Lixo em Ribeirão Preto 04/11/2008

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A CIDADE

Cidades

Terça-feira, 04 de novembro de 2008

ESGOTADO EM AGOSTO

Aterro de RP duraria até 2054 Validade seria de 66 anos e não 20 anos se a cidade aproveitasse 70% do lixo; hoje recicla menos de 1% CAROLINA ALVES/ESPECIAL 11/SET/08

SIMEI MORAIS

O

aterro de Ribeirão Preto, que funcinou por 20 anos e está com a capacidade esgotada, poderia ser utilizado até o ano de 2054. Isso se o município reciclasse boa parte de seus resíduos, com base em dados fornecidos por especialistas. Hoje o volume reciclado é irrisório, menos de 1%. O professor Marcos Avezum Alves de Castro, da Unesp, afirma que até 70% do lixo é reciclável. Se isso ocorresse, o aterro receberia apenas um terço do lixo do que hoje é depositado no local. Em vez de 20 anos, portanto, a vida útil do espaço seria de 66 anos, chegando a 2054. Alguns teóricos vão mais além e afirmam ser possível reciclar até 90% do lixo. “Se gastasse só 10% do volume necessário, cada ano de vida útil se multiplica por dez”, aponta Sabetai Calderoni, consultor da ONU sobre resíduos sólidos e presidente do Instituto Brasil Ambiente. Nesse caso, a capacidade do local passaria a ser de 200 anos. Em vez de encerrar agora, como determina a Cetesb, poderia receber mais resíduos até o longínquo ano de 2189. Mas a vida útil poderia ser ainda mais estendida se houvesse redução do uso de embalagens, por exemplo. A reciclagem, para os especialistas, não deve ser en-

Curtas Saúde confirma 11º caso de raiva animal O Centro de Controle de Zoonoses de Ribeirão Preto notificou, ontem, o 11º caso de morcego contaminado com raiva animal em 2008. O morcego, da espécie glossophaga soricina, foi encontrado vivo no restaurante central do campus da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com a chefe do controle de zoonoses, Eliana Collucci, esse é o primeiro exemplar desta espécie encontrado com raiva no município. (EPTV.com)

Fazenda divulga tabela de cálculo do IPVA 09

SATURADO Máquina na montanha de lixo no aterro municipal, que funcionou de 1989 até agosto deste ano e ganhou sobrevida de 6 meses

carada como solução total para o lixo. “A reciclagem é um dos braços do gerenciamento de resíduos. O principal é a redução do consumo”, afirma Castro. Ele diz que um dos desafios da reciclagem é a viabilidade financeira. E cita que a redução de impostos para recicláveis ou a taxação maior de matérias virgens seriam incentivos. Já Calderoni defende que a reciclagem pode ser implantada pelo município com sustentabilidade financeira. “A cidade teria [com a reciclagem] retorno de US$ 28 milhões por ano [R$

60,704 milhões, na cotação de ontem]”. Calderoni diz, ainda, que, para a matéria orgânica, o melhor meio de reciclagem é a compostagem e não a queima do resíduos com finalidade de geração de energia. A queima era discutida pela prefeitura até antes das eleições. O especialista aponta que, com a incineração, há desvantagem energética e econômica. “Perde-se energia para a queima e as cinzas podem ter agentes contaminantes. A compostagem resulta em fertilizante, com maior valor econômico”.

RIBEIRÃO E O LIXO Hoje o aterro recebe 500 toneladas diárias. Se reciclasse 70% do lixo, o local receberia só 150 toneladas de resíduos por dia.

A vida útil do aterro mais que triplicaria: em vez de 20 anos, teria 66 anos de uso. O aterro, que já está esgotado, duraria até o ano de 2054.

Se reciclasse até 90% do lixo, a capacidade do aterro chegaria a 200 anos e iria até o ano 2189.

ATERRO VENCIDO

Prefeitura prepara licitação A prefeitura de Ribeirão vai publicar, em até 30 dias, edital para contratar os serviços de um aterro sanitário. A informação é do prefeito Welson Gasparini (PSDB). O atual aterro pode funcionar no máximo até o final de abril, por determinação da Cetesb. O local funcionou de 1989 até agosto, quando foi impedido pela Cetesb de receber as 500 toneladas diárias de resíduos por ter esgotado sua capacidade. Na sexta-feira, a Cetesb liberou o uso do aterro por mais seis meses. E deu prazo de até um mês para que a prefeitura apresentasse solução final para o lixo da cidade. O prefeito não diz o período de contrato especificado no edital nem o valor que a prefeitura

