necessidade de escolhas a que nos submetemos, e a que nos vemos submetidos, várias perguntas podem ser formuladas para nos ajudarem a perceber a razão das nossas opções. Porém, antes de qualquer outra questão aqui formulada, a pergunta em que nos interessa reflectir neste momento é: Quais são as razões que nos influenciam para que possamos fazer as escolhas que podem ser consideradas certas ou erradas? A resposta a esta questão remete-nos para a auto-reflexão, e para a ideia de que qualquer tomada de decisão resulta necessariamente dos processos cognitivos que envolvem tanto a nossa razão individual quanto o estado emocional que vivenciamos. Sobre estes dois factores mentais do campo das decisões, a razão e a emoção, temos de ter em consideração que ambos incidem nos valores e na capacidade perceptiva que cada um de nós tem sobre toda a envolvente do mundo em que vivemos. Neste âmbito, a razão será a habilidade que cada ser humano terá em fazer avaliações sobre o que pode ser considerado como sendo certo ou errado. Este processo decisório ocorre com recurso à capacidade de raciocinar positivamente, priorizando os valores humanos e sociais, apresentando deste modo elementos de certeza perante alguma coisa. 21

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Quanto ao enquadramento emocional dos processos decisórios, será tido em conta perante as reacções circunstanciais que poderão ser do foro fisiológico ou psicológico, que surgem com as características da resposta aos estímulos internos e externos que cada individuo tem. As emoções são assim resultantes das relações humanas e sociais estabelecidas entre e com as outras pessoas, e com todo meio envolvente, no qual uma determinada pessoa pode ou não estar inserida. Assim sendo, os processos de tomada de decisão passam necessariamente pela razão e pela emoção, o que pressupõe que a tomada de uma decisão lógica só ocorrerá quando o indivíduo reflectir sobre as suas possibilidades de escolha de forma racional. A racionalidade a que fazemos referência neste caso incide sobre a memória selectiva de cada indivíduo, ou seja, para cada indivíduo tomar uma decisão, fa-lo-á com recurso à sua experiência de vida, o que pressupõe o recurso ao seu nível de conhecimento. Nesse caso, cada indivíduo ao fazer escolhas para a tomada de decisões lida com as informações que domina ou aquelas a que tem acesso, e consequentemente com o seu autoconhecimento. Tal exercício psicólogico geralmente ocorre na mente das pessoas, mas de maneira objectiva. Entretanto, o processo da tomada de decisão em muitas ocasiões também pode ocorrer de forma intuitiva, que 22

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será um processo em que se utilizará a dedução por meio de uma conjunção da lógica e da emoção, o que revela que os valores essenciais da pessoa responsável pela tomada da decisão também contribuem para a decisão final. Portanto, mais do que a razão ou a emoção, o nosso instinto e a nossa experiência terão maior importância nas escolhas realizadas por intuição. Por isso, é fundamental analisar as informações que se tem à disposição a fim de chegar a uma decisão mais assertiva. Necessariamente, cada um de nós tem de fazer escolhas na vida. Algumas escolhas que fazemos podem determinar em grande parte a nossa felicidade ou infelicidade, porque teremos de viver com as consequências dessas escolhas. É verdade que não é possível sempre fazer as escolhas perfeitas. Por vezes, tomamos as decisões mais acertadas, o que pressupõe termos feito boas escolhas, mas por vezes também constatamos que fazemos más escolhas. O processo de tomada de decisão, do qual resultam as nossas escolhas, depende de muitos factores, entre os quais destacamos as influências das pessoas com as quais nos relacionamos, sejam parentes, amigos, colegas de escola, colegas de trabalho, namorado, esposa, etc. Ao decidirmos, em muitos momentos somos influenciados pelas pessoas, pelo meio, e até mesmo pelo nosso estado emocional. 23

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Na história narrada nos parágrafos anteriores, vimos o jovem Password a tomar uma decisão em função da influência do meio e das pessoas que com ele conviviam. Não foi uma boa escolha, mas talvez assim não fosse se o desfecho da história não tivesse sido trágico. Prever o desfecho de factos é uma incerteza que nos assombra permanentemente. E neste caso é preciso destacar que a incerteza é equivalente ao medo. Porém, avaliar os riscos, ou os custos ou possíveis benefícios perante uma situação sobre a qual temos de tomar decisões é um dos maiores desafios da incógnita da vida. Contudo, precisamos de ser comedidos. Se continuarmos a reflectir sobre a história narrada neste capítulo, poderemos presumir que nem todas festas acabam mal ou em acidentes. Há festas em que as pessoas bebem exageradamente, mas que regressam a casa sem causarem ou estarem envolvidas em acidentes. Digamos que a probabilidade de haver um desfecho nefasto de um evento onde as pessoas consumiram exageradamente álcool não é um factor de certeza sobre a possibilidade de ocorrer ou não ocorrer alguma tragédia. Entretanto, também devemos reconhecer que após o consumo exagerado de grandes quantidades de álcool, a probabilidade da ocorrência de algo negativo intensifica os níveis de risco. Tal acontece porque as pessoas ao estarem permanentemente expostas ao risco devido ao exage24

