Revista M&T - Ed. 278 - Outubro 2023

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ESCAVADEIRAS

REVISTA M&TMERCADO & TECNOLOGIA Nº 278 - OUTUBRO - 2023 - WWW.REVISTAMT.COM.BR Nº 278OUTUBRO2023
TECNOLOGIAS EMBARCADAS APRIMORAM O DESEMPENHO ESCAVADEIRASTECNOLOGIAS EMBARCADAS APRIMORAM O DESEMPENHO AINDA NESTA EDIÇÃO: GESTÃO DE FROTAS AVANÇA COM NOVOS SISTEMAS

A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DOS CANTEIROS

A tecnologia vem evoluindo rapidamente e, ao que tudo indica, não vai parar tão cedo. Como resultado, os equipamentos utilizados nos canteiros de obras evoluíram para atender às necessidades em constante transformação na construção, fazendo com que o setor busque maneiras de adotar essas novas tecnologias para ter sucesso. Nesse sentido, vem crescendo a expectativa em torno de uma transformação digital iminente nos canteiros de obras. Embora alguns componentes dessa transformação ainda não tenham se materializado plenamente, em muitos aspectos a transformação digital do setor já começou. Durante sessão de conteúdo apresentada na ConExpo 2023, realizada em março em Las Vegas, o gerente de soluções inteligentes de construção da Komatsu America, Jason Anetsberger, avaliou as tecnologias que já estão disponíveis no mercado, bem como o rumo que o setor pode tomar no

inteligentes”, ressalta. “No setor de equipamentos, especificamente, é essencial que as OEMs ampliem esses recursos e ganhem a confiança dos usuários finais.”

Para Anetsberger, a digitalização permite que o setor integre tecnologia à oferta, fornecendo soluções orientadas por dados em tempo real. “Isso já está acontecendo, seja na nuvem ou por meio de aplicativos interconectados”, diz ele, destacando que a automação vem sendo usada há anos no setor. “No entanto, os recursos tecnológicos continuam restritos a nichos”, avalia. “Por isso, é importante que os dados e as soluções automatizadas possam trabalhar em conjunto, de modo que todos os dados sejam registrados e efetivamente utilizados.”

No futuro, reforça Anetsberger, o setor de construção deve trabalhar para obter canteiros de obras nos quais as tarefas digitais sejam criadas a partir de um plano ideal de

“No futuro, o setor deve trabalhar para obter canteiros de obras nos quais as tarefas digitais sejam criadas a partir de um plano ideal de construção, com a autonomia funcionando em harmonia com o maquinário.”

futuro. “Atualmente, temas como digitalização, automação e sustentabilidade não são apenas tendências, mas sim uma realidade do setor”, diz ele. Segundo o especialista, a progressão dessas áreas oferece o meio natural no qual a transformação digital se enraizará. Em qualquer setor, ele acentua, a transformação digital é definida como o processo de adoção e implementação de novas tecnologias digitais para criar e aprimorar produtos e serviços. “No setor de construção, as tecnologias digitais do futuro incluem automação, modelagem digital e equipamentos

construção, com a autonomia funcionando em harmonia com o maquinário. De olho nessa necessidade, a Sobratema também vem tratando do assunto em conteúdos editoriais da Revista M&T e eventos on-line como o realizado em setembro, quando reuniu especialistas para debater o tema, dando origem à reportagem que o leitor pode conferir em primeira mão nesta edição. Boa leitura.

EDITORIAL 3 OUTUBRO/2023

Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração

Conselho de Administração

Presidente: Afonso Mamede (Filcam)

Vice-Presidentes:

Carlos Fugazzola Pimenta (CFP Consultoria)

Eurimilson João Daniel (Escad)

Francisco Souza Neto (Alya Construtora)

Jader Fraga dos Santos (Ytaquiti)

Juan Manuel Altstadt (Herrenknecht)

Múcio Aurélio Pereira de Mattos (Entersa)

Octávio Carvalho Lacombe (Lequip)

Paulo Oscar Auler Neto (Paulo Oscar Assessoria Empresarial)

Silvimar Fernandes Reis (S. Reis Serviços de Engenharia)

Conselho Fiscal

Carlos Arasanz Loeches (Eurobrás) – Everson Cremonese (Metso)

Marcos Bardella (Shark)

Permínio Alves Maia de Amorim Neto (Getefer)

Rissaldo Laurenti Jr. (Würth) – Rosana Rodrigues (Epiroc)

Diretoria Regional

Domage Ribas (PR) (Crasa) – Gervásio Edson Magno (RJ / ES) (Magno

Engenharia e Consultoria) – Jordão Coelho Duarte (MG) (Skava-Minas)

José Luiz P. Vicentini (BA / SE) (Terrabrás) – Marcio Bozetti (MT) (MTSUL)

Rui Toniolo (RS / SC) (Toniolo, Busnello)

Diretoria Técnica

Adriano Correia (Wirtgen/Ciber) – Aércio Colombo (Automec) – Agnaldo Lopes

(Consultor) Alessandro Ramos (Ulma) – Alexandre Mahfuz Monteiro (CML2) – Amadeu

Proença Martinelli (W.P.X. Locações) – Américo Renê Giannetti Neto (Consultor)

Anderson Oliveira (Yanmar) – Benito Francisco Bottino (Minério Telas) – Carlos Eduardo

dos Santos (Dynapac) – Carlos Magno Cascelli Schwenck (Barbosa Mello) – Chrystian

Moreira Garcia (Komatsu) – Daniel Brugioni (Mills) – Daniel Poll (Liebherr) – Edson Reis

Del Moro (Hochshild Mining) – Eduardo Martins de Oliveira (Santiago & Cintra) – Fabrício de Paula (Scania) – Felipe Cavalieri (BMC Hyundai) – Gustavo Rodrigues (Brasif) – Ivan

Montenegro de Menezes (New Steel) – Jorge Glória (Comingersoll) – Luiz Carlos de Andrade Furtado (Consultor) – Luiz Gustavo Cestari de Faria (Terex) – Luiz Gustavo R. de Magalhães Pereira (Tracbel) – Luiz Marcelo Daniel (Volvo) – Mariana Pivetta (Cummins)

Maurício Briard (Loctrator) – Paula Araújo (New Holland) – Paulo Trigo (Caterpillar)

Renato Torres (XCMG) – Ricardo Fonseca (Sotreq) – Ricardo Lessa (Lessa Consultoria)

Rodrigo Domingos Borges (Sertrading) – Rodrigo Konda (Consultor) – Roque Reis (Case) – Silvio Amorim (Schwing) – Thomás Spana (John Deere) – Walter Rauen de Sousa (Bomag Marini) – Wilson de Andrade Meister (Ivaí) – Yoshio Kawakami (Raiz)

Gerência de Comunicação e Marketing

Renato L. Grampa

Gerência Comercial

Renato Tedesco

Assessoria Jurídica

Marcio Recco

Revista M&T – Conselho Editorial

Comitê Executivo: Silvimar Fernandes Reis (presidente)

Alexandre Mahfuz Monteiro – Eurimilson Daniel – Norwil Veloso

Paulo Oscar Auler Neto – Permínio Alves Maia de Amorim Neto

Produção

Editor: Marcelo Januário

Jornalista: Melina Fogaça

Reportagem Especial: Antonio Santomauro e Santelmo Camilo

Revisão Técnica: Norwil Veloso

Publicidade: Evandro Risério Muniz, Felipe Sousa Baptista e Suzana Scotini Callegas

Produção Gráfica: Diagrama Marketing Editorial

A Revista M&T - Mercado & Tecnologia é uma publicação dedicada à tecnologia, gerenciamento, manutenção e custos de equipamentos. As opiniões e comentários de seus colaboradores não refletem, necessariamente, as posições da diretoria da SOBRATEMA.

Todos os esforços foram feitos para identificar a origem das imagens reproduzidas, o que nem sempre é possível. Caso identifique alguma imagem que não esteja devidamente creditada, comunique à redação para retificação e inserção do crédito.

Tiragem: 5.000 exemplares

Circulação: Brasil

Periodicidade: Mensal

Impressão: Pifferprint

Endereço para correspondência:

Av. Francisco Matarazzo, 404, cj. 701/703 - Água Branca

São Paulo (SP) - CEP 05001-000

Tel.: (55 11) 3662-4159

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Media Partner:

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outubro / 2023

EXPEDIENTE ÍNDICE 4 REVISTA M&T EXPEDIENTE ÍNDICE 12 ESCAVADEIRAS Assistência aprimora o desempenho da máquina 31 27 22 EMPRESA Celeiro de alta tecnologia
INFRAESTRUTURA
para obras complexas CORREIAS TRANSPORTADORAS Segurança redobrada na operação
ESPECIAL
Investigações

36

Capa: A escavadeira CX220C em operação de movimentação de terra em talude (Imagem: Case CE).

44

GESTÃO DE FROTAS A disruptura da conectividade

54

GESTÃO DE FROTAS Avanço em direção às preditivas

50

A ERA DAS MÁQUINAS A mecanização da pavimentação

57

FABRICANTE Brasil se torna fornecedor exclusivo para tratores de esteira da CNHi

66

MANUTENÇÃO Atendimento na frente de operação

ENTREVISTA

LUIS MIGUEL TORRES SILVA “A ideia é que o cliente faça o gerenciamento digital dos equipamentos”

SEÇÕES 66 COLUNA DO YOSHIO PAINEL 06 27 ESPECIAL INFRAESTRUTURA REVISTA M&T MERCADO & TECNOLOGIA Nº 278 OUTUBRO - 2023 WWW.REVISTAMT.COM.BR 278 OUTUBRO 2023 ESCAVADEIRAS TECNOLOGIAS EMBARCADAS APRIMORAM O DESEMPENHO ESCAVADEIRAS TECNOLOGIAS EMBARCADAS APRIMORAM DESEMPENHO AINDANESTAEDIÇÃO:
GESTÃODEFROTASAVANÇACOMNOVOSSISTEMAS

Case CE lança nova retroescavadeira no Brasil

Indicado para construção civil, projetos de infraestrutura, agricultura e atividades de rental, o modelo 580N Serie 2 HD traz motor eletrônico Tier 3 de 142 hp e chega ao mercado com a promessa de unir potência do motor com eficiência e precisão nos movimentos, além de trazer novos opcionais e mais conforto e segurança para o operador.

Mecalac introduz nova escavadeira ferroviária na América do Norte

Indicada para construção e manutenção de ferrovias, aplicações com trens, sistemas de metrô e túneis, a nova geração 216MRail traz novos recursos como acionamento duplo, juntamente com uma relação de peso-potência aprimorada e lança articulada. Como maior máquina da série MRail, o modelo de rodas de 20 ton tem capacidade de elevação de 8 t.

Procenge cria plataforma de gestão para o rental

A Procenge criou uma plataforma que promete facilitar a resolução de problemas e estimular o aquecimento do setor de locação de máquinas pesadas. A plataforma “Pirâmide Locação de Máquinas” promete colaborar com a automação de todas as áreas organizacionais, acelerando o processo de transformação digital no segmento.

WEBNEWS

Seminovos

A Armac inaugura em outubro sua primeira loja de venda de usados em Cotia (SP), buscando facilitar o acesso aos clientes do varejo formado por pequenas e médias empresas.

Rede 1

Com loja matriz em Colombo, a Novafrota Equipamentos é a nova distribuidora para escavadeiras e serviços de pósvenda da Link-Belt no estado do Paraná.

Rede 2

Ao inaugurar a 2ª loja Yamadiesel Equipamentos em Curitiba (PR), a XCMG Brasil anunciou a abertura de outra loja para plataformas e empilhadeiras em Blumenau (SC).

Rede 3

Com matriz em Campo Grande (MS) e filiais em Sinop, Dourados e Cuiabá (MT), o grupo português Nors assumiu a distribuição e o pósvenda das marcas Volvo e SDLG em MT e MS.

Dealer Em uma nova parceria de revenda autorizada, a Bauko passa a distribuir peças genuínas da Cummins no Brasil, aprimorando o suporte técnico dedicado aos clientes no país.

Lançamento

A Epiroc amplia sua gama de perfuratrizes de superfície de operação autônoma com o lançamento do modelo SmartROC D65 MKII, cujo piloto de avaliação foi concluído na Austrália.

M&A

A Wabtec adquiriu a Super Metal, com sede em Governador Valadares (MG) e que produz soluções automatizadas de veículos e equipamentos para operações ferroviárias.

PAINEL 6 REVISTA M&T

Cat apresenta cortadores rotativos para escavadeiras de 20 a 50 t

Indicados para áreas confinadas ou urbanas, os novos acessórios RC20 (para máquinas de 20 a 34 t) e RC30 (28 a 50 t) prometem um corte mais controlado e preciso em operações de demolição e abertura de valas. Compatível com suportes hidromecânicos, o cortador permite o giro de até 180 graus, podendo incluir kit opcional de linhas hidráulicas.

Tracbel e Tigercat anunciam novas soluções para colheita florestal

Mais recente novidade de três rolos para o sistema de colheita CTL, o cabeçote TH 534 oferece design triangulado no braço, com quatro facas móveis e facas dianteiras e traseiras fixas, além de utilizar o novo sistema de controle D7, enquanto o picador Tigercat 6500 pode ser configurado como grinder ou chipper, conforme a necessidade da operação.

Tecnologia permite o rastreamento de ferramentas

Desenvolvido pela Dewalt para gestão de inventários, o sistema Tool Connect rastreia via Bluetooth todo o estoque de ferramentas em um canteiro de obra. Com o sistema, é possível saber exatamente onde está cada item, que pode ser rastreado por meio de um aplicativo ou site, além de controlar a distância funções como potência e tempo de uso.

Cursos do Instituto OPUS de Capacitação Profissional

12 a 15/12

12 a 15/12

ESPAÇO SOBRATEMA

ESTUDO DE MERCADO

No dia 23 de novembro, a Sobratema divulga informações inéditas do Estudo do Mercado Brasileiro de Equipamentos para a Construção. O consultor Mario Miranda, coordenador do relatório, apresenta os dados econométricos das vendas de máquinas em 2023 e as projeções para 2024. O conteúdo também inclui a visão de dealers, fabricantes, construtoras e locadoras sobre o mercado de máquinas, a economia e a construção no próximo ano. Informações: www.sobratema.org.br/Programas/300546

CUSTO-HORÁRIO

O programa Custo Horário de Equipamentos ganhou nova atualização em agosto. Com isso, passa a contar com 1.747 modelos de máquinas, em um acréscimo de 19 novos modelos ante a última atualização. O programa é um serviço exclusivo aos associados da Sobratema, que podem realizar a simulação dos principais custos por hora de cada modelo, por meio da ferramenta Simulador de Custos. Também é possível consultar a tabela-resumo com os valores médios de 125 categorias, por meio de QR Code disponível na Revista M&T. Acesse: https://sobratema.org.br/CustoHorario/Tabela

CANAL NO YOUTUBE

Em setembro, o Canal da Sobratema no YouTube atingiu a marca de 8 mil inscritos, com mais de 459 mil visualizações. Os associados e os internautas têm à disposição mais de 680 vídeos, incluindo os tradicionais eventos “Workshop Revista M&T”, “Fórum Grandes Construções de Infraestrutura”, “Tendências no Mercado de Construção” e “Webinar Sobratema”. No canal também estão hospedados os eventos realizados pelo “Movimento BW”, como as séries BW Works e BW Talks. Acompanhe em: www.youtube.com/user/sobratema

M&T EXPO 2024

Cursos em Dezembro

Movimentação de Carga para Técnicos em Segurança do Trabalho Sede Opus/SP

Supervisor de Rigging

Marcada para o período de 23 a 26 de abril de 2024 no São Paulo Expo, a M&T Expo 2024 já está com 80% da área ocupada. O evento terá lançamentos de máquinas dos principais fabricantes da Linha Amarela, assim como inovações em elevação e movimentação de cargas, concreto e pavimentação. As indústrias de peças e componentes e fornecedores de serviços também exibem suas novidades na feira, que prevê ainda atrações como a “Arena de Demonstração” de equipamentos, possibilitando a interação em tempo real com o público. Informações: www.mtexpo.com.br

OUTUBRO/2023 7

Caçamba ejetora permite descarregar caminhões sem elevar a carroceria

Produzida pela Philippi-Hagenbuch, a linha PHIL Rear Eject é adaptável a qualquer marca e modelo de caminhão OTR articulado e a diversos modelos rígidos. Produzidas em aço de alta resistência, as carrocerias são projetadas com guias integradas e trazem um único cilindro hidráulico, que move a lâmina ejetora e o mecanismo da porta traseira.

Himoinsa disponibiliza ferramenta de diagnóstico para grupos geradores

O novo sistema multimarcas atende grupos geradores alimentados por motores eletrônicos, possibilitado tarefas avançadas de manutenção de forma mais simples e intuitiva. Baseada em software, a ferramenta permite visualizar as condições operacionais dos equipamentos em tempo real, facilitando a leitura de códigos de falhas e os reparos.

Streumaster lança nova geração de espargidores

Com nova geometria do reservatório, as Séries MC e TC apresentam características como dispositivo de enchimento bilateral de alta velocidade, eclusas dosadoras autolimpantes e novo painel de controle, prometendo um espargimento com máxima precisão – com o espargidor projetado como reboque ou para montagem em veículo transportador.

