Quarta-feira, 19 de março de 2008
Cidades
A CIDADE
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“A falta de resposta é um descaso. Isso vai gerar até greve”, diz Wagner Rodrigues, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, sobre a demora da prefeitura em responder às reivindicações salariais.
APERTA QUE CABE
Merval Pereira
F.L.PITON 19/02/2008
Contra o terror
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combate ao terrorismo continua sendo o ponto central da política, tanto interna quanto externa, dos Estados Unidos, e essa prioridade explica a ênfase que, nas conversas que manteve em sua recente visita ao país, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pôs na necessidade de impedir que grupos terroristas recebam apoio em outros territórios para organizar seus ataques. Isso explica também a recusa dos Estados Unidos em aceitar, na resolução da reunião de chanceleres encerrada ontem em Washington, a condenação da OEA ao ataque da Colômbia às Farc dentro do território equatoriano, que os EUA consideram um gesto de autodefesa. Um artigo de ontem do “The New York Times” trata justamente da nova maneira de encarar o combate ao terrorismo que está sendo colocada em prática pelas forças de segurança dos Estados Unidos. Além de adotar táticas de guerrilha para surpreender os terroristas, como não ter procedimentos rotineiros e fazer vistorias randômicas pelas cidades e principais pontos passíveis de um ataque, impedindo assim que os possíveis terroristas tenham condições de rastrear suas ações, um dos pontos principais da nova política de dissuasão é tentar secar as fontes de apoio do terrorismo. A tese é que se for possível deter a rede que apóia o terrorismo, e que o torna viável, será possível tornar eficiente uma política preventiva. Os objetivos principais dessa ação são os recrutadores, os financiadores, os que provêem segurança local aos terroristas e os Estados que emprestam seu território para se transformarem em santuários de proteção a esses terroristas, de onde podem planejar e executar ataques a outros territórios.
P C M A
Carta da ONU Por isso, na reunião que se encerrou ontem em Washington, os Estados Unidos fizeram questão de registrar que, embora apoiassem o esforço “desta resolução para fortalecer a confiança entre a Colômbia e o Equador no intuito de abordar a crise subjacente”, não concordavam com a conclusão do parágrafo resolutivo 4 “por ser altamente orientado a fatos específicos e não levar em consideração outras disposições da Carta da OEA e da Carta da ONU”. Esses artigos defendem a soberania territorial e a não ingerência nos assuntos de outros Estados. Os Estados Unidos, além de tudo, consideram que essa resolução da OEA não afeta “o direito da autodefesa nos termos do artigo 22 da Carta da OEA e do artigo 51 da Carta da ONU”. A negociação dos termos da resolução de ontem foi longa e tensa, e o texto final foi adiado principalmente porque o Equador só aceitava um documento que no mínimo “condenasse” a ação da Colômbia em seu território, mas acabou tendo que se contentar com o uso da palavra “repudiar”.
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PAÍS QUE TOLERA TERRORISTAS COM ARMAS NUCLEARES É RESPONSÁVEL Também os Estados Unidos insistiram para que a palavra “terrorismo” constasse do texto, mas o máximo que conseguiram foi o compromisso de todos os Estados membros de combater “as ameaças da segurança provenientes da ação de grupos irregulares ou organizações de criminalidade, especialmente as vinculadas a atividades do tráfico de drogas”. As Farc, que no primeiro documento da OEA sobre o caso era classificada de “grupo irregular”, apareceram, portanto, por inteiro no texto da resolução final de ontem, com a referência indireta à sua vinculação ao tráfico de droga. Há também uma explicação para a informação, lançada logo no começo da crise provocada pela morte do número dois das Farc, Raul Reyes, de que em seu computador foram encontrados indícios de que a organização se preparava para comprar urânio. Bomba suja Essa informação, que desapareceu dos noticiários em seguida, sugeria que haveria a possibilidade de fabricação de uma “bomba suja” pelas Farc, o que foi considerado por especialistas uma possibilidade tão remota quanto Sadam Hussein ter as tais armas de destruição em massa que justificaram a invasão do Iraque. Sabe-se que essas armas nunca existiram, mas a administração Bush continua convicta de seu acerto em invadir o Iraque. Da mesma maneira, os Estados Unidos defendem o direito da Colômbia de atacar as Farc em território equatoriano, e a secretária Condoleezza Rice usou palavras fortes para condenar as Farc nas conversas brasileiras. Ela se referiu ao líder guerrilheiro morto como alguém que tinha “sangue nas mãos”, e disse que o presidente Álvaro Uribe tinha feito com que a Colômbia voltasse a ter uma esperança de futuro de paz. A ameaça do uso de armas nucleares em ataques terroristas pelo mundo é uma obsessão da política de segurança dos Estados Unidos. Em recente declaração, o presidente Bush disse que os Estados Unidos consideram “totalmente responsável” qualquer nação que divida armas nucleares com outro estado, ou com terroristas. A interpretação oficial é de que qualquer país que permita que terroristas tenham armas nucleares é tão responsável por um ataque quanto os próprios terroristas, uma maneira de dissuadir qualquer Estado de ajudar grupos terroristas. É nesse campo que estão colocadas as regras do jogo também aqui na América do Sul, e por isso os Estados Unidos tentaram fazer valer a interpretação de fronteiras flexíveis para o combate ao terrorismo.
