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FOTOLIVRO JORNADA DO PATRIMÔNIO 2016 AS ORIGENS DA CIDADE Prefeitura da Cidade de São Paulo Secretaria Municipal de Cultura Coordenadoria de Programação Cultural Departamento do Patrimônio Histórico ©Secretaria Municipal de Cultura, 2020 Proibida a reprodução total ou parcial sem a prévia autorização dos editores. Direitos reservados e protegidos de acordo com a Lei 9.610⁄1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Fotolivro Jornada do Patrimônio 2016 : As Origens da Cidade / Organização: Higor Henrique Advenssude Teixeira. -- 1. ed. -- São Paulo : Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo, 2020. -(Fotolivros da Jornada do Patrimônio da Cidade de São Paulo ; 1) ISBN 978-65-89128-01-4 1. Cultura 2. Memória cultural 3. Patrimônio Cultural 4. Preservação Histórica 5. São Paulo - História I. Teixeira, Higor Henrique Advenssude. II. Série. 20-49207
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Índice para Catálogo Sistemático: 1. Patrimônio cultural : Memória e preservação 363.69
CDD-363.69
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A Jornada do Patrimônio foi criada pela Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Departamento do Patrimônio Histórico e da Coordenadoria de Programação Cultural, para democratizar o acesso ao patrimônio cultural de São Paulo e estimular a população a reconhecer e valorizar os bens que tratam da memória e identidade dos diferentes grupos sociais presentes na cidade. Inspirada nas Journées Européennes du Patrimoine, tem como objetivos específicos a abertura de imóveis históricos tombados à visitação pública, com programação de visitas mediadas, palestras e oficinas. Em certo casos, essas atividades tratam apenas do imóvel e sua história com relação à da cidade, em outras vezes, oferecem conversas sobre preservação e restauro, ou mesmo trazem os imóveis históricos como cenário de eventos artísticos que apresentem o patrimônio cultural de maneira mais ampla ao público. A Jornada do Patrimônio tem ainda como objetivo conduzir a população a explorar a cidade por meio de roteiros de memória temáticos e estimular agentes culturais, mestres, pesquisadores, educadores, artistas e instituições culturais a propor e organizar atividades culturais que se relacionem com o projeto, para que o evento seja uma oportunidade de identificação de bens e práticas culturais em todos os territórios da capital paulista.
Higor Advenssude
Coordenador Geral da Jornada do Patrimônio
sumário 8
Números da Jornada
as origens da cidade imóveis históricos
1. Caminho de Santos
16
2. Caminho do Vale do Paraíba e de São Miguel
4. Caminho de Pinheiros e Sorocaba
22
18
5. Caminho de Campinas
24
3. Caminho do Guaré ou da Luz
20
1. Casarão Nhonhô Magalhães
30
5. FAUUSP
38
2. Centro Cultural dos Correios
32
6. Igreja Imaculado Coração de Maria
40
3. Edifício Sampaio Moreira
34
7. Instituto Butantã
41
4. Estádio do Pacaebu
36
8. Pinacoteca de São Paulo
42
o
roteiros de memórias
1. A Importância da Mulher na Formação da Cidade de São Paulo 50
10. De Luiz Gama aos Caifazes: Emancipação Preta como Projeto Político 60
2. Arte-circuito Sé
51
3. Bixiga Oculto
52
11. Ferrotrekking: Estrada de Ferro Perus Pirapora
61
4. Cemitério do Araçá: vida e morte em São Paulo
12. Geoturismo Urbano
62
52
13. Ipiranga além do grito
63
5. Colcha de Retalhos Paulistana
53
6. Cine Cidade
54
14. Largo São Francisco e o Chafariz da Misericórdia
64
7. Caminhando pela História do Centro de São Paulo
15. Oscar no Centro. No Centro, Oscar
65
56
8. Cultura do Povo Guarani Mbya na Capital de São Paulo: Aldeia Tenondé-Porã 58
oficinas e palestras
16. Para amar é preciso conhecer: A Formação do Bairro da Aclimação 66 17. Roteiro de Bicibleta pelas Residencias Típicas de São Paulo
67
18. Piratininga virou cidade
68
9. Entre o sagrado e o profado no Outeiro da Penha
60
1. Apresentação do Projeto Mirante
74
6. Oficina Museu Afro Brasil
81
2. Conhecer e se Reconhecer no Patrimônio de São Paulo
75
7. O Theatro Municipal e as origens de uma São Paulo moderna
82
3. Coleção de Texteis Litúrgicos
76
8. Patrimônio, idendidade e memória
83
4. Arquivos dos Escritórios de Engenharia
78
9. Técnicas Tradicionais
84
5. Fotojornada do Patrimônio
79
apresentações 1. 2. artísticas
10. Projetos e obras de restauro na Prefeitura de São Paulo
85
O Espaço do Esporte na São Paulo Moderna
80
A Casa de Farinha do Gonzagão
90
4. Lendas na Rua
94
Cantos Piratininga
92
5. Yebo
95
3. Contos Mal-ditos SESC na Jornada
93 98
as origens da cidade
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zona norte
zona leste
zona oeste
centro
zona sul
nĂşmeros
10
DA JORNADA
as origens da cidade
8
EXPOSIÇÕES ARQUEOLÓFICAS
15
ROTEIROS SESC
17
APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS
64
ROTEIROS DE MEMÓRIA
99
PALESTRAS E OFICINAS
108
IMÓVEIS HISTÓRICOS
315
ATIVIDADES
14.788
DE PÚBLICO
1.000.000
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DE REAIS INVESTIDOS
11
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12 FOTO: Sylvia Masini
roteiros de memรณria
as origens da cidade
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Com o tema “As Origens da Cidade”, a 2ª Jornada do Patrimônio, organizada pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), buscou focar os processos que configuraram a formação e ocupação da capital paulista e que podem ser reconhecidos, até hoje, em sua paisagem urbana. Realizada nos dias 27 e 28 de agosto de 2016, teve um conteúdo temático desenvolvido a partir dos cinco principais caminhos antigos que conectavam a cidade ao restante do território: Caminho de Santos, Caminho de Pinheiros e Sorocaba, Caminho de Campinas, Caminho do Vale do Paraíba e Caminho do Guaré (Minas Gerais). Cada uma dessas estradas representa uma importante etapa histórica que ajuda a acompanhar o crescimento de São Paulo, desde seu florescer e expansão com a chegada do trem até a ocupação do interior e as expedições rumo à descoberta do ouro. Como novidade, esta Jornada do Patrimônio foi a primeira a ser realizada no mês de agosto, em que se comemora, no dia 17, anualmente, o Dia Nacional do Patrimônio Histórico, instituído em 1998 pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). As Jornadas do Patrimônio, a partir de então e conforme a Lei nº 16546/2016, passaram a se realizar no terceiro fim de semana de agosto, precedidas da Semana do Patrimônio Histórico, ambas próximas dessa data festiva nacional.