Kyocera apresenta dispositivos móveis especializados

Desenvolvida especialmente para a construção, a tecnologia móvel da marca reúne smartphones 5G, flip phones e diversos acessórios. Ultrarresistente, a linha atual inclui os dispositivos DuraForce Ultra 5G UW, DuraSport 5G UW, DuraXV Extreme+, DuraXA, DuraXE Epic e o novo DuraSlate Tablet, todos exibidos na ConExpo 2023.

PERSPECTIVA

O caminho da descarbonização do transporte é uma batalha que não se vence sozinho. Temos uma matriz energética sustentável que nos favorece, mas precisamos de mais eficiência na produção, contar com o apoio do governo e ter incentivos fiscais e tributários para a criação de uma cadeia nacional de fornecedores e a produção em escala de veículos elétricos no Brasil”, diz Marcio Querichelli, presidente da Iveco para América Latina

PAINEL

JOGO RÁPIDO MÃO DE OBRA

Relatório da consultoria Box1824 estima um déficit de 530 mil engenheiros no Brasil. Atualmente, a oferta de vagas na área não corresponde à procura dos profissionais, um problema com explicações que vão desde o ensino de base à evasão nas faculdades. A aceleração do crescimento econômico no país também é um agravante, pois segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), um crescimento de 6% do PIB requer a entrada anual de mais de 60 mil profissionais no mercado.

TRANSPORTE

De acordo com dados divulgados pela Escola Superior da Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ligada à Universidade de São Paulo (USP), estima-se que as medidas para aumentar a eficiência energética do transporte rodoviário (responsável por 65% da movimentação de carga no país) e o uso de multimodais (ferrovias, hidrovias e navios) podem reduzir os custos operacionais em até 28% e as emissões de CO 2 em 32% até 2050.

AGRONEGÓCIO

Em agosto, o BNDES disponibilizou R$ 5,1 bilhões adicionais no âmbito dos Programas Agropecuários do Governo Federal (PAGFs) do Plano Safra 20232024. Desse total, R$ 3,4 bilhões serão destinados à agricultura empresarial, com destaque ao programa Moderfrota, que terá R$ 1 bilhão para aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas. Para a agricultura familiar, há R$ 1,7 bilhão adicionais por meio do Pronaf.

SUSTENTABILIDADE

O Brasil ficou na 57ª posição no ranking de qualidade do ar divulgado pela empresa suíça IQAir, que avaliou 131 países. O levantamento também apontou que 90% dos países analisados possuem poluição média acima dos parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que são de 5 microgramas por metro cúbico ou menos de impurezas no ar.

Netmak apresenta linha de empilhadeiras a gás

Equipadas com torre triplex, as novas empilhadeiras NTK GLP estão disponíveis em quatro modelos: CPQY 2548 (carga de 2,5 t e elevação de 4,8 m), CPQY 2560 (carga de 5 t e elevação de 6 m), CPQY 3648 (carga de 3,6 t e elevação de 4,8 m), CPQY 3660 (carga de 3,6 t e elevação de 6 m), todos com motor Nissan com tecnologia japonesa de alta potência.

Livro repassa 500 anos de engenharia no Brasil

Organizado por José Carlos T.B. Moraes, a obra “500 Anos de Engenharia no Brasil” (Edusp) repassa a evolução da disciplina no país em 23 capítulos escritos por especialistas ligados à Escola Politécnica da USP e à Escola de Engenharia de São Carlos, permitindo acompanhar a evolução da matéria de maneira sucinta, porém rica em detalhes e com farto material iconográfico, desde uma visão global até discussões atuais em áreas específicas.

Cummins Meritor apresenta novo eixo agrícola

Com design de carcaça fundida compacta, o eixo MS-230 Off-Highway de dupla velocidade foi desenvolvido no Brasil para equipar pulverizadores e colheitadeiras entre 16 e 28 t na configuração

4x2, podendo chegar a 32 t de PBTC para versões de velocidade simples. O início da produção está previsto para junho deste ano, informa a companhia.

Suspensys desenvolve novo conceito para transbordo agrícola

Segundo a empresa, o conceito e-Sys busca ampliar uso do sistema de tração auxiliar elétrico, já disponível para aplicações em caminhões, implementos rodoviários e ônibus. O modelo experimental conta com motores elétricos que promovem acréscimo de 200 cv, com tensões customizáveis de até 24 V, conforme a aplicação e alimentação de energia.

PAINEL 10 REVISTA M&T

Aquajet lança novos acessórios para robô de demolição

Otimizados para o modelo Aqua Cutter 750V, o Extension Kit aumenta o alcance em 1 m lateralmente e 2 m verticalmente, enquanto o Rotolance tem diâmetro de trabalho de 350 mm e traz duas versões (1000 e 2500), com pressão máxima de 1.000 bar e 2.500 bar, respectivamente. Já o acessório Hybrid Kit 3.0 converte o robô a diesel em elétrico, informa a empresa.

Solução da Moldtech promete facilitar a aplicação de concreto

O veículo autopropelido Giraffe promete ser uma solução prática para transporte e aplicação de concreto em fábricas de pré-fabricados, constituindo uma alternativa aos pórticos. O equipamento conta com direção frontal hidráulica, hopper com capacidade de 3 m3 e motor com 70 kW de potência, podendo atingir velocidades de até 20 km/h.

Robit e Sotreq anunciam parceria de distribuição no Brasil

Especialista global em consumíveis de perfuração para os mercados de mineração e construção, a Robit assinou um acordo de distribuição com a Sotreq. A parceria almeja aproveitar a base instalada de clientes da Sotreq no Brasil para expandir a cobertura do setor e fortalecer a rede de distribuição de consumíveis de perfuração na região.

FOCO

Sabemos que cada máquina tem o seu próprio comportamento, de modo que leva algum tempo para ensinar os comportamentos esperados à inteligência artificial. E evitar o estado de falha também não é uma coisa tão simples assim, que baste colocar um sensor e predizer o futuro de uma máquina, pois há um arcabouço de informações que se precisa trabalhar”, diz o engenheiro Rodrigo Rotondo, CEO da Manusis

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ASSISTÊNCIA APRIMORA O DESEMPENHO DA MÁQUINA

SEMPRE AGUARDADAS COM ALTA EXPECTATIVA PELOS USUÁRIOS, NOVIDADES

TECNOLÓGICAS TÊM COLABORADO DE MANEIRA DIRETA PARA APRIMORAR A

PRODUTIVIDADE E A RENTABILIDADE NAS OPERAÇÕES DE ESCAVAÇÃO

Por Santelmo Camilo

Atualmente, os recursos tecnológicos são itens indispensáveis para que as empresas possam atingir padrões de excelência em termos de produtividade e rentabilidade. No segmento de máquinas, essas soluções já fazem parte da rotina nos canteiros. Sistemas como assistentes de operação 3D, balanças, geocercas eletrônicas e dispositivos para identificação de obstáculos são alguns exemplos de novidades que têm aprimorado a operação de escavadeiras. Por conta das diversas vantagens que esses diferenciais propiciam, a aceitação pelo público está em franca ascensão.

Esse crescimento já é percebido pelos principais players da indústria. Para Guilherme Ferreira, engenheiro de suporte a vendas da Volvo CE, os clientes se sentem cada vez

mais atraídos pelos recursos tecnológicos. “Porém, tais artifícios são mais comuns em grandes empresas e/ou em clientes envolvidos majoritariamente em obras de grande porte, que veem mais valor nesses avanços e conseguem mensurar os benefícios de forma mais fácil”, avalia. “Nossa experiência com esses recursos vem de máquinas lançadas em outros mercados, pois ainda não foram disponibilizados nacionalmente, mas serão em um futuro breve”, anuncia.

A aceitação do público em relação às novidades também é notada por Maurício Briones, especialista em aplicação de escavadeiras da Caterpillar. Desde que a fabricante passou a oferecer tecnologias embarcadas em suas máquinas, seja como standard ou opcional, as novidades têm sido bem-recebidas pelos clientes. Entretanto, ele explica que exis-

tem níveis diferentes de aproveitamento de cada um dos recursos. “Há aqueles que desfrutam de todas as possibilidades e outros que sequer se preocupam em utilizá-las”, diz o profissional. “Não é muito diferente se transpusermos essa situação para automóveis ou smartphones.”

Um dos avanços que tem se destacado é a telemetria (leia reportagens nesta edição). “Presente em toda a linha de produtos, a solução auxilia com informações precisas de utilização da máquina”, comenta Marcelo Rohr, especialista de produto da Case CE para a América Latina, lembrando que o consumo de combustível é fator de grande influência na rentabilidade. “A telemetria informa, por exemplo, se a máquina está ociosa, além de emitir alertas de manutenções e falhas.”

No rol de tecnologias há, ainda, câmeras integradas que permitem uma melhor visibilidade, contribuindo para segurança operacional e a velocidade do trabalho. “Modos personalizáveis dão ao operador a possibilidade de otimizar a aplicação, estabelecendo os parâmetros que deseja utilizar e os sistemas de assistência, a fim de melhorar a performance como um todo”, comenta Daniel Poll, diretor comercial e de pós-venda da Liebherr Brasil, que também oferece o LiDAT — sistema de gerenciamento de frota que fornece informações sobre localização e produtividade.

Na Komatsu, a solução de gestão Komtrax possibilita a extração de informações primordiais à operação da frota. “Um exemplo é a capacidade do sistema de separar horas reais trabalhadas de horas em marcha lenta, o que ajuda a identificar oportunidades reais de otimização”, conta Leandro Urvaneja Bueno, gerente de

13 OUTUBRO/2023
LIEBHERR

marketing de produto e administrativo de vendas da Komatsu. “Tudo isso ajuda no aumento de eficiência.”

Para Marcelo Mota, especialista em marketing de produto da New Holland Construction, outra tecnologia que merece destaque é o sistema de identificação de obstáculos. “Com ele, a operação torna-se mais segura, seja no canteiro, pedreira ou mina, pois a máquina consegue identificar, alertar o operador e até mesmo parar o equipamento para evitar possíveis acidentes”, observa. “Também temos observado uma crescente demanda por ferramentas capazes de aumentar a eficiência, como a automação de operações e o controle de nivelamento 2D/3D”, complementa Thomas Spana, gerente de vendas da divisão de construção da John Deere Brasil.

MELHORIAS

De fato, são muitas as tecnologias que melhoram o desempenho das escavadeiras. No caso da balança de pesagem, o sistema auxilia o operador

a monitorar a carga que está sendo distribuída no caminhão, ajudando a evitar excessos. Briones lembra que o uso da balança reduz os custos de retrabalho, além de diminuir o consumo de combustível, principalmente para empresas que trabalham com venda de material em pátio, como

clientes do setor de areia e calcário. “O equipamento com balança onboard reduz bastante os custos envolvidos de qualquer segmento que tenha a necessidade de pesar com frequência o material que está sendo escavado”, explica.

O especialista da Caterpillar menciona ainda que as operações de terraplenagem, construção de condomínios, loteamentos e assentamento de tubos para redes de água e esgoto tiram proveito do uso da tecnologia de greide. Isso porque, antes, havia a necessidade de uma empresa fazer a topografia 24 horas por dia. “Hoje, graças ao sistema 2D, o operador de escavadeira pode fazer tudo sozinho, melhorando bastante o aproveitamento dos recursos”, afirma Briones.

Atualmente, as geocercas eletrônicas também se destacam, determinando limites para o perímetro de alcance dos movimentos da máquina e aumentando a segurança ao evitar impactos em estruturas, tubulações, prédios e outros elementos. Já mencionado por Mota, o sistema de identificação de obstáculos basicamente consiste em uma câmera capaz de

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ESCAVADEIRAS
Clientes notam o valor dos avanços tecnológicos especialmente em obras de grande porte
VOLVO CATERPILLAR
Mercado brasileiro apresenta diferentes níveis de aproveitamento dos recursos oferecidos pela indústria

reconhecer pontos de interferência. O sistema analisa se o possível obstáculo é uma pessoa ou uma árvore, pedra ou poste, evitando que a escavadeira emita alarmes falsos ao trabalhar em uma estrada, por exemplo, onde existe muita vegetação no entorno da pista. Com recurso ‘inteligente’, o sistema só é acionado diante de riscos reais, como alguém atrás ou na lateral da máquina.

Outro aliado da segurança é o limitador de altura e profundidade do braço, apropriado para trabalhos em local fechado ou com restrição de altura (próximo a telhados ou linhas de alta tensão, por exemplo). Essa solução também auxilia as atividades próximas a espaços com gasodutos, oleodutos ou tubulações de saneamento, uma vez que é possível determinar a profundidade máxima de escavação. Segundo os especialistas, a utilização dessas tecnologias tem o potencial de evitar danos a infraestruturas locais e ao próprio equipamento.

Já o assistente de levantamento é uma maneira mais visual para o operador movimentar pesos em segurança. “Todas as escavadeiras possuem uma tabela de capacidade de levan-

tamento, que é bastante complicada. Então, acabamos fazendo com que os operadores levantem peso por tentativa e erro – o que não é lá muito seguro”, reconhece Briones. “Para mudar isso, foi desenvolvido um sistema que indica os limites do equipamento ao levantar pesos, avisando se o operador pode realizar determinado movimento com segurança.”

Por fim, os assistentes de operação 2D permitem ao operador guiar o implemento da escavadeira de acordo com uma linha de referência. Trata-se de uma opção de entrada, com valor mais acessível e bom desempenho. Por outro lado, a opção 3D auxilia na

realização de movimentos de terra de acordo com o projeto, gerando precisão ainda maior, apesar da complexidade de uso.

RESULTADOS

Estrategicamente, o nível de aproveitamento dessas tecnologias tem sido acompanhado de perto pelos fabricantes. Na Case, Rohr conta que já testemunhou condições operacionais inadequadas e que fatalmente levariam à falha do equipamento, como a notificação de baixa pressão no sistema de injeção de combustível. “Nesse caso, o concessionário prontamente alertou o cliente”, diz ele. “Foi então realizada a limpeza do sistema e a troca dos filtros de combustível, de acordo com a documentação técnica, evitando falha crítica com bombas e injetores.”

Especialista em marketing de serviços da CNH Industrial, Christopher Machado também afirma monitorar as situações em que os dados gerados pelo sistema ajudam os clientes. “Pode-se destacar o monitoramento de ociosidade, que indica quanto tempo a máquina permanece ligada sem produzir”, aponta o executivo, acrescentando que, além da depreciar a máquina, os altos níveis de ociosidade podem ocasionar problemas técni-

ESCAVADEIRAS 16 REVISTA M&T
Além de emitir alertas de falha, tecnologia informa se a máquina está excessivamente ociosa
CASE CE LIEBHERR
Sistema de identificação de obstáculos é outro recurso que aprimora a segurança nas operações

cos e aumentar o consumo. “Por meio da análise da ociosidade é possível identificar oportunidades na operação, como a escavadeira aguardando muito tempo os caminhões encostarem para carregamento”, delineia. Além disso, o pacote de soluções conectadas Fleet Connect permite que o concessionário preste serviços proativos para evitar condições de falha. “Esse sistema contata o cliente antes mesmo de uma eventual parada, o que reflete em maior disponibilidade do equipamento”, completa Machado. O impacto desses sistemas é tão relevante que a John Deere realizou estudos para aferir com exatidão como as tecnologias de controle de máquina permitem, por exemplo, alcançar um nivelamento mais próximo do desejado em comparação aos métodos convencionais. Realizado em ambiente controlado, o trabalho apontou redução de 37% no tempo de execução e melhoria de 53% na precisão. “De forma geral, os clientes que usam a tecnologia de controle reduzem o tempo de operação em 30% em média”, diz Spana.

PERSPECTIVA

Categoria mais demandada no mercado brasileiro nos últimos anos, as escavadeiras da classe de 20 t correspondem atualmente a praticamente 50% do mercado total. Porém, também é possível notar um crescimento exponencial no segmento de máquinas de 13 t, impulsionado por obras urbanas que necessitam de máquinas

capazes de operar em áreas menores de trabalho, assim como pelo setor de rental. “O mercado segue demandando equipamentos pesados para cumprimento dos projetos de infraestrutura em implementação”, opina Rohr. “Por isso, há um crescimento não só das escavadeiras, como também das pás carregadeiras.”

A alta demanda deve fazer com que o desempenho em 2023 seja satisfatório para muitas empresas, embora sem alcançar os resultados históricos obtidos no ano passado. “Estamos otimistas, com vários lançamentos de atualização de produtos”, aponta Briones, confirmando que a demanda se mantém em bom nível em muitos mercados. A perspectiva de um desempenho similar ao do ano passado é compartilhada por Bueno, da Komatsu. “Estamos prevendo que a demanda seja muito próxima, variando principalmente no mix de produtos, mas ainda puxada fortemente por modelos de 20 t e abaixo disso”, avalia. Já Mota, da New Holland, comenta que o mercado de máquinas está em constante flutuação, acompanhando o cenário político-econômico do país.

