agricultura e habitação:
um ensaio para são paulo 2050 athiná kypriades orientação: ricardo felipe gonçalves trabalho final de graduação centro universitário belas artes dezembro, 2022
agradecimentos
aos meus pais, pelo apoio desde o primeiro dia; à minha irmã, pela compa nhia no processo deste trabalho e na vida; ao meu orientador, por toda a ajuda; aos amigos, pelos conselhos e cumplicidade; também, dedico este trabalho ao meu avô, minha maior inspiração. muito obrigada!
sumário
01 apresentação 08 tema 09 justificativa 10 objetivos 11 02 agricultura e a cidade 12 os princípios da agricultura urbana 13 benefícios 14 perspectivas 16
03 projeções para 2050 18 panorama 19 previsões climáticas 20 consequencias sócio-econônimcas 22 04 território 24 a escolha do local 25 o centro 26 o recorte 28 legislação 29 topografia 31 edifícios notáveis 31 mobilidade 32 restaurantes e equipamentos de abastecimento 32 uso predominante do solo 33 densidade demográfica 33 05 proposição 36 partido 37 acessos 38 fluxos 38 volumetria 39 programa 40 setorização 41 06 setor produtivo 44 análise solar 45 produção com luz artificial 46 produção com luz natural 47 produção com insetos polinizadores 48 produção de cogumelos 49 espécies e períodos de plantio 52 armazenamento escoamento 53 07 setor habitacional 56 unidades habitacionais 57 alojamentos 60
08 outros usos 62
ateliê 63 biblioteca 64 biblioteca de sementes 66 coworking 67 escola de gastronomia 70 mercado 71 restaurante e bom prato 72 viveiro 73
09 plantas e cortes 76 cota 742,00 77 térreo 78 cota 752,00 79 cota 755,00 82 cota 758,00 83 cota 761,00 84 cota 767,00 85 cota 770,00 86 cota 782,00 87 cota 785,00 88 cota 788,00 89 cota 794,00 90 corte aa 92 corte bb 94 10 detalhes 96 detalhe jardineira em laje 97 detalhe wetland 98 estrutura 99 soluções bioclimáticas 102 11 conclusão 104 conclusão 105 12 referências 108
lista de figuras
lista de figuras
figura 01 - fazenda cubo - acervo próprio 17 figura 02 - área inundada no Paquistão 20 figura 05 - piu setor central 30 figura 07 - mapa topografia 31 figura 08 - mapa edifícios notávies 31 figura 09 - mapa mobilidade 32 figura 10 - mapa restaurantes e equipamentos de abastecimento 32 figura 11 - mapa uso predominante do solo 33 figura 12 - mapa densidade demográfica 33 figura 13 - análise cheios e vazios - república 37 figura 15 - análise cheios e vazios - moema 37 figura 17 - análise cheios e vazios - jardim ângela 37 figura 14 - posicionamento dos módulos - república 37 figura 16 - posicionamento dos módulos - moema 37 figura 18 - posicionamento dos módulos - jardim ângela 37 figura 18 - acessos 38 figura 19 - diagrama de fluxos do térreo 38 figura 20 - diagrama de volumetrias 1 39 figura 21 - diagrama de volumetrias 2 39 figura 22 - diagrama de volumetrias 3 39 figura 23 - programa 40 figura 24 - setorização 41 figura 25 - tabela programa de necessidades 42 figura 26 - análise de insolação horas de sol/m² – solstício de inverno 45 figura 28 - distribuição de tipologias produtivas 45 figura 27 - análise de insolação horas de sol/m² – solstício de verão 45 figura 29 - diagrama de produção com luz artificial 46 figura 30 - diagrama de produção com luz natural 47 figura 31 - diagrama de produção com luz natural nas fachadas 47 figura 32 - diagrama de produção com insetos polinizadores 48 figura 33 - diagrama de produção de cogumelos 49 figura 34 - perspectiva produção com luz artificial 50 figura 35 - armazenamento e escoamento de lixo e produção 53 figura 35 - perspectiva torres general jardim e central 54 figura 36 - isométrica unidade habitacional tipo 01 57 figura 37 - isométrica unidade habitacional tipo 02 57 figura 38 - perspectiva UH 48.00 m² 57 figura 39 - pavimento tipo habitacional ímpar 58 figura 40 - pavimento tipo habitacional par 01 58 figura 41 - pavimento tipo habitacional par 02 59
figura 42 - isométrica alojamento 60 figura 43 - perspectiva copa 60 figura 44 - pavimento tipo alojamentos 61 figura 45 - pavimento uso coletivo 61 alojamentos – cota 752,00 61 figura 46 - ampliação ateliê 63 figura 47 - ampliação biblioteca 64 figura 48 - perspectiva biblioteca 65 figura 50 - ampliação biblioteca de sementes 66 figura 51 - ampliação coworking 67 figura 52 - perspectiva torre central - biblioteca de sementes 68 figura 53 - ampliação escola de gastronomia 70 figura 54 - ampliação mercado 71 figura 57 - perspectiva viveiro 74 figura 58 - tabela de plantas cultivadas no viveiro 75 figura 63 – planta cota 755,00 82 figura 64 – planta cota 758,00 83 figura 65 – planta cota 761,00 84 figura 66 – planta cota 767,00 85 figura 67 – planta cota 770,00 86 figura 68 – planta cota 782,00 87 figura 69 – planta cota 785,00 88 figura 70 – planta cota 788,00 89 figura 71 – planta cota 794,00 90 figura 72 – corte bb 91 figura 73 – corte aa 92 figura 74 – detalhe jardineira em laje 95 figura 75 – detalhe wetland 96 figura 76 – corte ampliado da fachada 97 figura 77 – detalhe encaixe dos pilares 97 figura 78 – detalhe encontro do pilar no solo 98 figura 79 – detalhe encaixe dos pilares e vigas 98 figura 80 – gráfico consumo energético para produção de diferentes soluções construtivas 99 figura 81 – soluções bioclimáticas 100
apresentação
tema justificativa objetivos
agricultura e habitação: um ensaio para são
O projeto busca implantar os conceitos da agricultura urbana no contexto do imaginário da cidade de São Paulo em 2050, encontrando soluções para prognósticos problemáticos em relação a segurança alimentar e mudanças climáticas, através do projeto de edificação de um equipamento que reúna uma fazenda urbana vertical, áreas comerciais, sócio-educativas e habitação no bairro da República. Fomentando a inserção de uma maior oferta de alimentos saudáveis e da inclusão social das populações menos favorecidas através das práticas agrícolas e colaborativas no contexto urbano.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) considera que o desenvolvi mento da agricultura urbana faz parte das políticas de desenvolvimento humano sustentável. Tendo isso em vista o projeto foi desenvolvido com objetivo de exemplificar soluções para diversas proble máticas que caminham entrelaçadas, como segurança alimentar, mudanças climáticas e questões de vulnerabilidade social, através da identificação de um local onde todos esses problemas congruem: um bairro no centro de São Paulo. O sistema de agricultura dentro do perímetro urbano (AUP) aliado ao método de produção vertical potencializa a efetividade na produção de alimentos.