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16 Catedral de Santo Amaro. FOTO: RDC Santo Amaro
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As origens da Cidade: os 5 caminhos antigos de São Paulo
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Na ocupação do território brasileiro, desde o período colonial, os caminhos terrestres que ligavam as primeiras povoações do litoral a outros pontos do território, como regiões agropastoris e de extração de minérios, foram importantes elementos que direcionaram o desenvolvimento das cidades. Com São Paulo, não foi diferente. Por isso, seus antigos caminhos são uma das melhores maneiras de contar a história da formação de seus bairros a partir do centro histórico. Um conjunto de cinco principais vias de acesso – Caminho de Santos, Caminho de São Miguel e Rio de Janeiro, Caminho do Guaré, Caminho de Campinas e Caminho de Pinheiros-Sorocaba – ajuda a estabelecer as origens e a expansão da cidade. Certamente o traçado dessas estradas primitivas no planalto paulistano, vencendo cursos d’água, serras e outros obstáculos naturais, deve muito aos antigos peabirus (caminhos antigos abertos por gerações de povos indígenas, primeiras civilizações a ocupar o Planalto de Piratininga). A partir da segunda metade do século 19, um novo meio de transporte irá modificar e intensificar a urbanização e o surgimento de novos bairros e núcleos urbanos: a ferrovia e, em seguida, as linhas de bondes sobre trilhos.
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a chegada em são paulo
CAMINHO DE SANTOS
O Caminho de Santos é o mais antigo, foi por onde os portugueses, aproveitando as íngremes trilhas abertas pelos indígenas, conseguiram vencer a Serra do Mar, chegando ao planalto e ao vale do Rio Tietê e seus principais afluentes. Por esse caminho, os jesuítas chegaram para fundar as primeiras povoações e aldeamentos nessa região, entre eles o próprio Colégio e posterior Vila de São Paulo. A Vila foi organizada a partir de colinas– como aquela onde se situa o atual Pátio do Colégio–, formando um “terraço” entre os vales do Tamanduateí e Anhangabaú. Certamente os jesuítas, nessa organização inicial, ocuparam pontos que correspondiam a antigas tabas indígenas. O formato aproximado dessa área e o traçado das primeiras ruas acabaram por identificar essa região, durante muito tempo, como o Triângulo no Centro Velho da cidade. E desse núcleo inicial de formação é que se tinha acesso aos principais caminhos que ligavam a Vila ao litoral e ao chamado “sertão”. Entre outras variantes, dois caminhos para vencer a Serra ficaram conhecidos no período colonial: a chamada Trilha dos Tupiniquins (que corresponde, a grosso modo, ao caminho que a estrada de ferro adotaria, passando por Paranapiacaba) e aquele que ficou conhecido como Caminho do Padre José de Anchieta, que passou a ser mais utilizado, por segurança. O mais importante desses caminhos, o que levava a Santos, partindo do Triângulo, percorria a Rua da Glória e descia em direção à atual Rua do
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Lavapés, próxima à várzea do Tamanduateí, cujo curso se aproximava desse trajeto. Seguia pela área que seria a Colônia da Glória e, depois, ao bairro do Cambuci, passando por onde fica hoje o Ipiranga e, então, por Meninos (Rudge Ramos) e São Bernardo. Um dos antigos caminhos indígenas que venciam a Serra – seria melhorado pelos portugueses no século 18 – é chamado de Calçada do Lorena. Cabe lembrar que a decisão de proclamar a Independência do Brasil por D. Pedro I (o famoso Grito do Ipiranga) se deu às margens do riacho do Ipiranga porque o futuro imperador estava retornando do Porto de Santos. No século 19, foi criado um caminho alternativo que evitava áreas alagadiças e seguia pelo espigão central da cidade, hoje correspondendo à Rua Vergueiro. O Caminho de Santos, a partir de certo ponto, acompanhava o Vale do Tamanduateí.
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FOTO: Roberto/Olhares Fotografia
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a formação dos aldeamentos jesuíticos
CAMINHO DO VALE DO PARAÍBA E DE SÃO MIGUEL Alguns caminhos alternativos conduziam para a região a leste do centro paulistano, rumo à Penha, Guarulhos, aldeamento jesuítico de São Miguel, Mogi das Cruzes e, finalmente, em direção ao Vale do Paraíba e ao Rio de Janeiro. A saída principal se dava pela Ladeira do Carmo, hoje Avenida Rangel Pestana. Cruzava-se então o Vale do Tamanduateí, em algum momento do século 19, pelo chamado Aterrado do Brás, passando a acompanhar o Vale do Rio Tietê por onde hoje se situam os bairros do Brás, do Tatuapé e da Penha. Uma das variantes cruzava o Rio Tietê na altura da Penha e seguia para a Vila de Conceição de Guarulhos, prosseguindo na direção de Mogi e do Vale do Paraíba. O caminho que, após a Penha, seguia acompanhando o Tietê, chegava ao aldeamento jesuítico de São Miguel e passava próximo à área de Biacica –onde existe remanescente de antiga Capela– e ao local no qual se situam as ruínas do Sítio Mirim. Esse caminho, por sua proximidade com a várzea do Tietê, em alguns trechos, apresentava problemas para uso em época de enchentes. No século 19, depois de São Miguel, foi se consolidando um caminho que seguia em direção ao Rio, passando por Itaquaquecetuba e Vale do Paraíba. Para evitar os inconvenientes das várzeas em períodos de chuvas e inundações, usava-se um outro caminho antigo que cruzava as áreas do Oratório, Itaquera, alcançando também Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes.
