FOTOLIVRO JORNADA DO PATRIMÔNIO 2015 - (RE)CONHEÇA SEUS BENS CULTURAIS

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FOTOLIVRO JORNADA DO PATRIMÔNIO 2015 (RE)CONHEÇA SEUS BENS CULTURAIS Prefeitura da Cidade de São Paulo Secretaria Municipal de Cultura Coordenadoria de Programação Cultural Departamento do Patrimônio Histórico ©Secretaria Municipal de Cultura, 2020 Proibida a reprodução total ou parcial sem a prévia autorização dos editores. Direitos reservados e protegidos de acordo com a Lei 9.610⁄1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Fotolivro Jornada do Patrimônio 2015 : (Re)conheça seus Bens Culturais / Organização: Higor Henrique Advenssude Teixeira. -- 1. ed. -- São Paulo : Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo, 2020. (Fotolivros da Jornada do Patrimônio da Cidade de São Paulo; 1) ISBN 978-65-89128-00-7 1. Cultura 2. Memória cultural 3. Patrimônio Cultural 4.Preservação Histórica I. Teixeira, Higor Henrique Advenssude. II. Série. 20-49206

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Índice para Catálogo Sistemático: 1. Patrimônio Cultural : Memória e Preservação 363.69

CDD-363.69


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A Jornada do Patrimônio foi criada pela Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Departamento do Patrimônio Histórico e da Coordenadoria de Programação Cultural, para democratizar o acesso ao patrimônio cultural de São Paulo e estimular a população a reconhecer e valorizar os bens que tratam da memória e identidade dos diferentes grupos sociais presentes na cidade. Inspirada nas Journées Européennes du Patrimoine, tem como objetivos específicos a abertura de imóveis históricos tombados à visitação pública, com programação de visitas mediadas, palestras e oficinas. Em certo casos, essas atividades tratam apenas do imóvel e sua história com relação à da cidade, em outras vezes, oferecem conversas sobre preservação e restauro, ou mesmo trazem os imóveis históricos como cenário de eventos artísticos que apresentem o patrimônio cultural de maneira mais ampla ao público. A Jornada do Patrimônio tem ainda como objetivo conduzir a população a explorar a cidade por meio de roteiros de memória temáticos e estimular agentes culturais, mestres, pesquisadores, educadores, artistas e instituições culturais a propor e organizar atividades culturais que se relacionem com o projeto, para que o evento seja uma oportunidade de identificação de bens e práticas culturais em todos os territórios da capital paulista.

Higor Advenssude

Coordenador Geral da Jornada do Patrimônio


FOTO: Eduardo Vasconcellos


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A sociedade brasileira, desde a década de 1930, criou, por meio de suas diversas constituições e leis próprias, instituições públicas que têm como atribuição organizar o reconhecimento, a preservação e a valorização dos inúmeros bens materiais e imateriais que formam seu patrimônio cultural. Por sua dimensão territorial, pela diversidade de povos que o formou e pelos diversos e ricos aspectos culturais que criou, o Brasil tem um importante e amplo conjunto de bens culturais e ambientais que merecem reconhecimento e difusão. Para atender essa necessidade e direito da sociedade, no âmbito da Prefeitura de São Paulo, foi organizada em 1975 a Secretaria Municipal de Cultura e, vinculado a ela, o DPH – Departamento do Patrimônio Histórico. Essas instituições sucederam o Departamento de Cultura de São Paulo, criado em 1935, pioneiro no trato de assuntos culturais no país. O DPH foi organizado, inicialmente, para preservar e difundir as diversas manifestações e bens que constituem o patrimônio cultural e ambiental de São Paulo: o acervo de documentos públicos de valor histórico (pelo Arquivo Histórico Municipal), o acervo de documentos fotográficos e de bens móveis históricos (pelo Museu da Cidade) e os edifícios, espaços públicos e áreas naturais de valor arquitetônico, histórico e ambiental (pela Divisão de Preservação). Sua atuação foi complementada pela criação de instrumentos legais de proteção desse patrimônio, como o tombamento (em 1985, quando se instituiu também o Conpresp, Conselho de Proteção do Patrimônio Municipal) e o registro (em 2007).

Numa cidade complexa como São Paulo, de escala metropolitana, a proteção dos bens edificados e urbanos é complementada por zoneamentos e outros meios de proteção e incentivo. Atualmente, o DPH, em conjunto com o Conpresp, está concentrado na administração do sistema de preservação e valorização de um extenso conjunto de bens culturais, que expressam as múltiplas formas de criação, ocupação e reconhecimento dos espaços da cidade. E esse trabalho permanente do DPH só pode ter resultados efetivos com a colaboração e o olhar dos diferentes grupos sociais que criam, moram, utilizam e se envolvem com a intensa energia cultural e a história da cidade de São Paulo.

Walter Pires

Arquiteto do Departamento do Patrimônio Histórico da Cidade de São Paulo Diretor do DPH e Vice-presidente do Conpresp entre 2005 e 2013



Há 20 anos, uma amiga me chamou a atenção para a importância da jornada do Patrimônio na França. Desde então, acompanhei o evento. Quando assumi o DPH/ Conpresp em 2013, comecei a pensar em organizar algo semelhante aqui em São Paulo. Em 2015, com o apoio do Consulado da França, fui recebida pelo Ministério da Comunicação do governo francês, organismo que promove a Jornada do Patrimônio de lá. Criada em 1984, em Paris, a Journée assumiu a dimensão europeia. Em São Paulo, a partir da proposta "O que queremos mostrar?", reunimos todos os parceiros que, ao longo do ano, valorizavam a nossa história e sugerimos que concentrassem suas atividades num único fim de semana. Além disso, a Secretaria Municipal de Cultura definiu atividades culturais que davam destaque aos bens tombados, como a Escola de Samba Vai-Vai na Vila Itororó, o grupo de samba Demônios da Garoa no Mercadão e as músicas de D. Pedro I no Solar da Marquesa de Santos. Também tivemos a adesão de voluntários e proprietários, que abriram as portas de bens tombados. O sucesso da primeira Jornada transformou-se numa lei e hoje estamos em sua quinta edição para celebrar nossa história. “‘Quem não conhece, não valoriza’, foi o bordão que inventamos. A população de São Paulo mobilizada, passou ano a ano a valorizar cada vez mais nossa história e memória".

Nadia Somekh Idealizadora da Jornada do Patrimônio na Cidade de São Paulo, professora emérita da FAU Mackenzie, conselheira federal do CAU BR, pesquisadora produtividade do CNPQ, foi presidente da Emurb, diretora da FAU Mackenzie, presidente do Conpresp e diretora do DPH em 2015.


Futebol de Palhaรงos. FOTO: Sylvia Masini

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Números da Jornada

imóveis históricos

roteiros de memórias

oficinas e palestras

1. Capela dos Aflitos

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10. Mosteiro da Luz

2. Casa das Rosas

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11. Palácio das Indústrias

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3. Casa Modernista

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12. Pavilhão Japonês

42

4. Casa Ranzini

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5. Cemitério do Araçá

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13. Salão dos Arcos do Theatro Municipal

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6. Cemitério São Paulo

30

14. Sítio Mirim

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7. Copan

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15. Solar da Marquesa de Santos

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8. Edifício Martinelli

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9. Instituto dos Arquitetos do Brasil

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1. Caminhada com a Dona Veridiana

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2. Intervenção no SESC Pompéia

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3. Passeios Cemiteriais

Vila Itororó

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6. Roteiro pelos Patrimônios Edificados do Campos Elíseos

61

58

7. Roteiro da Vila Maria Zélia

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4. Rota das Remoções

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8. São Paulo de Ramos de Azevedo

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5. Roteiro pelos Patrimônios Edificados do Bom Retiro

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1. Oficina de Câmera de Orifício

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2. O Patrimônio Histórico e o Turismo

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3. Retrato feito em uma câmera Lambe-Lambe

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4. Turismo Cultural e Patrimônio Imaterial

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5. Vila Itororó: Construção, Permanênias e Impasses

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apresentações 1. 2. artísticas exposições

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Coral Madrigal Ever Dream

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3. Futebol de Palhaços

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Demônios da Garoa

80

4. Thobias da Vai-Vai na Vila Itororó

84

1. Exposição Memória da Amnésia

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2. Exposição NSDC

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3. SP Antigos: Exposição de Carros Clássicos

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SESC na Jornada

100


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zona norte

zona leste

zona oeste

centro

zona sul

nĂşmeros

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DA JORNADA


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7 10 17 19 56 80 120

ROTEIROS SESC

125

IMÓVEIS HISTÓRICOS

400

ATIVIDADES

13.141 1.000.000

PARQUES MUNICIPAIS APRESENTAÇÕES INFANTIS OFICINAS PALESTRAS ROTEIROS DE MEMÓRIA APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS

DE PÚBLICO DE REAIS INVESTIDOS

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FOTO: Sylvia Masini

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A Jornada do Patrimônio foi organizada pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura, pela primeira vez em 2015, nos dias 12 e 13 de dezembro, em todas as regiões da cidade, com o tema "(Re)Conheça Seus Bens Culturais". O evento ocorreu no fim de semana que sucedeu a Semana de Valorização do Patrimônio Histórico e Cultural, que já tinha se institucionalizado há alguns anos (Lei 13.329/2002). A partir de experiências semelhantes que ocorrem em outros países ou cidades, a Jornada se realizaria anualmente, sempre num fim de semana, procurando abordar diversos temas da política patrimonial da metrópole, a partir do acesso e do uso de edifícios e locais reconhecidos como Patrimônio Cultural Paulistano. Para a Jornada do Patrimônio 2015, como ação inovadora de sua política de valorização do patrimônio cultural, o DPH definiu, como primeiro tema, tanto o reconhecimento dos bens culturais produzidos e apropriados por diferentes grupos sociais paulistanos, como a difusão para a população dos bens reconhecidos oficialmente pelas instituições de patrimônio da cidade. Para o DPH, produzir a Jornada também estimulou uma revisão de sua atuação, buscando ampliar as ações de valorização, bem como a identificação de bens culturais, principalmente de grupos que ficaram à margem da história oficial e das ações de preservação. Esses grupos têm demonstrado, por meio de mobilização e ativismo, o desejo de ver reconhecida sua memória.