“O estudo revela um contexto promissor e sinaliza que a agricultura desenvolvida na RMSP tem potencial para alimentar, com legumes e verduras, 20 milhões de pessoas – número próximo ao total da população da metrópole” (FERREIRA J.L. et al, 2020)
A ideia da produção de alimentos em uma fazenda urbana é fortalecida pelo fato de gerar novos postos de trabalho e prover recursos para os grupos mais vulneráveis que ali habitam, além de abastecer a região.
“Nos países em desenvolvimento, como Cuba, Argentina, Equador e México, as práticas de AUP constroem uma alternativa de sobrevivência para os grupos mais vulneráveis socialmen te, funcionando como um incremento de renda e contribuindo na segurança alimentar desses grupos” (AQUINO; ASSIS, 2007).
Além disso, ter esta produção compactada dentro de um edifício que visa diversas soluções sustentáveis para mitigação do seu impacto na cidade, como estrutura em madeira, sistemas de ciclo fechado de água e produção de energia somado a produção de novas habitações e programas socioeducativos torna o edifício em uma célula de apoio a sociedade e ao planeta. Um projeto mode lo que poderia ter seu conceito e partido replicado em qualquer localidade.
O Projeto Final de Graduação também propõe uma solução quanto aos espaços subutilizados e vazios nas áreas urbanas. Adensando as quadras e trazendo benefícios econômicos e sociais para o local.
“A Agricultura Urbana e Periurbana tem sido estudada por diversos autores [...] - como uma alternativa para esses problemas, uma vez que propicia a ocupação de espaços urbanos ociosos, promovendo a autonomia e segurança alimentar e nutricional de grupos vulneráveis e contribuindo para o desenvolvimento sustentável da cidade.” (MARÇAL, MESQUINA, 2018)
agricultura e habitação: um ensaio para são paulo
objetivos
O objetivo geral do Trabalho Final de Graduação é criar uma equipamento que abrigue uma fazenda urbana vertical áreas comerciais, sócio-educativas e habitação localizado na República, São Paulo, com intuito de realizar um ensaio acerca das possibilidades e possíveis soluções para prog nósticos que englobam mudanças cimáticas, tecnologias construtivas e o déficit habitacional dis cutidos para o ano de 2050 na cidade de São Paulo, fometando, desta forma, mudanças na escala local nos âmbitos social, da segurança alimentar e da sustentabilidade, democratizando o acesso a alimentos de qualidade e educação de diversas escalas e criando maior densidade habitacional na cidade.
02 agricultura e a cidade
os princípios da agricultura urbana benefícios perspectivas
agricultura e habitação: um ensaio para são paulo 2050
A agricultura urbana remonta às primeiras civilizações que conhecemos, a Mesopotâmia e o Egito, onde haviam jardins dentro dos perímetros das cidades contendo diversos tipos de plantas comestíveis e árvores frutíferas.
Durante todo o curso da história os espaços verdes urbanos sofreram mudanças que refletiram a proximidade do ser humano com o meio ambiente, um exemplo foi quando a cidade tornou-se independente da produção de alimentos dentro de seu perímetro, não dependendo também, diretamente do ecossistema e do que antes era produzido ali, tornando os espaços verdes puramente ornamentais. (AROSEMENA, 2012)
A partir deste momento surge a separação clara entre as funções de campo e cidade e da co-dependência entre as partes, o que gera a necessidade de transportar os alimentos através de grandes distâncias, emitindo grandes quantidades de carbono na atmosfera, além do desperdício de grande parte desses alimentos, também.
A agricultura no Brasil atualmente desperdiça cerca de 30% de sua produção, dos quais 10% ocorrem no próprio local de cultivo e colheita, segundo levantamento da ONU, além disso 72% da água consumida no Brasil é destinada a irrigação de lavouras (FOA, 2021), enquanto que
Como descrito por Toyoki Kozai, o administrador da fábrica NPO, quando o ar está seco e a água é circulada novamente com ajuda da hidroponia ou da aeroponia, a eficiência do consumo de água sobe para 97% em comparação com a agricultura tradicional. (KALANTARI, 2017, p.43, tradução nossa.)
Além disso, existem outros fatores que tornam a produção vertical mais vantajosa, por exem plo a possibilidade de uma maior produtividade por unidade de área, uma vez que esses cultivos não estão restritos a um único plano horizontal. Também é possível reduzir a quantidade de resídu os através de ciclos fechados, utilizando a reciclagem dos excedentes e criando menos perdas em transportes e manuseio uma vez que a produção ocorre dentro da área de consumo.
