Especial Marcello Grassmann_Pág5_A Cidade_18/12/11

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Especial

DOMINGO, 18 DE DEZEMBRO DE 2011

A CIDADE

DIREÇÃO Como o talento e o charme se formaram em Grassmann

Brutalista bogartiano, tímido conquistador O gravurista rejeitou modelos prontos de arte e impôs seu próprio estilo, num modo de ‘condução’

tor não o é pela beleza, mas pelo que diz e faz. “O que é intrigante atrai como anzol. O [cineasta sueco Ingmar] Bergman dizia que a criatividade é muito erótica, é uma força poderosa.”

SIMEI MORAIS simei@jornalacidade.com.br

DOCUMENTO

De súbito, Grassmannnegaque sejaum sedutor, quando questionado. Pudera. Ele sempre foi tímido, começou a fumar, lá pelos 20 anos, para poder ter o que fazer com as mãos, enquanto conversava com as pessoas. Ele seduz sem querer, na análise do amigo Léon Kossovitch, professor de Filosofia da USP e crítico de arte. Diz que Marcello, apesar de culto, é um brutalista, nunca fez charme. “Ser mauricinho, para ele, era a pior coisa”, conta-me o professor, ele também um sofisticado brutalista, numa entrevista marcada para uma noite, ele aos goles de uma cachaça ouro das Minas Gerais. Bogartiano Para Kossovitch, o amigo carrega o que os italianos chamam de sprezzatura, um estilo que alia a timidez a um certo ar de desdém e desapego ao que está fora de seu foco. “É um traço ‘bogartiano’. Ele vem da geração do Humphrey Bogart, que era um galã fatal e, ao mesmo tempo, largado.” Uma das forças de sedução de Grassmann estaria em sua determinação e no seu próprio modo de encarar a arte e os negócios, forjado no seu autodidatismo. Culturalmente, Grassmann se fez sozinho. Era leitor voraz de literatura e artes, mesmo de edições estrangeiras, já que nem todos possuíam traduções, em sua juventude. Aprendeu inglês, por exemplo, lendo Drácula, de Bram Stocker, no original. O gravurista diz que preferiu formar seu próprio estilo, sem seguir tendências de mercado para “agradar compradores”, mesmo que isso o prejudicasse financeiramente. Faria jus ao lema em latim inscrito no brasão paulistano, “Non Ducor Duco” (não sou conduzido, conduzo). “Se o artista não impuser seu gosto, é melhor nem começar. Se você faz parte do grupo para ganhar forças, é um mau condutor,” declara. Ligado à etimologia, ele deve saber que seduzir é um modo de conduzir. O verbo romano “seducere” parte do mesmo “duco” latino para guiar, comandar, levar para onde se deseja. Quando insisto em questioná-lo sobre sua sedução, ele para por alguns segundos e afirma, com feição analítica, que o sedu-

SEDUÇÃO E

Poder

Grassmann nunca seguiu tendências de mercado, sempre foi desbravador

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