REFERÊNCIAS- PAISAGEM Vale do Tamanduateí Serra da Cantareira Vale do Tietê Outeiro da Penha
REFERÊNCIAS- EDIFICAÇÕES E MONUMENTOS Igreja da Ordem Terceira do Carmo Igreja do Brás Casa do Tatuapé Capela de São Miguel Centro Histórico da Penha (Igreja de Nossa Senhora da Penha e Igreja Nossa Senhora do Rosário) Remanescente de casas rurais no Sítio do Capão (Casa do Regente Feijó) e Sítio Mirim Capela de Biacica Nitroquímica
REFERÊNCIAS IMATERIAIS Festas religiosas da Igreja do Rosário dos Homens Pretos– Penha
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a descoberta do ouro
CAMINHO DO GUARÉ OU DA LUZ O Caminho do Guaré saía pela atual Rua Florêncio de Abreu em direção ao antigo Campo da Luz (atual Avenida Tiradentes), próximo ao Mosteiro da Luz, à Cadeia Pública (da qual sobrou um portal), ao Jardim da Luz (todos do final do século 18 / início do século 19). Nasceu de uma pequena trilha indígena, aberta em meio à vegetação e que, por isso, era propícia à pastagem do gado, situada na área onde atualmente está o bairro da Luz. Dali, atravessava-se a Ponte Pequena sobre o Rio Tamanduateí, avançava-se pelo Aterrado de Santana até alcançar a Ponte Grande sobre o Rio Tietê. Prosseguia por onde hoje é a Avenida Voluntários da Pátria, o atual bairro de Santana, cruzando então a Serra da Cantareira, Mairiporã, Atibaia, Bragança até chegar a Minas Gerais. Esse caminho se torna importante com a descoberta do ouro nas Minas Gerais. A chamada Estrada Velha de Minas, antes da construção da Rodovia Fernão Dias, acompanhava o traçado desse antigo caminho.
REFERÊNCIAS- PAISAGEM Travessia do Ribeirão Anhangabaú (atual viaduto em estrutura metálica na Florêncio de Abreu) Jardim Público (Parque da Luz) Serra da Cantareira Vale do Tamanduateí Vale do Tietê
REFERÊNCIAS- EDIFICAÇÕES E MONUMENTOS Mosteiro de São Bento Conjunto Arquitetônico da Luz Antiga Fazenda dos Jesuítas (Quartel CPOR, Rua Alfredo Pujol) Sítio Morrinhos
REFERÊNCIAS IMATERIAIS Ver pesquisa IPHAN acerca do Multiculturalismo no Bom Retiro Relação da cidade com o Tietê: clubes, regatas, inundações...
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FOTO: Juliana Rosa
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FOTO: Dalmir Ribeiro Lima
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o caminho dos tropeiros
CAMINHO DE PINHEIROS E SOROCABA Também conhecido como o Caminho das Tropas, que vinham do sul do país em direção à cidade de Sorocaba para comercialização, começava no Largo e Ladeira de São Francisco. Dali, cruzava o Vale do Anhangabaú, passando pela entrada do Caminho de Santo Amaro, Largo e Ladeira da Memória (um dos bebedouros das tropas), tomando o que é a atual Avenida da Consolação, cruzando o espigão do Caaguaçu (Mata Grande em Tupi, da qual o Parque Trianon é um remanescente). Pelo caminho da atual Rua Teodoro Sampaio, descia até a Aldeia de Pinheiros (hoje Largo de Pinheiros). Após cruzar o Rio Pinheiros, tomava a direção de onde hoje existe a Rodovia Raposo Tavares, passando por Cotia (onde fica a Casa do Padre Inácio, construção bandeirista hoje pertencente ao Iphan), São Roque, Sorocaba e dali o caminho das tropas em direção a Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde havia a criação de muares.
REFERÊNCIAS - PAISAGEM Vale do Anhangabaú Espigão da Avenida Paulista Vale do Pinheiros Travessia do Rio Jaraguá Serra da Cantareira
REFERÊNCIAS - EDIFICAÇÕES E MONUMENTOS Duas Igrejas de São Francisco (no largo de mesmo nome) Largo da Memória Igreja da Consolação Antiga (substituída no mesmo lugar pela atual) Cemitério da Consolação Antigo Hospital de Isolamento (remanescentes no Hospital Emílio Ribas) Cemitério Araçá Largo de Pinheiros (antigo aldeamento/ aldeia indígena) Igreja antiga de Nossa Senhora de Mont Serrat (demolida, hoje igreja mais nova no local) Casa do Bandeirante (Butantã) Casa do Sertanista (Caxingui)
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a ocupação do interior
CAMINHO DE CAMPINAS Os caminhos que seguiam em direção ao interior do território e ao sul do Brasil, por Campinas e Sorocaba, foram importantes vias para o crescimento econômico oriundo do tropeirismo e da expansão da produção de açúcar no século 18. O caminho que passava por Campinas seguia em direção a Goiás e Mato Grosso, para as minas de ouro que foram descobertas a partir do século 17. Eram acessos complementares às vias fluviais, como o Rio Tietê, por onde seguiram muitas monções (grandes expedições fluviais de exploração). O acesso a esse caminho se dava pela Ladeira de São João (onde hoje fica a Praça Antônio Prado), cruzava o Ribeirão do Anhangabaú pela antiga Ponte do Acú (onde hoje se localiza a fonte desativada do Anhangabaú), seguia pelas atuais Avenidas São João e Francisco Matarazzo. Próximo à área do atual bairro da Água Branca, esse caminho se bifurcava: um dos trajetos prosseguia pela várzea e cruzava o Rio Tietê, subindo em direção ao outeiro da Freguesia do Ó, daí seguia para a região de Perus, Jaraguá, atingindo Jundiaí e Campinas. A outra variante prosseguia pela atual Rua Guaicurus, cruzando o Rio Tietê na altura do bairro da Lapa, pela Ponte do Anastácio, denominação resultante da presença, no lado oposto do rio, da sede da antiga Fazenda do Anastácio (grande sesmaria que seria adquirida, na primeira metade do século 19, pelo Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar; e, após sua morte,
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passaria à sua esposa, a Marquesa de Santos e descendentes). Essa propriedade seria adquirida pelo Frigorífico Armour, na segunda década do século 20, que lá se instalou. Depois de cruzar o Rio Tietê, esse caminho seguia pela atual região de Pirituba, Perus e Jaraguá. Posteriormente, essa região se tornou área industrial com a criação de um eixo ferroviário, onde havia também a fábrica de chapéus em que, anos depois, foi instalado o Sesc Pompeia.