“A produtividade de uma fazenda vertical é bastante alta em relação ao espaço ocupado –resultado do controle total dos processos e insumos empregados – e se restringe às folhosas, principalmente alfaces e microverdes (ou microgreens, como são chamados brotos de diversos tipos, geralmente destinados a saladas).“ (FERREIRA J.L. et al, 2020)
“Ambientalmente, a vantagem está no consumo mínimo de água e na perda de produção quase inexistente.” (FERREIRA J.L. et al, 2020)
Socialmente, a agricultura urbana pode gerar novas oportunidades de trabalho dentro dos centros urbanos, atividades sócio-educativas e um senso de comunidade mais aguçado devido a grande demanda de colaboração e participação pública que envolve pessoas produzindo seus pró prios alimentos (BESTHORN, 2013), por fim, a fazenda urbana vertical pode contribuir também para a mior segurança alimentar da comunidade na qual se localiza.
da água consumida no Brasil é destinada às lavouras
FOA, 2021
30%
dos alimentos produzidos são desperdiçados no Brasil
72% 10% 50% 40%
ocorre na colheita
ocorre no manseio e transporte ocorre nas centrais de abastecimento (30%) e em supermercados e consumidores (10%)
fonte: ONU - Adaptado pela autora.
Comprovados os benefícios da agricultura urbana, debate-se o papel desta como uma fer ramenta no caminho necessário para contornar os efeitos das mudanças climáticas causadas pela disposição da sociedade até hoje. É neces sário que se pense na inserção da agricultura nas cidades como uma estatégia de adaptação, que possa ajudar a resolver os problemas das mudanças climáticas e da insegurança alimentar, que são próximamente entrelaçados, trazendo a agricultura para as proximidades imediatas de seu consumo.
Algumas cidades ao redor do mundo colocaram em prática estratégias da agricultura urbana, oferecendo grandes mudanças positi vas para a comunidade, como Viena, na Áustria; Toronto, Canadá e Havana, Cuba, que presen ciaram o florecimento de uma produção agrícola nas cidades em parques e praças ou em regiões periurbanas. Em cidades de grande porte e com plexidade como São Paulo existem exemplos de
produções em ambientes controlados como a Fazenda Cubo, localizada em Pinheiros e as Pink Farms, além de outras iniciativas como a Horta das Corujas que localiza-se na Vila Madalena, em São Paulo totalizam-se 25 hortas urbanas em funcionamento, porém as ocorrências ainda são poucas se comparadas com a urgência por mudanças.
Em cidades asiáticas a produção de ali mentos em fazendas verticais é mais difundido, devido a falta de espaço para cultivo tradicional e a grande densidade de pessoas vivendo prin cipalmente em áreas urbanas, contudo, para o Brasil, existe a dificuldade da falta de legislações pertinentes para o cultivo em cenários urbanos, o que encarece a produção, além disso, o país dispõe de vasto território sado para o agronegó cio, um fator que também
03 projeções para 2050
panorama previsões climáticas consequencias sócio-econômicas
agricultura e habitação: um ensaio para são
66%
da população mundial
viverá em áreas urbanas até
2050
cerca de 30% dos alimentos no Brasil são desperdiçados 80% do desperdício acontece no manuseio e transporte e nas centrais de abastecimento
fonte: WPF fonte: ONU verde
as temperaturas médias até 2050 podem aumentar de 2ºC a 4ºC
mudanças climáticas podem gerar secas atípicas e propagação de pragas
95%
a demanda global por alimentos será 60% maior até 2050 das terras agrícolas no Brasil não possuem irrigação artificial
a agricultura urbana pode ser uma solução para produção e consumo mais sustentáveis
previsões climáticas
As mudanças climáticas são alterações que ocorrem a longo prazo, nos padrões de clima e temperatura, podendo ocorrer por causas naturais, contudo é importante salientar que as atividades humanas desde de 1800 tem sido as principais responsáveis por essas mudanças devido a queima de combustíveis fósseis como gás, carvão e petróleo.
Para 2050, prevê-se que a Terra atinja a marca de 10 bilhões de pessoas, das quais 66% viverão em áreas urbanas. As temperaturas au mentarão de 2ºC a 4ºC, dependendo do cenário de emissões de CO2, segundo o Painel Intergo vernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) interferindo, consequentemente nos regimes de chuvas e de temperaturas no mundo todo.
Essas interferências podem causar even tos climáticos extremos e adversos, como secas, enchentes e chuvas fora de época, dificultando a continuidade das práticas da agricultura tra dicional, acarretando perda de safras e proli feração de pragas, por exemplo. O Paquistão, vem sofrendo no ano de 2022 com catástrofes climáticas consecutivas, apenas no ano de 2022 o país já passou por uma onda de calor com temperaturas que chegaram a 50ºC e passa agora por um período de monções com chuvas tão intensas que alagaram um terço do território do país, este é apenas um exemplo do cenário que assolará o planeta.
Analisando o território brasileiro, já é possível encontrar marcas iniciais das consequências das alterações climáticas, a safra de 2021/2022 sofreu perdas de 70 bilhões com a forte estiagem e a maior seca já registrada no país de 1910, quando o fenômeno começou a ser medido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), mostrando que ainda que as previsões mirem no ano de 2050, a emergência climática e as consequências já acontecem agora.
Um aditivo às consequências das mudan ças climáticas é a perda de insetos polinizadores, no Brasil 60% das produções são dependentes desses insetos (GIANNINI, CORDEIRO,FREITAS, et al, 2015). A previsão do decréscimo das espécies polizinadoras é ainda maior nas regiões sul e su deste do país, colocando em cheque a produção e distribuição de alimentos de maneira uniforme e a segurança alimentar.
Levando as previsões para a esfera urbana os riscos são outros, como por exemplo o agra vamento do fenômeno das ilhas de calor urbanas, aumento do risco de enchentes, inundações e deslizamentos, uma vez que estudos sugerem que o número de dias com chuvas intensas na Região Metropolitana de São Paulo irá dobrar de 2070 a 2100 (NOBRE, YOUNG, ORSINI, et al, 2011).
As previsões mostram que é necessário pensar em soluções para as cidades, que estarão cada vez mais adensadas e populosas e para os métodos de produção e consumo que são essenciais para o abastecimento dos grandes centros urbanos e que hoje mostram-se muito ineficientes e sucetíveis a grandes perdas e desper dícios.