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capela

DOS AFLITOS A Capela, cujo culto é dedicado à Nossa Senhora dos Aflitos, tem sua origem ligada ao Cemitério dos Aflitos, primeiro cemitério público de São Paulo. Construída modestamente em 1774, em taipa de pilão, possui acréscimos de alvenaria de tijolos e concreto armado que descaracterizaram a sua feição original, ficando parte de sua elevação principal encoberta. Quando foi inaugurado o Cemitério da Consolação em 1858, o dos Aflitos deixou

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de desempenhar as suas funções e, anos mais tarde, o terreno foi loteado em hasta pública a particulares pelas autoridades eclesiásticas que conservaram apenas o beco e a capela. Este fato propiciou a construção desordenada de edifícios no entorno imediato da capela, prejudicando sensivelmente sua visualização.


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FOTO: Luci Judice Yzima


FOTO: Dirceu Rodrigues

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casa

DAS ROSAS Em 1928, o escritório do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo já era tido como o mais famoso e reputado da área na América Latina. Projetou e executou a construção de diversos prédios de importância histórica hoje, tais como a Pinacoteca do Estado, o Theatro Municipal, o Prédio da Light e o Mercado Público de São Paulo. Projetou também a Casa das Rosas, uma mansão em estilo clássico francês com 30 cômodos, edícula, jardins, quadras e pomar, localizada na Avenida Paulista, local que reunia a maioria dos milionários barões do café. A mansão foi concluída em 1935. Lá, os herdeiros de Ramos de Azevedo viveram até meados dos anos 1980. Por essa época, a Avenida Paulista já não era mais a mesma. A Casa das Rosas já dividia espaço com prédios comerciais, bancos, edifícios modernos e o característico trânsito de pessoas e veículos. Ameaçado de demolição, o casarão foi preservado em ação inédita no Brasil. Na parte do terreno que dá para a Alameda Santos, foi liberada a construção de um moderno edifício comercial, enquanto a casa foi restaurada e transformada pelo Estado de São Paulo em espaço cultural, inaugurado no ano do centenário da Avenida Paulista, em 1991. A avenida, que fora aberta pela riqueza agrária, havia se transformado na via dos casarões dos industriais e, logo em seguida, na avenida do mundo das finanças, dos prédios modernos e de bancos suntuosos. Eleita pela população da cidade como símbolo de São Paulo, certamente a Paulista

é a “perfeita tradução” da história econômica da cidade e do país. Da agricultura à indústria, e dessa ao mercado financeiro em menos de um século. Em 1991, a Paulista já estava claramente se convertendo na avenida da cultura, transformação que as últimas décadas testemunharam. Museus, livrarias, salas de cinema e de teatro, parques e jardins, rosas, flores e estátuas foram se multiplicando para tornar a Avenida Paulista uma atração cultural ímpar na cidade. E é nesse contexto que a Casa das Rosas, desde a sua reinauguração como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, no final de 2004, tem oferecido à população de São Paulo cursos, oficinas de criação e crítica literárias, palestras, ciclos de debates, lançamentos de livros, apresentações literárias e musicais, saraus, peças de teatro, exposições ligadas à literatura etc. Transformouse, portanto, em um museu que se notabiliza pelo trabalho de difusão e promoção da literatura de escritores muitas vezes deixados de lado pelo mercado, e pela oferta de oficinas e cursos de formação para aqueles que pretendem se tornar escritores ou aprimorar sua arte.

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casa

MODERNISTA A Casa Modernista da Rua Santa Cruz, de autoria do arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik (1896–1972), projetada em 1927 e construída em 1928, é considerada a primeira obra de arquitetura moderna implantada no Brasil. Na década de 1920, no campo cultural, a cidade de São Paulo testemunhava manifestações artísticas de ruptura e diálogo com a tradição, sendo a Semana de Arte Moderna de 1922 o evento mais emblemático do movimento. Tal efervescência cultural teve correspondência na área da arquitetura em 1925, quando foi publicado o primeiro manifesto voltado à proposição de uma nova postura moderna, “Acerca da Arquitetura Moderna”, de autoria de Warchavchik. Projetada para abrigar a residência do arquiteto, recém-casado com Mina Klabin (1896-1969), filha de um grande industrial da elite paulistana, a Casa gerou forte impacto nos círculos intelectuais e na opinião pública em geral, com a publicação de artigos em jornais dos mais diversos espectros políticos, favoráveis ou contrários à nova orientação estética proposta. Além da edificação, mereceu destaque o jardim, projetado por Mina Klabin, devido ao uso pioneiro de espécies tropicais. Warchavchik relatou as inúmeras dificuldades técnicas que teve de enfrentar durante a construção de um edifício moderno no Brasil, como, por exemplo, a incipiente indústria da construção civil naqueles anos. Alguns historiadores apontam contradições presentes

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na obra, que não correspondiam a preceitos do modernismo europeu, não aceitando totalmente a justificativa dada pelo arquiteto quanto à industrialização. No entanto, nota-se que se trata de uma obra pioneira, de transição, que expressa muitas das contradições da época. Em 1935, a Casa passou por uma reforma, quando o arquiteto procurou adequá-la para a família que crescia, ao mesmo tempo em que experimentava alterações na lógica da circulação e no arranjo dos ambientes. A família residiu ali até meados dos anos 1970, quando vendeu a propriedade. Em 1983, uma construtora apresentou um projeto para implantar na área um condomínio residencial, combatido imediatamente pela população local, que criou a Associação PróParque Modernista, mobilizando-se pela defesa da Casa e de sua área verde. Em 1984, o Condephaat tombou o conjunto, seguido pelo Iphan e, posteriormente, pelo Conpresp. Devido a diversos processos judiciários, o imóvel permaneceu abandonado, resultando daí um rápido processo de deterioração. Em 2000, foram realizadas obras para a sua recuperação. Atualmente, pertence à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e é administrada pelo POIESIS - Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura.


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FOTO: Teresa Navarro Barbosa


FOTO: Bruno Andrade


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RANZINI Em terreno adquirido em 12 de junho de 1922, segundo escritura lavrada, Felisberto Ranzini ergueu sua residência na então Rua Santa Luzia nº 3, concluída em 1924. Com dois pavimentos (térreo e primeiro andar) e porão habitável, seus cômodos são assim identificados na cópia da planta sem data assinada pelo arquiteto: a entrada coberta leva ao hall que dá acesso à sala de visitas com vista para a rua e à sala de jantar; desta última, sai o corredor que conduz à copa e à cozinha, passando antes pelo escritório do arquiteto e por um lavabo/WC; na copa, um lance de escadas interno leva ao porão que reproduz a divisão do pavimento térreo: sob a copa e a cozinha, a dispensa; sob o lavabo/WC, uma “câmara escura”, o laboratório fotográfico do arquiteto; sob o escritório, a adega; sob a sala de jantar, entrada e hall, dois depósitos; sob a sala de visitas, um espaço identificado como “malas”. Do hall, temos acesso ao primeiro andar por três lances de escadas; chegamos ao que o arquiteto qualifica de “antecâmara” e que conduz ao terraço coberto sobre a entrada, ao dormitório da frente e ao amplo dormitório de casal; novo corredor alinhado com os de baixo leva ao “quarto”, ao “banho e WC” e a um terraço descoberto que corresponde à laje da copa/cozinha. Erguida posteriormente, a garagem nos fundos do lote, segundo cópia da planta registrada na Diretoria de Obras e Viação da Prefeitura Municipal em 1926, vem igualmente assinada por Ranzini, desta vez identificado como

“projectista e constructor”. A casa filia-se ao denominado estilo florentino, particularmente apreciado por setores abastados da colônia italiana –saudosos da pátria e sempre dispostos a homenageá-la. A lateral e os fundos do imóvel não apresentam nenhum traço estilístico que os diferenciem da maioria das casas em tijolo aparente, beiral e janelas com venezianas construídas no pósguerra. Já a entrada com o terraço superposto, conjuntamente com a fachada, receberam, apoiados em embasamento de pedra, requintado tratamento estrutural e decorativo. Um detalhe da fachada que chama especial atenção é, por trás da data de conclusão da obra, o fascio romano resgatado pelo fascismo e que, por sinal, lhe tomou o nome. Na garagem, a nota curiosa fica por conta do parapeito frontal do terraço que esta suporta e que lembra as ameias de um forte. Três gerações da família Ranzini habitaram o imóvel por mais de 80 anos. Este foi adquirido pelos atuais proprietários dos netos do arquiteto, Renzo Emiliano Ranzini e Lello Sisto Ranzini, em 2006. Esse conjunto de peculiaridades talvez explique o nível de conservação do imóvel mantido até o presente. Praticamente tudo é original, e o restauro levado a efeito ao longo de 2007 preservou, tanto quanto possível, todas as suas características construtivas e decorativas.