ESCAVADEIRAS 18 REVISTA M&T
Soluções voltadas para a gestão da frota permitem extrair informações primordiais na operação Modos personalizáveis permitem otimizar a aplicação de acordo com a necessidade do usuário
KOMATSU
NEW HOLLAND CONSTRUCTION

RECURSOS MELHORAM MARGENS EM CONTRATOS DE LOCAÇÃO

O uso de tecnologias pelo mercado de rental está muito atrelado ao tempo de contrato de aluguel. Ou seja, se a empresa costuma locar escavadeiras por prazos curtos, não faz sentido oferecer tecnologias adicionais. Isso porque existe uma curva de aprendizado do operador, que precisa se acostumar com os botões e entender como programar os sistemas.

Muitas vezes, quando o profissional começa a entender o cenário, já está no momento de devolução da máquina, ao término do contrato. “Por outro lado, temos clientes de renome que costumam alugar máquinas por um longo período”, posiciona Maurício Briones, especialista da Caterpillar. Segundo ele, vale a pena apostar em tecnologias diferentes em casos como esses. “Inclusive, em algumas situações o cliente pôde obter uma margem melhor no contrato de aluguel, baseado nos benefícios que os recursos inovadores do equipamento oferecem”, afirma.

“Para 2023, observa-se uma tendência de queda em relação a 2022, como estimam as entidades de classe”, ressalta. “Ainda assim, é um bom volume e que indica o potencial de crescimento do mercado brasileiro.”

De fato, números da Abimaq sobre as vendas internas mostram que o acumulado de janeiro a julho foi de 18.092 máquinas na Linha Amarela. Isso representa uma queda de 19,6% na comparação com o mesmo período de 2022. Após um crescimento significativo nos últimos anos, o mercado de escavadeiras, especificamen-

te, registrou uma queda ainda maior de janeiro a julho, de 37%, de acordo com os dados divulgados pela Abimaq. E essa retração é corroborada pelas fabricantes. “Como todo o setor, sentimos uma redução de volume na ordem de 15% a 20%”, afirma Poll, da Liebherr.

Vale destacar que o setor de máquinas da Linha Amarela vem de resultados expressivos nos últimos anos. Dados atualizados do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção mostram que, em 2022, foram co-

mercializadas 11.966 escavadeiras, volume que representou um crescimento de mais de 20% sobre as 9.685 unidades vendidas em 2021. Para 2023, o estudo aponta uma queda de 32%, com a venda de 8.100 escavadeiras.

Ao mesmo tempo, produtos como retroescavadeiras, carregadeiras, motoniveladoras e tratores de esteiras registraram queda corresponde a 11%, em média no 1º semestre, segundo a Abimaq. “Evidentemente, essa diminuição expressiva no mercado acarreta desafios em toda a cadeia de fornecimento, que realizou investimentos significativos nos últimos anos para atender à demanda crescente”, analisa Spana. “Nesse quadro, estamos aproveitando o momento para desenvolver tecnologias alinhadas às expectativas dos nossos clientes e preparando a retomada.”

Saiba mais:

Case CE: www.casece.com/latam/pt-br

Caterpillar: www.caterpillar.com/pt

CNH Industrial: www.cnhindustrial.com

John Deere: www.deere.com.br/pt

Komatsu: www.komatsu.com.br

Liebherr: www.liebherr.com

New Holland Construction: https://newholland.com.br/brasil

Volvo CE: www.volvoce.com/brasil/pt-br

20 REVISTA M&T
ESCAVADEIRAS
Para as fabricantes, diminuição expressiva no mercado traz desafios à cadeia de fornecimento
CATERPILLAR
No rental, a aposta em tecnologias embarcadas exige contratos mais longos JOHN DEERE

@develonbrasil

la.develon-ce.com/pt

DOOSAN AGORA É

Transpotech ConstructionGramazini FOPER Auxter NEQ Zucatelli Brasil

SEGURANÇA REDOBRADA NA OPERAÇÃO

INCÊNDIOS EM INSTALAÇÕES DE CORREIAS PODEM

ACONTECER POR

DIFERENTES MOTIVOS EM QUALQUER OPERAÇÃO, SEJA NO AGRONEGÓCIO

PREVENTIVAS UM ITEM OBRIGATÓRIO NESSES EQUIPAMENTOS

Em julho, uma explosão atingiu um dos silos de secagem de grãos da C.Vale em Palotina (PR), deixando mortos e feridos. Até o momento, as causas da tragédia ainda não foram confirmadas, mas entender o funcionamento de um silo ajuda a deduzir as possibilidades. O equipamento de secagem de grãos é um espaço confinado e enclausurado, onde o pó suspenso no ar funciona como combustível. Caso a quantidade de pó no ar seja alta, basta uma faísca para provocar a ignição, levando à reação rápida do oxigênio com as partículas e, consequentemente, à explosão.

Por isso, a aplicação de correias transportadoras com características técnicas adequadas e propriedades antichama é fundamental para todo tipo de operação. Os acidentes com incêndio podem ser iniciados por um travamento

de rolete, por exemplo, gerando um atrito entre a correia e o componente. “Em sistemas subterrâneos, também pode se iniciar por uma faísca gerada pela velocidade da correia, criando uma energia estática e, assim, ocasionando explosões pela poeira e partículas em suspensão”, descreve Jefferson Dantas, sócio-diretor da Maxbelt.

PRECAUÇÃO

André Misael, diretor comercial da Superior Industries do Brasil para o segmento de agregados, alerta para alguns cuidados. Segundo ele, as correias transportadoras possuem uma rugosidade na borda que, caso esbarre em alguma pessoa, pode ter um efeito altamente cortante enquanto estiver em movimento. Se não houver cuidado, o que inclui instalação de proteção nas laterais do equipamen-

22 REVISTA M&T
OU NA MINERAÇÃO, TORNANDO AS MEDIDAS
CORREIAS TRANSPORTADORAS
SUPERIOR

to, o risco de acidentes é permanente. “Por isso, as empresas precisam atentar para os sistemas de segurança no funcionamento dos transportadores”, diz o especialista.

A limitação e condução de acesso lateral às correias, além de proteção dos tambores que as suportam, são itens obrigatórios para evitar quedas de pessoas no local de movimentação do material. Caso isso aconteça, há risco de o indivíduo ser puxado e esmagado entre os tambores. Por outro lado, sem proteção inferior há o risco de os rolos caírem (devido à movimentação da correia em alta velocidade), atingindo quem estiver passando embaixo. “Em razão disso, devem ser instalados diferentes tipos de proteção em locais com pessoas nas imediações”, explica Misael.

De acordo com ele, as proteções na parte inferior do transportador são

Suspenso em espaços confinados, pó funciona como combustível e faíscas podem incendiar o equipamento

desnecessárias somente se a movimentação do material for feita em pilhas. “Mesmo assim, são obrigatórias quando há passagem de pedestres e equipes de manutenção”, ele alerta, citando ainda o sistema de desligamento imediato do motor, acionado quando o sistema detecta rompimento na correia. “Caso o motor continue trabalhando, a correia continua a ser

puxada e o material a se espalhar”, explica. “Com o desligamento da tração motora, a operação é imediatamente paralisada.”

Com longa expertise técnico-comercial em consultoria, desenvolvimento e instalação de plantas de beneficiamento de minérios e agregados, Misael já viu alguns acidentes ocorrerem com correias no ponto do carrega-

Continua na página 25

POTENCIALIZE SEU RETORNO DESTRAVANDO SUA BRITAGEM

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BRITADORES SUPERIOR: DISPONÍVEIS NO BRASIL

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Atualize sua operação com os britadores mais

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Descubra os designs robustos e a fabricação

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Todo britador tem garantia de 2 anos ou

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Tecnologia americana fabricada no Brasil.

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09:38

SUCATEAMENTO DO PARQUE DE MÁQUINAS PREOCUPA O SETOR

Atualmente, as empresas brasileiras têm dificuldades em manter uma manutenção bem-feita de seus sistemas de transportadores, situação que compromete o desempenho da correia e afeta diretamente a operação. “Uma grande parte dos equipamentos em operação está obsoleta e, por isso, os empresários precisam injetar investimentos na renovação do parque fabril”, avalia Jefferson Dantas, da Maxbelt. De acordo com o executivo, a manutenção tem sido reduzida a padrões básicos nos últimos anos, com as empresas enfrentando dificuldades em qualificação técnica para execução dos trabalhos, devido inclusive à falta de mão de obra. “No agronegócio, na qual as operações são consideradas mais leves em relação à mineração, o parque fabril está em melhores condições, necessitando de mais investimentos em ampliação da capacidade de armazenagem e processamento de grãos”, comenta Dantas. Diante dessa necessidade, abre-se uma janela de oportunidade de negócios

para esses equipamentos. No Brasil, o desempenho do setor de agregados tem melhorado progressivamente. Em 2022, forneceu 640 milhões de toneladas de agregados, sendo 374 milhões de areia e 266 milhões de brita. De acordo com Fernando Valverde, presidente da Associação Nacional das Entidades Produtoras de Agregados para Construção (Anepac), a perspectiva de crescimento para este ano é de 3%.

Segundo Daniel Debiazzi Neto, presidente do Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (Sindipedras), o mercado paulista atingiu um volume pouco superior a 63 milhões de toneladas no ano passado. “Para 2023, a projeção é chegar a 95 milhões de toneladas de areia e 65 milhões de brita”, ele projeta. Os números mostram uma indústria de agregados aquecida, trabalhando para atender à demanda. Na visão de Dantas, embora essas empresas saibam da necessidade de renovação da frota, ainda estão conservadoras diante da

conjuntura econômica. “Questões como juros, preços dos equipamentos, financiamentos e outras fazem com que os empresários prolonguem o uso das máquinas até quando podem, para investir com mais segurança”, diz Debiazzi. Quando se refere ao mercado de agregados, as realidades são distintas. “Existem as pedreiras pequenas, médias e de grande porte. As empresas de menor porte são mais propensas a utilizar equipamentos mais obsoletos, inclusive adquirindo correias usadas para substituição em seus transportadores”, diz Dantas.

No 1º semestre, a Maxbelt também percebeu um mercado mais cauteloso em relação às vendas. Contudo, Dantas está otimista quanto à movimentação relacionada à expansão e substituição de frota até o final do ano. “Principalmente na mineração, as empresas estão investindo em aumento de capacidade produtiva”, conta.

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CORREIAS TRANSPORTADORAS
SUPERIOR
Empresas sabem da necessidade de renovação da frota, mas seguem receosas diante da conjuntura, diz especialista

mento de material. “Se o shuttle encher demais, ou seja, ficar com excesso de material, há risco de problemas de aquecimento do motor, que continua rodando caso não haja sensores para alertá-lo da irregularidade”, aponta o diretor. “E essa fricção de contato entre as borrachas desencadeia chamas, podendo causar incêndios em toda a extensão da correia.”

SOLUÇÕES

Para Dantas, da Maxbelt, o melhor caminho é abordar medidas preventivas sob ao menos três aspectos: plano de manutenção adequado para os equipamentos e componentes, conhecimento sobre diretrizes e regras de segurança e, por fim, uso de componentes que ofereçam segurança operacional adicional, como as coberturas autoextinguíveis de chamas,

que são certificadas.

O especialista relata que as empresas do agronegócio, em especial, estão se conscientizando dessa necessidade, até em função das providências de segurança desencadeadas pela fiscalização cada vez mais rígida. “A Maxbelt fornece um produto com propriedades antiextinguível, antiestática e resistente ao óleo, para aplicação nos setores do agronegócio, mineração e siderurgia”, diz ele, destacando que a solução evita faíscas e propagação de fogo durante a operação. “Com propriedades autoextinguíveis, as coberturas tipo Grão, SBK, LD Mina e Under Extreme garantem segurança integral do sistema transportador, evitando as faíscas e a propagação de fogo.”

Nas aplicações mais severas em mineração, o portfólio da marca conta com a linha High Performance, com aplicação da cobertura HDS Mine

Na presença de pessoas, operações de correias requerem diferentes tipos de proteção, alguns oferecidos de fábrica MAXBELT

CORREIAS TRANSPORTADORAS

disponíveis no mercado para inspecionar e evitar incêndios”, relata o engenheiro mecânico Rafael Angelo Tozzo, da engenharia Usinas Sudeste, com foco em máquinas de pátio e transportadores de correia da Vale.

REPLICAÇÃO

ração, que alinha propriedades antiestática e autoextinguível. Segundo Dantas, o produto não só atende às normas ISO 340 (ASTM D 378 13.2, de teste de chama) e ISO 284 (de condutividade elétrica), mas também oferece resistência à abrasão de 50 mm³, o que – segundo o especialista – é inédito no segmento.

Para evitar acidentes e incêndios durante a operação, a Vale optou por instalar o Sistema Vantage para monitoramento constante dos rolos de carga, impacto e retorno do Drum Reclaimer 3 – tornando-se a 1ª máquina do mundo a ter 100% dos rolos monitorados pela tecnologia da Superior Industries. Ligados ao sistema, os rolos passaram a identificar e coletar dados como temperatura dos rolamentos e rotação. “Uma nova versão do hardware embarcado no rolo já conta com monitoramento de vibração dos

rolamentos”, explica Danilo Bibancos, diretor da Superior no Brasil.

Segundo ele, as informações são captadas por diferentes sensores, podendo ser acessadas em tempo real para acompanhamento da operação e das condições de trabalho. Os dados são enviados através de sinal de rádio LoRa, o que – segundo ele – permite uma operação de baixo custo e alta segurança da informação, adequados para ambientes hostis e confinados.

Além do Vantage, a borracha especial antichamas UL94-V0, também desenvolvida pela Superior, ajuda a complementar as medidas de segurança da operação. Criada com tecnologia totalmente nacional, a borracha reveste e protege os rolos de impacto e retorno, com índices de abrasão e dureza compatíveis aos das correias. “Antes desses sistemas, a Vale analisou um vasto leque de tecnologias

Após constatar os resultados, Tozzo cogita instalar o Sistema Vantage em outros equipamentos, devido à possibilidade de controle e monitoramento contínuo, que fazem a diferença na operação. “Enquanto o Drum opera, não é possível entrar na região do transportador de correia interno ao tambor para inspecionar suas condições”, detalha. “Esse cenário restrito abre espaço para situações como quebra, falha, travamento ou fim de vida útil de rolos, que só são percebidas quando acontecem”, diz o engenheiro.

O Vantage, prossegue Tozzo, monitora a saúde e a temperatura dos rolos de maneira ininterrupta, podendo ser acessado por computador ou celular. Se a temperatura ficar muito alta, é emitido um alerta – algo que não acontecia antes.

A qualquer sinal de temperatura acima do limite estabelecido, a equipe recebe mensagem imediata de alerta e se prontifica para identificar o defeito, “Constatado que o rolo está em temperatura limítrofe, o responsável solicita a interrupção da operação do equipamento para checagem”, relata Francisley Silvestre Leite, inspetor de manutenção da Vale em Brucutu. “E, caso algum rolamento esteja danificado, é feita a intervenção antes de o rolo atingir uma temperatura que provoque danos.”

Saiba mais:

Maxbelt: https://maxbelt.com.br

Superior: https://superior-ind.com

Vale: www.vale.com/pt

26 REVISTA M&T
Preventivas incluem uso de componentes que ofereçam segurança operacional adicional Com tecnologia nacional, borracha antichamas reveste e protege os rolos MAXBELT SUPERIOR

INVESTIGAÇÕES PARA OBRAS COMPLEXAS

Voltadas para projetos de alta complexidade, as investigações geotécnicas contribuem de forma efetiva para que obras como a abertura de túneis ocorram sem imprevistos

Aconstrução de túneis é uma obra complexa, que exige tecnologias e estudos específicos do solo para que seja executada sem intervenções ou acidentes. Para isso, o papel das investigações geotécnicas é essencial. Segundo André Assis, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UNB), esse tipo de obra é extremamente dependente da geologia, pois a escavação promove redistribuição de tensões e, consequentemente, cria um campo de deslocamentos induzidos.

Portanto, definir um modelo geológico adequado é essencial para o sucesso da obra, diz ele, lembrando que o modelo geológico nunca será 100% definitivo, dada a variabilidade geológica natural. Quanto mais bem-investigado, mais assertivo será o modelo geológico, evitando riscos que podem afetar a se-

gurança, os prazos e os custos da obra. “Porém, dada a dificuldade de se definir o modelo geológico por investigações, ainda se defende que a melhor investigação é a própria escavação do túnel, admitindo todas as incertezas possíveis durante a obra”, aponta o especialista, que também é consultor independente e ex-presidente do Comitê Brasileiro de Túneis (CBT), da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS) e da Associação Internacional de Túneis (ITA).

Segundo Jean Pierre Ciriades, presidente do CBT, as investigações geológico-geotécnicas devem ser realizadas em etapas evolutivas, compatíveis com a fase do projeto. O ponto de partida é a análise de cartas geológicas, para avaliar as características do maciço onde se pretende inserir uma obra subterrânea (tipo de rocha, composição, estrutura, efeitos tectônicos etc.), seguida por uma

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ESPECIAL INFRAESTRUTURA

análise do relevo (identificando feições, falhas, zonas de cisalhamento) e visitas em campo (capazes de identificar afloramentos e outras características, nas quais a presença do geólogo é fundamental). “A partir desses estudos iniciais e munidos de possibilidades de traçado, o geólogo e o engenheiro geotécnico irão prescrever uma série de investigações em profundidade a fim de avaliar a estratigrafia e a estrutura, obtendo amostras dos materiais que compõem o maciço”, complementa.