Falando-se em arquitetura, 2050 será o ano em que as emissões globais por edifícios dobra rão em relação aos índices registrados em 2017, a construção civil é responsável por 33% das emissões de gases do efeito estufa anualmente, o que mostra a urgência de rever a maneira como construímos e nos apropriamos da cidade. Motivo
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pelo qual o edifício proposto engloba em seu partido soluções construtivas e de sistemas sustentáveis.
Uma das grandes questões que pairam em relação a 2050 é como alimentar 10 bilhões de pessoas. Conforme a população mundial cresce, a porcentagem que não tem acesso a comida também cresce, podendo chegar a casa dos bilhões nos próximos 30 anos.
“Consequentemente, teríamos que aumentar em pelo menos 70% a produção de alimentos, porém não seremos capazes de atingir essa meta, uma vez que as práticas da agropecuária consomem a maior parte dos recursos naturais disponíveis no planeta.” (ALEIXO, ZUKERMAN, 2022)
O cenário é alarmante, a menos que a agricultura se adapte ao calor e à seca, encon trando novos métodos de produção, as safras não resistirão ao clima extremo e a comida será insuficiente para a população mundial a partir de 2050. Na região dos trópicos, por exemplo, as safras de milho e arroz podem ter queda nos rendimentos de 20% a 40%. Os prejuízos às plantações podem ser causados não só pelo aumento das temperaturas em si, mas também por interferência do aquecimento na umidade do solo.
Segundo as previsões realizadas pelos pesquisadores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 2007, a crise atingirá todo o planeta, contudo a situa ção será mais grave nos trópicos e subtrópicos, região que abriga hoje três bilhões de pessoas e abrange locais em situação de pobreza, como África e América Latina. (LEAL, 2009)
Logo, dificuldades dadas pelas mudanças climáticas vem de encontro a questões como a segurança alimentar, um cenário econômico estável e o bem estar das pessoas vivendo em entros urbanos uma vez que alterações nas produtividade, no crescimento e nas colheitas afetam diretamente os preços da produção e dos alimentos nos mercados acarretando possível mente outras mudanças como a fome, o aban dono de terras e a migração de populações. (YU, WU YANG, et al, 2012)
No mundo todo preve-se uma queda na produção de cereais de 14% per capta devido a mudanças climáticas (FUNK, BROWN, 2009). Países em desenvolvimento e países tropicais tendem a ser mais vulneráveis pelas mudan ças cimáticas, podendo aumentar o declínio da produção agrícola particularmente em pa íses onde já existem altos índices de fome. O Brasil a previsão é da perda de 2 a 5 bilhões de dólares até 2070 (WHEELER, BRAUN, 2013). O cenário previsto sinaliza as dificuldades a serem enfrentadas nos próximos anos, vindas do valor dos alimentos e da escassez destes.
agricultura e habitação: um ensaio para são
mobilidade, construção civil e alimentação são responsáveis por quase 70% das emissões globais de gases do efeito estufa. (Circularuty Gap Report, 2022, p.28, tradução nossa.)
a construção civil, com 13.5 bilhões de toneladas de emissões fica com segunda maior constribuição, graças a vasta extração, transporte e atividades construtivas que demanda, além da energia usada para aquecer e resfriar nossos lares. (Circularuty Gap Report, 2022, p.28, tradução nossa.)
em terceiro lugar está a produção de alimentos que contribui com 10 bilhões de toneladas de emissões. (Circularuty Gap Report, 2022, p.28, tradução nossa.)
a escolha do local o centro o recorte legislação topografia edifícios notáveis mobilidade restaurantes e equipamentos de abastecimento uso predominante do solo densidade deográfica
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a escolha
do local
A escolha do local deu-se pela análise do tecido urbano e características sócio-econômicas de diversos distritos da cidade de São Paulo. A República, local escolhido para a intervenção, apre sentou características que poderiam dar a esse local o caráter de laboratório urbano para o teste de ideias acerca da agricultura urbana e habitação, uma vez que a observação das diferenças no perfil de moradores é, em si, representativa da desigualdade social da cidade. (JOSÉ, 2010). Os traços das principais faixas da populança que serão beneficiadas pelo projeto também são notadas na re gião.
“A comparação entre os usos em 1991 e em 2008 revela a diminuição de 50% do uso residen cial vertical de alto padrão nesse distrito, e o aumento dos usos residencial vertical de médio padrão e residencial vertical de baixo padrão, o que toma-se como indicador da continuidade da troca de população de maior poder aquisitivo por de menor.” (JOSÉ, 2010)
Além disso, um levantamento da Revista O Joio e o Trigo, mostra uma análise (Figura x) dos tipos de alimentos que os estabelecimentos oferecem na região da República dividindo-os em ali mentos ultraprocessados e alimentos majoritariamente in natura. Percebeu-se que a República possui 92,3 estabelecimentos de alimentos ultraprocessados para cada 100 mil habitantes, enquanto existem apenas 3,7 estabelecimentos da outra natureza. Isso mostra uma carência no acesso a pro dutos naturais, agravada pelos dados levantados pelo Pnad em 2018 que mostram que 63,1% dos domicílios de pessoas negras estão em alguma situação de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave), ao par que 90% dos domicílios de pessoas pardas encontram-se nessa mesma situação.
A formação do território do centro novo da cidade de São Paulo, como o conhecemos hoje deu-se por movimentos que caracterizaram as últimas décadas na cidade. Ocupada mais extensivamente durante o final do século XIX, a República teve a ocupação consolidada pela construção do Viaduto Santa Ifigênia, do Viaduto do Chá e pela mudança da elite paulistana que iniciava o traçado de seu ca minho em direção a Avenida Paulista, distancian do-se da Sé e acomodando-se em bairros como os Campos Elísios, Santa Cecília e Vila Buarque. Durante a metade do século XX o cres cimento populacional nos centros urbanos e a frenese do mercado imobiliário marcou o centro da cidade com grandes edificações que carac
terizam a paisagem ainda hoje, sendo uma delas o IAB-SP, vizinho da proposta de intervenção em questão.
