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14 I .EDU I Terça-feira, 29 de Setembro de 2015
A ideia de solução deve vir no fim do texto, diz Simone, porque depende da organização do raciocínio e dos problemas levantados ao longo da dissertação. E deve ser factível, envolvendo ao menos três agentes. “A solução nunca deve partir só do governo. Também deve passar pela sociedade e pela família, ou por outras instituições, como a escola e ONGs, dependendo do assunto”, esclarece Maria Aparecida, do Objetivo. Banco de apostas. Com viés nacional e social, a redação do Enem também possui seu banco de apostas sobre possíveis assuntos que poderão estar em foco na prova. “O tema é definido entre maio e junho, quando a prova é elaborada”, comenta Simone. “E sempre será um tema bem
DEPOIMENTO
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Opção. Com boa nota, Livia escolheu onde estudar
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divulgado na sociedade”, destaca Maria Aparecida. O programa Mais Médicos, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das Domésticas, a lei do feminicídio, a desigualdade de gênero, o bullying nas escolas, a intolerância religiosa, a violência nas redes sociais e a mobilidade urbana são passíveis de dar cara à prova, avalia a professora do Objetivo. “Em mobilidade não entram apenas as ciclovias de São Paulo, mas as questões que envolvem as grandes cidades no País, como estrangulamento de trânsito e excesso de carros”, exemplifica Simone, do Etapa. Para a professora, ainda cabem como tema da redação assuntos como matriz energética e meio ambiente (com energias eólica e so-
lar), crise hídrica no abastecimento de água e na geração de energia, novos formatos de família, jovens e o abuso de bebidas cada vez mais cedo e o uso da maconha para fins medicinais (por exemplo, no combate de epilepsias e outras síndromes). Além de ler jornais epesquisar em fontes fidedignas sobre esses temas, Fazzolari aconselha exercitar a escrita opinativa, produzindo alguns parágrafos logo após a leitura de editoriais e reportagens. “Se possível, leia aos amigos, pais e irmãos para verificar se o ponto de vista ficou claro. A clareza é um dos aspectos mais importantes nas redações”, diz o professor do Porto Seguro. “Seja qual for o tema da redação, ele estará vinculado ao nosso modo de vida, à nossa cultura.”
DICAS PARA UMA BOA REDAÇÃO Editorial de jornal: Leia ao menos um por dia. Ajuda a se familiarizar com dissertações e a se manter atualizado.
cunho e passar a limpo após resolverasquestões.Sefor escrever o texto depois, anote ideias que surgirem ao longo da prova.
Tempo de prova: Se você gasta uma hora e meia com a redação, vá reduzindo esse tempo até 70 ou 50 minutos. A prova inteira (redação mais 90 questões) dura cinco horas e meia.
Letra legível: Se sua cursiva
Tema: Na prova, abra na redaçãoeleiaostextosdeapoio.Sublinheaspalavras-chave eidentifique a ideia central. Jápense na intervenção enquanto fizer a leitura dos textos motivadores.
Respeito à norma culta:
Rascunho: Os professores indicam fazer a redação no ras-
forilegível,optepelaletradeforma. O texto é escaneado para ser corrigido em computador. Sealetra não for legível,issopode dificultar o entendimento.
Nãouse coloquialismo, abreviações e gírias. Valorize gramática, ortografia e pontuação.
Título da redação: O título não é obrigatório na redação do Enem, mas ajuda o autor a consolidar seu ponto de vista.
Livia Armentano Sargi, estudante de Direito
‘Tirei nota 1.000 na redação do Enem!’ “Cinco horas e meia de prova e o futuro nas suas mãos. O segundo dia do Enem foi uma dascoisasmaistemidasnoúltimo ano do ensino médio. Por isso, passava horas buscando temas atuais, praticando a escrita e marcando o tempo. No dia da prova, levei uma hora e meia para fazer meu plano de texto e orascunho.Depois, medediqueiaostestes enosúltimos 30 minutos passei a redação a limpo. A prova dequededicaçãovale apena não tardou: tirei nota 1.000 na redação do último Enem! O exame complementou minha nota na Unesp (Universidade Estadual Paulista), na Faculdade de Direito, em Franca, onde curso o segundo semestre. Também passei em primeiro lugar na FDF (Faculdade de Direito de Franca), além de ter sido aprovada, pela nota
do Enem, na UFPR (Universidade Federal do Paraná). Éengraçadoporquemesesantes eu falei brincando, para um amigo, que ia tirar 1.000 na redação do Enem. Foi incrível alcançar isso. Eu gostei muito da perspectiva que consegui abordar no texto, bem diferente do que a maioria dos colegas abordou. Acredito que fugir do óbvio é imprescindível,assimcomoprestaratençãoàproposta de intervenção, o que costuma tirar mais pontos: o importante é ser concreto, não adianta pregar soluções do tipo “conscientizar a população”, que é muito aleatório. Sempre gostei mais de ler do que escrever. Tenho perda auditiva neurossensorial bilateral moderada – ouço cerca de 50% menos do que uma pessoa com audição padrão escuta. Eu acredito que isso influenciou meu hábito de leitura porque, quando criança, tinha dificuldade em assistir televisão e fazer amigos, o que me voltou para os livros. Tinha de me sentar na primeira carteira e prestar atenção dobrada, o que talvez me
fez ser boa aluna, gostar de Física, História e Filosofia. Chega um momento em que você percebequeleituraeescritasecomplementam. Quem lê bem escreve bem. Fui adquirindo gosto por escrever no ensino médio, quando fazia uma ou duas redações por semana. A prática foi muito importante nesse processo. Nãopossomentiredizerqueestudava dezhoras por dia,porque tambémnão acho que isso ajude. O fundamental é estabelecer metas para si mesmo e se comprometer a cumpri-las. Isso é disciplina e foi o que mais me ajudou no ensino médio e continua me auxiliandonafaculdade.Semprequisserjuíza, mas estou curtindo a ideia de ser promotora. Em qualquer função, a escrita será fundamental. Finalizo com uma frase de Sêneca queminhaprofessoracitounaprimeira aula de redação, no ensino fundamental, e na época, sinceramente, achei brega, mas hoje entendo perfeitamente o que ela quis dizer: ‘Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir’.”