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DO ARAÇÁ O Cemitério do Araçá foi inaugurado em 1897. Depois da superlotação do Cemitério da Consolação, a Prefeitura se viu na necessidade de criar uma nova necrópole para suprir a demanda da população em sepultar seus familiares. Fora construído a apenas a 1 quilômetro da primeira necrópole de São Paulo (Consolação), entre as Necrópoles do Redentor e Santíssimo Sacramento. Conta hoje com inúmeras sepulturas imponentes, o que demonstra o grande poder econômico de quem lá foi enterrado, sendo considerado um dos três mais elitizados da cidade, junto com os Cemitérios da Consolação e São Paulo. Com mais de 100 mil metros quadrados, situa-se em área nobre da cidade. A origem de seu nome talvez seja pelo motivo de que, antes de existir a atual Avenida Dr Arnaldo, onde se localiza, o local era nomeado de Estrada do Araçá, supondo-se então que essas árvores fossem comuns na região. O Cemitério do Araçá abriga sepulturas de importantes personalidades da história brasileira, como as atrizes Cacilda Becker e Nair Belo, o jornalista Assis Chateaubriand, o piloto José Carlos Pace. Inicialmente, era a opção mais econômica para a camada emergente da população, mas hoje se transformou num cemitério elitizado. Esta necrópole é uma das mais famosas e antigas da capital paulista, com um acervo enorme de esculturas entalhadas em seus mausoléus, estátuas egípcias, anjos, serafins, querubins de mármore e bronze, dando um ar de contemplação ao local. Pode-se conhecer a fundo a história deste cemitério, acompanhando guias turísticos que lá atuam, agendando com antecedência esses passeios.

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SÃO PAULO Numa área de 104 mil metros quadrados adquirida da Igreja, o Cemitério São Paulo foi construído pela Prefeitura de São Paulo entre os quarteirões da Rua Cardeal Arcoverde, Luís Murat e Henrique Schaumann, no bairro de Pinheiros. Foi inaugurado em 1926, dando continuidade aos outros dois primeiros cemitérios existentes na época, já com lotações esgotadas, o do Araçá e o da Consolação. Conta atualmente com mais de 140 mil sepultamentos. Idealizado para suprir as necessidades da elite econômica e social paulistana, que precisava de um novo local para sepultar os seus familiares, aos poucos, foi aumentando o número de jazigos que eram adquiridos pela camada mais rica da população, na maioria italianos e outros estrangeiros que haviam prosperado em seus ramos de negócio. O Cemitério São Paulo caracteriza-se por suas sepulturas imponentes, construídas por magnatas da época que queriam ter seus entes queridos sepultados em túmulos grandiosos. Foram obras criadas por diversos artistas, entre eles Galileo Emendabili, Victor Brecheret, Nicola Rollo, Bruno Giorgi, Luigi Brizzolara e muitos brasileiros e estrangeiros não muito conhecidos, com várias tendências artísticas, mas que também deixaram uma vasta obra tumular. Possui várias personalidades sepultadas, entre elas o empresário José Ermírio de Moraes, o escultor Victor Brecheret (autor do Monumento

às Bandeiras, no Ibirapuera), o escritor Menotti Del Picchia, o cartunista Belmonte, General Miguel Costa, comandante da Coluna Prestes; o jurista Miguel Reale, túmulos dos ex-combatentes mortos na Revolução Constitucionalista de 1932 e dos estudantes Dráusio Marcondes de Sousa e Orlando de Oliveira Alvarenga, dois símbolos do movimento. Abrigava também o corpo de Maria Izilda de Castro Ribeiro, a Menina Izildinha (1897/1911), conhecida como santa popular, porém foi transferida em 1958 para a cidade Monte Alto. Desde os anos 1950, foram sepultados ali, no Mausoléu do Ator, comediantes, circenses e radialistas que fizeram sucesso na capital no início do século 20. Conta ainda com o Mausoléu dos Esportistas Veteranos, onde foi sepultado um dos primeiros craques do futebol paulista, o jogador Arthur Friedenreich.

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copan Projetado na década de 50 pelo arquiteto Oscar Niemeyer com a colaboração de Carlos Alberto Cerqueira Lemos, o Edifício Copan surgiu num período em que a cidade de São Paulo apresentava uma dinâmica de transformação e crescimento espantosos (Mendonça, 1999). Com o avanço da industrialização para fora dos limites da capital, juntamente à grande especulação imobiliária em torno do centro, verificaram-se dois aspectos marcantes dessa época: uma intensa expansão na malha urbana e o adensamento populacional com verticalização da área central (Piccini, 1999). O projeto original, encomendado pela Companhia Pan-Americana de Hotéis, compreendida em um edifício residencial de 30 andares e outro que abrigaria um hotel com 600 apartamentos. Os dois prédios deveriam ser ligados por uma marquise no térreo, que teria garagens, cinema, teatro e comércio, porém apenas o edifício residencial foi construído (Botey, 1996). Curiosamente, o empreendimento, que seria uma homenagem ao IV Centenário de São Paulo, visava explorar o setor turístico da cidade (Mendonça, 1999). Com a não construção da torre do hotel, esta ideia original ficou comprometida e o interesse imobiliário prevaleceu. A obra ficou a cargo da Companhia Nacional da Indústria da Construção (CNI), foi iniciada em 1952, mas somente em 1953 o alvará de construção foi obtido, e os serviços de terraplanagem começaram. Após alguns problemas financeiros, como a intervenção federal no Banco Nacional Imobiliário

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e a falência da investidora Roxo Loureiro S.A., primeiros incorporadores do empreendimento, a obra foi interrompida várias vezes. Em 1957, o Banco Bradesco comprou os direitos de construção e, em 1961, as partes de alvenaria e concreto armado foram concluídas. Hoje, o Copan tem 1.160 apartamentos, distribuídos em seis blocos com 2.038 moradores, e área comercial no térreo com 72 lojas. A forma sinuosa do edifício tem a marca de seu criador. O gosto pela linha curva é uma das principais características da obra de Niemeyer que escreveu: "não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível... o que me atrai é uma curva livre e sensual..." (Niemeyer, 1998).


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FOTO: Cleber Quadros

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FOTO: Monica Kaneko

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MARTINELLI Em 1924, deu-se início a construção do prédio projetado para ter 12 andares, num grande terreno na então área mais nobre da capital, entre as Ruas São Bento, Líbero Badaró e Avenida São João. O autor do projeto era o arquiteto húngaro William Fillinger, da Academia de Belas Artes de Viena. Todo o cimento da construção era importado da Suécia e da Noruega pela própria casa importadora de Martinelli. Nas obras, trabalhavam mais de 600 operários. Noventa artesãos italianos e espanhóis cuidavam do esmerado acabamento. Os detalhes da rica fachada foram desenhados pelos irmãos Lacombe, que mais tarde projetariam a entrada do túnel da Avenida 9 de Julho. Diversos imprevistos prolongaram as obras, como as fundações terem abalado um prédio vizinho –problema resolvido com a compra do prédio por Martinelli–; e os cálculos estruturais complexos levaram à importação de uma máquina de calcular Mercedes da Alemanha. Enquanto isso, Martinelli não parava de acrescentar andares ao edifício, estimulado pela própria população que lhe pedia uma altura cada vez maior –de 12 passou para 14, depois 18 e, em 1928, chegou a 24. Nessa época, o próprio Martinelli já havia assumido o projeto arquitetônico e, não se satisfazendo em fiscalizar diariamente as obras, também trabalhava como pedreiro, retomando assim a profissão que exercera na juventude, na Itália. Quando o prédio atingiu 24 andares, foi embargado por não ter licença e desrespeitar as leis municipais –havia um grande debate na

época sobre a conveniência ou não de se construir prédios altos na cidade. A questão foi parar nos tribunais e assumiu contornos políticos, sendo aproveitada pela oposição para fustigar Martinelli e a Prefeitura. A questão foi resolvida por uma comissão técnica que garantiu que o prédio era seguro e limitando a altura a 25 andares. O objetivo de Martinelli, contudo, era chegar aos 30 andares, e o fez construindo sua nova residência com cinco andares no topo do prédio. O Martinelli impressionava não só pelas dimensões como pela rica ornamentação e luxuoso acabamento: portas de pinho de Riga, escadas de mármore de Carrara, vidros, espelhos e papéis de parede belgas, louça sanitária inglesa, elevadores suíços, tudo o que havia de melhor na época; paredes das escadas revestidas de mármore, pintura a óleo nas salas a partir do vigésimo andar e quarenta quilômetros de molduras de gesso em arabescos. Em 1944, o Martinelli perdeu o título de prédio mais alto de São Paulo para o vizinho, Edifício Altino Arantes (Banco do Estado, hoje Farol Santander). Porém, o prejuízo foi a construção da massa gigantesca do Banco do Brasil do outro lado da Avenida São João no início dos anos 50, fazendo sombra ao Martinelli, que se tornou assim vítima da própria verticalização da qual tinha sido pioneiro.