PARÂMETROS

O presidente e diretor técnico da GeoCompany, Roberto Kochen, comenta que são utilizados vários tipos de ensaios, tanto na fase de projeto quanto na de obra. Na fase de projeto, por exemplo, é essencial realizar sondagens do solo e obter amostras de rochas.

Vários tipos de ensaios podem ser necessários para determinar as propriedades do solo, ele afirma, como cisalhamento direto e triaxiais. Para rochas, são realizados ensaios sísmicos (propagação de ondas de choque a partir da superfície), caminhamento elétrico e outros. “Tudo depende das características geológico-geotécnicas ao longo do traçado e das características de cada túnel, considerando dimensões, profundidade e outros fatores”, complementa Kochen.

A sondagem, por sua vez, é um dos métodos diretos mais utilizados para

a coleta de informações do subsolo e avaliação da capacidade de suporte para obras. De acordo com Hugo Cássio Rocha, especialista da diretoria de engenharia do Metrô de São Paulo, isso pode ser feito por meio de perfuração em solo (sondagem a percussão ou de simples reconhecimento) ou rocha (sondagem rotativa).

A técnica é capaz de descrever o tipo de solo e/ou rocha e fazer a interpretação geológica até a profundidade prevista em projeto, seja por meio de amostragem a cada metro, variação de camada ou amostragem integral da rocha em testemunhos cilíndricos. Também avalia as diversas camadas, medidas por índice de resistência a penetração do amostrador (Standard Penetration Test – SPT), as condições do maciço rochoso, considerando a recuperação dos testemunhos, RQD (Rock Quality Designation), grau de alteração, fraturamento e características das descontinuidades, e o nível do lençol freático (nível d’água estático e

dinâmico). “Em toda obra de engenharia, há sempre um item ao qual o projeto tem de se adaptar às condições impostas pela natureza do subsolo”, observa Rocha. “Assim, é obrigado a aceitá-lo, com suas qualidades e defeitos.”

No monitoramento, utiliza-se instrumentação interna ao túnel (por exemplo, por convergência) e externa (mar-

cos de recalque superficial, tassômetros, piezômetros, indicadores de nível d’água e outros instrumentos, conforme as características de cada túnel). Segundo Kochen, quando há estabilidade insuficiente pode-se empregar enfilagens com injeção de calda de cimento, colunas de solo-cimento (JG – Jet Grouting) horizontal ou vertical (caso haja acesso pela superfície), DHPs (Drenos Horizontais Profundos) e pregagem da frente de escavação, entre outras técnicas. “Para túneis em rocha, basicamente se utilizam chumbadores na abóbada e paredes laterais e, eventualmente, tirantes”, explica. De acordo com Rocha, o principal objetivo dos ensaios, tanto em laboratório quanto in situ, é a obtenção de parâmetros geotécnicos representativos dos maciços. “Os parâmetros geotécnicos são obtidos basicamente através de ensaios de campo e laboratório, mas também por meio de relações empíricas e semiempíricas, que se baseiam no conhecimento do desempenho, em outras obras e em condições geotécnicas semelhantes, além de retroanálises de comportamento de obras em contexto geológico similar”, detalha.

PROBLEMÁTICAS

Os principais problemas que surgem na construção de túneis em solo, retoma Kochen, são rupturas de frente ou de teto na face de escavação, além de

28 REVISTA M&T ESPECIAL INFRAESTRUTURA
S Assis, da UNB: tipo de obra extremamente dependente da geologia S Ciriades, do CBT: etapas evolutivas e investigações em profundidade S Kochen, da GeoCompany: conhecer as propriedades do solo exige vários tipos de ensaios

recalques excessivos, fluxo de água, convergências excessivas e comportamento inadequado da escavação. “Para túneis em rocha, o mais frequente é queda de blocos ou ruptura de tirantes e chumbadores”, acrescenta.

Segundo o diretor da GeoCompany, deve-se destacar a dificuldade em caracterizar o maciço, mesmo com a aplicação das boas práticas de investigação, pois há uma diferença básica entre obras subterrâneas e de superfície, nas quais os materiais e suas propriedades de resistência e deformabilidade são bem-conhecidos. “Em obras subterrâneas, há um nível de complexidade elevado, incluindo problemas com muitas variáveis e de difícil modelagem”, comenta o especialista.

Para ele, há uma diferença sensível entre características imprevistas e não prognosticadas. “As imprevistas realmente são surpresas, que podem ocorrer devido à variabilidade da natureza”, ressalta. “Já a não prognosticada poderia ter sido prevista, mas por qualquer razão não foi.”

É importante destacar que um modelo geológico bem-definido não garante a competência do maciço. Pelo contrário, pode confirmar que se trata de um material débil. “Com base nesse modelo, a engenharia tem todos os elementos para projetar o túnel de forma adequada, sem ficar sujeita a ocorrências críticas durante a escavação”, assevera Assis.

Tão importante quanto definir os litotipos (ou seja, as camadas de diferentes materiais geotécnicos e estruturas geológicas) é atentar-se à caracterização adequada das águas subterrâneas, tanto em termos de vazão quanto de pressão, além de sua composição química. “É o caso de, por exemplo, pH ácidos, que podem reagir negativamente com materiais do sistema de suporte como o próprio concreto, chumbadores, tirantes e

cambotas metálicas”, prossegue.

Outro ponto relevante, que pode gerar problemas durante a escavação, é o estado de tensões in situ, interpretado como o estado original de tensões com que a escavação do túnel vai interagir e redistribuir, gerando um novo estado. “Portanto, se for mal avaliado ou subestimado, todo o cálculo de tensões estará comprometido”, diz ele.

Segundo Ciriades, do CBT, identificar esses riscos de forma prévia é o principal objetivo do processo de investigação. “No entanto, os desafios são grandes”, ele admite, destacando que os métodos de investigação ainda fornecem informações espacialmente limitadas, sujeitas a interferências e carentes de interpretações precisas. “Ou seja, surpresas continuarão a existir”, complementa.

29 OUTUBRO/2023 AGOSTO/2023
X A sondagem coleta informações do subsolo e avalia a capacidade de suporte para obras S Rocha, do Metrô: condições impostas pela natureza do subsolo

ACIDENTES

Segundo Rocha, do Metrô de São Paulo, a pressa em construir e a ausência de técnicas e profissionais qualificados muitas vezes levam a atrasos em obras, quando não a desastres. “Projetos de fundações baseados em condições desconhecidas do subsolo são desenvolvidos com coeficientes de segurança extremamente elevados ou sem critério técnico, acarretando custos maiores e falta de segurança”, diz.

Invariavelmente, os acidentes têm uma linha causal complexa, nota o professor, ou seja, não ocorrem por um simples e único deflagrador, mas sim por uma série de fatores que ocorrem conjunta ou sequencialmente. “Os acidentes em túneis são bem mais raros do que na engenharia de obras corriqueiras, mas causam uma repercussão maior por ocorrerem no subterrâneo, com um aspecto psicológico de maior sensibilidade”, aponta Assis.

Embora seja comum atribuir os acidentes a problemas geológicos ou de força maior (eventos naturais extremos como chuvas intensas, sismos etc.), estatísticas demonstram que apenas 20% das ocorrências se devem a fatores

causais, enquanto 80% estão ligados a engenharia deficiente e a problemas de projeto e de construção. “Isso é bem realista, pois expõe a complexidade que é a construção de um túnel”, diz Assis.

“Ainda mais em meio urbano, onde as consequências de uma eventual ruptura podem abranger edificações e infraestrutura lindeiras.”

Portanto, a minimização de acidentes passa pelo entendimento do processo, no qual todas as componentes e agentes participantes são importantes. Por parte do agente contratante, explica o especialista, espera-se documentos de licitação claros e bem-especificados, com destaque para a disponibilização de todas as investigações e ensaios executados, bem como documentos como o modelo geológico e o Relatório de Base Geotécnica (GBR). “Do projetista, espera-se competência, dedicação e experiência, inclusive durante a obra, fazendo análise da instrumentação, ajustes do modelo geológico e do projeto em si, em função das novas informações advindas do comportamento do túnel durante a obra”, afirma. Para o especialista, a engenharia competente tem um preço, de modo que na contra-

tação não deve prevalecer a ideia de preço mínimo. “Competência, dedicação e experiência devem ser remuneradas adequadamente”, diz Assis.

Outro fator frequente em incidentes é a pressa em construir, adotando-se vieses otimistas quanto ao comportamento do maciço. “Avanços excessivos, não observar a aplicação da espessura correta do concreto projetado, não aguardar o ganho de resistência e não respeitar a distância entre a calota e o rebaixo, ultrapassando a capacidade de fundação do maciço, são alguns exemplos de falha cuja responsabilidade é do executante”, complementa Ciriades.

Por fim, Assis destaca que também é preciso contar com um sistema de gestão de riscos que antecipe os cenários de incertezas e contemple soluções. “Isso vai desde ações de contingência até ações emergenciais, caso não se consiga estancar o problema”, observa.

Saiba mais:

CBT: www.tuneis.org.br

GeoCompany: www.geocompany.com.br

Metrô SP: www.metro.sp.gov.br

UNB: www.unb.br

ESPECIAL INFRAESTRUTURA 30 REVISTA M&T
DIVULGAÇÃO
S Acidentes como este ocorrido em Luxemburgo decorrem do desconhecimento das condições do subsolo e ausência de critérios tecnicos

CELEIRO DE ALTA TECNOLOGIA A

CONECTIVIDADE, AUTONOMIA, SUSTENTABILIDADE, DIVERSIDADE E INCLUSÃO SÃO

PONTOS QUE A

JOHN DEERE VEM

INVESTINDO PARA

SE TORNAR MAIS

DO QUE UMA

FABRICANTE DE MÁQUINAS

Por Melina Fogaça

os 186 anos de história, a John Deere vem se reinventando como empresa para se tornar um centro de desenvolvimento de novas tecnologias, visando tornar os clientes mais rentáveis, produtivos e sustentáveis por meio do uso de equipamentos que utilizam, por exemplo, recursos de inteligência artificial para realizar as operações.

Essa é uma das premissas atuais da fabricante, que busca expandir sua atuação em P&D com investimento global diário acima de dois dígitos (em milhões de dólares) na área. Esses aportes já viabilizaram a implantação de um campo experimental, localizado próximo à cidade de Des Moines, capital do estado de Iowa, nos EUA, além de um centro de tecnologia e inovação que integra o ISG (Intelligent Solutions Group), situado em Urbandale, onde são desenvolvi-

das novas tecnologias. “Temos como objetivo levar soluções de tecnologia para todas as máquinas, tanto as que saem de fábrica, quanto as antigas, além de outras cores (referindo-se a outras marcas) para todos os hectares e fazendas”, comenta Heather Richards Van Nest, diretora de sistemas de produção e agricultura de precisão da John Deere para a América Latina.

CONECTIVIDADE

O projeto para alcançar essa meta é ambicioso, admite Heather. Segundo ela, a Deere conta atualmente com 500 mil máquinas conectadas, mas pretende atingir o número de 1,5 milhão até 2026.

De acordo com a executiva, a ideia é conectar máquinas, processos e serviços nas fazendas, incluindo todos os ativos que atuam na operação, desde a preparação do solo e o plantio até a pulverização e a colheita em diferentes tipos de culturas, como grãos finos, soja, milho, cana de açúcar e

EMPRESA OUTUBRO/2023
IMAGENS: JOHN DEERE

algodão, entre outras. “Como muitas fazendas ainda não têm conectividade, um dos projetos que estamos trabalhando é fazer com que a conectividade via celular chegue a mais locais, longe dos centros urbanos, além da conexão via satélite”, diz ela. “Esse seria o melhor dos mundos.”

Um dos passos da empresa para dar um destino certo a essa conectividade é centralizar as informações obtidas em campo. Nesse sentido, o Operations Center cumpre o papel ao oferecer uma plataforma aberta e gratuita para permitir que o agricultor possa planejar, monitorar e analisar tanto a propriedade quanto as máquinas e as operações, tudo simultaneamente. “No Operation Center, os dados ficam sempre disponíveis, sendo possível ao produtor monitorar como tudo está acontecendo na operação em dado momento, para tomar as melhores decisões sobre o

que está acontecendo e o que ainda virá”, complementa Heather.

O foco na digitalização é patente, mas a John Deere promete ir além. Durante a feira de tecnologia CES 2022, realizada em Las Vegas, a fabricante mostrou ao mercado um trator autônomo que tem como base o modelo 8R. Segundo a executiva, o trator já vem sendo testado tanto nos EUA quanto no Brasil, prevendo que a automação seja expandida para todos os processos nos próximos anos. “É um trabalho em progressão”, afirma a executiva. “Iniciamos com pequenos grupos de clientes e vamos expandindo a automação, com um prazo ambicioso até 2030 para chegarmos a outras culturas e equipamentos.”

De acordo com o especialista brasileiro Felipe Santos, gerente de marketing global de linha de produtos digitais da John Deere, as tecnologias desenvolvidas pela marca são baseadas e adaptadas às necessidades dos clientes. Para ele, essas soluções serão apresentadas no decorrer do tempo, à medida que estiverem prontas. “Nosso objetivo é oferecer um sistema de produção totalmente autônomo em todas as máquinas”, comenta o executivo, que atua nos Estados Unidos desde 2021. “Mas nem todos os clientes necessariamente utilizarão esse tipo de tecnologia em sua integridade, pois os dois mundos continuarão a existir.”

ESTRATÉGIA

Quem certamente deve utilizar as soluções é o agronegócio brasileiro, cuja força global é um fato inquestionável. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA Brasil), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro pode chegar a R$ 2,65 trilhões neste ano, ou 35,9% a mais que em 2022. Ainda de acordo com a CNA, o Brasil é hoje o 4º maior exportador mundial de produtos agropecuários, com aproximadamente US$ 100,7 bilhões em receitas, atrás apenas de União Europeia, EUA e China.

Nesse cenário, é nítida – e compreensível – a importância que a John Deere dedica ao mercado brasileiro. Para divulgar sua estratégia focada em novas tecnologias, a fabricante recebeu em agosto um grupo de cerca de 40 produtores agrícolas brasileiros, além de jornalistas – incluindo a Revista M&T – em sua sede, quando exibiu novas tecnologias em uma fazenda de teste localizada nas proximidades de Des Moines.

No campo de teste, foi possível acompanhar in loco como o trator autônomo atua. Segundo Van Nest, o trator é equipado com seis pares de câmeras que permitem a detecção de obstáculos em 360o ao redor da máquina, o que lhe confere capacidade

EMPRESA 32 REVISTA M&T
Heather Van Nest: objetivo de conectar máquinas, processos e serviços nas fazendas Sistema See & Spray consegue identificar ervas daninhas entre as linhas de cultura

de calcular com exatidão a distância em relação aos objetos ao redor.

Para Jeffrey Runde, gerente de entrega técnica de autônomos da John Deere, a autonomia é uma necessidade do mercado, em especial por concentrar energia e recursos nas funções prioritárias, além de expandir a janela operacional, ou seja, garantir a operação 24 horas por dia, 7 dias por semana, mesmo em condições de baixa visibilidade. “Com os equipamentos autônomos é possível garantir maior consistência ao resultado do trabalho e, assim, aumentar a produtividade”, diz o especialista.

Com o trator, que também opera sem a autonomia, o agricultor pode controlar a operação a distância por meio de um aplicativo no celular, assim como programar a rota, classificar terrenos transitáveis, visualizar a presença de postes, cercas e árvores e, em especial, garantir que o equipamento opere onde realmente deveria, com precisão de 1” (2,5 cm). “Basta ao agricultor configurar o trator para operação autônoma”, completa Runde.

Para o agricultor Henrique Cenci, com atuação no Distrito Federal e em Goiás, as margens financeiras das empresas estão cada vez mais baixas e, por isso, todos se mantêm constantemente em busca de máquinas mais eficientes. “A tecnologia vem contribuindo para sermos mais produtivos e lucrativos”, diz ele, também presente na comitiva brasileira. “A autonomia e a conectividade contribuem para que possamos sair do operacional e ficar na gestão, controlando as operações para ganhar tempo e, com isso, obter mais lucro.”

INTELIGÊNCIA

Outra tecnologia apresentada em primeira mão aos produtores brasileiros foi o sistema See & Spray, que

OUTUBRO/2023
Centro de tecnologia e inovação em Urbandale integra braço de soluções inteligentes da empresa

utiliza inteligência artificial para diferenciar uma erva daninha de uma cultura sadia, aplicando o defensivo específico no local. “O sistema consegue identificar se uma erva daninha está presente entre as linhas de cultura, competindo pelos recursos e diminuindo o potencial produtivo”, afirma Marcio Neutzling, líder de ges-

tão de produtos de pulverização da John Deere. “O See & Spray aciona os bicos para que a erva daninha receba a dose necessária.”