TODOS JUNTOS O prefeito Welson Gasparini, o vereador Gilberto Abreu e o secretario do Meio Ambiente, Xico Graziano, em visita ao lixão
Prefeitura de RP aposta na prorrogação do aterro Gasparini diz que secretário estadual do Meio Ambiente prometeu sobrevida ao lixão SIMEI MORAIS
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prefeito Welson Gasparini (PSDB) disse ontem que o secretário estadual de Meio Ambiente, Xico Graziano, se comprometeu a prorrogar o funcionamento do aterro sanitário. O encerramento está marcado para 19 de agosto, mas a prefeitura ainda não sabe o que fazer com o lixo após a data. “O secretário me prometeu que amplia [o prazo] se necessário”, afirmou Gasparini após reunião com a Comissão Especial de Estu-
dos (CEE) da Câmara, que acompanha a licitação do novo sistema de tratamento e destinação do lixo. Gasparini esteve com Graziano na segunda-feira, em São Paulo. Ontem, por meio da assessoria de imprensa, o secretário estadual condicionou a prorrogação a um fato “relevante” e às adequações que a Cetesb exigiu ao Daerp, depois de apontar irregularidade nas obras de engenharia do aterro. Graziano disse que “poderá esticar o prazo desde que haja um fato relevante e que a prefeitura cumpra as exigências em relação
QUEDA DE BRAÇO
Transição Segundo o presidente da CEE da Câmara, Gilberto Abreu (PV), o secretário deve prorrogar o prazo depois que a prefeitura e vereadores da comissão indicarem nova tecnologia de destinação do lixo. O período de transição do aterro para o novo modelo deve pesar na decisão de Graziano. “O secretário aguarda uma proposta factível e viável. Aí haverá tolerância de
implantação do processo”, afirma o vereador. O prefeito diz querer incluir o Ministério Público no debate sobre o edital da licitação, que irá selecionar a empresa concessionária do serviço. O promotor Sebastião Sérgio da Silveira já havia manifestado que o edital a ser publicado, sem definir critérios como tecnologia e condições de serviço, seria questionado juridicamente. “Se deixasse em aberto, o edital iria direcionar a licitação, porque apontaria para o único aterro que existe na região, o de Guatapará”, afirma Silveira.
PELO AUMENTO MATHEUS URENHA 01/03/2007
ASSEMBLÉIA Servidores participam de reunião no começo de março
Servidores falam em greve por reajuste Os servidores municipais realizam hoje uma assembléia para definir o posicionamento para a próxima etapa da campanha por reajuste salarial. Sem resposta da prefeitura sobre as reivindicações, os servidores falam até em possibilidade de greve. “A falta de resposta é um descaso. Com certeza isso vai gerar um calendário de paralisações ou até greve”, diz Wagner Rodrigues, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais. A pauta de reivindicações foi entregue no final de fevereiro. Entre os itens, há o pedido de aumento salarial de 14,4%. Até ontem à noite a administração não marcou reunião com o sindicato para discutir o assunto, segundo os sindicalistas. Ontem à tarde, o prefei-
ao aterro”. O superintendente do Daerp, Darvin Alves, diz que a série de requisitos está em andamento.
to Welson Gasparini (PSDB) afirmou à reportagem que se reuniu, pela manhã, com a comissão da prefeitura encarregada de conduzir as negociações. “Salvo engano, eles iriam se reunir hoje (ontem) à tarde com a comissão do sindicato”, disse o prefeito, que apontou a secretaria de Negócios Jurídicos como responsável pela informação. A reportagem não conseguiu confirmar a informação com a secretaria. Ontem de manhã, os funcionários do Daerp realizaram a chamada “paralisação de advertência”, por uma hora. Hoje, a ação deve se repetir entre servidores das secretarias de Infra-estrutura e de Saúde, na divisão de Controle de Vetores, de acordo com o sindicato.
Auditores fiscais de RP aderem à greve Os auditores fiscais da Receita Federal, em Ribeirão Preto, aderiram à greve nacional por tempo indeterminado desde o início da manhã de ontem. Os trabalhadores reivindicam 42% de reajuste salarial e plano de carreira. Na Delegacia Sindical de Ribeirão Preto, que tem cerca de cem auditores fiscais, a estimativa é de 60% de adesão. “O prazo que havíamos estipulado para chegarmos a um acordo expirou ontem, por isso deflagramos o movimento”,
afirma o secretário da Unafisco em Ribeirão Preto, Angel Nasser Tritto. De acordo com Tritto, a próxima assembléia está marcada para amanhã, dia 20, para deliberar sobre novas propostas e a continuidade da greve. “Teremos assembléias nas sedes locais do sindicato”, diz. A Unafisco garante que 30% do atendimento, estipulado por lei, será mantido durante o período de paralisação nos serviços essenciais.
OUTDOORS GIGANTES
Poluição visual é tema de reunião do Comur Redondo como um hambúrguer, o enorme outdoor de uma lanchonete na esquina das ruas São Sebastião e Tibiriçá é apenas um dos exemplos da poluição visual de Ribeirão Preto, discutidos na noite de ontem na primeira reunião do Conselho de Urbanismo (Comur) sobre a Lei do Mobiliário Urbano. O encontro reuniu 30 pessoas, na sede da ACI-RP. O arquiteto José Antonio Lanchotte apresentou imagens
com os problemas urbanísticos de Ribeirão, comparando-os com as soluções adotadas em cidades que resolveram ou minimizaram esses problemas. Há quatro anos, a Secretaria de Planejamento e Gestão Ambiental aguarda que a Câmara vote o projeto de lei sobre o tema. Os vereadores negam que a demora esteja relacionada a lobby das empresas que veiculam publicidade.