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rado consumo de álcool, normalmente acabam por ficar numa condição de aparente vulnerabilidade. Assim, o elevado estado de embriaguez em que se encontrava o jovem Password e os seus amigos constituiu um factor de risco que aumentou a probabilidade da certeza de que algo negativo viesse a ocorrer, dado o facto de que conduzir uma viatura em estado de embriaguez aumenta os factores de risco de que alguém na condição de embriagado possa vir a estar envolvido em um acidente de viação. Aquela condição de risco em que estiveram envolvidos todos aqueles que consumiram exageradamente álcool foi assim resultante de uma má decisão, ou seja, uma escolha errada na vida feita por aqueles jovens durante um dos vários momentos de decisão a que estiveram submetidos. Por conseguinte, também devemos considerar que a possibilidade de virmos a tomar decisões que põem em risco a nossa própria segurança não é promovida por cada um de nós de forma inconsciente. O que quer dizer que, geralmente, ao fazermos determinadas escolhas de vida, muitas das decisões que tomamos são previamente manipuladas pela nossa própria consciência selectiva, reduzindo desta forma a probabilidade da acentuação do risco a que podemos estar submetidos ou virmos a submeter-nos. 25

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Factores do foro psicológico como a curiosidade e a ansiedade muitas vezes impulsionam-nos e acabam por nos influenciar para a tomada de decisões que podem ser as melhores ou também podem ser as piores decisões tomadas para nós próprios em determinados momentos. Todavia, apesar de não ser confortável reconhecermos, o facto é que em cada um de nós reside de forma permanente o medo de virmos a fazer as escolhas erradas perante as constantes decisões que precisamos tomar. O medo ou a insegurança nas nossas próprias decisões muitas vezes se manifestam com mais intensidade em algumas pessoas em relação a outras. O estado do medo é também um dos principais factores psicológicos que nos pressionam para que venhamos a tomar certas decisões. Segundo Robert Cialdini, em “As armas da Persuasão”, quando as pessoas têm incerteza para a tomada de decisões, as suas decisões geralmente têm a tendência de buscar a aprovação social; e, para tal, recorrem ao princípio da aprovação social que consubstancia-se em: “As pessoas frequentemente decidem o que fazer, observando e imitando o que a maioria das outras pessoas está a fazer”. Infelizmente esta tendência é resultante da análise e da escolha feita pela nossa memória selectiva, que em muitas ocasiões acaba por nos manipular a nós próprios e nos leva a agir imitando a acção praticada pelos outros, como se tal acção fosse a acção mais correcta. 26

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Na história narrada notamos que, nas suas reflexões introspectivas, o jovem Password esteve mergulhado num processo de indução psicológica que numa primeira fase levou-o a confrontar-se com a incerteza quanto à decisão a tomar, tendo este estado de incerteza evoluído a posteriori para uma insatisfação com mais intensidade, aqui caracterizada como o medo de que, caso ele decidisse não aceitar consumir as bebidas alcoólicas, viesse a ser excluído daquele contexto de convivência, o que faria com que o mesmo estivesse submetido à condição da não aprovação social por parte da maioria das pessoas que com ele privavam naquele momento. A aprovação social é uma condição a que nós, humanos, nos submetemos frequentemente. Na história narrada sobre o jovem Password ficou claro que o jogo de influência a que o mesmo esteve submetido fez com ele tomasse uma decisão impulsiva. Digamos que a decisão tomada pelo jovem Password não era propriamente a que ele tomaria caso não estivesse sob pressão da influência dos seus amigos, tão-pouco seria o que ele achava ser o mais sensato fazer naquele momento. Entretanto, ele tomou aquela decisão em função da pressão e do incentivo dos seus amigos que só queriam que naquele momento ele tivesse um comportamento idêntico ao deles, ignorando desta forma todos riscos ou as consequências que podiam advir em função da adopção daquele comportamento. 27

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