Segundo Neutzling, o portfólio da empresa inclui três produtos na linha See & Spray, incluindo Select (lançado em 2021), Ulitmate (de 2022) e Premium (apresentado este ano). O

FOCO CRESCENTE EM TECNOLOGIA E INCLUSÃO MUDA PERFIL DE RECRUTAMENTO

Visando atrair novos talentos dos grandes centros urbanos, há um ano a John Deere inaugurou um novo escritório em Chicago. Localizado na região do Fulton Market, antigo bairro de armazéns, hoje uma área empresarial, o escritório da John Deere é distribuído por quatro andares, com a capacidade para 150 funcionários, configurando-se como um novo centro de tecnologia da informação. “Em geral, as pessoas conhecem a John Deere pelos equipamentos, mas não sabem como as tecnologias funcionam”, afirma Crystal Jones, líder regional de aquisição de talentos da companhia. “Estamos buscando mudar essa visão, tornando a John Deere mais conhecida como uma empresa de tecnologia.”

Atualmente, o escritório de Chicago reúne 107 profissionais, voltados especificamente para as áreas de inteligência artificial, engenharia de dados e softwares, automação, big data e eletrificação. “Contamos com recrutadores para que possamos atrair talentos em tecnologia, pois o mercado está bem-competitivo nesse segmento”, diz Jones. Outro foco atual da empresa é a busca por diversidade e inclusão. Até pelo perfil tradicional, esse ponto ainda é um desafio dentro da companhia, afirma a diretora global de diversidade, equidade e inclusão, Johane Domersant, “Acredito que faço parte dessa transformação”, comenta Domersant, ela própria uma mulher negra, nascida e criada no Caribe. De acordo com ela, o perfil dos profissionais na área de tecnologia é muito diversificado, o que exige estratégias não só para atraí-los, mas principalmente mantê-los dentro da empresa. “Minha principal discussão com os líderes é fazer com que esses talentos cresçam dentro da companhia”, ressalta. “Afinal, a John Deere tem deixado de ser uma empresa industrial para se tornar uma empresa industrial inteligente, capaz de atrair diferentes talentos não apenas onde opera tradicionalmente, mas também externos, em diferentes áreas.”

pulverizador Ultimate, ele descreve, conta com dois tanques separados –desde a entrada do produto no tanque até e saída no bico. “Com essa capacidade, conseguimos separar a aplicação de um herbicida residual aplicado em área total de um não residual, que é aplicado apenas onde está a erva daninha”, diz. “Assim, conseguimos ser mais efetivos quando separamos os dois no tanque.”

O sistema See & Spray, afirma o especialista, utiliza 36 câmeras acopladas na barra de pulverização que têm a capacidade de enxergar o que está acontecendo no campo, diferenciando o alvo por cores: verde (planta para cultivo) e marrom (erva daninha). “Temos observado mais de 2/3 de redução de volume de herbicida aplicado, contribuindo assim para que o produtor tenha diminuição de custos, produzindo mais com menos e, o mais importante, contribuindo para a sustentabilidade do negócio”, complementa Neutzling.

Além da configuração de fábrica, o pulverizador também oferece a possibilidade de aquisição de um kit para máquinas já em atuação, com câmeras e processadores oferecidos como opção para vários pulverizadores, sem a necessidade de aquisição de uma máquina nova. Disponível para comercialização na América do Norte, o sistema até o momento é treinado para identificar três culturas (algodão, milho e soja), mas com projeto de ampliação. “O sistema também está em teste no Brasil, visando adaptar-se ao cenário local, pois as formas da agricultura brasileira e americana são diferentes”, conta Neutzling. “Temos planos de lançamento no mercado brasileiro em breve, mas ainda sem uma data definida.”

Saiba mais: John Deere: www.deere.com

EMPRESA 34 REVISTA M&T
Pauta de diversidade e inclusão integra estratégia de reinvenção da marca

Escavação levada a sério

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Menor consumo de combustível da categoria e alta produtividade. Essas são as palavras-chave da nova geração de escavadeiras Liebherr. Conheça as nossas novas escavadeiras e experimente o menor custo por tonelada da categoria. www.liebherr.com

Escavadeiras

GESTÃO DE FROTAS

A DISRUPTURA DA CONECTIVIDADE

USO CRESCENTE DE APLICATIVOS MÓVEIS E FERRAMENTAS DIGITAIS

MUDA RADICALMENTE A REALIDADE DOS FROTISTAS EMPENHADOS NA GESTÃO DA OPERAÇÃO E DA MANUTENÇÃO DE ATIVOS

Por Marcelo Januário, editor

LIEBHERR

Achegada dos smartphones mudou profundamente a maneira de se fazer as coisas em muitos setores, senão todos. Na construção, isso não é diferente. Segundo o engenheiro mecânico Rodrigo Rotondo, o divisor de águas no setor foram as ferramentas para aplicativos móveis e suas funcionalidades na gestão da operação e da manutenção dos ativos. “Quando a gente olha as mudanças provocadas no dia a dia, começa a entender o quanto o smartphone mudou a nossa vida”, diz o especialista, que também é CEO da Manusis. “Hoje, já são 5,2 bilhões de pessoas com smartphone, ou 67% da população mundial, movimentando 2,9 trilhões de dólares em vendas globais com o aparelho.”

Na área da construção, que usa a máquina como ativo e precisa tratar a valiosa informação gerada na operação, esse protagonismo do celular se traduz em possibilidades de ganhos reais. “Para obter retorno, é preciso entender como controlar melhor o ativo”, acentua Rotondo.

Para ele, um dos grandes desafios atuais do setor é a digitalização – ou melhor, como obter ganhos de produtividade a partir da informação de campo, aumentando a disponibilidade da máquina. “Na história de qualquer ativo entram fatores como energia, manutenção, operação, logística, suprimentos, abastecimento, consumo de peças de reposição etc.”, observa o especialista. “Neste universo complexo, o aplicativo mobile ganha uma importância muito grande em todos os processos.”

APLICATIVO

O aplicativo Manusis4 é uma das apostas da empresa para disputar esse promissor mercado no país. Disponível em versão Android e, mais recentemente, também em iOS, a plata-

forma se conecta aos ativos através de hardware e middleware (que conecta aplicativos, dados e usuários), incluindo serviços de QR Code, códigos de barra, apontamentos, geolocalização, tempo de trabalho, aprovação de ordens, coleta de dados, comando de voz e criação de gêmeos digitais, dentre outros. “Buscamos usar no aplicativo mobile o máximo possível do que temos na plataforma web (cerca de 80%), para dar maior possibilidade de decisão lá na ponta”, diz o CEO da Manusis, que atualmente atende mais de 150 clientes em 27 diferentes segmentos, somando mais de 60 mil usuários, mais da metade de usuários do app. “Já são 30 módulos no aplicativo, que inclui ainda chat on-line, checklist, gestão de combustível e coleta de resíduos”, complementa.

De acordo com o engenheiro, as ordens de manutenção são emitidas em tempo real, programando as intervenções dos técnicos. “Com o QR Code, abre-se uma solicitação do serviço muito rapidamente, em questão de segundos”, afirma, destacando que é possível criar checklists personalizados dentro da solução, aprimorando a rastreabilidade e o registro de preditivas. “Também é possível conferir o histórico, com dados do equipamento e listas de ordens de manutenção abertas ou canceladas, além de corretivas, paradas etc.”

Já na parte de projetos, a Manusis trabalha com uma solução em formato Gantt, que permite realizar apontamento das atividades. “À medida que se aponta o avanço das frentes de trabalho, obtém-se o avanço físico do projeto em tempo real”, explica o executivo. “Então, acabam-se aquelas reuniões de final do dia, com várias ordens em papel”, ele brinca.

Outro ponto crítico nas empresas é o inventário de ativos, acentua o especialista. “Para manter o inventário

atualizado basta preencher os dados técnicos dos equipamentos, inclusive fotos, o que pode ser feito a qualquer momento, em qualquer lugar”, ele comenta. “Também é possível anexar ou digitalizar outros documentos, como ordens de serviço, especificações técnicas e KPIs, e depois fazer o upload na plataforma.”

Desde 2015, quando foi lançado, o app Manusis4 já registrou ganhos expressivos de produtividade, assegura Rotondo. “Os resultados dos clientes a partir do mobile mostram um aumento de 15% na produtividade, além de redução dos ‘tempos mortos’ entre a abertura da solicitação e a ordem de manutenção”, destaca o executivo, citando aumento de 15% na segurança, 18% nos prazos de produção e 8% em ganhos ambientais. “Os dados mostram ainda redução nos custos com materiais (-25%) e de manutenção (-20%)”, acrescenta.

Sobre a implantação, o executivo comenta que o payback do app é estimado em 12 meses, com retorno potencial de 300% e reduções previstas de custos em torno de R$ 3 milhões/ano. “Temos uma central de controle operacional que gerencia o que é inserido manualmente no sistema, seja através do aplicativo ou da web, mas também é possível trazer informações de IoT e de hardware”, afirma Rotondo. “Além disso, a gente também adapta a solução às regras de negócio do cliente, com uma camada que cria chaves de configuração para adaptar a solução.”

HUB

Outra iniciativa que vem se destacando no segmento é oferecida pela GaussFleet, uma plataforma de internet das coisas que se propõe a criar um hub para centralização das informações advindas da telemetria.

Segundo seu cofundador, Vinicius Callegari, o software é especializado

37 OUTUBRO/2023

na logística interna para a indústria de base, incluindo o monitoramento de máquinas móveis em minas, obras e usinas. “Obviamente, os hardwares telemáticos e os hardwares inteligentes são importantíssimos para que possamos fazer o nosso trabalho”, diz o executivo da empresa, que já soma mais de 4.800 máquinas conectadas no Brasil.

A GaussFleet utiliza um OEM desenvolvido na Europa especificamente para suas operações, com disseminação especialmente nos mercados siderúrgico e de operadores logísticos. “Trata-se de um hardware que possibilita captar as informações mais importantes e, principalmente, que tem um ‘buffer’ capaz de trabalhar em ‘áreas de sombra’”, diz Callegari, referindo-se à memória física para armazenamento temporário de dados e às regiões geográficas sem cobertura de sinal.

A ideia do hub, ele prossegue, pressupõe uma plataforma capaz de fazer a integração das informações em um processo com vários níveis. A plataforma utiliza um hardware que busca informação da rede CAN (Controller Area Network, que faz a comunicação via barramento) de máquinas e veículos de qualquer modelo, marca e ano de fabricação. “Esse rastreador inteligente busca dados primordiais para a gestão, entregando até mesmo informações que não podem ser captadas na rede, como os horímetros em má-

quinas mais antigas”, esclarece.

Tudo isso compõe a matéria-prima para que, depois, o software faça o seu trabalho na gestão de combustível, manutenção, segurança, contratos, logística inbound etc. “Esse é o primeiro nível de integração com maturidade alta, pois se usa um hardware de terceiros para conectar as máquinas e puxar as informações para dentro de casa”, explica. Já o segundo nível, de baixa maturidade, utiliza uma API [Application Programming Interface] disponibilizada pelos fabricantes. “A partir do momento em que os fabricantes disponibilizarem as APIs não será mais preciso nem de um rastreador de terceiros para fazer a integração, pois a plataforma pegará as informações dos diversos fabricantes e trará para dentro do hub”, comenta Callegari, observando que isso ainda

não acontece tanto no Brasil. “Mas é algo que está caminhando.”

Quando se fala de integração de APIs, também é preciso considerar fatores como latência de dados e padronização de entrega, já disponibilizadas por hardware único. “Tão importante quanto os hardwares e os APIs – e que, muitas vezes, é deixado de lado – é o software para onde vão as informações”, avalia.

Segundo Callegari, as empresas precisam de know-how para gerar conhecimento com qualidade, evitando assim o “emaranhado de informações” disponibilizado por diversos sistemas. “Na prática, isso gera pouco valor para uma gestão de frota centralizada”, ele ressalta, destacando que o software da Gauss faz o que as plataformas dos fabricantes não fazem – e nem têm por objetivo fazer. “A impor-

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GESTÃO DE FROTAS
Protagonismo do celular trouxe possibilidades de ganhos reais na produtividade Aplicativo Manusis4 conta com mais de 30 módulos para aumentar a produtividade das frotas
MANUSIS KOMATSU

tância do software é mapear digitalmente as áreas de disponibilidade na operação. Com isso, já se começa a aumentar o nível de consciência dentro do processo operacional”, aponta.

O próximo passo é colocar cada contrato no contexto, permitindo migrar as regras desses contratos e os regimes operacionais no sistema. A seguir, é necessário acompanhar a

evolução de cada contrato pelo prisma operacional e financeiro, fazendo a gestão em uma plataforma compartilhada. “O quarto passo é criar uma fonte de dados para outras integrações com sistemas de manutenção e ERPs”, orienta Callegari.

Por fim, o hub precisa ter a capacidade de customização, para acompanhar o movimento da operação. “Se

for bem-gerida, a operação vai ter uma maturidade dentro de 12 ou 24 meses, sendo que o software precisa acompanhar as mudanças ocorridas nesse período”, delineia o executivo.

TELEOPERAÇÃO

No campo da automação, a operação remota de equipamentos desponta como a principal aposta tecnológica para retirar pessoas das áreas de risco. “A evolução ocorrida nos últimos anos foi enorme”, posiciona Francisco Muradas Lorenzo Neto, especialista da Sitech, braço do Grupo Sotreq que representa a Trimble no Brasil e atua com operação remota e tecnologias de machine control desde 2012. “Há três anos mais ou menos estamos desenvolvendo soluções para esse mercado”, afirma.

Uma das atualizações mais recente no segmento é a tecnologia LIVe, diz ele, composta por um conjunto de soluções tanto em transmissões quanto em machine control e controle remoto. Citando um caso real, Francisco Neto diz que 25 equipamentos são operados remotamente, desde a escavadeira até o caminhão, passando pelo trator e pela motoniveladora. “Bom, isso foi um projeto que surgiu da necessidade de descomissionar barragem em uma área remota”, ele conta. “Em conjunto com parceiros, foi necessário desenvolver essa solução em uma zona de auto salvamento, em que não é permitida a presença de vidas humanas.”

No shelter (centro de controle), que pode estar no próprio canteiro ou a quilômetros de distância, são transmitidas as imagens captadas por câmeras, fornecendo feedbacks para o operador. “A teleoperação é qualquer operação feita a distância, em qualquer tipo de equipamento”, diz ele. “No nosso caso, equipamentos para qualquer situação que a gente chama

GESTÃO DE FROTAS 40 REVISTA M&T
Nível de integração de maturidade alta utiliza hardware de terceiros para conectar máquinas e gerir informações Operação remota de equipamentos semiautônomos desponta como a principal aposta tecnológica para retirar pessoas das áreas de risco e aumentar a produtividade SITECH GAUSSFLEET

de ‘missão crítica’.”

Por sua vez, a “missão crítica” implica certo controle em uma zona com risco elevado de acidentes. “Ou seja, a gente tenta tirar os operadores da área de risco, podendo ter ainda ganhos de utilização, dependendo do tempo para a troca de turno, evitando tempo de trânsito e deslocamento”, observa o especialista.

Além disso, a facilidade de treinamento é evidente, ele aponta, com um instrutor ao lado do operador 100% do tempo. “Também posso citar a consistência e a acurácia do trabalho, assim como a garantia de operação dentro dos limites do fabricante e, principalmente, a produtividade horária em evolução”, aponta, destacando que esse índice ainda é ligeiramen-

te inferior (cerca de 90%) à operação tripulada. “Mas os outros ganhos de utilização podem ser um contraponto. Mesmo remotamente, é possível obter produtividades em níveis muito próximos à tripulada”, acentua.

Em geral, as situações de risco podem envolver descomissionamento de barragens, dragagens de diques, supressão vegetal, áreas de alto-forno, material radioativo, limpeza de porão de navio e outras relacionadas à ergonomia. “Na verdade, qualquer atividade em que haja risco para o operador”, resume. “Então, quero tirar o operador dessa zona de desconforto e executar uma operação muito mais controlada e segura.”

Conceitualmente, há três tipos de operação remota. Acoplado ao corpo,

WEBINAR SOBRATEMA DEBATE O AVANÇO DA CONECTIVIDADE NO SETOR

Realizado de forma on-line em setembro, o 15º Webinar Sobratema trouxe um debate sobre os impactos da conectividade na área de equipamentos móveis de construção, destacando como as soluções digitais estão transformando a gestão de frotas e tornando a atividade cada vez mais precisa e eficiente. “A capacidade de conexão dos equipamentos tem se tornado uma realidade cada vez mais presente em obras e empreendimentos”, disse na abertura do evento o presidente da Sobratema, Afonso Mamede. Segundo ele, a conectividade está impactando a eficiência operacional e a gestão dos equipamentos, revolucionando a maneira como se trabalha e oferecendo aos usuários uma série de benefícios para melhoria da produtividade. “Mas [também é preciso considerar] os desafios e oportunidades que essa revolução tecnológica traz para o setor, com mudanças nas práticas e habilidades necessárias para acompanhar a transformação”, argumentou.

o primeiro utiliza um controle remoto, o que exige permanecer a 400 m de distância. “É até ergonômico para operar, mas ainda tem um limite tanto em tempo, quanto em distância”, sublinha. A estação remota, por sua vez, é a tecnologia mais utilizada, seja com controle de bancada ou propriamente em uma estação. “Com um planejamento bem-feito, é possível operar a 20 km de distância, por exemplo”, prossegue Neto. “Mas houve um caso em que operamos um trator nos Estados Unidos a 9.000 km de distância em um experimento.”