Com fim da década de 1960 e a desale ração da construção civil houve mais uma vez, a mudança das classes de maior poder aquisitivo para regiões ainda mais afstadas do centro, que havia se expandido para além do traçado inicial do triângulo formado pelas ruas 15 de novem bro, São Bento e Direita. Finalmente chegando a década de 1990 com grandes problemáticas geradas pela desigualdade social e pela frgamen tação do território.
A gleba escolhida para intervenção está localizada no quarteirão formado pelas ruas Bento Freitas e Rego Freitas no sentido leste-oeste respectivamente e pelas ruas General Jardim e Marquês de Itu no sentido norte-sul. Em suas imediações encontram-se edificios notavéis (figura x), do centro novo da cidade de São Paulo, como o Copan e o antigo Hilton, por exemplo, além de 17 ocupações de movimentos de moradia e outros vazios urbanos. O estação de metrô República é a mais próxima do terreno, porém por tratar-se do centro, em um raio de um quilômetro da localização encontra-se a estação Anhangabaú. além de três terminais de ônibus: Pedro Lessa, Bandeira e Amaral Gurgel. É composta por um estacionamento a céu aberto, dois galpões utilizados como garagens e outros 5 pequenos lotes onde existem galpões com gabaritos variando de 3 a 6 metros, a quadra é usada predominantemente por comércios, serviços e usos residenciais, no seu entorno imediato repetem-se esses usos com ocorrências de quadras majoritariamente residenciais ou comerciais ou ainda de equipamentos púbicos, como é o caso da Santa Casa da Misericórida ou do Teatro Munici pal, por exemplo.
agricultura e habitação: um ensaio para são paulo 2050
legislação
O terreno está localizado dentro do centro novo de São Paulo, no distrito da República e está inserido no perímetro do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Setor Central, (Imagem 2) o que impli ca em mudanças nos parâmetros de uso e ocupação do solo definidos pelo zoneamento do Plano Diretor Estratégico de 2014, como nota-se nas tabelas comparativas 1 e 2. “o atendimento à demanda habitacional local e o incremento da densidade populacional da região” e “a integração de políticas setoriais, voltadas à redução da vulnerabilidade social e ao desenvolvi mento urbano orientado pelo planejamento” (PIU-SCE, 2021) o que o projeto cumpre já que produ zirá alimento suficiente para cerca de 15 mil pessoas, além de gerar oportunidades de trabalho e de profissionalização voltadas para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Os parâmetros de uso e ocupação do solo influenciam muito a concepção do projeto uma vez que torna-se maior o valor do coeficiente de aproveitamento máximo e dispensam-se os recu os frontais (Tabelas 1 e 2). Além disso o PIU-SCE incentiva a criação de comércios e fruição pública nos níveis térreos mantendo a predominância das fachadas ativas existentes na região (Imagem 1). Apesar do projeto ter sido norteado por estas legislações vigentes, o edifício abrigar grandes áreas de hortas que não são contempladas pelo zoneamento de São Paulo por se caracterizarem como agricultura urbana e periurbana (AUP).
“ainda existe a carência de marcos legais que regulamentem e incentivem as ações de AUP, tal fato é comprovado na pesquisa realizada por Santandreu e Lovo (2007) em 11 aglomerados metropolitanos espalhados pelas cinco regiões do país, uma vez que a maioria das iniciativas são subsidiadas pela sociedade civil, academia e o setor privado.” (FERREIRA J.L. et al, 2020)
Espera-se que em 30 anos a produção de alimentos em área urbanas esteja regulamentada, para que melhores soluções possam ser implementadas para as problemáticas abordadas anterior mente, como manifesta o Trabalho Final de Conclusão de Curso.
“inserção da AUP nos planos diretores e de zoneamento urbano, a gestão pública pode expan dir, consideravelmente, a contribuição da agricultura urbana e periurbana, trazendo avanços econômicos e ambientais que colaboram para a implementação de sistemas alimentares mais sustentáveis e resilientes na RMSP“ (FERREIRA J.L. et al, 2020)
0 100 200 500
figura 05 - piu setor central
Q8a Q8b T2c áreas verdes limite do PIU Setor Central terreno escolhido
figura 06- tabela de parâmetros urbanísticos piu setor central
0 100 200 500
figura 07 - mapa topografia
0 100 200 500
figura 08 - mapa edifícios notávies
1 2
3
7 8 6 5 4
1. IAB-SP 2. hilton 3. copan 4. ed. itália 5.galeria nova barão 6. sesc 24 de maio 7. galeria presidente 8. galeria do rock
ocupações de edifícios ociosos (Fonte: Grupo de Trabalho SEHAB) edifícios notáveis terreno escolhido
PEDRO LESSA
REPÚBLICA
ANHANGABAÚ BANDEIRA
0 100 200 500
figura 09 - mapa mobilidade
restaurantes e equipamentos de abastecimento
0 100 200 500
figura 10 - mapa restaurantes e equipamentos de abastecimento
terminal de ônibus estação de metrô ciclovia terreno escolhido
restaurantes abastecimento – feiras, sacolões. terreno escolhido
uso predominante do solo
uso e ocupação do solo residencial
figura 11 - mapa uso predominante do solo
densidade demográfica (hab/ha) até 92 92 - 146 146 - 207 207 - 351 351 - 30346 terreno escolhido 0 100 200 500
figura 12 - mapa densidade demográfica
05 proposição
partido acessos fluxos volumetria programa setorização
agricultura e habitação: um ensaio para são paulo
O edifício partiu do princípio de criar um módulo que pudesse encaixar-se as pré-existências da vizinhança não somente da gleba escolhida, mas também de outr tras características, funcionando como um método alternativo para ocupar e adensar quadras cujas construções foram préviamente regidas por difrentes Planos Diretores e parâmetros urbanísticos. O módulo escolhido foi 7,5 x 7,5 criando uma grade que adapta-se ao método construtivo escolhido, a madeira, e ao entorno do terreno.