REFERÊNCIAS - PAISAGEM Serra da Cantareira Rio Tietê Espigão Central Outeiro da Freguesia do Ó Pico do Jaraguá
REFERÊNCIAS - EDIFICAÇÕES E MONUMENTOS Praça Antônio Prado (onde havia a antiga Igreja do Rosário) Chácara do Carvalho (Barra Funda). Parque da Água Branca Parque Antártica (Estádio do Palmeiras) Indústrias Matarazzo (Casa das Caldeiras) Casarão do Anastácio (Club House/Casa Hospedaria do Frigorífico)
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Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. FOTO: Nelson Kon
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imóveis históricos
casarão
NHONHÔ MAGALHÃES
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Construído nos anos 20 para ser a residência de um dos maiores cafeicultores de São Paulo à época, Carlos Magalhães - Nhonhô, este palacete eclético hoje encontra-se restaurado. Além de residência de Nhonhô, já foi sede da Secretaria de Segurança Pública do Governo do Estado.
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centro cultural
DOS CORREIOS DE SÃO PAULO A construção do Prédio dos Correios, no início dos anos 1920, inseriu-se num vasto processo de modernização do centro da cidade de São Paulo, com o surgimento de edifícios, como o Theatro Municipal, e o alargamento de ruas e obras viárias, como o Viaduto do Chá. Tornou-se elemento destacado na paisagem do Anhangabaú, tendo papel significativo na fase de transformação pela qual passava a capital naquele período. A edificação histórica é tombada pelo Conselho Municipal
de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) e enquadrada como parte do Patrimônio Histórico da Cidade (1992) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat - 1997). A obra foi projetada pelo escritório de arquitetura Ramos de Azevedo, pelo arquiteto Domiziano Rossi, e finalizada, após sua morte, por Felisberto Ranzini.
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edifício
SAMPAIO MOREIRA Conhecido como o "avô dos arranha-céus" da cidade de São Paulo, o Edifício Sampaio Moreira é considerado o primeiro dessas proporções na cidade. Concluído em 1924, foi, por três anos, o edifício mais alto da cidade, com 50 metros de altura, perdendo o posto à época para o Edifício Martinelli, que tinha mais que o dobro de altura.
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De autoria do arquiteto Christiano Stockler e seu pai, Samuel das Neves, a aprovação da construção do edifício demandou uma alteração nas leis da cidade, o que criou precedente para o surgimento de várias novas proposições de edifícios em altura.
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estádio
DO PACAEMBU Na década de 20, a ideia da construção de um grande estádio em São Paulo era o sonho de esportistas, figuras públicas e modernistas, como Mário de Andrade. Foi ele quem sugeriu a criação de um local que pudesse receber atividades esportivas, eventos culturais e apresentações musicais. Em abril de 1940, foi inaugurado, então, o Estádio
Municipal do Pacaembu, com o primeiro jogo de futebol entre o Palestra Itália, atual Palmeiras, e o Coritiba. O estádio foi tombado pelo Condephaat em 1998, em virtude de seu estilo art déco, característico da época em que foi construído. Hoje, o Pacaembu é símbolo esportivo, cultural, arquitetônico e turístico da cidade de São Paulo.
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FAUUSP A ideia de construir uma Cidade Universitária remonta a 1934, data da fundação da universidade, mas só foi implementada na década de 1960, quando da construção dos novos edifícios no novo campus. Foi nessa circunstância que teve início o projeto para a nova sede da Faculdade de Arquitetura. O projeto do edifício da FAU foi materializado pelos arquitetos Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi no rico jogo de volumes que compõe o edifício (vale lembrar que o
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concreto armado aparente é personagem principal da obra no que se refere a materiais de construção). Este confere uma marcante textura ao edifício, que é reforçada por todas as impressões das formas de madeira que foram deixadas nas suas superfícies. O edifício da FAU-USP é considerado um ícone da arquitetura moderna paulista e um dos marcos da arquitetura brutalista, sendo tombado pelo Condephaat em 1982 e pelo Conpresp em 1991.
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igreja
IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA Valioso exemplar de arquitetura religiosa, ricamente decorado com pinturas murais artísticas e decorativas de autoria de Arnaldo e Vicente Mecozzi (1927-1934). A igreja também possui em seu interior um belíssimo órgão de tubos, fabricado por Henri Zimermann em 1881 e trazido para o Brasil em 1906. Substituiu a Capela do Pátio
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do Colégio e abrigou os restos mortais do índio Tibiriçá, bem como, por um bom tempo, recebeu um retábulo do altar dessa Capela.
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instituto
BUTANTAN
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Criado em 1901 com o nome de Instituto Soroterápico, o Instituto Butantan teve início de suas atividades com um grupo de cientistas que estudava a produção de vacinas e soros para o controle de surtos epidêmicos. Além de ser referência mundial em sua área de pesquisa, o Instituto é um passeio muito visitado na cidade, graças à sua área verde e serpentário aberto ao público.
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FOTOS: Christina Rufatto
pinacoteca A Pinacoteca do Estado de São Paulo é um dos mais importantes museus de arte do Brasil. Abriga um dos maiores e mais representativos acervos de arte brasileira, com mais dez mil peças, abrangendo majoritariamente a história da pintura brasileira dos séculos 19 e 20. Seu edifício foi construído entre os anos de 1897 e 1900, servindo de sede ao Liceu de Artes e Ofícios.
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A Pinacoteca foi criada anos depois, em 1905, assumindo o prédio somente para si na década de 80. Em 1990, passou por intervenção do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, adaptando o edifício ao seu uso atual.