Em ritmo de produção, o risco de ficar sem conectividade é um ponto importante a se considerar. “Seja como for, hoje não há distância para a estação de operação, basta ter um planejamento e, em alguns casos, a redundância”, complementa. “Já a opção de semiautonomia implica operações paralelas nas quais um algoritmo determina a atividade dos equipamentos, que executam a ação”, explica.

Já existem soluções comerciais nessa linha, mas alguns desafios ainda se interpõem no horizonte. “É preciso contar com um planejamento muito forte de investimento em tecnologia, que envolve APIs, servidores, infraestrutura, rede e conectividade muito alta, com alta demanda de tráfego de dados, o que requer um conhecimento especializado”, diz. O foco em treinamento e planejamento também evita estrangular a operação, que se torna mais espaçada e bem-dimensionada, como sustenta o especialista. “Já estamos começando a discutir máquinas autônomas, mas uma mudança de cultura malfeita não vai trazer o benefício que se gostaria”, arremata Francisco Neto.

Saiba mais: Webinar Sobratema: www.youtube.com/user/sobratema

GESTÃO DE FROTAS 42 REVISTA M&T
Evento abordou os avanços na gestão de frotas trazidos por plataformas digitais SOBRATEMA

Quanto menos tempo gastamos mais dinheiro economizamos.”

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AMADURECIMENTO IMINENTE DESSE MERCADO NO PAÍS

Por Antonio Santomauro

Cada dia mais competitivo, o mercado de sistemas de telemetria e gestão de frotas atualmente abrange vários setores, além daquele composto estritamente por veículos da Linha Amarela, máquinas agrícolas e equipamentos florestais, entre outros. Cada um desses nichos atende a um leque diversificado de clientes, desde quem deseja apenas saber a localização dos equipamentos até os que exigem um leque muito mais amplo de informações, chegando aos valores

financeiros das operações.

Aliados à produtividade, esses dados financeiros – do faturamento, no caso do locador, e do pagamento, no do usuário – são hoje bastante demandados pelos clientes da GaussFleet, afirma Vinicius Callegari, diretor comercial da empresa, fornecedora de um sistema que automatiza a mensuração dos parâmetros que regem contratos relacionados a equipamentos, como disponibilidade, rotação do motor e horas extras, entre outros (os dados são recebidos diretamente dos siste-

GESTÃO DE FROTAS 44 REVISTA M&T
KOMATSU

mas de telemetria das frotas). “Existem ainda os contratos por tempo, mas hoje as grandes empresas fundamentam muitos contratos de locação na produtividade”, ressalta Callegari.

Considerando tanto quem utiliza frotas terceirizadas quanto locadores, o sistema da GaussFleet já gerencia cerca de 5 mil máquinas, em obras, minas e usinas. “Alguns clientes gastam mais de 200 milhões por ano com locação”, observa Callegari. “Imagine o ganho que nossas funcionalidades podem propiciar.”

Há ainda quem ainda busque apenas informações básicas nos sistemas de telemetria, como localização do equipamento e total de horas trabalhadas. “Mas nosso sistema também disponibiliza informações como deslocamento, velocidade, temperatura e demarcação da área na qual deve ficar”, relata Luciano Reis do Sacramento, diretor da SatCar.

Atualmente, o sistema da Satcar realiza a gestão de cerca de 5,7 mil equipamentos, dos quais cerca de 20%

vêm do setor agro, incluindo implementos, colheitadeiras, Linha Amarela e outros. É nesse segmento que a empresa tem ampliado seus negócios.

“Poucas empresas atuam no mercado agro, cujos seguros têm valores muito

elevados, daí o interesse em um sistema de gestão, que é também uma ferramenta de segurança das frotas”, diz ele. “Estamos crescendo de 2% a 3% ao mês, principalmente pela demanda do setor agrícola.”

DADOS

A diversificação do mercado de sistemas de gestão de frotas também abrange equipamentos florestais, além de combinar telemetria com serviços de especialistas, como faz a Komatsu Forest, que mantém uma unidade denominada TCK (Telemetry & Connectivity Komatsu), específica para a área.

Nela, profissionais especializados valem-se das informações disponibilizadas pelos sistemas MaxiFleet e MaxiVision – para equipamentos florestais da Linha Vermelha – e Komtrax – para a Linha Amarela –, buscando auxiliar os usuários na geração e interpretação de indicadores, contribuindo assim para decisões mais assertivas.

Como ressalta João Victor Veiga, especialista de suporte técnico do TCK,

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Além da utilização do ativo, sistemas gerenciam parâmetros de contratos relacionados a equipamentos Segundo especialistas, sistemas de gestão também representam uma ferramenta de segurança das frotas GAUSSFLEET KOMATSU

os dados pertencem aos clientes, que têm a opção de contratar os serviços da unidade. “Há demanda por nossos serviços, muitas vezes para traçar uma estratégia mais completa ou para resolver algum problema de manutenção”, comenta. “Mas também somos acionados em outras ocasiões, como para treinamento, por exemplo.”

As informações podem ser extraídas tanto de forma off-line – via Bluetooth ou pendrive – quanto por SIM Cards e sinal de satélite (a Komatsu Forest trabalha atualmente com as alternativas off-line e sinal satelital). “Temos dados não somente voltados ao consumo e trabalho, mas também à manutenção, vida útil dos equipamentos, agilidade na primeira resposta, redução no tempo de máquina parada e segurança de quem trabalha diretamente na operação”, acentua Veiga.

É notória a evolução da qualidade, variedade e disponibilização desses dados, diz ele, que começam a empregar tecnologias como o sinal da rede de satélites StarLink, além de óculos virtuais, que começam a ser utilizados para apoio à assistência remota. “Aliado ao trabalho de nosso time, esse sistema já identificou oportunidades de redução em até 10% do consumo de diesel, além de aumento de 8% a 15% na disponibilidade mecânica e aumento expressivo da produtividade”, afirma o especialista.

Com foco mais específico, o sistema Komtrax também integra os serviços da unidade florestal, sendo item de série de todos os equipamentos da marca, que podem utilizá-lo gratuitamente por dez anos. A solução, especifica Ramon Ferreira Strada, engenheiro de suporte ao produto e de serviços da Komatsu, permite acompanhar a utilização do equipamento, gerar relatórios de trabalho, fazer análise de carga e consumo de combustível, além de localização, bloqueio e his-

tórico de manutenções preventivas/ obrigatórias, entre outras funcionalidades. “Mesmo o cliente com apenas um equipamento já pode contar com essa tecnologia”, observa Strada.

De acordo com o engenheiro, o sistema promete benefícios palpáveis para os gestores. “Pode gerar melhor aproveitamento do equipamento, reduzir consumo de combustível, auxiliar nas programações das manutenções preventivas, alertar para anormalidades”, descreve Strada. “Ou seja, ao utilizar ativamente o Komtrax, o cliente pode se programar e otimizar os custos da operação.”

POTENCIAL

Potencial inibidor de uma expansão mais acelerada da demanda (especialmente entre empresas de menor porte), o preço desses sistemas talvez não possa ser qualificado como “barato” (embora haja quem diga que a crescente competividade do setor venha reduzindo esses preços).

Mas os profissionais desse mercado garantem que o investimento tem retorno bastante expressivo, que pode inclusive ser modulado de acordo com o que almeja o cliente. No caso do sis-

tema da Satcar, Sacramento estima que esse investimento em um período de 12 meses não chega 10% do valor de máquinas, que custam entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. “O retorno é significativo, pois o gestor sabe se funcionários e máquinas estão fazendo exatamente o que foi contratado, além de reduzir acidentes e multas”, argumenta.

Mais enfático, Callegari, da GaussFleet, fala em retorno financeiro “gigantesco” com o uso dos sistemas. “Os contratos preveem multas caso a disponibilidade e a produtividade não sejam atingidas, e os usuários podem mensurar isso. A médio prazo, podem ainda ganhar reduzindo frotas”, ele afirma. “Além de gerenciar suas frotas em todo o país, o locador também pode economizar com custos da manutenção, o que também se reverte em maior disponibilidade.”

No Brasil, observa Callegari, as grandes empresas já olham mais favoravelmente para os sistemas de gestão, “embora muitas delas estejam escaldadas, pois no passado havia quem cobrasse muito entregando pouco”. Além disso, ele também projeta oportunidades de negócios no universo das em-

Buscando auxiliar na interpretação de indicadores, oferta combina telemetria com serviços de especialistas

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GESTÃO DE FROTAS
PIXABAY

Informações indispensáveis para quem precisa planejar os próximos passos.

O18º Tendências no Mercado da Construção reunirá um seleto grupo de especialistas do setor da Construção para avaliar a conjuntura econômica brasileira, apresentar os resultados do exclusivo Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, 2023, e uma análise sobre as perspectivas e oportunidades de mercado para o ano de 2024.

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presas de menor porte. “Pesquisando bem, mesmo clientes menores podem obter soluções que lhes propiciem ganhos como controle melhor da frota e de utilização do equipamento, além de saber se a máquina pode quebrar”, su-

blinha o diretor.

Também Veiga, da Komatsu Forest, visualiza oportunidades de negócios em novas soluções de atendimento remoto, suporte ao cliente, dados para segurança e manutenção, inte-

SOFTWARE EXPANDE A ABSORÇÃO DE DADOS DE TELEMETRIA

Desenvolvido pela Assiste, o SISMA (Sistema de Manutenção Automotiva) já integra alguns dados fornecidos pelos sistemas telemétricos, como a quantidade de horas trabalhadas, disponibilizada pelos horímetros. E os sistemas telemétricos, observa Flávio Banchi, gerente de negócios da Assiste, fornecem outros dados que também podem ser integrados ao software (temperaturas, aceleração e rotação, entre outros), beneficiando o gerenciamento da manutenção. Mas as frotas geralmente são compostas por equipamentos de várias marcas, ressalva Banchi, com tempos de utilização também muito distintos. Assim, não há padronização das informações referentes a esse conjunto. “Havendo padronização, futuramente poderemos incluir mais dados no SISMA, e aí chegaremos à gestão da manutenção preditiva”, ressalta. Utilizado principalmente para veículos e equipamentos médios e pesados, o SISMA tem 25 módulos, que abrangem diversas vertentes da manutenção de frotas. Alguns deles incluem manutenção básica, controle de abastecimento (inclusive das máquinas locadas), troca de óleos e filtros, gestão de ordens de serviço, gerenciamento de CRM (Custo de Reparo e Manutenção) e manutenção preventiva. “Um módulo muito importante para a segurança é o do checklist, que é executado em vários momentos, como na transferência para uma obra ou antes de iniciar a operação”, diz Banchi. “Há ainda um módulo de análise de óleos e fluídos, compatível com os principais laboratórios e cujos laudos são automaticamente integrados ao sistema.”

Com essas informações, ressalta o gerente, é possível obter o custo total do equipamento (composto por custos fixos mais variáveis). “Temos casos de 4,5% de redução no consumo de combustível, 20% no consumo de lubrificantes e 5% em pneus”, afirma. “No final, há potencial de aumento de até 20% na disponibilidade do equipamento e de 20% de redução no custo”, afirma o profissional da Assiste, cujo software já gerencia frotas de cerca de 200 clientes, somando mais de 110 mil máquinas e veículos sob gestão.

grando esses dados com a assessoria de especialistas. “Acredito em grande evolução desse mercado no cenário nacional”, destaca. “A importância desses dados é clara, e as empresas estão inovando e trazendo novas soluções em telemetria, relatórios e novas tecnologias.”

O preço dos serviços, lembra Veiga, varia de acordo com fatores como a quantidade de informação que o cliente quer extrair, além da frequência com que deseja ter acesso aos dados. “A Komatsu Forest oferece desde sistemas de telemetria gratuitos, via satélite, com posicionamento de até uma vez por dia, até sistemas pagos, que podem entregar dados de hora em hora, além de sistemas que permitem que o cliente faça a extração de dados via smartphone, pendrive ou com a utilização de comboios”, acrescenta.

Avaliando o mercado, Strada nota avanços na tecnologia dos sistemas em quesitos como comunicação, com uma maior quantidade de sensores nos equipamentos, assim como a possibilidade de comunicação via sinal de celular. “Os sistemas de gestão de frotas estão avançando em direção à manutenção preditiva, na qual algoritmos e sensores identificam potenciais problemas antes que ocorram falhas”, diz.

A reboque, também a demanda por esses sistemas tende a se expandir, ele avalia, impulsionada pela crescente conscientização de seus benefícios. “Cada vez mais, as empresas estão reconhecendo a importância de monitorar e otimizar o desempenho de suas frotas, reduzindo custos, melhorando a eficiência operacional e garantindo a conformidade com regulamentações”, finaliza Strada.

Saiba mais:

Assiste: https://assiste.com.br

GausFleet: https://gaussfleet.com.br

Komatsu: www.komatsu.com.br

SatCar: www.satcarfrotas.com.br

GESTÃO DE FROTAS 48 REVISTA M&T
Volume de dados que podem ser integrados ao software é cada vez maior PIXABAY
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BRASIL SE TORNA FORNECEDOR EXCLUSIVO PARA

TRATORES DE ESTEIRA DA CNHI

NO TOTAL, FORAM INVESTIDOS 18,5

MILHÕES DE DÓLARES

NO PROJETO EM MINAS GERAIS, SENDO QUE 10

MILHÕES DE DÓLARES FORAM DESTINADOS À MODERNIZAÇÃO

DA LINHA DE MANUFATURA

Desde o mês de julho, a planta da CNH Industrial na cidade de Contagem (MG) tornou-se fornecedora global exclusiva para tratores de esteira das duas marcas do grupo no segmento (Case CE e New Holland Construction). No total, foram investidos 18,5 bilhões de dólares no projeto, sendo que 10 milhões de dólares desse montante foram destinados à modernização da linha de tratores de esteira, incluindo a ampliação da capacidade produtiva para essa linha de produtos. Já os 8,5 milhões de dólares restantes foram destinados à modernização da planta e do processo de manufatura, com a introdução

de novos recursos de robotização e otimização dos processos da linha de produção com novos ferramentais.

Segundo Carlos França, líder da Case CE para a América Latina, a produção de tratores de esteira vem crescendo mês a mês, com expectativa de estabilização em 2024. “Antes, a produção desses equipamentos era feita nesta planta e nos Estados Unidos, mas resolvemos concentrar nossa produção estrategicamente em Contagem visando exportar para países da América Latina, Europa e Ásia-Pacífico”, ele explica, destacando que atualmente a nova linha tem capacidade de produzir 1.100 unidades/ano do equipamento.

Conforme o executivo, a escolha da

FABRICANTE 50 REVISTA M&T
MELINA FOGAÇA

planta de Contagem como única fornecedora global de tratores de esteiras do grupo se deu por conta da capacidade física da fábrica em absorver a produção e a distribuição global do equipamento, inclusive com suporte da cadeia local de fornecedores, que – segundo França – é capaz de suprir a demanda. “Além disso, pesou a parte logística de transporte, com a proximidade do município aos grandes centros, assim como os recursos humanos da planta, que são capacitados para produzir os equipamentos com o mesmo grau de eficiência de outras unidades”, comenta.

Atualmente, as operações da CNH Industrial no Brasil contam com cerca de 8.500 funcionários, sendo que somente em Contagem são locados aproximadamente 1.600 colaboradores. De acordo com o executivo, até o momento não foram realizadas novas contratações em virtude de a planta ter virado base mundial de trator de esteiras. “O que aconteceu foi um remanejamento de colaboradores”, ele explica. “Mas, se necessário, isso será feito em 2024, com a contratação de mais pessoas quando a linha estiver funcionando de forma integral.”

EXPERIÊNCIA DO CLIENTE

Visando atender às necessidades dos clientes, a Case CE também vem desenvolvendo um projeto com foco na “Experiência do Cliente”. Ao longo dos últimos meses, a empresa ouviu clien-

tes de diversas regiões do país para colher mais informações sobre a demanda de quem utiliza as máquinas e serviços oferecidos pela marca. Ao final desse período de sondagem, a fabricante reuniu em torno de 200 depoimentos, incluindo desde reclamações até sugestões e elogios. A partir dessas indicações de campo, a empresa buscou promover melhorias na oferta. Alguns dos pontos destacados na sondagem foram abordados durante o evento “Case Eagle Day”, realizado em agosto com a presença de 60 clientes de diversas regiões do país, com o intuito de proporcionar a devolutiva das opiniões expressas nas entrevistas. “Alguns argumentos eram repetidos e outros já conhecidos pela empre-

Instalada junto à fábrica de Contagem (MG), central de dados dá suporte às máquinas MELINA FOGAÇA

sa”, afirma França. “Por consequência, realizamos alguns progressos e o resultado dessas melhorias culminou inclusive no lançamento de um novo produto.”