figura 13 - análise cheios e vazios - república
figura 16 - posicionamento dos módulos - moema figura 15 - análise cheios e vazios - moema
figura 17 - análise cheios e vazios - jardim ângela
1. situação atual da quadra e edifícios
2. posicionamento dos módulos
O programa consiste em quatro esferas principais, setores habitacional, educacional, comer cial e o setor produtivo, onde encontram-se as estruturas da fazenda urbana vertical. Todas as esfe ras conectam-se entre si através de trocas e colaborações entre si e entre os moradores da região, restaurantes locais e produtores periurbanos. O diagrama 1 representa o programa e as trocas esta belecidas entre as esferas e seus atores e gestores.
habitacional
pequenasexposições visitas simpósios
moradores em situação de rua
aulas de exercícios
educacional restaurantes locais produtores periurbanos
reuniões da comunidade produção de cogumelos
workshops
restaurante e bom-prato feiras
bares espaços flexíveis unidades comerciais
comercial mercado
café
órgãos e organizações de reflorestamento moradores da República moradores da República
programa temporário trocas e colaborações educacionais trocas e colaborações comerciais
atividades temporárias programa permanente
agricultura e habitação: um ensaio para são
alojamentos temporários
habitação permanente
mercado
produção com polinizadores restaurante e bom prato escola de gastronomia viveiro café
RUABENTO FREITAS RUAREGO
FREITAS
RUAGENERAL JARDIM
produção com luz artificial (núcleo da torre central) produção com luz natural produção com luz natural produção com luz natural ateliê biblioteca de sementes biblioteca coworking núcleo de pesquisa e inovação
*** a quantidade especificada no setor produtivo é dada pelo número de pavimentos dedicados a cada tipo de produção, esxplicando a viração de áreas, que está correlacionada a localização e dimensão de cada um destes pavimentos.
06 setor produtivo
análise solar distribuição produção com luz artificial produção com luz natural produção com insetos polinizadores produção de cogumelos espécies e períodos de cultivo armazenamento e escoamento
figura 26 - análise de insolação horas de sol/m² – solstício de inverno
distribuição
figura 28 - distribuição de tipologias produtivas
produção de cogumelos produção com insetos polinizadores produção com iluminação natural produção com iluminação artificial
figura 27 - análise de insolação horas de sol/m² – solstício de verão
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
Método: A produção feita com luz artificial de LEDs que ficam posicionados acima das bande jas que acomodam as plantas. Uma solução nutritiva é bombeada da base da estrutura até o topo e de lá desce novamente passando por todas as bandejasm que possuem uma leve inclinação, a água traça este mesmo caminho repetidas vezes até que toda ela tenha sido absorvida pelas plantas. Tipo de espécies cultivadas: Hortaliças herbáceas Temperaturas: Amenas Localização: Torre Central
produção com luz natural
figura 30 - diagrama de produção com luz natural
agricultura e habitação: um ensaio para são paulo 2050
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
localização
Método 01: As plantas são colocadas em suas bandejas no último pavimento e através de um sistema de polias elas são levadas para o pavimento de colheita, o tempo do percurso é equivalente ao tempo de colheita, esse sistema aproveita luz natural e produz constantemente.
Tipo de espécies cultivadas: Hortaliças folha Temperaturas: Amenas Localização: Torre General Jardim, Torre Bento Freitas e Torre Rego Freitas.
Método 02: Produção nas jardineiras das janelas em superfícies alagadas Tipo de espécies cultivadas: Ervas aromáticas e temperos Temperaturas: Amenas Localização: Torre Central
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
figura 31 - diagrama de produção com luz natural nas fachadas localização
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
figura 32 - diagrama de produção com insetos polinizadores localização
Método: A produção feita com iluminação mista, em alguns locais existem coberturas de vidro, que permitem a entrada de luz natural e também funcionam como estufas, afinal as espécies produzidas nesses espaços necessitam de temperaturas mais altas para que gerem seus frutos, essas espécies também necessitam de polinização, por tanto em cada pavimento de produção loca lizam-se caizas d abelhas sem ferrão, que fazem o papel de polinizar essas plantas, além de produzi rem mel.
Tipo de espécies cultivadas: Hortaliças fruto, flores comestíveis
Localização: Torre Bento Freitas
figura 33 - diagrama de produção de cogumelos
agricultura e habitação: um ensaio para são
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
localização
Método: A produção feita em caixas com substrato adequado e umidificado para oa frutifica ção ideal dos cogumelos, em doze dias a produção estará pronta para a colheita.
Tipo de espécies cultivadas: Cogumelos comestíveis.
Localização: Torre Central.
coentro rúcula salsa couve
lavanda cravina violeta
cebolinha
mêses ideais para cultivo
mêses ideais para cultivo
dente de leão floração/cultivo o ano todo
alface de verão flor-de-mel
tagetes
mêses de floração capuchinhas
amor-perfeito
RUAMARQUÊSDEITU
RUAREGOFREITAS
fluxo descarte do lixo
fluxo escoamento da produção
pavimento de triagem e empacotamento
figura 35 - armazenamento e escoamento de lixo e produção
07 setor habitacional
unidades habitacionais alojamentos
agricultura e habitação: um ensaio para são paulo 2050
unidades habitacionais
UH. 1 dormitório 30.00 m²
figura 36 - isométrica unidade habitacional tipo 01
figura 38perspectiva UH 48.00 m²
figura 37 - isométrica unidade habitacional tipo 02
UH. 2 dormitórios 48.00 m²
Os pavimentos habitacio nais, localizados na torre central do edifício, possuem três tipolo gias distintas: um pavimento com todos as unidades habitacionais, sendo estas 3 unidades de 48m² e 3 unidades de 30m²; e dois pa vimentos onde há a subtração de unidades em extremidades opos tas do andar, criando ventilação cruzada e espaços de convivên cia. Estes pavimentos podem têr o núcleo aberto ou fechado, depedendo do posicionamento das bandejas de produção.
figura 41 - pavimento tipo habitacional par 02
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
localização
Os pavimentos habitacionais, localizados na torre central do edifício, possuem três tipologias distintas: um pavimento com todos as unidades habi tacionais, sendo estas 3 unidades de 48m² e 3 unidades de 30m²; e dois pavi mentos onde há a subtração de unidades em extremidades opostas do andar, criando ventilação cruzada e espaços de convivência. Estes pavimentos podem têr o núcleo aberto ou fechado, depedendo do posicionamento das bandejas de produção.
figura 43 perspectiva copa
figura 42 - isométrica alojamento
alojamento 15.00 m²
Os alojamentos estão localizados na torre que faceia a Rua Marques de Itu, a torre conta com um pavimento para usos coletivos como lavanderia e uma área de convivência e nove pavimentos de alojamentos, totalizando 27 alojamen tos e capacidade total para 81 pessoas.