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instituto de arquitetos do brasil

IAB/SP

Um dos principais registros da arquitetura moderna paulista, o edifício sede do Departamento São Paulo do Instituto de Arquitetos do Brasil (IABSP) é tombado nas esferas municipal (Conpresp), estadual (Condephaat) e federal (Iphan). O IAB-SP foi criado em 1943, e a necessidade de ter um espaço próprio levou à realização de um concurso público nacional de arquitetura em 1946, para a escolha do projeto da sede. Por decisão do júri, composto por Oscar Niemeyer, Firmino Saldanha, Hélio Uchôa, Fernando Saturnino de Britto e Gregori Warchavchik, as três equipes finalistas desenvolveriam o projeto definitivo em conjunto. Assim, com autoria de Rino Levi, Roberto Cerqueira Cesar, Miguel Forte, Jacob Ruchti, Galiano Ciampaglia, Zenon Lotufo, Abelardo de Souza e Helio Duarte, foi erguido um dos principais registros arquitetônicos de São Paulo entre 1947 e 1950. A participação de arquitetos com diferentes formações revelou-se uma associação democrática dos projetos participantes do concurso, como um resumo da arquitetura paulista do período. O edifício se destaca por sua estrutura independente, com planta livre que garante maior flexibilidade no manejo dos espaços. Por conta do Código de Construção da época, as fachadas dos dois últimos andares são recuadas, e a laje do piso em balanço vai até o alinhamento do lote, permitindo a manutenção da leitura prismática, e tendo sido recuados apenas os caixilhos. Espaço de debates e defesa de uma

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arquitetura progressista, preocupada com as lutas sociais, a sede do IAB-SP era um local importante de encontro de intelectuais paulistas, tendo incorporado obras de arte de altíssima qualidade nos anos seguintes à sua inauguração, a exemplo do mural de autoria de Antônio Bandeira, no térreo; e do móbile intitulado “Black Widow” (Viúva Negra), de Alexander Calder, atualmente exposto na Tate Modern de Londres. O acervo conta ainda com uma escultura atribuída a Bruno Giorgi, no escritório do Instituto, no quarto andar; e um mural de Ubirajara Ribeiro, no primeiro andar.


FOTO: Rafael Schimidt


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mosteiro

DA LUZ

O Mosteiro da Luz tem suas origens na igreja em homenagem a Nossa Senhora da Luz, erguida pelo colonizador Domingos Luís, o “Carvoeiro”. A primeira vez que se registra a existência da igreja é numa carta, em 1579, do Padre Anchieta ao capitão Jeronimo Leitão Coco. Nessa época, a igreja localizava-se na região Piranga (hoje bairro do Ipiranga). O conjunto adquire seu aspecto atual em 1788. Nessa época, foram inaugurados novos claustros, e as irmãs foram transferidas. Em 1802, é inaugurada a nova igreja (parcialmente concluída). Após a morte de Frei Galvão em 1822, seu sucessor, Frei Lucas da Purificação, prossegue as obras, finalizando o dourado da capela, sua frente com uma torre (o projeto de Frei Galvão era de duas torres) e constrói o cemitério das irmãs recolhidas deste mosteiro. Em 1868, foi vendida parte do terreno ao governo provincial. Historiadores afirmam que as terras ocupadas pelo Recolhimento da Luz, chegavam até o Rio Tamanduateí. Nos terrenos vendidos, foram construídos quartéis policiais. Em 1929, o recolhimento foi incorporado canonicamente à Ordem da Imaculada Conceição, para o qual foi construído, sendo assim elevado à categoria de Mosteiro. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou o Mosteiro em 1943 e, em 1970, conseguiu na Justiça a retirada de construções irregulares do terreno. Em convênio com o Governo

do Estado de São Paulo, foi instalado o Museu de Arte Sacra na ala mais antiga do Mosteiro (locada pelas Irmãs do Mosteiro à Secretaria). Em 1977, o Mosteiro foi tombado também pelo Condephaat. Conhecido pela grande espiritualidade que possui, o Mosteiro é também a principal obra colonial da São Paulo do século 18. Além disso, o Mosteiro da Luz é um dos poucos conjuntos arquitetônicos coloniais que mantêm seu uso original. Dada a sua importância, foi declarado Patrimônio Nacional Tombado. Fundado em 02 de fevereiro de 1774 por Frei Galvão, o Mosteiro da Luz é mantido e administrado pelas Monjas Concepcionistas Franciscanas da Ordem da Imaculada Conceição.

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imรณveis histรณricos


imóveis históricos

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palácio

DAS INDÚSTRIAS Projetado por Domiziano Rossi, associado do escritório de Ramos de Azevedo, o Palácio das Indústrias –edifício histórico inaugurado em 1924–, criado para apresentar a produção e o desenvolvimento do Estado de São Paulo, foi palco de grandes exposições industriais e agrícolas. A belíssima edificação em estilo eclético, ao longo de sua história teve diversos outros usos, tais como atelier de arte, Assembléia Legislativa, Corpo de Bombeiros, Prefeitura de São Paulo e, desde 2009, abriga o Museu Catavento.

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imóveis históricos

pavilhão

JAPONÊS Construído conjuntamente pelo governo japonês e comunidade nipo-brasileira, o Pavilhão Japonês foi doado à cidade de São Paulo em 1954, na comemoração do IV Centenário de sua fundação. Naquela época, estava sendo inaugurado o Parque Ibirapuera, marco dos festejos. Coube a Oscar Niemeyer a responsabilidade pelo projeto arquitetônico do Parque, mas, entre os espaços idealizados pelo arquiteto, uma construção não apresenta seus traços característicos: justamente o Pavilhão Japonês, que tem como principal característica o emprego dos materiais e técnicas tradicionais nipônicas. A referência arquitetônica vem do Palácio Katsura, antiga residência de verão do Imperador, em Kyoto. O Pavilhão foi transportado desmontado em navio e reúne materiais trazidos especialmente do Japão, tais como as madeiras, pedras vulcânicas do jardim, lama de Kyoto, que dá textura às paredes, entre outros. Sua construção aqui contou com numerosos imigrantes japoneses que atuaram como voluntários para auxiliar o corpo técnico vindo do Japão. Construído às margens do lago do Parque, é composto de um edifício principal suspenso, que se articula em um salão nobre e diversas salas anexas, salão de exposição, jardim, além de um belíssimo lago de carpas. Tombado pelos órgãos municipal e estadual, o Pavilhão Japonês tem sido restaurado pela Nakashima Komuten, tradicional empresa japonesa na construção e restauração de pontes

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e moradias de madeira. Seu presidente, Norio Nakashima, realizou obras em 1988, 1998 e 2013, sempre de forma voluntária. Este é um dos raros pavilhões, fora do Japão, a manter suas características em perfeito estado de conservação. O outro se localiza nos Estados Unidos e é conhecido como Shofuso (Solar do Pinheiro e do Vento), construído também em 1954. Atualmente, encontra-se instalado no Fairmount Park, em Filadélfia. Ilustres frequentadores estiveram no Pavilhão Japonês. Seu jardim exibe alguns marcos dessas visitas, como a homenagem da cidade de São Paulo à comunidade nipo-brasileira em 18 de junho de 1978, por ocasião da vinda do casal de príncipes herdeiros, Michiko e Akihito.


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FOTO: Ronaldo Chichido


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FOTO: Ricardo Kleine

salão dos arcos

DO THEATRO MUNICIPAL O Salão dos Arcos no Theatro Municipal abrigava originalmente uma antiga estrutura que era ponto de passagem dos dutos de ventilação natural do prédio. Restaurada na década de 1980, manteve as estruturas originais, como a cantaria de pedra e alvenaria de tijolo, além das abóbadas do forro.

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Antigamente, o Salão dos Arcos apenas era aberto para a visitação durante o tour pelo Theatro. Atualmente, funciona somente à noite, como um bar.


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FOTO: João Bacellar

sítio

MIRIM O Sítio Mirim, uma relíquia do século 17, foi construído à época em uma localização privilegiada: no passado, permitia a seu morador uma vista não só de toda a várzea do Rio Tietê como de boa parte de São Paulo e também da então Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, atual cidade de Guarulhos. O que resta dessa preciosidade são fragmentos de uma casa construída em taipa de pilão, que está localizada

ao lado da linha ferroviária da CPTM, em uma área que hoje é uma praça pública na Avenida Assis Ribeiro, em São Miguel Paulista. Em 1964, iniciou-se uma série de estudos sobre a história do local, que ocasionaria, pouco tempo depois, na desapropriação da área e, finalmente, em 1973, seu tombamento como Patrimônio Histórico.