O executivo se refere à a retroescavadeira 580N Series 2HD, que teve pontos melhorados a partir da sondagem com clientes, incluindo a adoção de tampa antivandalismo no tanque de combustível, além de um sensor de presença de água no combustível, que acende um sinal de alerta no painel.

“Além disso, alguns itens antes opcionais passaram a ser de série, especialmente no que se refere ao conforto do operador, como coluna de direção regulável, retrovisores laterais e sistema de amortecimento do giro do braço traseiro, trazendo mais conforto para a operação”, detalha o profissional da Case CE.

De acordo com ele, a nova retroescavadeira também conta com motor mais potente e oferece força de escavação superior ao modelo anterior,

PARA EXECUTIVO DA CASE, NOVO PAC PODE IMPULSIONAR A CONSTRUÇÃO

O líder da Case CE no Brasil, Carlos França, mostra-se otimista com o anúncio de investimentos do novo PAC, com a expectativa de que 1,5 trilhão de reais, do total de cerca de 1,7 trilhão de reais em investimentos previstos no programa, sejam direcionados ao setor de construção. “O ano de 2023 deve se consolidar como o segundo melhor exercício para o mercado de equipamentos de construção, mesmo com a queda de 15% do mercado ocorrida até julho, em comparação ao mesmo período do ano passado”, diz ele. “Mas na Case, especificamente, estamos estáveis e não registramos queda.”

Em âmbito global, a CNH Industrial – considerando todas as áreas de atuação, o que inclui agrícola, construção e serviços financeiros – obteve em 2022 um faturamento de 23,6 bilhões de dólares, com o segmento agrícola representando 76% do montante, seguido por construção (15%) e serviços financeiros (9%).

além de trazer soluções de conectividade de fábrica, com recursos de telemetria que ampliam as possibilidades de gerenciamento da frota em tempo real. De acordo com França, a Case CE passou a entregar 100% de suas máquinas conectadas, já com recursos em telemetria.

Aliás, outro destaque da marca durante o evento foi a inauguração do “SiteConnect Center”, uma central de dados instalada junto à fábrica de Contagem, com uma equipe de especialistas disponibilizada para dar suporte às máquinas em operação no país.

Denominado “Control Room”, o espaço inaugurado em abril reúne um ecossistema de soluções para gestão das frotas, incluindo o pacote de serviços conectados “SiteConnect”, que põe o concessionário em contato direto com o cliente para antecipar as manutenções de forma proativa, além do “SiteWatch”, por meio do qual o próprio cliente pode monitorar as informações da máquina. “O propósito é integrar a telemetria na fábrica simultaneamente com o nosso distribuidor e o cliente final”, explica Relton César, diretor de serviços da Case CE.

Segundo o especialista, o acesso ao serviço é integrado ao portal do cliente durante dois anos, enquanto a rede de concessionários tem acesso por sete anos. “Queremos entregar mais do que a telemetria, uma solução completa em que que o cliente consiga monitorar o equipamento, tornando a telemetria mais produtiva, com menos paradas para manutenção”, ressalta César. “Ou seja, o objetivo é gerar valor ao serviço atrelado à telemetria, com o equipamento trabalhando e consumindo combustível de maneira otimizada.”

Saiba mais:

Case CE: www.casece.com/latam/pt-br

CNH Industrial: www.cnhindustrial.com

FABRICANTE 52 REVISTA M&T
Segundo França, ano deve fechar como o segundo melhor da história para o setor CNH INDUSTRIAL

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A ERA DAS MÁQUINAS

A ERA DAS MÁQUINAS A mecanização da pavimentação

Aevolução da indústria da construção a partir de 1920 nos Estados Unidos e de 1948 na Europa aumentou a demanda por materiais, fazendo com que a areia e o cascalho colhidos no leito dos rios fossem insuficientes e criando a necessidade de processos mecanizados de maior produção.

Com isso, as centrais de britagem, operadas por uma só pessoa, se tornaram populares nos anos 50. Os britadores aumentaram de tamanho e foram agrupados em três diferentes categorias.

Os modelos de mandíbulas tendem a produzir um agregado alongado, enquanto os giratórios e de impacto produzem partículas mais cúbicas, melhores para o concreto e o CBUQ.

Por volta de 1955, a Goodwin desenvolveu um britador para produção de agregado, a Parker produziu o britador de impacto Kubit para a mesma aplicação e a Pegson-Telsmith lançou o Gyrasphere, uma solução alternativa para a produção de agregados cúbicos.

Na França, Dragon, Bergeaud, Fives-Lille e outras marcas também participaram

desse processo. A Dragon produziu um britador de mandíbulas com peso de 250 ton e abertura de 2,5 x 1,6 m, considerado o maior do mundo na época. Nos Estados Unidos, os maiores fabricantes eram Babbitless, Allis-Chalmers e Universal, enquanto na Alemanha esse mercado era dominado por empresas de aço.

OPERAÇÃO

Em operações de alta produção eram usados dois ou três britadores, sendo um deles para a britagem primária, outro para a britagem secundária e um terceiro para

O equipamento Simesa Vibro-Finitrice era adaptado com longas esteiras e trilhos de deslocamento, trazendo sistema vibratório de 13 a 20 Hertz

54 REVISTA M&T

A ERA DAS MÁQUINAS

a produção de finos, quando necessário. Nessa mesma época (anos 50) surgiram os primeiros alimentadores, que conduziam o agregado para o britador primário e desviavam as rochas menores diretamente para a britagem secundária.

O material era classificado através de peneiras rotativas ou vibratórias, sendo que no final da década de 50 as primeiras praticamente já haviam desaparecido. O manuseio dos materiais entre os equipamentos era feito através de correias transportadoras, cujo comprimento, largura e potência aumentaram significativamente ao longo do tempo.

Na pavimentação, uma usina de asfalto norte-americana típica era composta por silos para diferentes tipos e tamanhos de agregado, com descarregamento em uma correia que, por sua vez, alimentava um elevador de canecas até o secador.

O betume era aquecido e transportado para o tambor misturador, juntamente com o agregado quente, enquanto a mistura resultante era descarregada diretamente em caminhões ou armazenada em silo aquecido por um período curto.

Alguns componentes e pequenas plantas completas foram montados sobre caminhões. Em 1950, a Barber-Greene lan-

çou a usina Travel Plant, com capacidade de 115 a 230 ton/h, que também foi usada para reciclagem de material in situ. No final da década de 50, a Marini lançou uma usina móvel com tambor secador-misturador, que dispunha de todos os equipamentos necessários e produzia 3 a 5,5 m3/h.

Nessa mesma época, a Linnhof lançou a Kompaktomat, uma usina modular com capacidade de 25 a 100 ton/h. Em locais onde não houvesse brita ou cascalho

suficientes, era possível obter uma base satisfatória para o pavimento por meio da mistura dos materiais do solo com cimento ou asfalto.

APERFEIÇOAMENTOS

Em 1950, Harry J. Seaman montou um rotor na traseira de um trator, para desagregação, mistura e nivelamento do solo. O equipamento evoluiu para as pulvi-misturadoras, bastante populares

Por volta dos anos 50, a Teerag-Asdag de Viena utilizava espargidores de asfalto similares a esse modelo, sendo que o material era derramado em caçambas e aplicado com as mãos Rua Úrsula Paulino, 223 – Betânia, Belo Horizonte – Minas Gerais contato@centrallocacoes.com.br
(31) 99601-4001

A ERA DAS MÁQUINAS

por décadas a fio. Em 1953, a P&H lançou um estabilizador de solos que executava toda a preparação da base, com exceção da compactação.

A máquina possuía quatro rotores, sendo um para desagregação do material, outro para mistura inicial e dois para mistura final, após a administração de substâncias líquidas. Alguns anos depois, a Buffalo Springfield/Koehring e a Linnhof lançaram equipamentos similares.

Os espalhadores de agregados também não tiveram mudanças significativas desde os anos 30, quando surgiram os primeiros modelos acoplados na traseira de caminhões e o primeiro equipamento autopropelido. Nessa mesma época, também surgiram as pavimentadoras de base, usadas como alternativa às motoniveladoras para nivelamento antes da compactação.

Embora o conceito básico da aplicação de betume não tenha mudado, os aperfeiçoamentos ao longo do tempo a tornaram mais eficiente. O controle da distribuição de material por ar comprimido assegurou uma camada uniforme em toda a superfície, ao passo que sistemas aquecidos de espalhamento permitiram obter pavimentos de melhor qualidade.

O avanço das acabadoras de asfalto entre 1935 – com o lançamento da Adnum Black, pela Blaw-Knox – e 1960 foi bastante significativo, passando de equipamen-

tos de baixa produtividade para máquinas mais eficientes, sofisticadas e capazes de produzir pavimentos de alta qualidade, montadas sobre esteiras e sobre pneus.

As empresas Blaw-Knox e Barber-Greene tiveram grande sucesso nessa época. O modelo 879 da BG, uma máquina de porte médio para larguras entre 2,4 e 3,6 m com capacidade de 100 ton/h, possuía socador de alta frequência e tinha uma velocidade de locomoção de 7 km/h. Outros fabricantes cujos modelos se destacaram na época incluíam Linnhof, Dingler, Marini e Richier.

SUCESSOS

Para assegurar a qualidade do agregado foram desenvolvidas centrais de lavagem. A Loro & Parisini oferecia tambores cuja produção variava entre 3 e 15 m3/h. A inglesa Parker dispunha de quatro modelos diferentes: um parafuso horizontal (Sandowheel), um cilindro rotativo com pás (Rotablade), uma correia elevadora (Sador) e um cilindro com água circulando no sentido oposto ao do agregado (Contraflow).

A partir de 1935, começaram a ser usados escarificadores para remoção do pavimento em reparos, com uma versão mais pesada introduzida por LeTourneau no final da década. Conjuntos de aquecedor e cortador (hot planers) também surgiram nessa época.

Em 1950, a Arrow desenvolveu uma máquina muito simples para o corte de pavimento para reparos. Basicamente, era constituída por uma torre vertical com um cortador acionado por gravidade, montada sobre um pequeno trator.

A pintura mecanizada de faixas se iniciou no final da década de 50. Antes uma simples tarefa manual utilizando um gabarito de madeira, a atividade passou a compreender um tanque de tinta, um compressor e duas guias de aço, que limitavam a área a ser pintada. Posteriormente, foram incluídos dispositivos para pintura em curvas e esquinas, com unidades montadas em chassis rebocados ou autopropelidos.

O meio-fio, que era feito de blocos de granito, passou a ser feito de concreto, inicialmente moldado in situ com formas de madeira. Em 1952, a empresa americana Dotmar lançou a primeira máquina de concretagem contínua, capaz de produzir 90 m de meio-fio por hora. Basicamente, a solução consistia de um conjunto de forma e um vibrador, que deslizava sobre duas formas de pavimento devidamente niveladas.

Nesse mesmo ano, Bill Canfield experimentou com sucesso uma máquina extrusora de perfis, que veio a se tornar a Power Curbers.

Leia na próxima edição: A inovação acelerada em guindastes

56 REVISTA M&T
O Koehring 23-E Tribatch trazia hooper de 0,9 m2 e era movimentado por um diesel motor GM de 180 hp

ATENDIMENTO NA FRENTE DE OPERAÇÃO

ALÉM

Além de equipamentos eficientes e tecnológicos, a oferta de serviços de manutenção é essencial para garantir o bom funcionamento dos maquinários, seja no segmento de construção, agrícola ou de mineração. E uma das alternativas oferecidas no mercado, especialmente pelas redes de concessionários, é a manutenção no local da operação.

De acordo com Marcelo Barbosa, gerente de serviços da New Holland Construction, a principal vantagem desse tipo de serviço é a comodidade de executar as revisões diretamente na obra, sem a necessidade de deslocar o equipamento, que pode retornar imediatamente ao trabalho após a intervenção. “O cliente pode programar a parada do equipamento por um período mais curto, o que potencializa a produtividade e reduz as

despesas, pois o custo de deslocar técnicos é menor do que o de parar e transportar o equipamento até uma oficina”, diz. “Outra vantagem é que o técnico pode acompanhar o equipamento diretamente na operação, garantindo que esteja apto e orientando sobre aspectos técnicos, o que inclusive facilita o diagnóstico e evita defeitos causados por temas operacionais.”

Segundo Gleidson Gonzaga, especialista de suporte ao cliente da Case CE para a América Latina, no local de trabalho é possível realizar não apenas manutenções preventivas, como também alguns tipos de corretivas. “Nesse caso, é preciso que o local ofereça condições de limpeza, para evitar a contaminação de componentes, assim como de infraestrutura, garantindo a segurança do técnico que executa o serviço”, complementa.

OUTUBRO/2023 MANUTENÇÃO
DE FACILITAREM
DE
NO LOCAL DE TRABALHO POTENCIALIZAM
PRODUTIVIDADE E REDUZEM DESPESAS COM O TRANSPORTE DA MÁQUINA
A PROGRAMAÇÃO
PARADAS, OFICINAS INSTALADAS
A
CASE

Nos casos de intervenção, seja preventiva ou corretiva, o cliente aciona o dealer para abrir uma ordem de serviço e fazer o agendamento. O especialista da Case afirma que a marca oferece o programa “Case Care”, que abriga vários serviços, desde preventivas e corretivas até o gerenciamento das frotas. “A contratação desses serviços é feita diretamente na rede de concessionários”, explica Gonzaga.

Na New Holland Construction, todos os agendamentos, chamadas e intervenções também são feitos diretamente entre o cliente e a rede. Segundo Barbosa, é natural que as manutenções e revisões obrigatórias no site do cliente sejam agendadas com antecedência e executadas pelos concessionários, até pela característica do mercado de construção. “Como é uma comodidade oferecida pela rede, cada empresa possui uma política diferente de cobrar o deslocamento do técnico”, explica. “Normalmente, o concessionário solicita que o cliente desloque o equipamento somente para serviços mais complexos ou que demandem uma estrutura mais robusta.”

Entre as soluções oferecidas, informa Bar-

bosa, está o sistema de telemetria “FleetForce”, que promete facilitar a gestão da frota ao coletar informações de desempenho, localização, consumo e eficiência do operador, por exemplo. Uma vez recolhidos, os dados são compartilhados com o “FleetConnect Center”, central localizada na planta de Contagem (MG) que analisa e trata eventuais alertas gerados pelas máquinas em campo. “Isso permite uma atuação mais proativa e preventiva, fazendo com que o time de serviços,

tanto da fábrica quanto na rede, acompanhe a operação mais de perto e preveja possíveis paradas de manutenção”, reforça.

Além dessa opção, os serviços também podem ser oferecidos na mineração. Segundo Juscélio Frades, diretor de operações da divisão de equipamentos de mineração da Komatsu, os tipos mais comuns de manutenção no segmento também incluem preventivas, corretivas e preditivas. Na preventiva, cada equipamento tem um plano a ser executado, de acordo com o número de horas trabalhadas.

Nessas intervenções, diz ele, são realizadas inspeções e substituições de óleos, filtros e peças que já alcançaram a sua vida útil ou foram previamente mapeados para substituição. “A corretiva ocorre quando o equipamento apresenta falha que impede seu uso, de modo que a equipe realiza o diagnóstico para restabelecer o funcionamento no menor tempo possível”, observa. “Já na preditiva, realizamos inspeções e análises junto ao cliente, incluindo óleo, vibração, temperatura etc.”

AGRICULTURA

Na agricultura, é preciso entender que a área de operação da máquina é subdividida em duas, como explica o gerente de serviços da AGCO, Guilherme Gomes. Primeiro, há o galpão ou oficina na propriedade, onde é rea-

MANUTENÇÃO 58 REVISTA M&T
Ao executar as revisões diretamente na obra, serviço tem potencial de reduzir custos
NHCE KOMATSU
Corretivas exigem diagnóstico rápido para restabelecer o funcionamento da máquina

lizada a manutenção preventiva. “A partir do monitoramento das máquinas, temos a visibilidade das horas trabalhadas, tipo de maquinário e necessidade de manutenções, conforme a recomendação do manual de fábrica”, afirma Gomes. “A partir daí, o concessionário local entra em contato com o agricultor e agenda a revisão.”

A segunda acontece no campo, no momento de uso da máquina, decorrente de falta de preventiva ou parada inesperada. “Nesses casos, os concessionários disponibilizam um time para atender os clientes, contando inclusive com uma logística de peças exclusivas da AGCO Parts”, diz Gomes.

Por padrão, os serviços de manutenção preventiva demandam monitoramento, alertas, contato com o cliente, envio da equipe para inspeção de itens de desgaste, escaneamento de sistemas, identificação de falhas, troca de itens, aprovação e manutenção da máquina. “Sempre que necessário, os concessionários podem contar com o apoio dos engenheiros da fábrica a partir de chamadas de vídeo, com a possibilidade até de sinalização na tela dos componentes a serem trabalhados”, ressalta.