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FOTO: Nelson Kon
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bens culturais participantes: Antiga residência do Coronel Juliano de Almeida (Biblioteca da Porto Seguro) Antiga residência eclética Antiga residência neocolonial Antigo chalé do Dr. Homem de Melo Arquivo Histórico Municipal Associação Cultural Artística Cine Favela Beco do Pinto Bibliaspa Biblioteca Mário de Andrade Biblioteca Monteiro Lobato Biblioteca Prestes Maia Caixa Cultural São Paulo Campus Marquês de Paranaguá da PUC-SP Capela de São Miguel Capela do Morumbi Capela dos Aflitos Casa Amarela da Vila Romana Casa da Imagem Casa das Caldeiras Casa das Rosas
imóveis históricos
Centro Cultural Banco do Brasil
Monumento à Independência
Centro Cultural Correios de São Paulo
Museu Afro Brasil
Centro Cultural da Penha
Museu da Energia
Centro Cultural São Paulo
Museu da Imigração
Centro de Memória do Circo
Masp - Museu de Arte de São Paulo
Centro Histórico e Cultural Mackenzie
Assis Chateaubriand
Chácara Lane
Museu de Arte Sacra
Cinemateca Brasileira
Museu Judaico de São Paulo
Colégio Batista Brasileiro
Museu Vicente de Azevedo
Complexo Cultural Funarte SP
Oca
Condomínio Edifício CBI Esplanada
Oficina Cultural Casa Mário de Andrade
Convento e Santuário São Francisco
Palacete Conde de Sarzedas -
Drosophyla
Tribunal de Justiça de São Paulo
Edifício Apracs
Palacete Tereza Toledo Lara
Edifício Martinelli
Palácio da Justiça
Edifício Matarazzo
Palácio das Indústrias - Museu Catavento
Edifício Planalto Edifício Sampaio Moreira Edifício Vilanova Artigas – FAU-USP Escola Estadual Padre Antônio Vieira Esperanta Klubo Zamenhof Estádio do Pacaembu e Museu do Futebol Etec Carlos de Campos
Paróquia Nossa Senhora da Conceição Paróquia Nossa Senhora da Consolação Pavilhão Japonês - Parque Ibirapuera Pinacoteca Ponto Chic Praça das Artes Pontifícia Universidade Católica
Fundação Ema Klabin
de São Paulo - PUC-SP
Casa de Vidro
Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – Fecap
Red Bull Station
Casa do Grito
Galeria do Rock
Refúgios Urbanos
Casa do Povo
Galeria Olido
Sede do Instituto Italiano de Cultura
Casa do Tatuapé
IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil
Casa Guilherme de Almeida
Igreja da Colônia
Casa Modernista
Igreja de Nossa Senhora do Rosário
Casa Nhonhô Magalhães
dos Homens Pretos da Penha
Casa Ranzini
Igreja de São Domingos
Casa Sertanista
Igreja de São Geraldo das Perdizes
Casarão da Chácara Inglesa
Igreja do Mosteiro da Luz
Casarão de Dino Bueno
Igreja Imaculado Coração de Maria
Casas do Colégio Batista Brasileiro
Instituto Butantan
Castelinho da Rua Apa
Iphan - Casa de Dona Sebastiana
Catedral da Sé
de Souza Queiroz
Cemitério da Consolação
Jockey Club
Cemitério Dom Bosco
Memorial da Resistência de São Paulo
Casa de Portugal
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de São Paulo Sítio da Ressaca Sítio Morrinhos Sociedade Brasileira União Fraterna Solar da Marquesa de Santos Theatro Municipal de São Paulo Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo Tuca - Teatro da Universidade Católica Unasp - Instituição de Ensino Adventista Vila Itororó
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FOTO: Nelson Kon
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imรณveis histรณricos
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a importância da mulher
NA FORMAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO
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Piratininga: terra ocupada pelos índios guaianases. Com a chegada dos homens brancos no século 16, a aldeia se torna vila e, em 1711, cidade. Inicialmente, era um lugar de passagem, de mulheres e padres. A partir do século 19, é iniciado um processo de enriquecimento social, econômico e educacional, no qual algumas mulheres tiveram papéis importantes.
roteiros de memória
arte-circuito
SÉ
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O roteiro propôs explorar o centro por meio de seus espaços artísticos e criativos, como a Ocupação Artística Ouvidor, o Estúdio Lâmina, o Phosphorus, o Paperbox Lab e a Casa Ranzini.
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bixiga
OCULTO Olhar para os detalhes arquitetônicos despercebidos da cidade. A partir de uma visita ao histórico bairro do Bixiga, o passeio revelou a riqueza da paisagem urbana paulistana, com uma imensa variedade de estilos, épocas e usos dos prédios.
cemitério do araçá:
VIDA E MORTE EM SÃO PAULO A importância da conservação da memória do Cemitério do Araçá é fundamental para o desenvolvimento do turismo tumular e a desmistificação do espaço mortuário, já que locais como esse carregam a história de São Paulo.
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2016
colcha de retalhos paulistana:
CONHECENDO A TESSITURA URBANA DA CIDADE O roteiro procurou conhecer as transformações da cidade de São Paulo, partindo dos vestígios coloniais e analisando sua arquitetura eclética. Munidos de um mapa, os participantes puderam conhecer, geograficamente, a localização de pontos de interesse, como o Pátio do Colégio, ruas das proximidades, bancos, o Correio e o Theatro
Municipal, estabelecendo conexões com outras regiões da cidade, como os bairros do Brás e de Higienópolis.
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2016
roteiros de memória
FOTOS: Dalmir Ribeiro Lima
cine
CIDADE
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O que ainda existe da Cinelândia Paulistana das décadas de 40, 50 e 60? É o que esse roteiro se propôs a descobrir em um passeio pelos cinemas de São Paulo –os que ainda existem, os que não existem mais, os que se transformaram em algo diferente. Cines Metro, Ipiranga, Marabá, Bandeirantes, Art Palácio e Olido. Foram muitos. O que aconteceu com eles?
roteiros de memรณria
2016
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FOTOS: Dalmir Ribeiro Lima
roteiros de memรณria
FOTO: Dalmir Ribeiro Lima
roteiros de memória
2016
FOTO: Dalmir Ribeiro Lima
caminhando pela história
DO CENTRO DE SÃO PAULO O roteiro propôs conhecer monumentos que participaram da história da cidade, desde sua fundação, apresentando seus usos nos dias atuais. Partindo do Pátio do Colégio, foram percorridas antigas ruas do centro e suas construções. A caminhada esteve em pontos do Centro Velho, como a Praça da Sé, o Largo São Francisco e o
Mercado Municipal; e também no Centro Novo, passando por pontos como o Theatro Municipal, a Praça das Artes, o Largo do Paiçandu e a Praça Roosevelt. O passeio foi realizado pelas equipes dos Sescs Santo André, São Caetano e Osasco.