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solar

DA MARQUESA DE SANTOS Partindo do Pátio do Colégio, os primeiros povoadores passaram a ocupar os terrenos vizinhos, construindo suas moradias e formando as primeiras ruas da cidade de São Paulo. Na Rua do Carmo, hoje Roberto Simonsen, localiza-se o Solar da Marquesa de Santos, raro exemplar de residência urbana do século 18. Não há dados precisos sobre a data de construção desse imóvel. Em 1802, foi dado como pagamento de dívidas ao Brigadeiro José Joaquim Pinto de Morais Leme, primeiro proprietário documentalmente comprovado. Contudo, documentos do século 18 indicam a existência de quatro casas na Rua do Carmo entre 1739 e 1754. A junção de duas dessas casas de taipa de pilão teria originado o Solar, conforme registros fotográficos do século 19, além de prospecções arqueológicas e análises arquitetônicas realizadas pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH). Domitila de Castro Canto e Melo (1797 – 1867), a Marquesa de Santos, foi sua proprietária entre 1834 e 1867, adquirindo o imóvel da herdeira do Brigadeiro Leme. A partir de então, tornaram-se famosas as festas ali realizadas, e o imóvel passou a ser conhecido como Palacete do Carmo, uma das residências mais aristocráticas de São Paulo. Com sua morte, a propriedade da casa passou para seu filho, o Comendador Felício Pinto de Mendonça e Castro. No ano de 1880, é colocada em hasta pública e arrematada pela Mitra Diocesana, que lá instalou o Palácio Episcopal, introduzindo modificações

no local, como a construção de uma capela e de uma cripta sob o altar-mor. É desse momento, provavelmente, a inclusão de características neoclássicas em sua fachada principal. Em 1909, o imóvel foi adquirido pela The São Paulo Gaz Company, que nele instalou o seu escritório. Para adaptar-se ao novo uso, a casa passou por diversas modificações e ampliações: foram demolidas paredes de taipa de pilão, janelas e portas, transformadas em vitrines. Para melhorar a iluminação e a ventilação, foi aberto um pátio na lateral direita do lote, alterando o desenho do telhado. Na década de 1930, foram construídos anexos à edificação original, aumentando sua área útil e alterando por completo a fachada posterior do imóvel. Em 1967, a Companhia Paulista de Gás (sucessora da The São Paulo Gaz Company) foi desapropriada e todos os seus imóveis passaram à Prefeitura. Em 1975, já incorporado ao patrimônio municipal, o Solar foi sede da Secretaria Municipal de Cultura e de alguns de seus departamentos, como o DPH, criado nesse ano. O Solar da Marquesa de Santos abriga hoje atividades museológicas e a sede do Museu da Cidade de São Paulo.

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vila

ITORORÓ A Vila Itororó é um conjunto arquitetônico idealizado por Francisco de Castro, reunindo mais de dez edificações construídas ao longo do século 20 para fins residenciais e de lazer. A Vila está localizada na encosta do Vale do Itororó, na divisa entre os bairros da Liberdade e da Bela Vista, na região central da cidade de São Paulo. Ocupa uma área de cerca de 6 mil metros quadrados, no miolo de uma quadra. A Vila Itororó foi tombada como Patrimônio pelo Conpresp (órgão municipal) em 2002 e pelo Condephaat (órgão estadual) em 2005. Em 2006, foi decretada área de utilidade pública, tendo sido desapropriada pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de São Paulo para fins culturais. A restauração da Vila Itororó, iniciada em 2013, é realizada por meio de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e o Instituto Pedra. O Instituto é uma associação sem fins lucrativos que tem por missão realizar intervenções e leituras que valorizem o patrimônio cultural, gerando conhecimento com enfoque integrado, considerando as suas dimensões simbólica, material e territorial. Enquanto realiza os levantamentos arquitetônicos do conjunto da Vila Itororó (até agora inéditos), projetos complementares e a execução das obras de restauro, o Instituto Pedra abriu o canteiro de obras, com o objetivo de compartilhar o conhecimento gerado no local e de debater coletivamente os seus usos futuros.

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Em vez de realizar uma obra de restauro a portas fechadas, para depois inaugurar um centro cultural pronto, definido por poucas pessoas, o projeto de restauro da Vila Itororó propôs a abertura do canteiro de obras desde o início do processo de restauro. A instalação de um experimento de centro cultural no meio do canteiro existiu, como praça pública, entre abril de 2015 e março de 2018. A ideia por trás dessa decisão consiste em revelar o próprio processo da obra e imaginar os usos futuros da Vila a partir das experimentações e debates públicos que tiveram lugar principalmente no galpão anexo à Vila Itororó. Hoje, o projeto Vila Itororó Canteiro Aberto diminui o seu escopo de trabalho, restringindo-se às reflexões acerca do significado da restauração em curso e divulgação de conhecimento sobre a Vila Itororó, não mais englobando as atividades de ativação cultural do galpão. Ainda assim, tanto ao longo desses três anos como hoje, trata-se de uma ação integrada na medida em que envolve a participação de exhabitantes da Vila, moradores do entorno, artistas, pesquisadores, arquitetos e trabalhadores da obra.


FOTO: Nelson Kon

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bens culturais participantes: Amadododito Arquivo Histórico Municipal Associação Cultural Artística Cine Favela Beco do Pinto Bibliaspa Biblioteca Adelpha Figueiredo Biblioteca Mário de Andrade Biblioteca Monteiro Lobato Biblioteca Prestes Maia Biblioteca Roberto Santos Bloco do Beco Caixa Cultural Cama e Café São Paulo Capela de São Miguel Capela do Morumbi Capela dos Aflitos Casa Belvedere Casa da Imagem Casa Amarela da Vila Romana Casa das Rosas Casa de Dona Yayá Casa de Mário de Andrade Casa de Vidro Casa do Bandeirante Casa do Caxingui Casa do Grito Casa do Povo Casa do Tatuapé Casa Dona Veridiana Casa Livre Casa Modernista Casa Nhonhô Magalhães Casa Ranzini Casa Vilanova Artigas Castelinho da Rua Apa CEI Nathalia Pedroso Rosemburg Cemitério da Colônia Cemitério da Consolação Cemitério do Araçá Cemitério São Paulo Centro Cultural Banco do Brasil Chácara Lane Cinemateca Brasileira Cobertura da Galeria do Rock Condomínio Edifício CBI Esplanada Conjunto IAPI – Várzea do Carmo Conservatório Dramático e Musical COPAN

Drosophyla Edifício Apracs Edifício Lausanne Edifício Martinelli Edifício Matarazzo Edifício Sampaio Moreira Centro Cultural Correios Escola Estadual Padre Antônio Vieira Espaço Alberico Rodrigues Espaço Cia da Revista Espaço Vinho em Foco Estádio Paulo Machado de Carvalho – Pacaembu e Museu do Futebol Etec Carlos de Campos FECAP – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado Fundação São Paulo FUNSAI – Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil Igreja da Colônia Paróquia Nossa Senhora da Conceição Igreja Imaculado Coração de Maria Igreja São Francisco Instituto Capobianco Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo Instituto Italiano de Cultura IPHAN- Casa de Dona Sebastiana de Souza Queiroz Jockey Club Ladeira da Memória Largo do Rosário Largo São Francisco Mackenzie MASP Mercado Municipal Minhocão Mirante 9 de Julho Monumento à Independência Monumento às Bandeiras Monumento Fonte dos Desejos MUBE Museu Afro Brasil Museu da Casa Brasileira Museu da Energia Museu da Imigração Museu da Língua Portuguesa Museu da Tatuagem Museu de Arte Sacra Museu Judaico de São Paulo Museu Vicente de Azevedo OCA

Palacete Tereza Toledo Lara Palácio da Justiça Paróquia São Gonçalo Parque Aclimação Parque Alfredo Volpi Parque Buenos Aires Parque Casa Modernista Parque da Independência Parque do Povo Parque do Trote Parque Jardim da Luz Parque Mário Covas Parque Trianon Pátio do Colégio Pinacoteca Ponto Chic Praça Dom José Gaspar Praça José Molina Red Bull Station Sala Renné Gumiel (FUNARTE) Satyros Estação Sítio da Ressaca Sítio Morrinhos Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa Solar da Marquesa Theatro Arthur Azevedo Teatro Commune Teatro da Rotina Teatro Garagem Teatro João Caetano Teatro Oficina Teatro Paiol Cultural Teatro Paulo Eiró Tendal da Lapa Theatro Municipal de São Paulo Vale do Anhangabaú Viaduto Santa Ifigênia Vila Itororó Vila Maria Zélia Vila Távola


imóveis históricos

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53 FOTO: Letícia de Caroli


FOTO: Divulgação SESC São Paulo


roteiros de memรณria




roteiros de memória

FOTO: Divulgação SESC São Paulo

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caminhada

COM A DONA VERIDIANA

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O roteiro ofereceu uma caminhada pelo bairro de Higienópolis, destacando os bens arquitetônicos tombados, com abordagem histórica e a companhia da personagem Dona Veridiana, interpretada pela atriz Mara Helleno. Mediação da historiadora Mônica Mantovani.