pagará pelo serviço. “Até Guatapará pode ganhar”, diz, se referindo ao aterro particular CGR (Centro de Gerenciamento de Resíduos). “Vamos fazer licitação para aterro e a nova administração continuará os estudos, ela pode até no futuro resolver ter um aterro da prefeitura”. O CGR pertence aos mesmos donos da Leão & Leão, que detém o contrato atual para operar o aterro de Ribeirão. É para lá que o lixo da cidade foi enviado de agosto até sexta-feira passada. Próximo governo A prefeita eleita Dárcy Vera (DEM) não quis comentar o assunto. Por meio da assessoria, disse que, até dezembro, a responsabilidade pelo governo é de Gasparini.

A Secretaria da Fazenda divulgou a tabela de valores venais utilizada para calcular do IPVA de 2009. A Fipe apurou os valores a partir do preço médio dos automóveis praticado no mercado em setembro deste ano. Para obter mais informações a respeito de valores, datas de pagamento e rede bancária autorizada, a Secretaria dispõe de serviço de informação ao cidadão por meio do telefone 0800-170110 e na internet www3.fazenda.sp.gov.br.

UFScar promove vestibular indígena A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) recebe, a partir de hoje, inscrições para o vestibular 2009 voltado exclusivamente para candidatos indígenas. São oferecidas 57 vagas, uma em cada curso oferecido pela Universidade. Para se inscrever, o candidato deve ter declaração que comprove o vínculo com qualquer etnia brasileira, desde que assinada pela liderança da etnia e reconhecida pela Funai. A ficha de inscrição e o questionário podem ser obtidos através do site (www.vestibular. ufscar.br). O Vestibular será realizado em fase única, com provas nos dias 4 e 5 de fevereiro de 2009, no campus São Carlos da UFSCar.

CONGRESSO GUARANI

TEMPO MUITAS NUVENS, POUCA CHUVA O sol aparece junto de muitas nuvens no norte paulista nesta terça-feira e o tempo fica abafado. Há previsão de pancadas de chuva a partir do meio da tarde.

Fertilização em canaviais pode prejudicar aqüífero J.F.PIMENTA

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Bebedouro Jaboticabal Monte Alto Taquaritinga São Joaquim da Barra Morro Agudo Altinópolis Serra Azul São Simão Sales Oliveira Guatapará Luís Antônio

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Os insumos químicos utilizados na cultura da canade-açúcar podem contaminar o aqüífero Guarani. Materiais que não são totalmente absorvidos pela planta, como o nitrogênio, que entra na composição de fertilizantes, podem tornar a água imprópria para o consumo. A avaliação é de especialista que participa do 2º Congresso Aqüífero Guarani O geólogo Didier Gastmans, da Unesp, comenta que a área plantada é extensa. O impacto, diz, seria semelhante ao de acidente com uma carreta de produto tóxico em área de recarga, na zona Leste de Ribeirão. “Mas isso ainda é uma hipótese, não está comprovado”. Congresso Estudos que mostram a potencialidade e o movimento das águas no manancial subterrâneo serão discutidos de hoje a sexta-feira, no congresso (www.aquiferoguaranicongresso.com.br). O evento é realizado em Ribeirão, um dos quatro pólos em que os projetos foram desenvolvidos. O município, que tem áreas de recarga de água, é abastecido totalmente pelo lençol do Guarani.

ESPECIALISTA Geólogo Didier Gastmans, da Unesp, vê risco nos químicos

Os especialistas discutem, além dos resultados dos estudos, a formação de um grupo entre os quatro países por onde o Guarani passa (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) para gerenciar o aqüífero. A intenção é usá-lo de forma sustentável. “O projeto se encerra em janeiro e os países têm que usar os estudos para a gestão do Guarani”, diz o argentino Jorge Rucks, da Organização dos Estados Americanos (OEA). Ele defende a criação de um órgão de articulação entre os países. Localmente, o geren-

ciamento contaria com leis que restrinjam a abertura de poços em áreas onde a água mais reduziu, aponta Luiz Amore, secretáriogeral do Projeto Aqüífero Guarani. “Na área central de Ribeirão, já rebaixou 60 metros”. Ele diz que, por enquanto, os números são mais visíveis entre técnicos. Mas, em dez anos, os efeitos serão mais próximos da população. “Os poços terão de ser abertos em áreas mais afastadas do Centro. Isso vai demandar canalização, e o custo da água vai aumentar”.


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