1. unidade alojamento 2. copa 3. vestiário
figura 44 - pavimento tipo alojamentos
1. lavanderia 2. salão de jogos 3. área de convivência 4. banheiros
figura 45 - pavimento uso coletivo alojamentos – cota 752,00
outros usos
ateliê biblioteca biblioteca de sementes coworking escola de gastronomia mercado núcleo de pesquisa restaurante e bom prato viveiro
figura 46 - ampliação ateliê torre central – cota 752,00
1. mesas
2. área de pintura
3. área de cerâmica
4. tanque para limpeza
5. armários para armazenamento de materiais
O ateliê é proposto como uso sócio-educativo dentro do edifício, poden do receber moradores permanentes ou temporários e também visitantes, deixan do a planta livre para que possa ser rearranjada para abrigar aulas de cerâmica, pintura, escultura entre outras além de outros eventos esporádicos de maneiras sempre diferentes.
figura 47 - ampliação biblioteca torre central – cota 758,00
1. acervo 2. recepção 3. área de estudos e leitura 4. sala para workshops e aulas 5. sanitários
2 5 1 3 4
2 5 10
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
localização
A biblioteca abriga um acervo pequeno e direcionado as questões e objetivos abordados pelo edifício e por seus equipamentos, como sustentabilida de, produção de alimentos de formas inovadoras, mudanças climáticas e temas adjacentes. Além disso, conta com uma sala fechada para workshops e aulas esporádicas.
figura 48perspectiva biblioteca
figura 49perspectiva biblioteca de sementes
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
localização
figura 51 - ampliação coworking torre central – cota 761,00
3
4 1. coworking 2. salas de reunião 3. produção com luz artificial 4. sanitários 2
5 10
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
perspectiva torre central - biblioteca de sementes
figura 53 - ampliação escola de gastronomia torre rua bento freiras – cota 752,00
1. cozinha 2. padaria 3. salas de aula teóricas 4. sala dos professores/ setor administrativo 5. depósito de lixo 6. despensa 7. câmara fria 8. sanitários
1
2
6
1 4 3 3 3
5 7 8 8
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
localização
Localizada no 1º pavimento do bloco da Rua Bento Freitas, a escola de gastronomia oferece oportunidade de profissionalizar os moradores da região, em especial os que estão situação de vulnerabilidade social.
1 2
4
figura 54 - ampliação mercado torre rua rego freiras – cota 745,50
1. unidades comerciais
2. projeção do mezanino
3. área para montagem das bancas 4. escoamento de lixo
3 1
te a travessia o pedestre através da quadra.
O restaurante busca abranger dois tipos de público utilizando uma mes ma cozinha, atendendo pessoas em situação de vulnerabilidade social, depen dentes do programa bom prato e também pessoas com possibildade de consu mir de um cardápio com preços tradicionais.
ampliação viveiro torre rua bento freiras – cota 755,00 2 5 10
R.REGO FREITAS R.GAL.JARDIM
localização
O viveiro está localizado no 2º pavimento do bloco da Rua Bento Freitas e tem como intuito produzir mudas de espécies nativas da Mata Atlântica em risco de extinção e através de uma parceria com ONGs de reflorestamento distribuir as mudas para replantio. Além de possuir carácter sócio-educativo, recebendo escolas e visitantes em geral.
figura 57perspectiva viveiro
figura 58 - tabela de plantas cultivadas no viveiro
09 plantas e cortes
plantas cortes perspectivas
– planta cota 742,00
742,00 1. coluna para descarte de lixo orgânico 2. elevadores para escoamento da produção
reciclável
RUA MARQUÊS DE ITU
REGO
A
B B
BENTO cota 752,00
figura 61 – planta cota 752,00
2 3 4 2 5 10
A
FREITAS
FREITAS RUA
RUA GENERAL JARDIM
1. setor administrativo 2. pavimento de uso coletivo - alojamentos 3. escola de gastronomia 4. ateliê localização da planta
RUA MARQUÊS DE ITU
REGO
A
BENTO cota 755,00
1 1 1
planta cota 755,00
3 2 2 5 10
1. armazenamento e triagem da produção 2. viveiro 3.alojamentos
FREITAS
A
FREITAS RUA
RUA GENERAL JARDIM
B B localização da planta
agricultura e habitação: um ensaio para
REGO
FREITAS A
RUA
RUA MARQUÊS DE ITU
2
3 RUA GENERAL JARDIM
figura 64 – planta cota 758,00
1. biblioteca 2. produção com luz natural 3.alojamentos 4. produção com insetos polinizadores
B B 2 5 10 localização da planta
FREITAS
REGO
RUA MARQUÊS DE ITU
A
RUA
B B
2 2
RUA GENERAL JARDIM
figura 65 – planta cota 761,00
3 1 4 2 5 10
1. coworking 2.produção com luz natural 3. alojamentos 4. produção com polinizadores
FREITAS
A
BENTO
RUA
localização da planta
A
B B RUA GENERAL JARDIM
figura 66 – planta cota 767,00
1. núcleo de pesquisa e inovação 2.produção com luz natural 3. alojamentos 4. produção com polinizadores
agricultura e habitação: um ensaio para são
A
da planta
FREITAS
REGO
RUA MARQUÊS DE ITU
RUA
A
B B
figura 67 – planta cota 770,00
FREITAS
3
1 2
RUA GENERAL JARDIM
4 5 2 5 10
1. biblioteca de sementes 2.café 3. produção com polinizadores 4. alojamentos 5. wetland/espelho d’agua
localização da planta
A
BENTO
RUA
agricultura e habitação: um ensaio para são
RUA MARQUÊS DE ITU
REGO
RUA
B B
1 3
RUA GENERAL JARDIM
figura 68 – planta cota 782,00