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FOTO: Marco Antônio

roteiros de memória

intervenção

NO SESC POMPEIA

O Sesc Pompeia ofereceu uma visita-intervenção em sua rua central pelo guia Laudelino Fo, personagem interpretado pelo ator Ricardo Napoleão. A ação apresentou divertidas reinterpretações da arquitetura da unidade projetada por Lina Bo Bardi.

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roteiros de memória

FOTO: Douglas Nascimento

passeios

CEMITERIAIS O site São Paulo Antiga fez sua participação na Jornada do Patrimônio 2015. Foram dois passeios cemiteriais, organizados pela historiadora Glaucia Garcia de Carvalho com apoio do site, aos cemitérios do Araçá e São Paulo. As visitas foram roteiros guiados pelas ruas e alamedas dessas duas importantes necrópoles paulistanas, onde

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os participantes puderam conhecer a biografia de algumas das personalidades sepultadas e também aprender sobre a curiosa simbologia presente na arte tumular. Os dois passeios tiveram lotação máxima.


roteiros de memória

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roteiro

DA VILA MARIA ZÉLIA O roteiro apresentou o histórico de imigração de operários para as indústrias têxteis do bairro do Belém e a construção da Vila Maria Zélia nesse contexto. O passeio teve início no Armazém nº 9, com a apresentação de um vídeo de dez minutos sobre a história da Vila. Depois, seguiu pelas ruas 6, 4 e 3, chamando a atenção para alguns aspectos arquitetônicos e o estado de

conservação das residências, das ruas e de outras construções, como as escolas, a capela e os armazéns. Encerrou no antigo boticário, onde foi montada uma exposição de fotografias de atividades ocorridas na Vila e promovidas pela Associação Cultural.

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roteiros de memória

FOTO: André Hoff

roteiro pelos patrimônios edificados

DO BOM RETIRO

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O roteiro ofereceu uma caminhada pelos arredores do bairro Bom Retiro, com destaque para os patrimônios edificados da região central. Incluiu uma visita monitorada à Pinacoteca do Estado, passou pela sede do Arquivo Nacional, Casa do Povo e fez parada na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Mediação da historiadora Angela Fileno.


roteiros de memória

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FOTO: Diogo Moreira

roteiro pelos patrimônios edificados

DO CAMPOS ELÍSEOS

O trajeto contemplou passagem pelos edifícios históricos do bairro Campos Elíseos, como a Sala São Paulo, tombada como Patrimônio Histórico e atual sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, e o Palácio do Campos Elíseos, que sediou, no início do século 20, o Governo e a residência oficial do governador do Estado de São Paulo. Mediação da historiadora Angela Fileno.

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roteiros de memória

roteiro rota

DAS REMOÇÕES A história de São Paulo é marcada por suas moradias. As habitações precárias são uma presença constante na cidade desde anos remotos. Mas, só a partir de meados dos anos 1880, passaram a ser consideradas um problema, período que corresponde à grande expansão comercial da metrópole, em razão das atividades atreladas à produção cafeeira. Desde o início do século 20, o centro da cidade tem acolhido muitas dessas moradias, sobretudo os cortiços. Assim como é possível escrever a história da cidade a partir da observação das moradias, é igualmente plausível compreender São Paulo pelas remoções e violências

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contra o direito de morar. Nesse roteiro, mostraram-se as condições precárias de moradia e como ocorre a violação ao direito de morar, exemplificados em três casos ocorridos na região do bairro Bela Vista, em que centenas de pessoas foram despejadas de suas casas por motivos diversos: o Edifício Japurá, construído onde se localizava a Vila Barros (1948); os “Arcos do Jânio”, onde havia uma série de casas (1988); e a Vila Itororó, que ao longo de quase 100 anos abrigou algumas centenas de moradores (2013). A ideia foi compreender a história de São Paulo por meio das remoções e violências pela falta de moradia.


roteiros de memória

são paulo

DE RAMOS DE AZEVEDO

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As importantes construções projetadas pelo famoso arquiteto, engenheiro e empreendedor Ramos de Azevedo apresentaram as características de um novo urbanismo que surgia na cidade de São Paulo no final do século 19 e início do século 20. Entre essas obras realizadas pelo escritório de Ramos de Azevedo, destacam-se o Theatro Municipal, o Mercado Municipal e o Palácio da Justiça.

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FOTO: Núcleo Educativo da Casa das Rosas

e


oficinas e palestras




oficinas e palestras

FOTO: Divulgação Casa Ranzini

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oficina

DE CÂMERA DE ORIFÍCIO

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O público pôde explorar fotograficamente a construção histórica da Casa Ranzini em uma oficina aberta de fotografia em câmera de orifício (pinhole). De funcionamento simples, a operação da câmera e o processamento químico das fotos em papel foi ensinado durante a atividade, sob a orientação de Roger Sassaki.


o patrimônio histórico

E O TURISMO

FOTO: Núcleo Educativo da Casa das Rosas

A palestra foi dada por Marcos Júnior Teixeira de Oliveira, jornalista e especialista em turismo. O fio condutor foi uma pesquisa feita por Oliveira sobre o Museu Imperial de Petrópolis. Concluído em 1862, o atual Museu era a casa de verão da família imperial. Ao longo da sua existência, a edificação teve diversos usos, expostos detalhadamente. A apresentação focou no projeto “Som e Luz”, realizado nos jardins do Museu Imperial, apontando como os impactos positivos dessa atração fortaleceram a imagem institucional do Museu. Por fim, foi feita uma correlação deste caso com alguns de São Paulo. A atividade rendeu muitas reflexões para o Núcleo Educativo, cujo trabalho busca potencializar as relações de valor e significado entre os visitantes e o espaço.

retrato feito FOTO: Divulgação Casa Ranzini

EM UMA CÂMERA LAMBE-LAMBE O fotógrafo Maurício Sapata esteve com sua câmera, demonstrando o processo e distribuindo retratos feitos como antigamente.

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FOTO: Núcleo Educativo da Casa das Rosas

oficinas e palestras


oficinas e palestras

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turismo cultural

E PATRIMÔNIO IMATERIAL Renata Cardias iniciou sua fala abordando o direito à cultura e à memória. De acordo com ela, o acesso à cultura é o quesito inicial para que as próprias comunidades conheçam sua história e, portanto, possam valorizá-la. Este apontamento é fundamental se considerarmos principalmente as comunidades marginalizadas, cujas culturas são silenciadas. Ela falou também sobre como a ação turística deve estar atenta para o respeito às identidades e cultura de um local, uma vez que essa ação se relaciona diretamente com as manifestações de natureza material e imaterial. A palestra apresentou um panorama histórico a respeito das políticas públicas e convenções nacionais e internacionais que contribuíram para o reconhecimento da ideia de patrimônio material e imaterial, levantando várias questões caras ao turismo cultural, diferenciando-o do chamado turismo de massa. A palestrante chama atenção para que o agente de turismo tenha o cuidado de atuar com e junto da comunidade, em vez de atuar por ela (no lugar dela). Estes pontos são fundamentais para evitar que o trabalho não seja predatório à comunidade local. Em 2015, foram celebrados 15 anos das ações do poder público brasileiro em prol do patrimônio imaterial. Mais recente ainda são as políticas públicas a respeito da cultura popular, valorizada no mesmo patamar da cultura erudita. É a partir dessa desconstrução que qualquer manifestação cultural é tão digna de ser considerada como tal,

desfazendo uma hierarquia de valor. O mesmo raciocínio se aplica aos patrimônios materiais, como edificações na paisagem de uma cidade, por exemplo. Afinal, porque uma casa, um monumento, um bairro ou um prédio possui um valor histórico menor do que outro? A salvaguarda de uma cultura compreende todas as ações que contribuem para a proteção do patrimônio, tais como os registros e manutenção dos bens materiais e imateriais. Sobre a salvaguarda da cultura popular Renata comenta: "(...) A salvaguarda não é um processo fácil, envolve apoio e promoção do bem e a valorização dos mestres e executantes deste patrimônio que é passado de geração em geração." Seja qual for a modalidade de patrimônio, a palestrante afirma que este conceito vem mudando conforme a mudança sobre o conceito de cultura. Tal fenômeno faz com que a concepção de patrimônio se desprenda ou se restrinja somente à ideia de posse. Por fim, encerrou o encontro com a pergunta: como é possível atribuir um patrimônio (material e imaterial) cultural a uma cidade tão grande, populosa e diversa como São Paulo?

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oficinas e palestras

FOTO: Sylvia Masini

vila itororó:

CONSTRUÇÃO, PERMANÊNCIAS E IMPASSES As urbanistas Sarah Feldman e Ana Castro apresentaram os resultados de uma pesquisa sobre a Vila Itororó. Nesta apresentação pública do trabalho, foram abordados os seguintes temas: “A construção da Vila a partir da trajetória de Francisco de Castro, como um lugar que associa o sonho ao trabalho, o útil ao excepcional, no contexto de modernização de

São Paulo no início do século 20”, “As permanências da Vila a partir de várias gerações de moradores, como um índice de diferentes momentos das dinâmicas da metrópole” e “Os impasses da Vila como lugar de moradia a partir das visões e revisões das políticas urbanas e de patrimônio”.