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2016
roteiros de memória
FOTOS: Sylvia Masini FOTOS: Sylvia Masini
cultura do povo guarani mbya na capital de são paulo
ALDEIA TENONDÉ-PORÃ
Reconhecer a história guarani é redescobrir a história da origem do Brasil e da cidade de São Paulo. O patrimônio indígena guarani é o seu modo de ser e viver, cujas práticas estão profundamente ligadas na sua relação com o território, de onde são extraídos alimentos, remédios e moradia, entre outros. Essas práticas são compostas por rituais específicos para plantas e animais, sem estes componentes não há vida guarani. É por isso que surpreende quando falamos que em São Paulo, ainda que
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distante e excluída socialmente, vivem guaranis em duas terras indígenas: Jaraguá e Tenondé-Porã. Assim, valorizar seus costumes, língua e tradições é um grande passo para pensarmos em como nos relacionarmos de forma saudável com a natureza, com a cidade e aprendermos sobre cidadania. Este roteiro propôs uma visita à terra indígena Tenondé-Porã, onde os visitantes puderam entrar na casa de reza, ir na trilha.... e ter acesso a uma da história de São Paulo que corre o risco de desaparecer.
2015
entre o sagrado e o profano
NO OUTEIRO DA PENHA
O bairro da Penha de França, um dos mais antigos de São Paulo, está localizado na zona leste da cidade. A arquitetura e traçado de suas principais ruas guardam heranças do Brasil Colônia. A ideia do roteiro foi explorar a extensa tradição católica e as manifestações populares que ocorrem no bairro.
de luiz gama aos caifazes:
EMANCIPAÇÃO NEGRA COMO PROJETO POLÍTICO O roteiro abordou questões relacionadas ao processo de abolição da escravidão e, mais especificamente, as agências e significados para a população negra paulista nessa trajetória histórica, no qual os africanos e afrodescendentes são seus representantes diretos. As localidades selecionadas para a visita foram pensadas como suportes de memória e reflexão.
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ferrotrekking:
ESTRADA DE FERRO PERUS PIRAPORA O roteiro propôs uma viagem no tempo, desde quando a Estrada de Ferro Perus-Pirapora foi inaugurada em 1914, ligando as minas e os fornos de fabricação da Cal de Gato Preto, hoje Cajamar, às linhas da antiga São Paulo Railway, atual CPTM. Com a distância entre os trilhos de 60 centímetros, ela tornou-se um testemunho deste tipo de ferrovia
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brasileira. Atualmente, o Instituto de Ferrovias está em vias de recuperar a estrada e alguns exemplares da época, como locomotivas e carros de passageiros.
roteiros de memória
geoturismo urbano:
A GEOLOGIA ECLESIÁSTICA NAS IGREJAS DO TRIÂNGULO HISTÓRICO PAULISTANO
2016
Apresentado em forma de palestra na 1ª Jornada do Patrimônio, o roteiro proposto para 2016 apresentou as três igrejas que compõem os vértices do Triângulo Histórico paulistano a partir do ponto de vista geológico, além de incluir dois outros edifícios significativos: o Pátio do Colégio e a Catedral Metropolitana.
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2016
roteiros de memória
ipiranga
ALÉM DO GRITO O bairro do Ipiranga é muito conhecido por estrelar o momento da independência de nosso país, porém a história do bairro vai muito além do evento pelo qual ele é lembrado. O roteiro mostrou como o bairro também faz parte da história do desenvolvimento de São Paulo. Foram conhecidas as atrações arquitetônicas mais bonitas do Ipiranga, que ajudaram a narrar marcos históricos, como a
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criação de instituições de ensino, casas de saúde e museus. Além disso, as personalidades que deram nomes às ruas e edificações da região acompanharam os visitantes durante o passeio. Foram respondidas perguntas como: Quem foram Visconde de Pirajá, a família Jafet e o onipresente Conde José Vicente de Azevedo? De onde vieram os nomes Nazaré? E Ypiranga, o que significa?
2015
largo são francisco e o chafariz da misericórdia:
A MEMÓRIA HISTÓRICA DO POVO BRASILEIRO
Desde 1827, ano de sua criação, seus estudantes e egressos são atores centrais em processos políticos que movimentam as engrenagens do desenrolar histórico brasileiro. Criada especialmente para a formação de uma elite política dirigente do recém-proclamado independente Brasil, monumentos históricos compõem o astral da instituição. Foram abertas as portas do Largo São Francisco para o povo brasileiro. O próximo ponto explorado foi denominado “Chafariz da Misericórdia: uma história de 500 anos", com o objetivo de falar do Largo, localizado na intersecção das Rua Direita com Álvares Penteado, próximo à Praça do Patriarca. No século 18, o local abrigava uma pequena igreja e um chafariz, ambos com o nome de Misericórdia. O enfoque do roteiro foi na história que cerca o chafariz, intimamente relacionada com à do Brasil. Primeiro chafariz público da cidade de São Paulo, é de autoria de Joaquim Pinto de Oliveira Tebas (“o Arquiteto do Século 18"), ex-escravo que se notabilizou por diversas criações que também se tornariam históricas, com destaque à torre da primeira Catedral da Sé e à pedra de fundação do Mosteiro São Bento.
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65
2016
roteiros de memória
oscar, no centro.
NO CENTRO, OSCAR
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O roteiro apresentou obras que passam despercebidas ou são desconhecidas e que se encontram na região central, entre elas o Edifício Triângulo, a Galeria Califórnia e o Edifício Eiffel, projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
roteiros de memória
para amar é preciso conhecer:
A FORMAÇÃO DO BAIRRO DA ACLIMAÇÃO
2016
História da formação do bairro da Aclimação a partir do primeiro parcelamento das terras do Jardim da Aclimação, pertencente à família de Carlos Botelho.