1. produção de cogumelos 2. produção com luz natural 3. wetland/espelho d’agua
2 2 5 10 localização da planta
A
BENTO
FREITAS A
FREITAS RUA
RUA MARQUÊS DE ITU
REGO
A B
RUA
4
FREITAS
1 2
planta cota 785,00
RUA GENERAL JARDIM
3 2 5 10
A
BENTO
FREITAS RUA
B localização da planta
REGO
A
RUA MARQUÊS DE ITU RUA
1 2
A
FREITAS 4
FREITAS RUA
figura 70 – planta cota 788,00
1. UH 48.00 m² 2.UH 30.00 m² 3. produção com luz natural 4. wetland/espelho d’agua
BENTO
RUA GENERAL JARDIM
3 2 5 10
B localização da planta
FREITAS
REGO
RUA MARQUÊS DE ITU
A
RUA
1. UH 48.00 m² 2.UH 30.00 m² 3. wetland/espelho d’agua
B B localização da planta
A
RUA GENERAL JARDIM
2 2 5 10
BENTO
FREITAS 3 1
RUA
figura 72 – corte bb
FREITAS
BENTO
RUA
detalhes
detalhes
soluções bioclimáticas
agricultura e habitação: um ensaio para
detalhe jardineira em laje
massa de impermeabilização proteção mecânica
figura 74 – detalhe jardineira em laje
mureta em concreto laje osso
A plantação sob laje acontece nos pavimentos habitacionais pares e nas lajes de cobertura, que abrigam jardins para ajudar na manutenção de tempera turas mais amenas no clima local.
massa de impermeablização
detalhe wetland
laje de concreto
trajeto das águas cinzas no wetland
cano para escoamento da água filtrada
guarda corpo de vidro
O wetland existente no espelho d’agua do edifício funciona recebendo as águas cinzas do bloco residencial, e filtrando-a através das espécies de plantas semi-aquáticas e seixos, ajusdando também na decomposição de partículas das águas coletadas.
Para filtrar 160 litros de água são necessários de 1 a 2m² de área alaga da, o wetland em questão possui 122m², sendo capaz de filtrar até 19.520 litros de água.
agricultura e habitação: um ensaio para são paulo 2050
estrutura
A estrutura do edifício foi elaborada em madeira, pensando na grande contribuição para a emissão de CO2 que a construção civil possui principalmen te tratando-se de métodos tradicionais de construção como o concreto.
Uma floresta em crescimento, no entanto, sequestra 150 a 200 toneladas de gás carbônico por hectare, mostrando que a produção de madeira para o uso da construção civil já traria uma melhoria na questão da emissão de gases contribuintes para o efeito estufa.
laje em painel CLT
figura 76 – corte ampliado da fachada
painel CLT
camada gwb isolante térmico
conexão metálica pilar GLT
figura 77 – detalhe encaixe dos pilares
jardineira na fachada viga em madeira brises metálicosfigura 78 – detalhe encontro do pilar no solo
Os pilares e vigas são feitos de GLT (Ma deira lâminada colada) enquanto que as lajes são de CLT (madeira lâminada cruzada).
Essa tecnologia possui alta resistência e se assemelha ao concreto em muitas formas, podendo ser até mais eficiente que este em diversos aspectos, como por exemplo em resis tência, já que um compensado de CLT possui alto grau de flexibilidade, não quebrando com a mesma facilidade que o concreto frente a esfor ços e deformações, além de ser também, muito mais leve – 1m3 de concreto chega a pesar 1,2 toneladas, enquanto que a mesma medida de CLT pesa apenas 400kg.
A construção em madeira, também se destaca pela velocidade no período de constru ção, necessitando de menos mão de obra e de menos tempo, por tratarem-se de elementos pré fabricados, o que diminui também a margem de erros em obra.
figura 79 – detalhe encaixe dos pilares e vigas
agricultura e habitação: um ensaio para são
figura 80 – gráfico consumo energético para produção de diferentes soluções construtivas
3,5
2,5
2
4 0
3 1 0,5 - 0,5
1,5
CLT AÇO CONCRETO ARMADO ALUMÍNIO
fonte: Holzbau, Rubner. Universidad de Trento, Italia. - Adaptado pela autora.
COLETA DE ÁGUA PLUVIAL
PAINÉIS SOLARES DESTINO DAS ÁGUAS CINZAS DO BLOCO RESIDENCIAL WETLAND E RESFRIAMENTO POR EVAPORAÇÃO
COBERTURA VERDE E VEGETAÇÃO NA FACHADA
VENTILAÇÃO NATURAL
agricultura e habitação: um ensaio para são paulo
Através dos estudos e desenvolvimento deste trabalho, pode-se concluir que a agricultura inserida no meio urbano teve diversas ocorrências ao longo dos anos e da evolução das cidades, e em todos os casos suas ocorrências tornaram-se casos de sucesso. Estudos e previsões para o fu turo do planeta são abundantes, logo os frutos entre os cruzamentos destas duas linhas de pesquisa também devem ser.
Est projeto apresenta uma solução plausível e eficaz para as problemáticas apresentadas para o ano de 2050. Um exemplo de como os edifícios ppodem desenvolver-se nas próximas décadas para que ainda exista uma chance para mitigar os impactos da emergência climática no meio am biente.
O relatório da ONU diz que o futuro da humanidade é inegavelmente urbano. Portanto, cabe a nóscriar uma realidade urbana que suporte toda a populaçãode maneira sustentável e eficiente, o relatório também diz que é necessário aproveitar os benefícios da agricultura urbana, garantindo a alta produtividade, competitividade e inovação, a geração de novos empregos e oportunidades. Em linhas gerais são questões como essa que esse projeto almeja alcança, além de abrir espaço para questionamentos e devaneios sobre o futuro de nossas cidades.
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