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oficinas e palestras

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75 FOTO: Sylvia Masini


FOTO: Sylvia Masini


apresentacĂľes artĂ­sticas




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apresentações artísticas

FOTO: Sylvia Masini

coral madrigal ever dream

NO SOLAR DA MARQUESA

Sob a regência da maestrina Arya Medeiros Cappia, com Wagner Cappia ao piano, o Madrigal Ever Dream já realizou diversos concertos importantes e participa de festivais de canto coral em todo o país. Já esteve no Festival de Inverno de Vinhedo por dois anos, no Festival Internacional de Canto Coral de Curitiba; realizou concertos para o Consulado da França, a OAB,

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entre outros eventos de destaque. Com repertório predominantemente erudito, interpreta música sul-americana, como de Piazzolla e Villa-Lobos, além de missas, óperas e trilhas de cinema. Nesta edição da Jornada, o Coral se apresentou no Beco do Pinto, ponto histórico da cidade de São Paulo localizado entre a Casa da Imagem e o Solar da Marquesa de Santos.


apresentações artísticas

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FOTO: Sylvia Masini

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FOTO: Sylvia Masini


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FOTO: Sylvia Masini

apresentações artísticas


apresentações artísticas

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demônios da garoa

NO MERCADO MUNICIPAL Por volta de 1943, um grupo de rapazes na faixa dos 15 anos (entre eles Arnaldo Rosa, Bruno Michelucci e os irmãos Antonio e Benedito Espanha) se reunia na pequena fábrica de sapatos do pai de Arnaldo, a Pisar Leve, localizada na Rua dos Trilhos, quase na esquina da Rua Visconde de Laguna. Ali, os músicos faziam seus arranjos vocais e instrumentais, imitando os grandes conjuntos da época, dentre eles os Quatro Ases e um Coringa e os Anjos do Inferno. Sob o nome de Grupo do Luar, apresentavam-se em clubes, animavam as festinhas de amigos, faziam serenatas e, como eles dizem, se fosse o caso, “tocavam até em velório”, tudo isso em troca apenas de aplausos. A fama dos garotos começou a se propagar pelo bairro da Mooca e vizinhança, até que em março de 1943, incentivados pelos amigos e já tendo segurança no seu talento, criaram coragem para se inscrever no programa de calouros A Hora da Bomba, comandado por J. Antonio D’Avila, na Rádio Bandeirantes. Nesse momento, o grupo recebe mais dois componentes: Antonio Gomes Neto (Toninho) e Artur Bernardo. Dentre os muitos fãs conquistados, estava Vicente Leporace, um famoso radialista da época. Este, no entanto, não gostou do nome do conjunto e resolveu fazer uma consulta popular para dar um novo nome aos “endiabrados meninos do Grupo do Luar”. Foram centenas de sugestões até que, numa das cartas, surgiu o nome Demônios da Garoa. O ouvinte explicou: “Demônios” por causa

do “endiabrados” da chamada feita pelo Leporace, e “da Garoa” por serem paulistanos (São Paulo era conhecida como a Terra da Garoa). Além do linguajar com erros de português, o grupo inovou ainda mais: até então a introdução da música, julgada por eles como de suma importância, caía sempre no lugar comum do famoso “laiá laiá”. Com sua criatividade e irreverência, criaram os “cãescãescães” e os “cascaringundum”, outra marca registrada que faz tanto sucesso quanto as músicas em si. Essas inovações não foram imediatamente aceitas. Houve grande dificuldade em encontrar gravadora que tivesse a coragem de aceitar gravar o disco, devido aos erros de língua portuguesa. Hoje, o conjunto está prestes a completar 80 anos de ininterrupta carreira, sendo alvo de menção no Guiness Book of Records (o livro dos recordes) como o conjunto mais antigo do mundo ainda em atividade. E o sucesso continua: a agenda vive repleta de shows por todo o Brasil e exterior.

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apresentações artísticas

FOTO: Sylvia Masini

futebol

DE PALHAÇOS

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A partida de futebol inusitada contou com dois times de 15 integrantes de cada lado. Com toda pompa e circunstância, foram apresentados ao público e depois cantaram o Hino Nacional. A torcida se dividiu. A bola gigante entrou em campo ao ser dado o apito inicial. Caso alguém se ‘machucasse’, um carro de palhaço entraria em campo para que os Doutores da Alegria resgatassem os atletas.


apresentações artísticas

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FOTO: Sylvia Masini

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FOTO: Sylvia Masini


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FOTO: Sylvia Masini

FOTO: Sylvia Masini

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apresentações artísticas


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FOTO: Sylvia Masini

thobias da vai-vai

NA VILA ITORORÓ

Thobias não é somente o intérprete oficial do samba-enredo da escola durante o Carnaval, é também o relações públicas e seu maior garoto propaganda. Em 1998, a pedido da comunidade Vai-Vai, Thobias assumiu o cargo de vice-presidente da agremiação, sendo o primeiro artista do samba brasileiro a assumir um cargo administrativo de

tamanha envergadura dentro de uma escola de samba. Nesta edição da Jornada do Patrimônio, Thobias apresentou-se na Vila Itororó Canteiro Aberto, atraindo grande público.

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Apresentações Artísticas que valorizam o Patrimônio Histórico e Cultural da Cidade de São Paulo Para a primeira edição da Jornada do Patrimônio, a Coordenadoria de Programação Cultural da Secretaria Municipal de Cultura preparou uma programação artística que dialogou, destacou e valorizou os patrimônios culturais materiais e imateriais da cidade de São Paulo. As manifestações populares do patrimônio imaterial paulistano tiveram espaço, ocupando locais de memória e edifícios históricos da cidade. Um dos destaques ficou por conta da homenagem ao poeta paulistano Mário de Andrade, um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna e precursor da ideia da cultura popular como patrimônio. No hall do Theatro Municipal (projetado pelo escritório de Ramos de Azevedo e inaugurado em 1911), houve a apresentação de “Bach a Bachianas”, com Mário de Andrade (interpretado pelo ator Pascoal da Conceição), acompanhado de Rosana Lancelotti ao piano forte. Além disso, no saguão do prédio da Prefeitura, a soprano Marília Vargas cantou marchinhas imperiais recolhidas pelo poeta. O samba paulistano, registrado como Patrimônio Imaterial da Cidade de São Paulo em 2013, também ganhou destaque na programação. Na Vila Itororó (edificação histórica construída no começo do século 20 como uma solução de moradia coletiva e que abrigou o então prefeito Pires do Rio, além de outros moradores), a Velha Guarda da Escola de Samba Vai-Vai tocou com Thobias no espaço do canteiro aberto. Além disso,

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houve apresentações do Samba da Vela na Biblioteca Prestes Maia (inaugurada em 1965, em frente ao antigo Mercado de Santo Amaro), do Berço do Samba de São Mateus e do grupo Demônios da Garoa no Mercadão (projeto de Ramos de Azevedo de 1933); e da sambista Fabiana Cozza no Teatro Arthur Azevedo (exemplar da nossa arquitetura moderna). Dentro da ideia da ampliação e democratização do conceito de patrimônio, a Jornada trouxe apresentações ligadas às religiões de matriz africana e ao Hip Hop. A Casa Sertanista (imóvel de taipa construído no século 17) recebeu a Cia. Treme Terra, que elaborou uma intervenção que misturou música, dança e performance chamada "Macumba Jam", homenageando as manifestações religiosas que têm, como exemplo de patrimônio reconhecido, o terreiro Axé Ilé Obá, Patrimônio Imaterial do Estado de São Paulo. Já a programação de Hip Hop (movimento reconhecido popularmente como uma manifestação emblemática da cultura paulistana), contou com as apresentações de Helião (RZO), Du Bronks (Rosana Bronks) e do Dj CIA com os convidados KL JAY (Racionais MC's), na Praça do Ouvidor, em frente à Faculdade de Direito do Largo São Francisco (construída na década de 1930 com projeto de Ricardo Severo). No Viaduto Santa Efigênia, os Discípulos do Ritmo fizeram uma apresentação de break, uma das vertentes do Hip Hop. O Parque Jardim da Luz teve o Sarau do Binho, que há mais de dez anos reúne poetas, cantores, músicos, atores e outros artistas populares. Para valorizar as 22 companhias de teatro que, assim como o samba, foram registradas como Patrimônio Imaterial Paulistano, a Jornada teve a apresentação de 26 peças teatrais durante o fim de semana. Entre os destaques, o Teatro Brincante, do dançarino Antônio Nóbrega, fez uma intervenção no


apresentações artísticas

hall do Theatro Municipal. Já o Teatro da Vertigem apresentou a peça “O Filho”, baseada em texto de Franz Kafka, no teatro da Casa do Povo (espaço fundado por judeus migrantes do Leste Europeu e que serviu como local de resistência à Ditadura). O Grupo XIX apresentou, no Solar da Marquesa (raro exemplar de residência urbana do século 18), a peça “Hygiene” e, no Tribunal de Justiça de São Paulo, encenou o espetáculo “Hysteria”. A cultura popular esteve também representada pela peça “Vesperais na Janela”, do Grupo Redimunho de Investigação Teatral. Essa apresentação de teatro de rua, que lançou novo olhar sobre a obra de Guimarães Rosa, foi conduzida pela Ladeira da Memória. Este espaço (tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Conpresp) era, no começo do século 19, ponto de reunião dos moradores da cidade e caminho obrigatório dos viajantes que paravam para encher seus cantis na água da bica ali existente. Uma mostra de cinema contou a história da cidade de São Paulo na Avenida Paulista (que os paulistanos escolheram como seu símbolo), em frente ao tombado Edifício Anchieta, com filmes como “Macunaíma”, baseado na obra de Mário de Andrade, e “São Paulo S.A.”. Durante a exibição de “Grande Momento”, filme com Gianfrancesco Guarnieri sobre as dificuldades de um jovem paulistano em conseguir dinheiro para se casar, o pianista Ricardo Monteiro tocou ao vivo a trilha sonora. Monteiro também apresentou um concerto com o repertório de Paulo Vanzolini (samba paulistano) na capela do Cemitério da Consolação (a mais antiga necrópole em funcionamento na cidade de São Paulo). Outra ação que também contou a história da cidade foi um mapping (projeção animada) do coletivo Visual Farm, projetado na fachada do Pátio do Colégio. Para valorizar as manifestações de ocupação criativa do espaço público, houve uma festa com a