Em regiões sem conectividade, os concessionários enviam consultores ou inspetores, que visitam as propriedades para avaliar os maquinários – sem custo para os clientes – e recomendar os serviços. Para o atendimento em campo, os concessionários contam com pick-ups com carroceria adaptada ou mesmo furgões e vans com as ferramentas e peças necessárias. “Mas os consultores ou inspetores utilizam automóveis, que entregam maior segurança para a equipe e melhor consumo de combustível, em função das rotas usadas para atender diferentes propriedades”, complementa.

De acordo com Gomes, os serviços oferecidos podem ser os mais diversos, desde a troca de filtro de ar, óleo e aditivos até a possibilidade de instalação de itens como pilotos automáticos e tecnologias de agricultura de precisão. “Os clientes também contam com

serviços de análise de fluidos, que podem ser realizados a qualquer momento pelo concessionário”, comenta. “Esses serviços atestam a qualidade do diesel, de aditivos e lubrificantes dos diferentes sistemas do maquinário e, até mesmo, da propriedade.”

Essa sistemática permite monitorar a “saúde dos maquinários” a partir de análise laboratorial dos itens relacionados. Em casos mais críticos, como em períodos de safra, alguns

equipamentos possuem back-ups posicionados em locais estratégicos do país, “que podem ser disponibilizados até que a máquina retome o funcionamento”.

CONFIGURAÇÕES

Em um país de proporções continentais como o Brasil, a diversidade de maquinários é tão grande quanto as culturas produzidas. “Por isso, contamos com o apoio

59 OUTUBRO/2023
Baseado no monitoramento da frota, em geral o atendimento é feito pela rede de concessionários
CASE VALTRA
Ferramental, equipe e estoque de peças precisam ser adequados às especificidades do maquinário

da tecnologia para monitorar, suportar os técnicos e escanear motores e sistemas, permitindo obter uma melhor visão dos itens de manutenção”, afirma Ivan Santos, gerente de marketing e pós-venda de peças da AGCO na América do Sul.

Segundo ele, isso é necessário tendo em vista que cada região apresenta nichos diferentes de cultivo, mantendo oficinas com ferramental, área, equipes especializadas e acervo de peças de reposição adequadas para os maquinários específicos que atuam na área.

O gerente de serviços da divisão de equipamentos de construção da Komatsu, Elthon

Isejima, reitera que as configurações das oficinas dependem da frota existente, considerando a quantidade de equipamentos, o nível de disponibilidade física desejada e a quantidade de turnos, entre outros fatores. “Com base na necessidade operacional, é possível configurar as oficinas”, explica Isejima, ressaltando que existem diversas possibilidades, seja de instalações de ar comprimido ou de instalações elétricas. “Essa escolha depende dos tipos de ferramentas, elétricas ou pneumáticas”, acrescenta.

As ferramentas a bateria também vêm ganhando espaço pela versatilidade de uso e

OFICINA MÓVEL DA DAF ATENDE O SETOR DE CAMINHÕES

Desde 2019, a montadora DAF conta com um serviço para manutenção de caminhões, chamado “DAF Oficina Móvel”, implementado para oferecer todos os recursos disponíveis de uma oficina fixa. Segundo Adcley Souza, diretor de serviços ao cliente no Brasil, a estrutura permite realizar serviços de manutenção preventiva e ações de manutenção corretiva, além de viabilizar acesso a peças originais DAF, Paccar e da linha multimarcas TRP.

A estrutura completa, que também permite executar reparos de complexidade média, é acoplada ao caminhão LF e dispõe de bancada de trabalho com tomadas elétricas e pneumáticas, carrinho de ferramentas, equipamento de diagnose, talha para auxílio de carregamento, mangueiras de abastecimento com controle de vazão para lubrificantes, gerador e compressor de ar. “No Brasil, esse modelo com implemento box é oferecido somente sob o conceito de oficina móvel”, diz Souza, acrescentando que o modelo é comercializado em regiões como a Europa.

rapidez no carregamento. Há ainda a possibilidade de adicionar tanques de lubrificantes, graxa, água e outros. Dependendo da aplicação, comenta Isejima, é possível até mesmo adaptar a oficina móvel a guindautos. “Não existe uma configuração padrão, pois vai depender da necessidade de uso”, resume.

Na New Holland Construction, as concessionárias da rede participam do programa “Dealer Standards”, que prevê critérios de configuração de oficinas para atender aos equipamentos fabricados pela marca. No manual, explica Barbosa, constam especificações dos boxes, listas de ferramentas e equipamentos especiais, certificados de calibração, volumes de treinamentos técnicos, regras de armazenamento, critérios de segurança e meio ambiente, sala de desmontagem de conjuntos e bancadas padronizadas, entre outros.

De acordo com o gerente, os veículos mais utilizados são pick-ups leves com bagageiro fechado, kit padrão de ferramentas, torquímetros, manômetros padronizados e certificados, além de notebook com sistema EST para conexão com os equipamentos. “Essa configuração atende à maior parte das necessidades do campo, com exceção de atendimentos que demandam intervenções maiores e bancadas de testes”, acentua.

Devido ao porte dos equipamentos, na mineração geralmente são utilizadas as instalações do cliente. Mas cada oficina é pensada levando em consideração o porte e o tipo de equipamento. Equipamentos de esteira de menor porte, por exemplo, requerem um trilho especial para suportar o peso e o deslocamento, sem danificar o piso. “Nessas oficinas, toda a estrutura necessária, incluindo ferramental e recursos fixos e móveis, é planejada de acordo com as atividades que precisam ser executadas”, conclui Frades, da Komatsu.

Saiba mais:

AGCO: www.agco.com.br

Case CE: www.casece.com

DAF: www.dafcaminhoes.com.br

Komatsu: www.komatsu.com.br

New Holland Construction: www.newholland.com.br

MANUTENÇÃO 60 REVISTA M&T
DAF
Acoplada ao caminhão LF, estrutura permite executar reparos de complexidade média

LUIS MIGUEL TORRES SILVA

Mesmo com os bons resultados registrados no ano passado, que representaram a maior receita líquida da história da empresa, chegando a R$ 750 milhões na América Latina, a Palfinger avalia o mercado em 2023 com “bem diferente e desafiador”, mas mantém acesa a confiança em uma retomada dos mercados brasileiro e latino-americano, especialmente a partir do 2º semestre de 2024. Segundo o diretor de vendas e serviços da empresa para a América Latina, Luis Miguel Torres Silva, a fabricante de guindastes articulados não parou de investir no país mesmo nos momentos mais críticos da economia. Algumas ações recentes mostram isso. Recentemente, ele acentua, a empresa abriu uma nova unidade em Sorocaba (SP), visando desenvolver especialmente o setor de serviços e atendimento. “O foco da unidade é a prestação de serviços nos processos de integração veicular, manutenções, upgrades para atualização constante dos equipamentos de nossos clientes e todo tipo de atendimento que se faça necessário no que se refere ao pós-venda”, comenta o executivo em entrevista exclusiva à Revista M&T.

No atual cargo desde fevereiro deste ano, Silva já acumula mais de 15 anos de carreira profissional de destaque, com ampla experiência na direção de empresas internacionais do ramo industrial, tanto na América Latina como na Europa, incluindo Voestalpine, Böhler Uddeholm Colômbia e Liebherr Brasil.

Formado em administração industrial pelo Instituto Colombo Alemán para la Formación Tecnológica (ICAFT) e em administração de negócios pela Pontificia Universidad Javeriana (PUJ), ambas na Colômbia, o executivo já comandou diversas áreas em diferentes unidades de negócio, com especial competência voltada à área de vendas, pós-venda, assistência técnica e engenharia de produto. “Esperamos incrementar em 50% a nossa capacidade local na prestação de serviços de integração veicular, mas também buscamos agilizar a disponibilidade de peças, componentes e acessórios”, diz ele.

Acompanhe.

EQUIPAMENTOS

ENTREVISTA
OUTUBRO/2023
“A IDEIA É QUE O CLIENTE FAÇA O GERENCIAMENTO DIGITAL DOS
IMAGENS: PALFINGER

• Qual é a estrutura atual da empresa no país?

Atualmente, a operação no Brasil conta com fábrica e headquarter localizados em Caxias do Sul (RS), além de uma unidade exclusiva de serviços em Sorocaba (SP), 25 pontos para integração veicular e 44 parceiros autorizados de serviços espalhados pelo Brasil.

• Como avalia o ano para o setor de guindastes veiculares no Brasil?

O ano vem sendo muito desafiador. O setor de guindastes, assim como os demais implementos rodoviários, tem acompanhado a evolução do mercado

de caminhões novos. No geral, o mercado está em contração, podendo reduzir até 15% em relação a 2022.

• Nesse quadro, o que pode impulsionar o setor no país?

Podemos avaliar algumas situações nesse sentido, como, por exemplo, uma redução mais significativa da taxa Selic (atualmente em 12,75% a.a.), a reativação dos grandes projetos de construção civil e infraestrutura viária e urbana no país, um maior acesso aos créditos de fomento para aquisição de novos caminhões e equipamentos rodoviários e, ainda, uma moderação dos preços dos novos caminhões Euro 6.

• Qual é a importância do mercado brasileiro para a empresa?

Na média de resultados, o mercado brasileiro representa atualmente cerca de 4% do faturamento anual total do grupo Palfinger.

• Em julho, a empresa abriu uma nova unidade em Sorocaba. Qual é a expectativa com esse novo espaço?

Dentre os principais objetivos, esperamos incrementar em 50% a nossa capacidade local na prestação de serviços de integração veicular, mas também buscamos agilizar a disponibilidade de peças, componentes e acessórios para responder com ain-

62 REVISTA M&T I LUIS MIGUEL TORRES SILVA ENTREVISTA
Segundo Silva, setor de guindastes tem acompanhado a evolução do mercado de caminhões novos

da mais agilidade às necessidades de pós-venda dos clientes. Por fim, buscamos estabelecer um centro de competência técnica e treinamento para oferecer cursos, capacitações e atualizações permanentes para os nossos clientes, usuários e parceiros técnicos e comerciais.

• Qual é a estrutura dessa área?

A nova estrutura tem 6 mil metros quadrados, incluindo área para treinamentos teóricos e práticos, 11 boxes para equipamentos novos e manutenção, além de um pátio exclusivo para testes dos conjuntos já instalados e das máquinas em reparo. O es-

paço é dedicado à realização de serviço de integração veicular, serviços de manutenção preventiva e corretiva, venda de peças, componentes e acessórios para manutenção, revitalização e modernização dos guindastes e plataformas e programas de treinamento e capacitação para clientes e usuários do Brasil e da América Latina.

• O que será oferecido nessa nova unidade em termos de produtos?

Na unidade de Sorocaba não serão fabricados produtos, nem componentes. Como disse, o foco da unidade é prestar um serviço de excelência nos processos de integração veicular, manutenções e upgrades para uma constante atualização dos equipamentos de nossos clientes e todo tipo de atendimento que se faça necessário ao que se relaciona com o pós-venda.

• Aliás, como a empresa trabalha atualmente em relação à rede de serviços?

Atualmente, os serviços são prestados diretamente em nossas unidades próprias localizadas em Caxias do Sul (RS) e em Sorocaba (SP). Adicional-

Com de 48 tm, o novo modelo MD480 pode ser configurado com até cinco lanças

63 OUTUBRO/2023
No Brasil, a empresa vem investindo forte em serviços e no atendimento, destaca o executivo

mente, contamos com uma competente rede de parceiros de serviço técnico espalhados por todo o país, visando garantir que todo equipamento da marca Palfinger receba o acompanhamento técnico e funcional necessário, no momento certo.

• Quais são os destaques do portfólio em termos de novos produtos?

Estamos trabalhando no desenvolvimento de novos modelos de nossa linha MD, que conta com uma grande absorção no mercado brasileiro. Recentemente, lançamos nosso mais novo modelo, MD480, um guindaste articulado de 48 tm que pode ser configurado com até cinco lanças hidráulicas e três lanças manuais, com alcance hidráulico horizontal de até 13 m. Também apresenta o diferencial de um estabilizador escamoteável, que viabiliza a montagem em veículos mais curtos ou com restrições devido

aos componentes do caminhão. Além disso, a quarta geração da linha permite configurar opcionais como sistema de sobrecarga, controle remoto e outros acessórios.

• Quais setores são mais demandantes de máquinas no momento?

De maneira geral, os setores mais significativos para a Palfinger são os de mineração, locação e agronegócio.

Nos últimos anos, temos trabalhado também nossa linha de cestas aéreas, que são equipamentos direcionados para atividades do segmento eletricitário e serviços gerais. O modelo PB13 ATI possui diferenciais importantes como, por exemplo, sistema telescópico de lança, isolação de 46 kV e joystick para controle das principais funções do equipamento. Além disso, possui um conjunto de lanças articuladas e telescópicas, giro de 360o contínuo e infinito da torre e giro de 180o da ca-

çamba, o que garante o alcance em locais mais complexos.

• Qual é a estratégia adotada pela Palfinger em relação aos investimentos em tecnologia?

A Palfinger vem trabalhando fortemente na aplicação de novas tecnologias e desenvolvimento de recursos de ponta para nossos produtos, mas também temos investido fortemente na digitalização dos processos, inclusive processos de atendimento ao cliente. No futuro, a ideia é que o cliente faça digitalmente o gerenciamento de seus equipamentos, incluindo controle de manutenções, análise de falhas e outras funções, o que trará maior agilidade ao processo e tempo de disponibilidade do equipamento.

• Para o futuro, quais são as perspectivas da empresa, especialmente para o Brasil e para a América Latina?

Confiamos numa retomada da economia e do ambiente de negócios no Brasil e nos mercados latino-americanos a partir do segundo semestre de 2024. Nessa linha, planejamos taxas de crescimento orgânico de 4% a 6% contínuo até 2030. Continuaremos atentos às possibilidades de crescimento via aquisições e joint ventures, sempre buscando alavancar uma rápida expansão das nossas atividades industriais e comerciais na região Latam.

• Como avalia o potencial da região para os produtos da marca?

As economias latino-americanas estão sempre cheias de incertezas, mas continuamos a enxergar a região como uma interessante fonte de oportunidades de crescimento em todas as nossas linhas de produto.

I LUIS MIGUEL TORRES SILVA ENTREVISTA 64 REVISTA M&T
Saiba mais: Palfinger: www.palfinger.com/pt-br Fabricante também mira o mercado de cestas aéreas com produtos como este modelo PB13 ATI

O Guia on-line é uma ferramenta interativa de consulta para quem procura informações técnicas dos equipamentos comercializados no Brasil.

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Vivenciando a intermodalidade

Como seria uma viagem de turismo feita totalmente por trem? No Brasil, essa ainda não é uma experiência tão comum como ocorre em outros países, em que constitui a única maneira acessível. Refiro-me especificamente ao Japão, onde planejei alugar um carro e aventurar-me pela ilha de Hokkaido, mesmo com a direção sendo no lado direito do veículo. Mas a surpresa veio logo depois, quando uma agência de viagem me informou que, em décadas de atividades, nunca havia tratado de locação de automóveis naquele país.

Logo descobri que o Brasil não faz parte da Convenção de Genebra para o protocolo de direção, mas sim de Viena. Ou seja, embora o Brasil permita a condução para visitantes com carteira do Japão, a recíproca não é verdadeira, pois não podemos dirigir lá. Assim, a alternativa para conhecer locais remotos fica por conta dos trens. Felizmente, a malha ferroviária nipônica conta com alta capilaridade, podendo-se chegar a qualquer lugar de trem, algumas vezes finalizando o “last mile” (última milha) com ônibus.

Além disso, um passe de trem (“Rail Pass”) resolve a necessidade das compras frequentes de passagens, facilitando muito a viagem, com total flexibilidade. Sem desviarmos demasiadamente do tema do nosso espaço, é claro que tudo isso representa uma infraestrutura invejável de transporte coletivo, da qual falamos e ouvimos muito, mas que pouco vivenciamos no Brasil.

Claro que sempre há alguns incômodos com respeito às bagagens, mas daí temos outra infraestrutura surpreendente para transporte de carga pessoal. É possível despachar a bagagem ao próximo hotel para chegar em 48 h no máximo. Leva-se a bagagem de mão necessária para o período de se enviar as malas ao próximo destino. Apesar da desconfiança inicial, a confiabilidade é tão elevada que a solução se torna parte da viagem. Creio que a principal empresa seja a Yamato (“Gato Preto”), que cobre o país todo. Em todos os hotéis há o serviço de despacho de bagagens.

Nas cidades, os terminais de ônibus estão posicionados ao lado das estações de trem, que é o meio mais prático de chegar aos aeroportos. Em geral, os hotéis também ficam próximos das estações. Desse modo, a intermodalidade é praticada amplamente – e não apenas para rotas específicas e áreas de maior movimentação.

Os trens podem ter composições longas ou apenas um único vagão de “rail car”, e caminhões e ônibus podem ser grandes ou pequenos, conforme a necessidade. Não deixa de ser frustrante não poder dirigir por conta própria, mas vivenciar a integração e a intermodalidade é uma experiência interessante para quem viaja.

COLUNA DO YOSHIO
A malha ferroviária nipônica conta com alta capilaridade, podendo-se chegar a qualquer lugar de trem, algumas vezes finalizando o ‘last mile’ com ônibus.”
RAIZ CONSULTORIA
66 REVISTA M&T
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

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