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2016
roteiros de memória
roteiro de bicicleta pelas residências típicas de são paulo
DO INÍCIO DO SÉCULO XX NO CENTRO HISTÓRICO
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O roteiro passou por locais com os vestígios residenciais focados no início do século 20. Partindo do Triângulo Histórico do centro, chegando até a região da República. Onde foi possível conhecer diversas residências paulistanas características dessa época: casas, palacetes e apartamentos. Foram abordados os fatores que levaram à rápida e profunda transformação dos modos de vida dos paulistanos e também de seus espaços domésticos.
roteiros de memória
piratininga virou cidade:
A HISTÓRIA DE SÃO PAULO CONTADA POR MEIO DOS IMÓVEIS DO MUSEU DA CIDADE
2016
A visita abordou a história da cidade de São Paulo de forma crítica por meio de um roteiro que englobava os imóveis que fazem parte do Museu da Cidade. Dentre os espaços culturais selecionados, estavam a Casa nº 1, atual Casa da Imagem; o Solar da Marquesa e o Beco do Pinto, situados no centro.
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FOTO: Shoichi Iwashita
oficinas
apresentação
DO PROJETO MIRANTE Palestrantes: Ana Marta Ditolvo e Mila Strauss Mirante Nove de Julho
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oficinas e palestras
2016
conhecer e se reconhecer
NO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE SÃO PAULO Palestrante: Priscila Leonel Solar da Marquesa
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2016
oficinas e palestras
coleção de têxteis litúrgicos:
ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO A palestrante Rosângela realizou, em 2010, o arrolamento do acervo têxtil da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência da cidade de São Paulo. Em 2011, realizou a pesquisa de têxteis para a mostra itinerante “Vestes Sagradas”, exibida no Museu de Arte Sacra de São Paulo. Desde 2014, tem feito a curadoria de mostras do acervo
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têxtil da Ordem, realizando esta apresentação pública de seu trabalho durante a Jornada do Patrimônio 2016.
oficinas e palestras
2016
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2016
oficinas e palestras
escritório samuel e cristiano das neves:
ARQUIVOS DOS ESCRITÓRIOS DE ENGENHARIA São Paulo é uma cidade que foi por diversas vezes reconstruída: se nos primeiros séculos a técnica construtiva usual era a taipa, no fim do século 19 –com o incremento da economia, melhoria nos transportes e vinda de diversos profissionais estrangeiros–, é com o tijolo e o ferro que a cidade vai ser reconfigurada. Novamente, parte desta cidade é suplantada pelo concreto armado e pelos arranha-céus. A palestra
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da pesquisadora Ana Paula Nascimento abordou os arquivos de arquitetos, engenheiros e escritórios técnicos depositados junto à Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), responsável por um dos maiores acervos de desenhos originais de arquitetura e documentações complementares existente em universidade brasileira.
oficinas e palestras
fotojornada
DO PATRIMÔNIO
2016
A FotoJornada documentou fotograficamente o patrimônio material e imaterial da cidade de São Paulo e seus habitantes. A atividade, gratuita e aberta a fotógrafos amadores e profissionais, foi coordenada por André Douek.
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2016
oficinas e palestras
o espaço do esporte na são paulo moderna:
CLUBES E SUAS INSTALAÇÕES
É na virada do século 19 para 20, sob um caldeirão de referências euro-americanas, que a cidade de São Paulo começa sua vida associativa esportiva. Seus clubes, inicialmente sociais e localizados no centro da cidade, logo buscam novos e amplos terrenos em zonas periféricas ainda por serem urbanizadas ou, ainda, às margens dos rios, tirando proveito de seu potencial para
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as práticas aquáticas. Os pioneiros em atividades esportivas localizaram-se junto ao Rio Tietê ainda não retificado, o mais próximo do centro da cidade, depois chegando ao Pinheiros. A palestra de Silvia Wolff traçou um panorama da criação e instalação desses clubes até a primeira metade do século 20, iluminando seus remanescentes de interesse de preservação cultural.
oficina
NO MUSEU AFRO BRASIL
Localizado no Parque Ibirapuera, o Museu Afro Brasil aborda a cultura e influĂŞncia africana na sociedade brasileira. Possui um rico acervo de itens afro-brasileiros, de obras de artes a fotografias, objetos, vestimentas e esculturas.
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2016
oficinas e palestras
o theatro municipal
E AS ORIGENS DE UMA SÃO PAULO MODERNA
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“O Theatro Municipal e as origens de uma São Paulo moderna: traçando uma perspectiva entre memória e legado" foi uma mesa que discutiu o papel do Municipal como bem cultural, desde o seu projeto e inauguração (em 1911) até os dias de hoje, colocando-o como um dos monumentos símbolo do progresso urbano. Mediado por Nádia Somekh, o encontro teve como convidados os professores Ana Castro e Paulo César Garcez Marins.
oficinas e palestras
2016
patrimĂ´nio, identidade e memĂłria:
O CASO DA MOOCA Palestrante: Ivan Fortunato Solar da Marquesa
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2016
oficinas e palestras
técnicas tradicionais:
OFICINA DE TAIPA DE MÃO Instituto Memórias do Brasil: Taís Freitas de Souza, Joaquim Carlos da Cruz Felício e Sandra Maria Marciano Sítio Morrinhos
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oficinas e palestras
projetos e obras de restauro
NA PREFEITURA DE SÃO PAULO
2016
A palestra de Cassia Magaldi, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP), mostrou como foi a construção do conhecimento, do trabalho e das metodologias de projeto e para execução das obras de restauro realizadas pela Prefeitura de São Paulo entre os anos de 1983 e 2015.