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presença do Dj Tutu Morais tocando um repertório integralmente de música brasileira, que tem edições nas ruas da cidade. O palco da festa foi a Casa Modernista, primeira obra arquitetônica modernista do país, projetada em 1927 por Gregori Warchavchik. Na praça Dom José Gaspar, atrás da Biblioteca Mário de Andrade, a Festa Mel trouxe ritmos como samba, música afro, brega, axé, cumbia, salsa e dancehall. No Conservatório Dramático Musical (edificação de 1906 que está integrada à Praça das Artes, na Avenida São João), a cantora Mariana Aydar fez um show de voz e violão. Outra manifestação popular paulistana que busca reconhecimento oficial teve programação na Jornada: o circo. Sobre o Vale do Anhangabaú, os Irmãos Sabatinos apresentaram acrobacias aéreas a partir de um balão a gás. Já a Cia. K fez uma travessia na corda bamba entre o prédio da Prefeitura e o Shopping Light. No Estádio do Pacaembu, depois de 40 anos da última exibição, foi retomado o Futebol de Palhaços. O espetáculo contou com 30 palhaços no gramado do estádio, apresentando números circenses durante uma partida de futebol. Para encerrar, o público infantil contou com programação especialmente criada para o fim de semana da Jornada do Patrimônio. No sábado, as atividades foram oficinas (maquete do Masp, confecção de ornamentos de fachada com argila, entre outras) e espetáculos de circo nos parques tombados da cidade. Já no domingo, na Biblioteca Monteiro Lobato, também foram realizadas oficinas (confecção da boneca Emília), espetáculos de música (MC Sofia e Tiquequê) e de teatro (peça “Mários e Marias”, sobre Mário de Andrade), além de contação de histórias e um carnaval antecipado com o Bloco das Emílias.

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exposição

MEMÓRIA DA AMNÉSIA Esta exposição, fruto de um ano de pesquisa, foi resultado de uma intervenção urbana inédita que envolveu a higienização e o transporte de estátuas do depósito da Secretaria Municipal de Cultura no Canindé para o Arquivo Histórico de São Paulo, e um mapeamento dos mais de 60 monumentos nômades de São Paulo. Com curadoria de Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, a mostra apresentou olhar atento e crítico às obras de arte que foram removidas de seus locais de implantação e alocadas em um depósito. “Memória da Amnésia” buscou compreender como as políticas culturais e de patrimônio histórico definem o que são obras de arte públicas e estabelecem suas relações com a memória urbana. O projeto abordou a memória pelo prisma do esquecimento, focalizando a mudança de monumentos de lugar e o “desterro” de monumentos em depósitos, duas questões recorrentes da história urbana de São Paulo.

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FOTO: Sylvia Masini

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FOTO: Sylvia Masini

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NSDC

Este projeto, apresentado pelo Atelier Marko Brajovic com curadoria de Afonso Luz, em colaboração com o Museu da Cidade e Prefeitura de São Paulo, propôs a transformação das grades da cidade em equipamentos urbanos por meio do processo de design como agente transformador. Este protótipo apresentado foi fabricado com as grades retiradas do

Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, buscando, a partir de sua memória, transformar a cidade e seus espaços de encontro. O nome do projeto, "NSDC", é uma homenagem à arquitetura cênica de Lina Bo Bardi para a peça "Na Selva das Cidades", de Bertold Brecht, montada pelo Teatro Oficina nos anos 1960, toda feita com material reciclado recolhido nas ruas.

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FOTO: Douglas Nascimento

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SP antigos:

EXPOSIÇÃO DE CARROS CLÁSSICOS Em parceria com o restaurante Cama & Café São Paulo, o site São Paulo Antiga realizou o “1º SP Antigos”, exposição de carros clássicos nas Ruas Roberto Simonsen e Floriano Peixoto, no centro histórico de São Paulo. A exposição reuniu veículos de várias décadas, como um Plymouth 1948, um Cadillac 1958, entre outros carrões, e até futuros clássicos.

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No fim da tarde, os carros que ainda estavam na exposição partiram para uma carreata até a Praça Charles Miller, no Pacaembu, onde ficaram algum tempo parados juntamente com os ônibus coletivos decorados para o Natal e com o ônibus-circular turístico de dois andares.


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FOTO: Nelson Kon


SESC

NA JORNADA


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Você já conhece São Paulo? Que tal revisitar a cidade por meio de sua história? O Sesc em São Paulo participou da primeira Jornada do Patrimônio com uma série especial de passeios. Foram vistos os patrimônios edificados da região central no Bom Retiro e em Campos Elíseos, partindo do Sesc Bom Retiro. Foram destacadas as importantes construções projetadas por Ramos de Azevedo, embarcando com o Sesc Carmo. A partir do Sesc Consolação, o público conheceu os bens arquitetônicos tombados no bairro de Higienópolis, guiado pela ilustre companhia de Dona Veridiana, interpretada pela atriz Mara Helleno. Junto a especialistas, foram visitadas a Pinacoteca, o Arquivo Histórico Municipal, a Casa do Povo, o Theatro Municipal, o Palácio da Justiça, o Mercado Municipal, a Sala São Paulo, tudo isso nos roteiros do Turismo Social que integraram a programação da Jornada do Patrimônio. E claro que não podia faltar um roteiro especial pela unidade do Sesc Pompeia que, ao completar 30 anos em 2015, foi incluso, em 05 de março, na lista de bens tombados pelo Iphan como Patrimônio Cultural Nacional. Todo o conjunto arquitetônico da antiga fábrica de tambores tornou-se um ícone da arquitetura moderna e brutalista por seus valores técnicos e estéticos projetados na intervenção da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992), também responsável pelo Masp e o Teatro Oficina. Em ambos os dias do evento, o Sesc promoveu um passeio por essa história com a ajuda de um guia nada convencional, Laudelino Fo, personagem interpretado pelo ator Ricardo Napoleão. A ação apresentou divertidas reinterpretações da arquitetura da unidade.

PROGRAMAÇÃO: SESC BOM RETIRO

Roteiro pelos Patrimônios Edificados do Bom Retiro Roteiro pelos Patrimônios Edificados de Campos Elíseos

SESC CARMO

São Paulo de Ramos de Azevedo

SESC CONSOLAÇÃO

Caminhada com a Dona Veridiana

SESC POMPEIA Intervenção

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PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO PREFEITO

Bruno Covas

SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA SECRETÁRIO

Hugo Soveral Possolo

JORNADA DO PATRIMÔNIO 2015 (Re)conheça seus Bens Culturais IDEALIZAÇÃO E CONCEPÇÃO

SECRETÁRIA-ADJUNTA

Nadia Someck

CHEFE DE GABINETE

Vanessa Fernandes Correia

Regina Silvia Pacheco Tais Ribeiro Lara

ASSESSOR DE GABINETE Maurício Garcia

COORDENADORIA DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL

COORDENADORA GERAL CURADORIA ARTÍSTICA Gabriela Fontana

PRODUTORES EXECUTIVOS

Caio Hirabara, Daniela Santos, Gustavo Valezi, Lindsay Castro Lima, Mariana Mantovani e Suellen Lean

COORDENADORA

FOTOLIVRO JORNADA DO PATRIMÔNIO 2015 (Re)conheça seus Bens Culturais

DEPARTAMENTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

ORGANIZAÇÃO

DIRETOR

Victor Henrique Fidelis

Gabriela Fontana

Marco Antônio Cilento Winther

Higor Advenssude

IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO PRODUÇÃO

Bruno Andrade

SECRETARIA MUNICIPAL DE TURISMO

REVISÃO ORTOGRÁFICA

SECRETÁRIO

AGRADECIMENTOS

Miguel Calderaro Giacomini

SECRETÁRIO-ADJUNTO Rodolfo Marinho

CHEFE DE GABINETE Vicente Rosália

COORDENADOR DE EVENTOS DA CIDADE Vander Lins

Luiz Quesada

Nadia Somekh


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sĂŁo paulo, dezembro de 2020

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