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FOTO: Rogerio Pixote
FOTO: Rogerio Pixote
apresentacĂľes
apresentações artísticas
2016
FOTO: Rogerio Pixote
a casa de farinha
DO GONZAGÃO
FOTO: Rogerio Pixote
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Mesclando teatro, música, dança e culinária, o espetáculo investigou o modo de vida do homem e da mulher comuns do Brasil, retratados nas canções de Luiz Gonzaga. Durante a apresentação, o público participou de uma experiência afetiva típica das cozinhas do sertão, observando como a mandioca se transformava em farinha.
apresentações artísticas
FOTO: Rogerio Pixote
2016
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apresentações artísticas
2016
cantos piratininga
POR ADRIANA MOREIRA
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Por meio de canções de Adoniran Barbosa, Eduardo Gudin, Kiko Dinucci e outros compositores de antigas e novas gerações, a cantora Adriana Moreira apresentou a tradição dos sambas antológicos da cidade de São Paulo.
apresentações artísticas
contos
MAL-DITOS
2016
Entre histórias reais, lendas urbanas e a literatura de Edgar Allan Poe, esta contação de histórias convidou o público a conhecer a arquitetura do Cemitério da Consolação.
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2016
apresentações artísticas
lendas
NA RUA
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“Lendas na rua” é uma instalação de arte urbana interativa que narrava, por meio da mistura de linguagens, as lendas de origem dos personagens mais significativos do folclore brasileiro.
apresentações artísticas
yebo
2016
Trata-se de uma forma de dança criada no século 19 pelos trabalhadores das minas de ouro e de carvão da África do Sul. O espetáculo abordava a exploração tanto das minas quanto dos sete povos levados para a extração do minério, a criação de um dialeto sonoro a partir das batidas nas botas de borracha e a espera das mulheres por seus maridos mineiros.
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SESC Pompéia. FOTO: Nelson Kon
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imóveis históricos
imรณveis histรณricos
2016
SESC
NA JORNADA
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2016
roteiros de memรณria
100 FOTO: Dalmir Ribeiro Lima
as origens da cidade
Já imaginou como se deu a origem da cidade de São Paulo? Que tal descobrir os caminhos que desenharam a capital paulista e toda a história que se encontra neles? A melhor maneira de contar a história de formação de uma cidade é analisar os caminhos terrestres que ligavam as primeiras povoações a outros pontos do território. E o traçado dessas estradas primitivas deve muito aos povos indígenas que já habitavam essas regiões e sabiam por onde vencer os cursos d’água, as serras e outros obstáculos naturais, abrindo as primeiras trilhas chamadas “peabirus”. Esse era o mote que orientava as oficinas realizadas pelo Sesc durante a Jornada do Patrimônio 2016. Em São Paulo, já a partir da metade do século 19, a urbanização foi intensificada com o surgimento de novos meios de transporte, como a ferrovia e linhas de bondes sobre trilhos, que modificaram a paisagem com novos bairros e núcleos urbanos. Mesmo com o crescimento vertiginoso da metrópole que se sucedeu, ainda hoje podemos identificar referências desses caminhos originais que determinaram os rumos da expansão, um conjunto de cinco principais vias de acesso: Caminho de Santos, Caminho de São Miguel e Rio de Janeiro, Caminho do Guaré, Caminho de Campinas e Caminho de Pinheiros-Sorocaba. O Sesc participou da segunda edição da Jornada do Patrimônio com uma série de roteiros e atividades que apresentaram e refletiram sobre patrimônios que de diferentes maneiras participaram no processo histórico ou de formação identitária da cidade de São Paulo. Nesses passeios, o público pôde refazer trechos de alguns destes caminhos, observando estas referências históricas nas paisagens, edificações e monumentos. Foi uma oportunidade para descobrir não só as origens dos bairros e construções na cidade, mas encontrar
2016
também de onde vieram muitos elementos que marcam a cultura e a memória paulistana. Quando caminhamos, cada passo que nos move à frente é impulsionado pelo anterior. Sensibilizar sobre a importância da conservação dos bens culturais e patrimônios históricos é um passo neste caminho da cidade, que, por meio da valorização da memória, impulsiona em direção a um desenvolvimento mais consciente.
PROGRAMAÇÃO ROTEIROS DE MEMÓRIA
Caminhando pela História do Centro de São Paulo Capela Morumbi Casa de Vidro Casa do Bandeirante Casa Modernista Cine Cidade Do pedral à taipa de pilão Fundação Maria Luisa e Oscar Americano O sagrado e a construção da cidade: São Miguel e Penha Postagens do Ipiranga
ROTEIROS DOS CAMINHOS HISTÓRICOS SESC IPIRANGA
A chegada em São Paulo (Caminho de Santos)
SESC CARMO
Os aldeamentos jesuíticos (Caminho Vale do Paraíba)
SESC BOM RETIRO E SESC POMPÉIA
A ocupação do interior (Caminho de Campinas)
SESC CONSOLAÇÃO E SESC PINHEIROS
Caminho dos tropeiros (Pinheiros e Sorocaba)
SESC SANTANA
A descoberta do ouro (Caminho do Guaré)
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imรณveis histรณricos
imรณveis histรณricos
2016
103 FOTO: Sylvia Masini
PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO PREFEITO
Bruno Covas
SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA SECRETÁRIO
Hugo Soveral Possolo
JORNADA DO PATRIMÔNIO 2016 As Origens da Cidade COORDENADORA GERAL
SECRETÁRIA-ADJUNTA
Vanessa Fernandes Correia
CHEFE DE GABINETE
Walter Pires, Vanessa Fernandes e André Braga
Regina Silvia Pacheco Tais Ribeiro Lara
ASSESSOR DE GABINETE Maurício Garcia
COORDENADORIA DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL COORDENADORA Gabriela Fontana
CONTEÚDO E PESQUISA
IDENTIDADE VISUAL E DESIGN Rafaella Arcuschin Machado
FOTOLIVRO JORNADA DO PATRIMÔNIO 2016 As Origens da Cidade ORGANIZAÇÃO
Higor Advenssude
IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO
DEPARTAMENTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Victor Henrique Fidelis
DIRETOR
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Marco Antônio Cilento Winther
SECRETARIA MUNICIPAL DE TURISMO SECRETÁRIO
Miguel Calderaro Giacomini
SECRETÁRIO-ADJUNTO Rodolfo Marinho
CHEFE DE GABINETE Vicente Rosália
COORDENADOR DE EVENTOS DA CIDADE Vander Lins
PRODUÇÃO
Bruno Andrade Luiz Quesada
sĂŁo paulo, dezembro de 2020